História I Will Always Love You - ~ Capítulo 22 ~

Por mais que tentasse tirar Hermione da cabeça, era impossível para Draco. Por anos e anos de sua vida, submeteu-se às vontades de seu pai e sua família, não sabendo o que era amor, carinho, respeito e muito menos o que eram sentimentos puros e verdadeiros. Tudo a sua volta era dinheiro, poder, força, nome, prestígio e sangue, até que finalmente tudo havia mudado e não tinha mais nada disso, só que também não tinha mais nada. Nem família, nem vontades, nem prestígio... Nada! A família Malfoy acabou e com ela todas as coisas que haviam conseguido de forma desonesta.

Draco em parte sentia-se livre de tudo, mas também sentia-se mal, pois com o tempo percebeu que as pessoas o rejeitavam de todas as formas possíveis. Sendo assim, do que servia finalmente poder fazer o que quisesse, se não tinha ninguém com ele ou por ele? Foi aí que ele conheceu Clair; Louca, corajosa, carinhosa, confidente e o mais próximo que ele tinha de uma irmã, mas ela também se foi e levou com ela as esperanças de Draco, de que teria realmente alguém em sua vida que nunca fosse embora. Estava acostumado com a solidão nas tarde ensolaradas de domingo, onde a única coisa que ele fazia era observar as famílias daquele condomínio pela janela, só que algo mudou: ela chegou, mudando sua vida de todas as formas, trazendo cor e vida para cada canto da casa, sua voz ecoava naquela enorme sala e sua risada gostosa e contagiante era surreal. A forma como ela mexia no cabelo distraída enquanto lia, como sempre contraia seus lábios para os lados quando estava pensativa e até a forma dela de sorrir boba olhando o seu pequeno gato, que por sinal estava ali com ele, aumentando ainda mais a saudade que sentia dela.

Agora ele estava ali, olhando para o sofá, onde por vezes ela dormia após o almoço, preparando-se para a conversa que teriam e ele sabia que teriam e não seria nada fácil. Depois que saiu do quarto em que ela estava na noite anterior, aparatou em casa, tomou umas doses de whisky e passou a noite sentado na sua poltrona, olhando para o teto até que adormeceu. Acordou apenas quando já era dia, tomou um banho e vestiu uma roupa qualquer, para depois aparatar novamente em St. Mungus, pois mesmo não sendo o seu dia de trabalho, sabia que ela iria querer conversar com ele ali, longe de todas as lembranças das quais a casa dele estava carregada.

~*~

Hermione acordara sentindo-se muito melhor do cansaço, porém ainda estava triste e sem saber como resolveria as coisas com Draco. Estava tão envolvida com ele, que até "sonhou" na noite anterior que ele havia ido até lá e lhe dado um beijo. Afastou esses pensamentos e sentou-se na cama fazendo um pequeno barulho e acordando uma certa ruiva que estava na poltrona.

Gina acordou-se lentamente, espreguiçando-se para observar apenas depois que Hermione estava acordada.

- Oh Merlin - disse Gina saltando da poltrona e indo abraçar a amiga - Que saudades eu senti de você, Mione - disse já esmagando uma Hermione que ria com a empolgação dela

- Eu também senti sua falta, Ginny! - respondeu sincera, retribuindo o Abraço.

- infelizmente quando cheguei ontem, você já estava dormindo e por mais que eu quisesse te acordar e te abraçar, preferi deixar você descansar um pouco. Afinal de contas, nossa madrinha não pode estar com olheiras no altar! - disse agora sorrindo ainda mais animada.

- Ginny! - começou Hermione surpresa e emocionada - Vocês finalmente marcaram a data?

- Siiiiim - disse animada. - Eu tenho tanto a te contar, Mi. São tantas novidades, tantas coisas boas que tem acontecido. Papai foi promovido, Harry tem feito um ótimo trabalho e Harpias tem ganhado todos os jogos de quadribol. Inclusive, isso é para você - a ruiva fala, entregando a amiga um pomo de ouro - Como símbolo da nossa amizade! - concluiu

Hermione já estava muito feliz e eufórica com as notícias, além de orgulhosa e emocionada com o presente da amiga, mas de repente ela voltou sua atenção para o canto do colchão.

- Gina, quem foi que me trouxe isso? - disse sorrindo ao observar a pequena caixa e as duas rosas

- Ah, eu realmente queria conversar com a senhorita sobre isso. Que história foi essa de...- Antes que ela concluisse alguém bate na porta.

- Com licença, senhoritas. Bom dia! - disse o homem sério que vinha na direção de Mione

- Dia - responderam as duas em uníssono

- E então, senhorita Granger? Como se sente e como passou a noite?

- Me sinto muito bem e descansada. Acho que estou pronta para outra - disse divertida.

- Nem brinca com isso, menina - disse Gina, fazendo Hermione rir.

- Bom, vamos ver....- disse o médico passando a varinha na frente da moça - É, realmente você está muito bem senhorita. Eu já imaginava isso, então aqui está a sua alta - dizendo isso entregou os papéis na mão da Castanha.

- Muito obrigada doutor! Então eu já posso ir?

- Claro! Pode sair agora mesmo, se quiser.

- Ah sim, mas antes eu gostaria de saber se o doutor Malfoy se encontra - disse e em seguida recebeu um olhar desconfiado e sugestivo da ruiva - O quê? Eu só quero agradecer e pegar minhas coisas - disse agora olhando para a ruiva

- Está sim senhorita. Parece que você deu sorte, hoje não é o plantão dele, mas por algum motivo veio.

- Ah, Obrigada - disse sem graça enquanto o médico ia embora.

Levantou-se da cama, viu sua pequena bolsa que estava com um feitiço de extensão e pegou-lhe procurando por uma roupa. Assim que achou, com ajuda de magia trocou - se e ajeitou os cabelos, tudo sobre o olhar curioso de uma ruiva.

- Então Mione, como eu estava te dizendo antes do médico me interromper... - Dessa vez foi Hermione que interrompeu a amiga

- Agora não, Ginny. Preciso falar com Draco e buscar minhas coisas! Vai indo pra minha casa que eu te encontro lá e conversamos mais. - Falou já saindo do pequeno quarto

- Mas... - falou enquanto a castanha sumia de vista e dei de ombros - Então mais tarde eu falo - disse para si.

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Draco já estava ali a mais ou menos 10 minutos e havia passado na frente da sala de dr. Parker, pois sabia que ele é quem estava cuidando de Hermione e tinha esperança que a castanha perguntasse sobre ele. Agora, estava dentro de sua sala, fingindo ler alguns exames e com seu coração a mil por hora, sentindo-se um adolescente esperançoso, porque parte dele queria acreditar que Hermione iria continuar com ele, mesmo que isso fosse patético. Ouviu uma batida na porta de seu consultório e sentiu seu estômago revirar-se.

- Entre - falou com a voz rouca pelo nervosismo. Em seguida, uma pequena castanha entrou e fechou a porta.

- Oi - disse ela com um sorriso fraco. Estava tão nervosa quanto ele.

- Oi. - respondeu sério, mas não de forma tensa e sim triste

- Acho que precisamos conversar - Ela então disse

- Eu sei que sim, por isso estou aqui.

- Não sei por onde começar Draco...

- Bom, pode ser pelo começo mesmo... - os dois sorriram com a resposta óbvia.

- Por que não me contou que mandou fazer essa poção? - perguntou séria, mas sem impaciência ou irritação.

- Não sabia se de fato, haveria uma poção. Pesquisei sobre isso nos melhores livros de medicina bruxa e tentei me comunicar com os melhores criadores de poções da atualidade... ninguém se arriscava a dizer nada a respeito, até que Clair mandou-me uma coruja e eu lembrei desse bruxo francês. Ele faz todos os tipos de serviços para pessoas boas e ruins e eu encomendei, mas não imaginei que de fato ele conseguiria fazer.

- Mas conseguiu...

- Então você lembrou?

- De tudo...

- Isso é... - pigarreou para disfarçar a frustração na voz, pois mesmo querendo vê-la bem, não queria que ela o deixasse - isso é muito bom. - concluiu.

- Draco, por que você não me deu a poção? - perguntou um pouco mais alterada que antes.

- Não sei, Hermione. Eu não sei. Logo nos primeiros dias eu me acostumei com você lá em casa e isso era bom. Ter alguém para conversar, para estar perto sem me tratar de forma odiosa como muitos me tratam apenas por ser o filho de Lucius Malfoy, um ex comensal. Além do mais, eu estava observando você ficar bem; sorrir, lembrar, curtir e ter uma vida um pouco diferente. Clair estava lá em casa e te fazia bem e por um momento eu achei que isso bastava.

- Quer dizer que você estava feliz por ter uma companhia e me privou de ficar bem, para atender aos seus caprichos de não querer ficar sozinho? Você foi egoísta Draco, como sempre foi - disse mais alterada e cuspindo as palavras

- É Hermione, você está certa. Eu fui egoísta sim, mas foi pela PRIMEIRA VEZ NA MINHA VIDA. Eu passei a vida toda fazendo apenas o que as pessoas queriam que eu fizesse e pela primeira vez eu fiz algo que eu queria fazer. Te ter perto de mim - falou sério e no mesmo tom de voz da Castanha. Enquanto falava, ele se aproximou dela e estavam com os corpos a centímetros de distância - Eu sei que era inevitável e que um dia você lembraria de tudo e iria embora, mas eu queria sim que esse dia demorasse um pouco mais, para que eu continuasse a ter você tão perto assim - falou baixo e pegando o rosto da Castanha entre as mãos. - Mas se você tem que ir, permita-me despedir de você.

Falando isso, beijou-a de forma calma, mas intensa; de forma amorosa, mas desejosa. O Beijo era doce, carregado de sentimento e apenas separaram-se quando lhes faltou o ar.

- E-eu... - Ela começou triste e sem jeito - posso pegar minhas coisas em sua casa?

- Claro - disse e suspirou - pode ficar tranquila. Vou deixar que se sinta à vontade e voltarei para casa apenas quando tiver certeza que você já pegou tudo - disse com o olhar triste e baixo. Por um momento acreditou que ela não iria embora.

- O-Obrigada...

Draco olhou-a nos olhos, aqueles olhos castanhos quentes e lindos, que tiravam todas as suas forças. Sabia que iria sentir sua falta e como todas as outras vezes que perdeu alguém, teria de ser forte.

Hermione sentia seu coração partindo a cada segundo que recebia aquele olhar de decepção e angústia. Desvencilhou-se dos braços do loiro e aparatou no quarto que havia sido seu por dias e que certamente ela sentiria falta. Entrou no closet e com sua varinha em mãos, fez entrar em sua pequena bolsa com feitiço indetectável de extensão, todas as suas roupas, sapatos e acessórios. Depois, novamente com a ajuda da Magia, pegou suas coisas que ainda estavam no quarto e arrumou tudo, até que foi despedir-se da casa. Entrou no grande banheiro da suíte e contemplou aquela jacuzzi em que muitas vezes se banhou pensando na vida e nele, foi até a cozinha e sorriu observando aquele local onde por vezes jantaram tendo conversas agradáveis e por fim, foi até a sala e inspirou; aquela parte da casa era a que mais tinha o cheiro dele depois de seu quarto, é claro. Hortelã e álcool em gel, como ela amava aquele cheiro! Também amava aquele local e cada momento vivido ali; ali teve os melhores momentos de carinho, afeto e até momentos bem quentes com o loiro. Já sentia seus olhos marejarem quando um ser fofo e peludo passou por suas pernas.

- Oi Ric - disse pegando o animal no colo. - Já peguei suas coisas... Acho que chegou a hora de irmos embora - dizendo isso, ela fechou os olhos, imaginou sua pequena casa no povoado e aparatou deixando não só a casa para trás, mas também seu coração naquele lugar.