História I Wish You a Happy Death - Day three

  Suas lágrimas escorriam por minhas costas molhando minha fina blusa branca.
  Seus braços me apertavam forte e eu podia ouvir seus soluços baixos.
  Eu senti um aperto no peito deixando assim meus olhos alagarem com pequenas gotas que escorriam sobre meu rosto.
  Após alguns segundos de puras lágrimas, perguntei novamente com a voz trêmula.

 -O-o que tem sua m-mãe?

  Ele respirou fundo e respondeu.

 -Q-Quando eu cheguei em casa ela estava m-morta...

  Contei a ele que minha mãe também havia morrido e ambos ficaram certa de 10 minutos chorando abraçados na porta.

 -Onde está seu pai?

  Perguntei e ele me soltou olhando em meu rosto.

 -Eu não o conheço...

  Pude sentir a dor de George que secava o rosto úmido com os pulsos.

 -Você quer dormir aqui? Sabe, para não ficar sozinho...

  O garoto balançou a cabeça para cima e para baixo indicando um sim e eu o chamei para dentro.

 -Eu vou tomar banho, você pode ficar no meu quarto, é bem ali.

  Indiquei com o dedo enquanto caminhava até a suíte de meus pais, o banheiro que minha mãe não se localizava.
  Quando sai do banho o garoto já estava dormindo, eu então peguei uma coberta e o cobri.

  Pobre George... sem mãe, sem pai e dormindo na casa de uma assassina.

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  Acordei com o despertador tocando, George olhava a cidade pela mesma  janela que eu costumo olhar todas as manhãs.

 -É lindo, né?

  Perguntei e o mesmo se virou em minha direção surpreso.

 -O que?

 -A cidade a esse horário...

  Ele sorriu concordando comigo e em seguida olhou para o chão.

 -A gente deveria chamar a polícia...

 -Realmente, quando eu voltar da escola, eu chamo...

  Tomamos nosso café da manhã simples, em seguida o emprestei uma escova de dentes para que escovasse os dentes e eu fiz o mesmo.
  Eu removi a blusa de meu pijama para colocar meu uniforme e percebi encostado na porta George me olhando.

 -O-o que está olhando?!

  Ele corou e tampou os olhos.

 -DESCULPA, DESCULPA, DESCULPA, DESCULPA! EU ESTAVA BRISANDO E NEM PERCEBI! DESCULPA!

  Eu ri com a reação dele e me vesti rápido.

 -George...

 -E-eu posso abrir os olhos?

 -Sim...

  O garoto removeu as mãos do rosto e coçou os olhos logo em seguida.

 -Seu material...

 -Está na sala...-Eu fiz uma expressão de duvida com surpresa e ele prosseguiu- eu acordei às 3 da manhã e não consegui mais dormir, então fui até minha casa pegar meu material e voltei.

 -Você deve estar exausto...

 -Na verdade não, eu estou acostumado... enfim, nós temos que ir.

  Tranquei a porta e nós começamos a caminhar até a escola.
  Assim como nos dias anteriores, estava frio e ventava bastante. 
  O silêncio cobria meus ouvidos deixando apenas meus pensamentos tomarem minha mente.
  George chutava uma pedrinha que ele havia encontrado solta na calçada,
  Era perceptível que o garoto pensava em sua mãe.

 -Bom dia!

  Nós nos viramos procurando quem havia dito aquilo.
  Lá longe era possível ver uma garota de cabelos azuis e sorridente correndo em nossa direção enquanto acenava com a mão bem alta.
  Era Martha novamente.

 -Você a conhece?

  George perguntou.

 -Sim...

  Fiz uma expressão de arrependimento, eu estava realmente arrependida de ter me apresentado a ela.

 -Oi Melissa!

  O garoto se virou para mim com uma de suas sobrancelhas arqueadas e como resposta eu apenas girei meu indicador direito indicando que depois eu o explicaria tudo.

 -Oi...

  A animação de Martha em um momento como esses era a coisa mais irritante do meu dia. Eu estava triste e não queria ficar ouvindo as alegrias de um outro alguém cujo eu mal conhecia.
  Quando estávamos próximos aos portões da escola a garota não resistiu e soltou um grito alegre.

 -Ah vocês também estudam aqui! Que bom, achei que ficaria sozinha!

  Eu revirei os olhos desejando descobrir como matá-la sem estar com raiva... que Deus me perdoe, mas ela era muito chata.
  Abri a porta da sala me deparando com a diretora em frente a todos. Me curvei e pedi licença para entrar.
  Sentei-me no único lugar que tinha, que era bem no canto da sala próximo a janela e a senhora prosseguiu.

 -Bem, como todos aqui já sabem, a colega de vocês, Sarah, faleceu. Ela tinha alguns problemas cardíacos e...

 "Espera... alguns problemas cardíacos? Eu não a matei?"

  Aquilo foi extremamente aliviante, tirou um pouco do peso que eu carregava nos ombros.

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  Na saída Martha e George me acompanharam até em casa novamente.
  Para variar a única que falava era Martha, toda sorridente e animada.
  Enquanto a garota falava eu e George nos comunicávamos de modo que ela não percebesse.

 -Você quer ficar em casa de novo?

  Cochichei e ele acenou com a cabeça indicando um sim.

 -Martha, a gente já vai indo, minha casa está ali.

  Apontei para minha moradia e acelerei um pouco meu passo me virando e acenando.

 -Ah, só mais uma coisa...

  Eu parei e perguntei o que ela queria.
  Ela nos olhou com um olhar malicioso.

 -Gostaram da surpresa na noite anterior?

Continua...