História I will make you believe you are lovely - Truth or Dare

- Eu não sei,  talvez devessemos ir pra sua casa. - Eu respondi

- Ty,  você já está melhor,  não acha melhor irmos pra sua casa? 

- Você está me expulsando,  é isso? - Eu disse e ri. 

Josh riu também,  e balançou a cabeça, negando.

- Claro que não,  é só que a minha casa está uma bagunça. - Josh disse,  mexendo em seu cabelo. 

- Eu não ligo. - Disse,  descendo do carrinho,  enquanto cambaleava um pouco. 

- Tá,  vou falar o por que de você não poder ir.  - Josh então respirou fundo,  eu já esperava o pior.  -... Eu vou pegar várias garotas quando eu chegar, e não era pra ninguém saber. 

- Porra, Joshie,  que susto! - Eu disse aliviado,  e automaticamente abrindo um sorriso em meu rosto. Josh também riu  e me fitou. 

- Tá,  vamos logo pra minha casa.

Eu nunca tinha ido à casa de Josh,  mas já passei por ela algumas vezes, sem saber que lá morava um retardado,  bom... Pelo menos sem saber quem era o retardado. 

Assim que chegamos não pude deixar de notar aquele jardim estranhamente...  Perfeito, chegava a ser magnífico,  talvez não fosse pra tanto,  e nem era, mas mesmo assim, é impressionante saber certas coisas sobre Josh, como por exemplo, que se apenas tal morasse naquela casa, obviamente o jardim não seria daquela forma, mas como os pais de Josh moram ali, eu não deveria me surpreender. 

[…]

- E então, Ty. - Diz Josh,  abrindo um pacote de Oreo, e logo em seguida se deitando ao meu lado em sua cama. - O que você quer fazer? 

- Ãhnn... Eu não faço a mínima ideia. - Eu pensei em falarmos sobre algo de interesse a ambos, falar sobre músicas, mas automaticamente pensei em o que havia acontecido mais cedo na frente do bar, e eu não gostaria nem um pouco de falar sobre aquilo. Pensando assim em outra coisa, uma brincadeira talvez. - Verdade ou desafio? - Fui direto. 

- Porra,  Ty.  Quantos anos você tem? - Josh disse, e logo em seguida sorrindo de uma maneira extremamente fofa. 

- Verdade ou desafio?  - Falei, agora enfatizando a frase. Josh pareceu um tanto quanto pensativo, então resolvi quebrar o silêncio. - Só responde...

- Verdade! - Ele afirmou. 

- Ãhnn... É verdade que... - Fez-se uma pausa, para que eu pudesse pensar em algo descontraído, mas verdadeiro para falar. - ... Joshua Dun tem sua sexualidade questionável? 

Josh me olhou de uma forma engraçada e riu. 

- Sim, é! 

Eu esperava todas as respostas exceto aquela. 

- Sério? - Eu disse,  ele não parecia ser gay...  Eu nem sabia afinal se ele era realmente gay ou não e pelo jeito... Ele também não. 

- Sim,  é sério. - Josh disse, agora com um tom de seriedade. 

- Ah...  Ok, então. 

- Verdade ou desafio? - Josh perguntou. Aquele parecia ser o maior dilema de toda minha vida... 

- Verdade. 

- É verdade que você e Brendon se beijaram naquela festa? 

Aquilo havia soado como um tiro pra mim, eu me senti cair em algum lugar sem fim, comecei a suar, e a me culpar a todo instante por ter aceitado a ideia de estar alí, ou melhor, de ter me auto-convidado para a casa de Josh. 

- Desafio! - Eu disse, tentando mudar minha resposta e assim me safando dessa, mas não deu muito certo. 

- Não vale mudar de resposta, Pirralho. - Parece que além de tudo, ele ainda se lembrou do meu apelido. Podia ficar pior? 

- Acho que cansei de brincar de verdade ou desafio. 

- "Só responde". - Josh disse, da mesma maneira que eu falei antes, me deixando desconfortável. 

- Espera... - Eu não conseguia entender como ele sabia sobre Brendon e eu. - Como você sabe? 

...

- ... Você está fugindo da sua pergunta. - Josh disse,  em um tom irônico. 

- Ok... - Então Josh sabia de tudo o tempo todo, o que diabos eu continuava fazendo ali? - Nos beijamos, mas foi por impulso... Não pensamos direito. - Eu falei...  Falei tudo para o Josh,  eu não conseguia acreditar. 

- E você beijaria mais alguém do nosso grupo? - Josh disse, me fitando e logo em seguida mordendo seu lábio inferior. 

- Cala a boca,  Josh!

 - Eu disse, dando um leve soquinho em seu ombro. 

- Tá,  vamos fazer outra coisa. 

- Por exemplo? 

- Sei lá, não tem nada em mente? 

Eu não posso negar que pensei besteira naquele momento, mas não podia deixar transparecer a maliciosidade que me invadiu. 

Esses pensamentos fizeram com que eu corasse, e soltasse um sorriso de lado. 

- Você tá bem, Ty? - Josh disse após ver minha reação à sua frase. 

- Estou, eu só... - Eu não sabia o que falar, então fez-se silêncio. 

- Ok, então... Me diz, por que você saiu da última escola? 

- Muitas coisas,  mas entre elas algumas pessoas que eu sequer devia ter conhecido. 

- Quero mais detalhes. - Josh disse, olhando nos meus olhos. 

- Tudo começou com um carinha aí... Eu não sabia qual a minha sexualidade, mas gostei dele, queria me descobrir com ele, meu mundo girava em torno dele, nós até começamos a namorar... Mas tudo mudou, pessoas chegaram, e enfim...  Eu espanquei um garoto que ia ficar com quem eu mais amava no mundo... Ou pelo menos achava que amava. 

- Uau... Você... Espancou alguém, isso é incrivelmente... Bizarro! - Josh disse, espantado. 

- É, eu sei. Fui expulso da minha antiga escola, e meus pais tiveram que mudar de casa, todos nós tivemos que mudar um pouco por causa dos meus erros, e hoje apenas fingimos que nada aconteceu. 

- E quanto à você? - Ele disse, e ao perceber minha expressão de confusão, completou. - Descobriram sua sexualidade? Afinal, qual é a sua sexualidade? 

- Eu sou bi, eu acho... São coisas que eu ainda não descobri, e não quero rotular isso de alguma forma. 

- Entendo... Mas e o garoto que você namorava? 

- Eu não faço a mínima ideia. Na última vez que o vi, eu tinha sido dominado por algo, minhas mãos tinham sangue e ele estava chorando. - Esfreguei meus olhos, lembrando daquela tarde, uma agonia intensa me dominou e por alguns instantes, consegui sentir meu rosto queimar, como naquele dia. 

- E seus pais sabem o porque de você ter espancado o garoto? - Josh disse, me tirando do transe em que eu estava. 

- Não,  e espero que nunca descubram. 

- Uau... Ainda tô processando tudo na minha mente. Nunca pensei que me contaria tanto sobre você em tão pouco tempo. 

- Mas e aí... Você não me respondeu como soube do beijo. 

- Eu só passei no lugar errado, na hora errada e vi o que não era pra eu ter visto. A Debby pediu uma coisa, que estaria provavelmente em um dos quartos, mas quando eu estava a um segundo de abrir a porta por inteiro, vi pela frecha entreaberta vocês dois. 

- Mais alguém sabe? - Aquilo era sim preocupante pra mim, não gostaria que soubessem. 

- Não, eu nunca contaria algo assim sobre você sem que você queira! 

- Você jura? - Eu perguntei. Por mais que eu confiasse em Josh, perguntei por extinto. 

- Juro! - Ele então afirmou, e me deu seu dedo mindinho, para que cruzassemos, igual como fazíamos quando éramos menores. 

Nós éramos infantis? Sim... Não... Talvez, mas adorava isso em Josh, isso fazia dele diferente, fazia dele uma pessoa fofa, simpática e amorosa de certa forma. 

[…]

Aquele filme era entediante, eu não aguentava mais um minuto sequer sentado naquele sofá, olhando para aquele tubo televisivo. 

Josh deu a brilhante ideia de esperar minha sobriedade vendo um filme, e sendo o cavalheiro que sou, o deixei escolher... Pior erro. 

- Acho que já estou sóbrio suficiente pra ir pra casa. - Eu disse, levantando minha cabeça do ombro de Josh e o olhando. 

- Ah... Mas que pena, você não quer dormir aqui? - Sugeriu o garoto, com seus cabelos de algodão doce. 

Eu sabia muito bem que essa proposta envolveria ver filmes que Josh escolheria durante toda a noite. 

- Não precisa, meus pais devem estar preocupados. - E realmente deviam estar, era quase 23:00.

Josh pediu para que eu deixasse ele me levar até minha casa, e eu aceitei. Eu não ia, mas estava perigoso pra ir sozinho, e como Josh conhecia melhor o bairro, não precisei pensar muito. 

Chegamos então na frente da minha casa. Estávamos nos despedindo, quando Josh foi me dar um beijo na bochecha, e eu em um ato de reflexo, me virei, recebendo assim, um selinho. 

Meu rosto começou a queimar, e quase que imediatamente nos afastamos. Estávamos sem graça, então para eu não cavar um buraco no chão e me enfiar dentro dele, disse:

- Ãhnn...  Desculpa. - Josh riu. E enquanto eu me sentia corar, subi os degraus da varanda. - Até amanhã... Escravo. - Disse, e então entrando em casa. E eu sei...  Chamar alguém de "escravo" após uma situação dessas, não é nada conveniente, mas eu só precisava inventar algo pra sair logo dali.

Todas as luzes estavam apagadas, e todos pareciam estar dormindo. Suspirei de alívio, e me dirigi até meu quarto. Peguei algumas roupas aleatórias no meu guarda-roupa e fui tomar um banho. 

A água quente caia sobre o meu corpo, e o mesmo parecia ter esperado por aquilo durante o dia todo, me sentia grato a mim mesmo por estar ali, senti meu corpo relaxando, e aleatoriamente me veio em mente o que havia acabado de acontecer do lado de fora... Me senti constrangido. 

Saí do banho, e fui diretamente ao meu quarto, eu já havia me trocado, e o sono, agora parecia me preencher. Mas fui retirado, ou melhor expulso da melhor sensação que eu poderia sentir, quando senti meu celular vibrar do meu lado, na cama. 

Que tal fazermos algo amanhã? 

Mensagem de Josh, recebida ás 23:37.