História I wish I hadn't met you, appa - Start

A senhora vem na minha direção e me esmaga num abraço apertado, que é igualmente retribuído.

- Minha pequena, minha borboleta. Eu fiquei tão preocupada com você meu amor. - Ela acaricia meu cabelo e sinto seu cheiro de incenso. Abraço sua cintura tão apertado que quase a deixo na ponta dos pés por ser bem mais baixa que eu, ela beija meu rosto diversas vezes e acaricia meu cabelo. Sinto lágrimas nos cantos dos olhos. Não me importo com a dor que estou sentindo por abraça-la desse jeito, sinto os machuca dos quase cicatrizados rasgarem. Mas eu estou com ela agora. - Tá tudo bem? Quebrou alguma coisa? - Ela segura meu rosto com as duas mãos, mãos macias e quentes, exatamente como sempre foram.

- Não, vó. Tá tudo bem agora. - Ela me abraça de novo. Estou com raiva dela? Sim, sempre. Porém eu estou carente e preciso de abraços agora.

- Mãe, vai machucar ela. - Namjoon resmunga atrás dela, vejo seu olhar pesado em cima da gente. Ciúmes?

- Certo, certo. - Ela me soltou, acariciando meu cabelo e ajeitando minha roupa. - Eu senti tanto a sua falta. - Ela pegou e me abraçou de novo, dei uma risadinha com o desespero da senhora a minha frente.

- Mãe.

- Desculpa. - Ela finalmente se afasta. - Que casa mais bagunçada, quem limpa isso.

- Eu. - Falo meio sussurrando, é meio vergonhoso, porque quando eu morava com ela eu não arrumava nem meu próprio quarto. E além do mais, dar uma de dona de casa é extremamente humilhante.

- Sério? - Ela me olha como se tivesse amoeba colada na minha cabeça e eu fosse um alien falando "Mip".

- Sim, ninguém fica em casa e não contrataram empregada. Então eu limpo.

- Nossa, A... Coréia mudou bastante você né. - Ouço risadinhas e fuzilo eles com o olhar. Desgraçados.

- Talvez.

- Chloe, remédios. - Jin ouve o despertador de seu celular tocar e me avisa. Já tentei overdose de remédios, cheguei a toma-los. Mas antes de fazerem efeito eu vomitei tudo, tornando mais uma vez, as minhas tentativas falhas. Depois de estar a beira da morte, em mãos de outras pessoas, eu percebi que eu não quero morrer, não agora. Gosto de estar aqui, preciso estar aqui.

Assenti com a cabeça e subo as escadas, indo em direção ao banheiro do meu quarto, onde estão os remédios.

Meu encontro com a minha avó foi melhor do que eu esperava, esperava gritos de raiva e coisas assim. Assim como Namjoon faz, me insultando. Ela deveria estar muito brava comigo, Namjoon deve ter contado pra ela o que eu faço a alguns anos. Mas não, ela me abraçou como se eu tivesse quase morrendo, e bem, eu estive.

Foi... Bom.

- Chloe! - Ouço minha avó gritar, no andar de baixo.

- Que foi? - Grito de volta, pegando um comprimido e engolindo a seco.

- Você tem visita. - E é a última coisa que a ouço gritar. Que visita? Quando que eu tenho visitas? Ninguém sabe onde eu moro... WTF.

Desço as escadas e...

Puta que pariu.

- Chloe, o que aconteceu com você? - Max vem na minha direção e me abraça pela cintura, porém mal consigo retribuir. COMO ELA ME ACHOU? O QUE TÁ ACONTECENDO?

- Max! O que você ta fazendo aqui?

- Eu fiquei preocupada, você faltou na escola e não respondeu minhas mensagens e nem atendeu minhas ligações. Achei que tivesse acontecido alguma coisa.

- É... - Olhei pra frente a procura de ajuda mas estão todos me olhando sugestivamente, filhos da puta. - É complicado.

- Você tá toda machucada, o que aconteceu? - Ela toca o machucado na minha boca. PRÓXIMA DEMAIS.

- E-eu... me envolvi numa briga, eu explico... Depois. - Olho para ela e depois para frente de novo. - O importante... é que eu estou​ bem... Agora. - Dou um sorriso amarelo pra ela, porém Max parece contente com a resposta e só me abraça de novo. Abraço-a de volta, sentido seu corpo pequeno contra o meu... Até que vejo a luz de um flash.

- Que porra é essa? - Digo a soltando, vendo seu olhar surpreso. Levanto a cabeça e vejo minha avó, com a camera do celular apontada para nós duas. - Vó!

- Desculpa! Vocês estavam muito fofas. - Olho pra Max, vendo ela corar. Reviro os olhos para minha vó e recebo a risada de todos os presentes.

{...}

- Não vai nos apresentar sua amiga, Chloe? - Namjoon diz, depois de todos nós sentarmos no sofá e minha avó ir para a cozinha, preparar a comida. Jin insistiu em ir com ela, porém, conhecendo minha avó como conheço, ela negou até a morte, o que o fez ficar conosco na sala.

- Meninos, essa é minha amiga Max. A gente estuda na mesma sala. Max, você sabe quem eles são, então não preciso apresentar.

- Amiga? - Taehyung diz, fazendo uma moon face.

- É, só amiga. - Só porque ela não colabora, se não... Vejo pelo canto do olho Max corar de novo. ELA É TÃO FOFA CORADA, SOCORRO.

- Conhece a gente? - Jungkook parece confuso por um segundo.

- Sim né seu idiota, não sei se você lembra mas você é um idol conhecido mundialmente. - Digo ironicamente, recebendo risadas de novo e um Jungkook com as orelhas em chamas. Esse pessoal não sabe me levar a sério. - Vou levar ela pra cima antes que vocês explodam a cabeça dela.

- É um prazer imenso conhecer todos vocês e - Ela dá uma pausinha antes de continuar. - Vocês dois são ainda mais parecidos ao vivo. - Ela aponta para mim e para Namjoon, dando um sorriso sem mostrar os dentes. Namjoon a encara com um olhar surpreso e depois olha pra mim. Realmente, sou parecida com ele. Eu... não sei, as vezes esqueço que ele é meu pai e que me abandonou e que fez muita merda mas, eu quero gostar dele, eu quero dar uma chance pra ele. Eu só não sei... como.

- EU DISSE. DISSE ISSO VINTE VEZES E VOCÊ NÃO ACREDITOU. HAHAHAHA - Hoseok começa a gritar do nada. Bom, ainda lembro de como ficaram chocados quando eu passei pela porta pela primeira vez então é bem provável que isso tenha mesmo acontecido.

- Tá... Vamos logo Max. - Pego a mão dela e à levo escada acima, logo chegamos no meu quarto. - Acho que você tinha uma certa ideia de que eles seriam assim.

- Sim, eu já imaginava. - Ela ri de uma maneira fofa. - Mas agora me conte o que aconteceu. - Ela se aproxima de novo, acariciando meu rosto. Tenho meus olhos e aproveito o carinho.

- Eu me envolvi com drogas, alguns anos atrás. - Continuo com os olhos fechados, já não recebo mais carinho porém sua mão continua no meu rosto. - E eu continuei aqui, não sei se você percebeu. Mas eu tive uma dívida grande, então trabalhei como laranja pra quem me fornecia. Porém eu fui pega pela polícia e eles foram atrás de mim e me espancaram. - Abri os olhos e a encarei. - Mas eu tô bem agora. - Forço um sorriso para ela.

- Como assim te espancaram? - Ela colocou a outra mão no outro lado do meu rosto, e se sentou no meu colo, já que estávamos sentadas na cama.

- Me bateram e me ameaçaram. - Baixei o tom de voz pela proximidade, meus olhos se encheram de lágrimas pela lembrança.

Antes que eu pudesse falar qualquer outra coisa, ela sela nossos lábios iniciando um beijo calmo. Coloca uma perna de cada lado do meu corpo e se senta em minhas coxas, ficando mais alta que eu. Assim que peço passagem com a língua, ela afunda seus dedos no cabelo da minha nuca. Abraço sua cintura e aprofundo mais o beijo.

Nos beijamos até ter falta de ar, acabei por deixar aquela lágrima acumulada no meu olho esquerdo saísse, formando um caminho molhado no meu rosto e deixando o beijo com um gosto ligeiramente salgado. Assim que quebramos o ósculo, ela me abraça e esconde o rosto no meu pescoço. MEU DEUS QUE BEIJO BOM, PUTA MERDA.

- Sinto muito. - Sinto sua respiração no meu pescoço.

- Tá tudo bem, relaxa. - Acaricio seu cabelo e respiro fundo.

Eu não tenho uma quedinha, eu tenho um precipício por essa garota.

{...}

- Namjoon, podemos conversar? - Digo baixinho, perto dele. Ele estava de pé, ao lado da mesa esperando a minha avó terminar de colocar a mesa, Max estava falando com a Maknae line e com Hoseok, falando de alguma coisa bem interessante aparentemente. Jin e Yoongi finalmente conseguiram fazer com que minha avó deixasse eles cozinharem com ela, então ambos estavam lá na cozinha, de onde saia um cheiro maravilhoso. Namjoon estava lá, não sei exatamente o que ele estava fazendo, mas preciso falar com ele de qualquer jeiro. Ele fez um barulho de concordância com a garganta e aí seguimos para a sala de... Recreação? Sei lá como chama essa merda.

- Eu... Queria te agradecer. Por ter acreditado em mim e ter ido me salvar. Por ter se importado, sabe como é. - Tá, eu tô com vergonha sim, estou sem graça sim. Me deixa.

- Não... Não foi nada Chlo, não precisa agradecer. Eu só fiz o que era o... certo. Digo, fiz o que pude pra te proteger, mesmo não dando muito certo... No começo.

- Eu não preciso de proteção. - Digo, grossa. Ele acha que eu sou o que? Uma princesinha?... AI PORRA, FALEI MERDA. - Digo, tá tudo bem, obrigada por me ajudar, realmente significou... Significa muito.

- Eu... Posso te abraçar? - Ele fala, tão sem jeito quanto eu. DUAS PESSOAS QUE NÃO SABEM COMO DAR CARINHO DIREITO NÃO FUNCIONAM JUNTO.

- É... Pode... Pode. - Nos aproximamos e nos abraçamos calmamente, pego na cintura dele, porque não quero ficar na ponta dos pés pra abraçar essa girafa, e ele tenta colocar os braços nos meus ombros. Solto uma risada rápida, cara isso é muito estranho. Calma Chloe, respira, abraça direito.

Entro no controle me aproximando bastante e enterrando minha cabeça em seu peito, abraçando como uma pessoa normal. Percebo que ele finalmente acorda pra vida e abraça meus ombros e minha cabeça, soltando um suspiro que não consigo decifrar.

- Obrigada. - Digo, tendo minha voz abafada pela sua camiseta. Em resposta, recebo carinho no meu cabelo. Tá, a mão dele é enorme e ele não sabe fazer carinho sem parecer que está batendo na minha cabeça, porém, aceito mesmo assim já que ele pelo menos tentou.

Soltamos do abraço e simplesmente saio, não vou encarar ele depois disso.

- JANTAR TÁ NA MESA. - Minha avó tem as cordas vocais ótimas pra alguém da idade dela.

Nos sentamos todos na mesa e sim, eu sou a única que não sabe bem como usar aqueles palitinhos do demônio.

Tem umas 25 mil comidas em cima da mesa. Quando alguém comprou tudo isso? Mas tá muito bom, apimentado, mas muito bom. SAUDADE DA COMIDA DA MINHA AVÓ.

Não sei como vai ser daqui pra frente, se minha avó vai voltar pra América por exemplo. Um milhão de perguntas, as respostas certamente virão futuramente, mas agora vamos deixar assim.