História I Wish You a Happy Death - Wasn't on purpose

Venus

  -George, não é apenas aula que eu estou matando...

  Sua expressão foi de cômica para séria em menos de um segundo.

 -O-o que você quer dizer com isso?

  O garoto deu um passo para traz. Era possível sentir seu medo.
  Não fazia muito tempo que eu o conhecia e não queria assusta-lo, afinal ele estava meio que se tornando um amigo -coisa que eu quase não tinha-, então decidi não contá-lo do ocorrido.

 -Brincadeira!- Ri de forma claramente forçada, mas por sorte o George não reparou e riu junto.

-Enfim, era para você estar na aula de que?
  
  Ele se sentou ao meu lado deixando uma de suas pernas esticada e a outra dobrada para apoiar seu braço.

 -Português...
 -Agora faz sentido você estar matando aula... Elaine é um saco!

  Eu ri concordando com o mesmo.
  A conversa estava tão boa que eu quase esqueci o que fiz... quase, só não esqueci porque depois de 5 minutos de conversa a diretora ligou os auto falantes informando que a aula seria cancelada por conta de graves acontecimentos.

 -Venus, 9º A, favor comparecer a sala da diretora.

  Eu comecei a tremer, minhas mãos suavam e eu não conseguia me conter.
  George percebeu minha reação e logo tentou me consolar.

 -Venus,-Ele pôs uma de suas mãos em meu ombro- É só uma ida a diretoria, não vai acontecer nada de grave, fica calma. Quer que eu vá com você?

  Olhei para o rosto do garoto e ele sorria de modo confortante, apesar de não saber o motivo de meu nervosismo.

 -Quero...

  Nós nos levantamos e fomos até a sala a qual estava escrito na porta "diretoria".
  George me deu um leve empurrão e disse para eu me acalmar novamente.
  Eu acenei com a cabeça e entrei na sala.
  Era uma sala organizada, diferente de toda a escola. Embora fosse pequena, era bem bonita e tinha um ar sofisticado.

 -Chamou diretora?

  Ela -como todos os outros funcionários- me olhou de cima a baixo de modo arrogante e logo me respondeu.

 -As alunas disseram que você estava presente na hora do ocorrido, poderia dar detalhes?

  Embora ela não tivesse dito uma única palavra sobre, era perceptível que a senhora me imaginava como a culpada.

 -Não tenho muito a dizer, apenas que ela se posicionava em minha frente e após me acertar com um tapa, a garota empalideceu e assim caiu morta...

  Ao comentar sobre o tapa, a diretora arqueou uma de suas sobrancelhas e anotou algo em um pequeno bloco amarelo. Não posso afirmar que ela anotou sobre o tapa.

 -Ok, liberada.

  Eu me curvei me afastando rápido.
  
 -E aí?? 

  George sorriu ao me ver.

 -Ela só perguntou o que eu vi...

  O garoto fez uma expressão de dúvida.

 -Viu o que?
 -Você não tá sabendo??

  Ele acenou com a cabeça indicando um "não" e eu logo o expliquei.

 -A pouco tempo atras uma garota morreu aqui na escola.
 -NA SUA FRENTE?!
 -Sim...

  Ele estava extremamente assustado e parecia indignado com o fato de que eu aparentava estar tão tranquila... só aparentava mesmo.

 -E... e você está bem?
 -Para ser honesta, não... Mas não se preocupe!
 -Como não me preocupar! Você viu uma menina morrer!

  Eu ri novamente de modo forçado para demonstra-lo mais uma vez que não precisava se preocupar, mas o garoto me surpreendeu com um abraço.

 -Se precisar de apoio eu tô aqui...

  Aquilo que era para me fazer bem só me fazia me sentir mais culpada pelo meu ato. Eu com certeza não iria esquecer aquilo tão cedo.

*･゜ﾟ･*:.｡..｡.:*･'･*:.｡. .｡.:*･゜ﾟ･*

  Nós então estávamos a caminho de casa. Não conversávamos, nossos ouvidos eram tomados pelo som dos carros que passavam pela rua.

 -Onde você...

  Tentei iniciar um assunto, mas ele me cortou logo com outra pergunta
  
 -Você não namora, certo?

  Eu fiz uma expressão de surpresa e o garoto logo percebeu.

 -Bem... é... não que eu tenha interesse, apenas curiosidade, sabe?

  Eu sorri e olhei para o chão envergonhada.

 -Não, eu não namoro
 -Entendi...

  Ficamos um pouco sem falar nada, mas o silêncio foi logo cortado pela risada repentina de George. Ele provavelmente havia acabado de perceber o que havia dito.

 -Do que está rindo?

  Ele apenas acenou com a cabeça e disse que não era nada.

 -O que você acha de a gente... sei lá...
 -De a gente...?
 -Sair para tomar um milkshake naquela loja nova que abriu?

  Na hora não acreditei, George estava mesmo me chamando para sair?

 -Bem, não vejo porque não... quando?

  Ele sorriu e agarrou minha mão me arrastando.

 -Agora mesmo!

*･゜ﾟ･*:.｡..｡.:*･'･*:.｡. .｡.:*･゜ﾟ･*

  Ao atravessar a porta sendo violentamente arrastada por George, eu fiquei impressionada com o interior. O exterior era simples e não tão chamativo, já o interior era incrível, com as paredes azuis e o chão com um carpete rosa claro.
  Os pés das mesas eram em formato de milkshakes e os funcionários usavam uniformes semelhantes aos filmes de Hollywood.
  Tudo era surreal, até mesmo a enorme simpatia de todos que trabalhavam lá.

 -Wow, isso parece mentira...

  Olhei para George e o mesmo estava tão encantado quanto eu.
  Ele observava os mínimos detalhes e comentava todos comigo, era cômico de alguma forma.

 -Esse é o típico lugar que se não cuidado direito, vai ser um verdadeiro cenário de filme de terror.

  Eu disse brincando. 
  George riu fraco e me puxou novamente até uma mesa.

 -Você vai pedir de que sabor?

  Ele me perguntou.
  Eu olhei aquele cardápio cheio de sabores que eu nem imaginava que existiam, coisas como milkshake de Kinder ovo ou de paçoca.

 -Eu vou pedir um de morango mesmo...

  O garoto me olhou indignado.

 -Você vai mesmo pedir o mais sem graça? Olha quantos sabores!
 
 -Você vai pedir do que?
 
 -De Nutella, com KitKat e ovomaltine!

  Eu ri do pedido exagerado de George.
  As bebidas chegaram e antes de eu consegui dar meu primeiro gole, me fez uma pergunta meio direta.

 -Se por algum acaso deste universo...

 -iiih, lá vem

 -Me deixa terminar! Se por algum acaso deste universo eu te dissesse que eu estou começando a ter um interesse por você, o que você diria?

  Eu ri fraco com a pergunta do garoto e logo o respondi.

 -Eu diria que você precisa de um óculos.

  
Continua...