História Ibitsu - Capitulo 4

CAPITULO 4

 

Acordei no outro dia e fui para a escola, ao chegar lá dei de cara com aquele sorriso que “me tira o chão” toda vez que o vejo, ele estava lindo como sempre, sorri de volta e me sentei ao lado dele como de costume.

-“Bom dia Ru-chan”.

-“Bom dia”.

-“Que dia vai ser o velório?”

Ele me olhou confuso e eu ri

-“Da sua irmã, você se esqueceu que a matou ontem?”

Ele riu alto

-“Ah... pois é... eu disse para ela que você a defendeu e ela disse que te deve a vida dela”

Nós dois rimos e o professor entrou na sala logo em seguida, não tivemos muito tempo para nos falar depois disso e como eu já sabia o meu dia foi muito corrido para falar com ele, depois da aula eu fui ajudar minha mãe no estúdio que estava bem cheio hoje, só tive tempo para mandar uma mensagem avisando do futebol mais tarde.

“Vou jogar hoje outra vez. Assim que chegar eu te aviso”.

“Ok, nos falamos mais tarde então”.

“Ok”.

O dia passou e chegou a hora de ir para a quadra, assim que cheguei vi que Reita estava com cara de poucos amigos e fui procurar saber o por quê?

-“Aconteceu alguma coisa Akira?”

-“Eu e Aoi discutimos”.

-“Por quê?”

-“Ah... ele é muito estranho, fica nervosinho de uma hora pra outra quando falo alguma coisa sobre você”.

-“Que tipo de coisa você fala com ele sobre mim?”

-“Nada muito sério pra que ele fique daquele jeito”.

-“Que jeito? Fale as coisas mais claramente, não posso te ajudar se não conseguir entender o que é?”

Perguntei já perdendo a paciência, aquela cacatua sabe ser bem irritante.

-“Só disse que você é muito bonito, e que gosto de conversar com você, te ver sorrindo, sabe esse tipo de coisa”.

Passei a mão pelo meu rosto pensando até que ponto uma pessoa consegue ser tão cega?

-“Sabe Reita, você deveria entender o lado dele, ele é seu amigo de muito tempo não é? Será que você não o conhece ainda? Você realmente não sabe o que você significa pra ele?”

-“O que quer dizer com isso?”

-“Olha, eu não vou entrar nesse assunto, mas acho que você deveria ouvir o que ele tem a dizer mas só quando estiver disposto a entender que seja o que for ele é seu amigo antes de qualquer coisa e ele não merece ser julgado por ninguém, muito menos por você”

-“Ele te disse alguma coisa?”

Que reação foi essa do Akira? Era quase como se ele estivesse ansioso para saber, não do tipo ansioso/curioso. Era quase como se ele já soubesse dos sentimentos do Aoi e só estava esperando que eu ou alguém confirmasse.

-“Ele não me disse nada. Aliás, não precisou, você deveria conversar com ele”.

-“Farei isso. Obrigado Kou”.

Ele parecia estar mais leve agora. Depois da nossa conversa fomos jogar e por causa da distração de Akira nós tivemos dificuldade para vencer dessa vez, mas conseguimos.

Quando cheguei em casa fui tomar um banho já que minha mãe já tinha ido dormir e depois fui para o meu quarto.

“Ru-chan você está acordado? Acabei de chegar”.

“Ah sim estou. Que bom e como foi o jogo?”

“Foi legal, nós vencemos outra vez. Mas não graças ao Akira”

“Você não demorou muito hoje, como assim não graças ao Akira? Aconteceu alguma coisa?”

-“Ah nada muito sério, Akira discutiu com o Aoi e antes do jogo começar eu disse que ele deveria tentar ouvir o lado do amigo dele, por que eles se conhecem há anos e mesmo assim o idiota do Akira não consegue ver os sentimentos do Aoi por ele”.

Ele demorou um pouco para responder e pensei que ele já estava dormindo, eu estava terminando de digitar uma mensagem quando recebi uma resposta.

“O que você faria se um AMIGO se confessasse para você?”

Que tipo de pergunta foi essa? O que ele sabe?

“Como assim confessar?”

“Você sabe, se um cara chegar dizendo que tem sentimentos românticos por você sendo que são amigos?”

“Acho que toda forma de amor é válida Takanori, e não acho que eu sou importante o suficiente para desprezar os sentimentos de alguém, mesmo sendo um amigo, mesmo sendo um homem”.

Foi a primeira vez que usei o nome dele em uma conversa entre nós dois para que ele soubesse que eu estava falando sério.

“Certo... estou indo dormir agora, amanhã nos falamos, boa noite”.

“Boa noite Ru-chan”.

E então fui dormir

Na escola quando o encontrei ele parecia ainda mais envergonhado e por consequência ainda mais lindo.

-“Bom dia Ru-chan”.

-“Bo-bom dia”.

Ele sabe o quanto fica mordível quando faz essa carinha?

Me sentei no meu lugar e ficamos conversando, estávamos ansiosos por que no dia seguinte seria o nosso primeiro ensaio e então queríamos ver como seria.

Passamos o dia falando sobre isso e quando a gente menos percebeu a aula tinha acabado

Fui para casa e mais uma vez fiquei ajudando minha mãe, depois de um certo tempo recebi uma mensagem ao desbloquear a tela fiquei um pouco decepcionado. Era Reita.

“Obrigado por ter me falado aquilo, eu e Aoi conversamos e ele me explicou tudo”.

“Vocês se entenderam?”

“Melhor que isso”.

“Melhor que isso?”

“É... ele finalmente se confessou e eu disse a ele sobre meus sentimentos também”.

“Então vocês estão juntos?”

“Sim, foi um pouco assustador eu acho, mas saber que seu sentimento é correspondido pela outra parte é quase um alivio”.

“Entendo... fico feliz por vocês”.

“Espero que os seus também sejam correspondidos em breve”

“Espera... o que quer dizer?”

“Aoi está me ligando, a gente se fala depois”.

E eu fiquei sem saber do que ele estava falando, mas eu ia querer uma explicação. Voltei a ajudar minha mãe e ficamos até tarde ocupados com isso, foi quando eu me lembrei da conversa que eu tive com Ruki.

-“Mãe, Ruki quer fazer uma tatuagem ou piercing, mas ele não tem como pagar”.

-“Jura? E quando ele vem?”

Por isso que eu amo minha mãe, ela me entende.

-“Eu disse que ia conversar com você primeiro, mas acabei me esquecendo e só me lembrei agora”.

-“Belo amigo você é hein Kou?”

-“Tem razão mãe”.

-“Diga a ele que pode vir quando quiser, não vou cobrar dele já que é importante para você, mas ele pode vir mesmo que ainda não tenha se decidido, diga a ele que quando ele chegar aqui nós conversamos, para ajudar ele a entender o que for melhor”.

-“Obrigado mãe”.

-“Tudo para ver seu sorriso querido”.

Fomos jantar e depois fui para o meu quarto, vi que tinha uma mensagem no meu celular quando me deitei.

“Boa noite Uru”.

Meu coração deu um pulo

“Boa noite Ru-chan, está tudo bem?”

“Está sim, Shiro está um pouco resfriado, mas está tudo bem”.

Senti que ele estava distraído mesmo que por mensagem

“Olha, pode ir dar atenção a ele, teremos tempo amanhã no ensaio para conversar. Tenho uma boa noticia para você”.

“Certo, então eu vou ficar com ele, boa noite Uru”.

Sério isso? Ele nem insistiu pra ficar conversando comigo? O que esse garoto tem que eu não tenho?

Ele salvou a vida do Ruki, você deveria beijar os pés dele e não tentar bater de frente.

Me deitei na cama derrotado com esse argumento. Era um tanto óbvio isso.

Estava quase dormindo quando recebi uma mensagem.

“Amanhã quero saber qual é essa boa noticia Uru”.

Sorri lendo a mensagem e fui dormir.

Quando acordei no outro dia senti o cheiro de comida, me sentei na cama e peguei meu celular para olhar as horas 11:15.

Estava levando ele de volta ao lugar onde ele estava quando me assustei e olhei de novo as horas 11:16 agora levantei num pulo.

-“Mãe por que me deixou dormir tanto? Vou ficar com o rosto inchado, tenho ensaio hoje esqueceu?”

-“Bom dia querido, eu dormi bem obrigada por perguntar, seu pai está em casa. Vai lá dar um oi”.

-“Bom dia velho”.

-“Bom dia filho como está? Que historia é essa de ensaio?”

-“Ah é que montei uma banda com uns amigos...”

-“Legal isso, quer que eu te leve no ensaio?”

-“Quero sim pai, obrigado”.

Era raro ele ficar em casa mesmo trabalhando perto, ele saia quando eu estava dormindo e voltava quando eu estava dormindo, era só nos finais de semana que a gente se via.

Nós almoçamos juntos e contei a ele sobre Ruki.

-“Conheci ele na escola quando cheguei na sala”.

-“Hum...”

-“Ele é um cara legal, a irmã dele me convidou para jantar na casa dela e eu fui, ela é bem divertida e muito protetora quando se trata dele”.

-“E quando ele vai vir para eu conhecer meu futuro genro?”

-“É o que?”

-“Ora filho, você acha mesmo que eu não sei nada do que acontece com você?”

-“Ma-mas ... mãe? o que você andou falando com meu pai?”

-“Nada querido. Só que você levou um pouco mais de tempo para perceber o que eu já sabia desde sempre”.

Abaixei minha cabeça e os dois riram.

-“Mas essa ideia do seu pai é mesmo ótima querido”.

-“Sim, diga a ele para vir almoçar com a gente no sábado, quero conhecer meu genro logo”.

-“Ele ainda é só um amigo”.

-“Disse bem. AINDA”

-“Sim querido, logo logo ele vai reconhecer seus sentimentos por ele”.

-“Espero que seja como foi com aqueles dois, não gostaria que ele se afastasse, melhor ter ele como amigo do que não poder mais ver aquele sorriso pra mim”.

-“Own”

Disseram os dois juntos, “é o fim” estou sendo zuado pelos meus pais.

Estava quase na hora de me arrumar para o ensaio fui tomar um banho escovei os dentes e fui para o quarto.

Chegando lá o meu dilema...

“Que roupa eu vou vestir?” não queria usar uma roupa chamativa demais e nem apagada demais, queria uma roupa para que ele não conseguisse tirar os olhos de mim desde que me olhasse, mas que só chamasse a atenção dele.

E acabei escolhendo uma calça jeans e uma camisa preta, calcei um tênis peguei minha guitarra e disse ao meu pai que estava na hora.

-“Estou pronto velho, vamos?”

-“Vamos filho”.

-“Tchau querido, divirta-se”.

Acenei e sai.

Não era muito longe a casa do Kai e de carro o caminho era ainda mais rápido então não tive muito que falar com ele no caminho.

-“Me avise quando for para te buscar”.

-“Ok velho, obrigado pela carona”.

O abracei e desci do carro, Aoi já estava lá quando cheguei , mostrando todos os dentes da boca.

Gente pra que isso? É tão bom assim ter um sentimento correspondido? Ou isso é alivio?

-“E aí? Como está?”

-“Oi, eu estou bem, cadê o Reita?”

-“Ah ele está a caminho. A proposito, obrigado pelo empurrãozinho. Se não fosse por isso ainda estaríamos emburrados um com o outro”.

-“Não precisa agradecer eu só queria que além daquela faixa que não sei por que ele usa, aquela tromba dele não atrapalhasse o jogo”.

Nós dois rimos muito e quando ele parou veio a pergunta.

-“Quando você vai se abrir com o Ruki?”

-“O-oque?”

-“Olha, eu não sou o único obvio demais aqui não sabia?”

-“Não é assim tão fácil”.

-“Eu também achava que não, se quiser a gente te ajuda, é o mínimo que podemos fazer para agradecer”.

-“Vou pensar nisso, de qualquer forma obrigado pelo apoio”.

-“Que é isso cara, somos amigos”.

E nesse momento chegaram Ruki e Reita, se é que isso é possível Aoi abriu ainda mais o sorriso estampado ao ver Reita se aproximando quis deixar os dois pombinhos a sós por um tempo e fui até Ruki.

Como pode uma pessoa ser tão fofa quando está envergonhado? Quero guardar ele em um potinho e esconder ele do mundo.

-“Você está lindo” sussurrei em seu ouvido enquanto o abraçava e por um momento percebi que ele estava quase chorando, mesmo que ele estivesse tentando disfarçar, fiz de conta que não tinha reparado e quando fui falar alguma coisa Kai abriu a porta.

-“Ah que bom, já estão todos aqui, vamos entrar”.

E assim nós fomos entrando e fomos direto para a garagem, íamos começar o ensaio e cada um com seus respectivos instrumentos já em mãos exceto Ruki.

-“Ei, e seu caderno?”

-“Que caderno?” perguntou Kai

-“Ele escreve letras incríveis...” Me virei para Ruki e perguntei.

-“Por que não trouxe o caderno chibi?”

Ele corou, nunca imaginei que uma pessoa pudesse ficar tão vermelha assim.

-“Não sou chibi. E não pensei que era para trazer o caderno hoje, já que íamos só ver a forma como tocamos e tal então pensei que não precisaria”.

-“Tudo bem você traz no próximo ensaio então, não é? Também quero ver suas musicas” Disse Reita.

-“Tudo bem Reita”.

Ele não cantou talvez estivesse com vergonha mas o restante de nós tocamos algumas músicas para ver como seria quando tocássemos juntos e assim começou o nosso ensaio no sábado.