História I Will Follow You Into The Dark - Waiting

Chapter 1 — Waiting

 Naruto se sentou sobre um pedregulho no meio do campo de treinamento, exalando impaciência. Não havia mais ninguém lá exceto ele, e o movimento das folhas das árvores era a única coisa que se podia ouvir no local. O loiro girava uma kunai ao redor de seu dedo indicador como uma maneira de se distrair, já que não tinha absolutamente nada para fazer. Bufou então pela milésima vez, decidindo largar o objeto e se deitar sobre a rocha.

   Poucos dias atrás, Kakashi havia lhe dito que iria realizar um treinamento inédito com ele, algo nunca feito antes, de extrema dificuldade e que apenas o Uzumaki era capaz de fazer. Tal notícia o deixou eufórico, curioso, mal conseguiu dormir nas noites que se seguiram de tão animado que estava. Era exatamente disso que estava precisando, algo que o fizesse despertar e voltar aos trilhos.

    Desde que havia retornado da mal sucedida missão de trazer Sasuke de volta, o gennin deixara se abalar um pouco pelo acontecimento e se desanimara. Afinal, era o seu melhor amigo que estava sendo levado para o lado da escuridão e que mais uma vez tinha escapado de suas mãos. Era angustiante saber que mesmo depois de três anos o Uchiha continuava cego e perdido por causa de seu objetivo. Ainda queria se vingar do irmão, ainda queria trazer justiça para o seu clã, mesmo que isso significasse magoar os seus amigos com as suas atitudes - principalmente Sakura - e sofrer nas mãos de Orochimaru, que com certeza estava usando métodos cruéis e desumanos para deixá-lo mais forte. Naruto jamais seria capaz de compreender tal persistência do amigo para conseguir se vingar de Itachi e tampouco acreditava que ele conseguiria a paz que tanto almejava se de fato o matasse.

   Faltava pouco tempo para que o corpo do Sannin começasse a se degradar, o que significava que a vida de Sasuke estava em perigo e que Naruto teria que correr contra o tempo para impedir que seu corpo fosse tomado. Jamais permitiria que isso acontecesse, apenas por cima de seu cadáver.

    E, também, Orochimaru não era a única ameaça presente. Estava claro que a organização Akatsuki havia definitivamente entrado em ação e que Naruto era um de seus alvos, mais especificamente a Bijuu dentro de si. Em um futuro não muito distante, com certeza iriam atrás dele e de Konoha para que pudessem concretizar seus objetivos, então tinha que estar mais forte para conseguir proteger o seu lar e as pessoas que amava. Não suportaria a ideia de ter um ente querido se sacrificando por sua causa.

 Aquele seria o grande dia em que iniciaria seu treinamento com Kakashi. Pelo menos assim acreditava ele, porque o seu sensei ainda não tinha chegado ao local combinado, não havia qualquer sinal dele lá.

— Por que ele sempre faz isso? — indagou para si mesmo enquanto encarava o céu de um claríssimo azul, quase sem nuvens.

  O dia estava bastante agradável e o clima era ideal e favorável para se treinar, o que o deixava ainda mais frustrado por estar perdendo tanto tempo por causa do atraso de Kakashi. A ideia de tudo aquilo tinha sido justamente dele, não seria sua obrigação ser pontual pelo menos naquela vez?

  A fadiga começou a tomá-lo aos poucos já que a posição em que se encontrava deitado e a tranquilidade do local lhe davam uma sensação inigualável de conforto, e como era de se esperar, acabou caindo no sono – sem se dar conta. Até que ali era um bom lugar para dormir, afinal de contas.

[***]

  Naruto...

  Escutou alguém lhe chamar pelo seu nome, mas não conseguiu identificar de quem era a voz, já que era muito escuro e o som estava distante.

  Naruto…

  Ouviu ser chamado mais uma vez.

  Começou a suspeitar que fosse uma mulher, pois pensou ter identificado na voz uma suavidade tipicamente feminina agora que o som estava mais claro, porém ainda desconexo, o que o fez não ter certeza absoluta. Porém, se estivesse certo, quem poderia ser?

— S-Sakura? — inquiriu o garoto, abrindo um sorriso quando a hipótese de que era a rosada a chamá-lo passou pela sua cabeça.

  Ao proferir tal palavra, a voz passou a ficar mais barulhenta e insistente. Sentiu como se estivesse submerso em água e algo o estava trazendo de volta para a superfície, de modo que os sons e as sensações ficassem cada vez mais nítidos à medida que emergia. Logo percebeu que estava redondamente enganado e a voz, que achava ele ser delicada e suave, estava ficando mais grave e adquirindo um tom nada feminino.

— Naruto? — de uma vez só, todos os sons, tanto do ambiente quanto da pessoa que o chamava, vieram como um baque, fazendo com que seus olhos se abrissem arregalados e seu coração começasse a bater freneticamente com o susto.

  Após esfregar rapidamente os olhos, deparou-se com a pessoa que havia tentado acordá-lo - por um bom tempo, provavelmente. Não era Sakura ou qualquer outra garota que lhe viesse à cabeça, mas sim Kakashi, que o olhava de cima com a testa franzida.

— Hmm... — ficou confuso por alguns segundos, mas rapidamente se lembrou das circunstâncias e motivos de estar lá, levantando-se de supetão e apontando o dedo para o mais velho com uma feição furiosa — Oe, Kakashi­-sensei! Isso que você faz não é legal! Você prometeu que ia me ajudar no treinamento, mas demorou uma década para aparecer! Como espera que eu fique mais forte desse jeito, dattebayo? — bombardeou-o com reclamações e protestos como era de seu feitio quando seu sensei se atrasava daquela maneira.

— Er… Me desculpe. — o jounin coçou a nuca, dando uma risada sem graça e sorrindo amarelo, como era de seu costume ao se atrasar. Certas características dele não mudavam, isso dava para perceber. — E, na verdade, um dos motivos de eu ter me atrasado foi que Tsunade-sama pediu para que comparecêssemos ao seu escritório. — ao dar a notícia, seu rosto voltou a adquirir a expressão firme e séria que sempre carregava quando falava de um assunto importante. — Infelizmente o treinamento vai ter que esperar.

— O quê? Por que ela nos chamou? — perguntou o loiro, curioso sobre o motivo daquela solicitação repentina da Hokage e também um pouco desapontado por não poder começar a pôr em prática o que tanto havia esperado.

— Não tenho certeza do que é, mas acredito que seja uma nova missão.