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História Ícarus - II - Sonnet für ein vergangenes engel.


Escrita por: Willzhm

Notas do Autor


O termo " Sonnet für ein vergangenes engel. " é em alemão, e quer dizer " Soneto para um anjo passado. "

Capítulo 3 - II - Sonnet für ein vergangenes engel.


II

" Sonnet für ein vergangenes engel. "

 

O som infernal do despertador às quatro horas da manhã acompanhado de uma noite mal dormida reside em minha cabeça, ritmando e excitando minha carga de stress.

 Levanto, arrastando meus pés pelo frio chão até o banheiro, não fica longe do quarto, de qualquer jeito o esforço soou como um enorme exercício, estou exausto!

 Olho para o espelho com a pouca visão que posso ter com meus olhos semicerrados de cansaço, olheiras gigantes, cabelo mal cortado, barba mal feita, o relógio está gritando, é hora de vestir sua roupa de viver e sai dali.

Rapidamente coloco um terno beje com mínimos detalhes dourados, gravata da mesma cor, um sobretudo preto de mangas longas acompanha o traje, calças jeans pretas e um par de coturnos, também bejes.

— Péssimo dia John, você acordou de novo, está ficando bom nisso, desse jeito eu vou perder meu dinheiro!

O homem que me segue, semana passada, apostou que eu não viveria mais uma ou duas semanas, apostando cinqüenta dólares nisso, foi a pior decisão dele, se ele aumentasse mais cinqüenta, ganharia um bom dinheiro, já que é uma aposta retórica.

— Você não tem dinheiro. - respondi, deixando fluir uma leve expressão de cansaço no rosto.

— Bom, vou ter quando ganhar isto!

A bozina de um Mustang ano 2007 soou na frente do meu jardim, era minha carona, o relógio ja gritava cinco e meia. Hora de desperdiçar meu dia!

 Entrando no carro, eu e meu colega de trabalho seguimos quietos até metade do caminho, então senti subir em meu peito, forte angústia, passava por meu corpo, fazendo meus dedos tremerem e minha cabeça latejar.

— Posso acender um cigarro? - perguntei

— Se pode se matar? À vontade, abra a janela, não espirre seus miolos em forma de nicotina nos bancos do carro. ( deixou soar um riso curto ).

Silêncio, saquei de minha bolsa um maço de Malboro gold, engatilhando um isqueiro do bolso do terno com a mão esquerda, ponhei-o contra minha boca, em fração de segundos era apenas eu e a arma entre meus dentes, então, sem pensar duas vezes, atirei.

 A nicotina novamente fazendo seu caminho perante meus sentidos, fazendo sangrar qualquer traço de angústia que em mim reside, e sobra, por fim, a única coisa em que passei a vida toda correndo contra, o vazio, é o que se via ao longe, apenas um...    vazio.

  Adentrando à grande delegacia a qual eu fazia parte, investigador criminal, deparei me novamente com Cris.

— Você por aqui? - disse Cris.

— Poderia dizer o mesmo, mas você nunca faltou em seus dez anos presente aqui.

— O café daqui é ótimo, eu morreria se não viesse um dia ( riso alto, um pouco histérico ) - ele respondeu

— Esse cara se acha tão engraçado, vá fazer algo útil, John! - disse o homem que me segues.

  Adentrei mais ainda no estabelecimento e me confortei numa sala que, por motivos estranhos, chamam essa sala de minha, mais exatamente, " Escritório do Dr. Estranho ", segundo terceiros. Estranha é uma palavra complexa, pode ser incrementada até no termo viver, é assim que rotulo o comportamento de quem me respeita por ter uma grande ( e só minha ) sala dentro de um grande estabelecimento, inserem valores enormes e importantíssimos apenas à ganância de possuir, justamente possuir.

— Grande Christopher - disse meu superior, e cochichando um pouco - não tão grande quanto as olheiras.

— Você vai ser demitido quando? - perguntei, sendo irônico.

— Uma hora eu levo um tiro por ser tão importante para a empresa. ( risos curtos, dentes bem cuidados, típica cara de empresário ) - respondeu

— Não vejo a hora! - respondi, dando um breve sorriso, então continuei - o que temos para hoje? Homicídios? Estupro? Adolescente alienado em crise de existência trancado num quarto à dias com seu coelho morto por não ter sido alimentado por semanas?

— Bom, na verdade acho que vai se interessar por isso aqui. - respondeu o superior.

 Colocou uma enorme pasta na minha frente, contendo fotos, depoimentos em vídeo e textos, reconhecimento facial feito por um suspeito e um clips de metal enferrujado na ponta dos plásticos. Tirei-o com uma das mãos e o joguei contra o lixo, senhor T.o.c, bem vindo de volta!

Silêncio.

 Folheando a pasta entrei em estado de choque, pela primeira vez em anos senti meus sentidos me traírem, olhava fixamente para a foto de uma moça ruiva, cabelo com muito volume, pele pálida após uma facada no abdome, segundo a autópsia, sangrou até morrer, não podia acreditar nos meus próprios olhos, saquei outra vez um cigarro, coloquei o de novo contra a boca e antes mesmo que eu pudesse acende lo, fui interrompido.

— Cristopher, não é permitido fumar dentro dos limites do estabelecimento. - Meu superior adverte.

— Nada é proibido dentro dos limites do estabelecimento - Respondi, me levantando e indo contra a porta onde estava parado o meu superior.

 Trombamos ombros e em seguida segui para fora da instalação, o cheiro de nicotina percorria toda a sala frontal, apoiei meus cotovelos em algumas barras de proteção ao lado da rampa da frente, olhando para o jardim da grande delegacia.

— Você não deveria fumar, John.

— Meu nome não é John, pare de me chamar de John! - respondi, expressando a falta de controle em que me encontrava.

— Você está pálido, não que isso seja novidade, mas suas mãos tremem enquanto fuma, o que houve? - insistiu, o homem.

Silêncio, estava refletindo.

 Não mais que vinte minutos depois o superior se estabelece em meu lado, com seu crachá dourado gravado os nomes " Vice diretor " e " Hasson ". Fixando no mesmo ponto em que se encontravam meus olhos. O que iria perguntar? Se estou bem? Se preciso de algo? Um copo de café ? Café seria ótimo.

— Você a conhece, né? - perguntou Hasson.

— Perdão? - respondi, onde estava com a cabeça pensando que um superior como Hasson se importaria com alguém?.

— Penny, não é? - perguntou

 Penny, vinte e três anos, cabelo ruivo, morta a três dias com uma facada no abdome, sangrando até a morte, Penny costumava me chamar as vezes em redes sociais para perguntar sobre ortografia ou coisas relacionadas a tecnologia, geralmente quando seu Windows travava. Éramos, a dois anos atrás, melhores amigos, tão junto quanto o homem que me segue e eu somos, tão inseparáveis como a nicotina fluindo em meu sangue. Era boa moça, estudava direito, ia se formar em dois anos, futuro brilhante.

 Dei meia volta e fui contra a rampa sem responder a pergunta de Hasson, dando meu último trago contra o cigarro em minha boca e o jogando ao lado.

— Christopher, não vamos conseguir sem você. - deixou soar no silêncio do ambiente suas últimas súplicas contra mim.

 Fiquei parado por exatos dez segundos, repassando em minha cabeça qualquer tipo de experiência que eu teria caso aceitasse o caso, o pagamento era alto, mas não pensava no dinheiro, nem todo o dinheiro daquela instituição compraria em meu peito o lugar de Penny de volta.

 — Amanhã mande às oito horas uma viatura em meu apartamento. - respondi, erguendo a argola do sobretudo, pude sentir Hasson sorrir agradecido por ter aceitado o caso, então segui até meu apartamento, a pé, refletindo durante todo o caminho.

 Cheguei em casa beirando oito horas da noite, comi qualquer resto de pizza da noite passada que sobrara ali, coloquei meu sobretudo sobre a quina do sofá e sentei-me contra minha poltrona. Acendi outro cigarro.

 Entre tragos longos e profundos permiti ouvir soar o som do telefone, pegando-o e colocando contra o meu ouvido eu escutei uma voz rouca dizer palavras que mudariam toda minha rotina dali pra frente.

— La mentira, mi amigo!

 Logo em seguida desligou, fiquei os próximos cinco minutos olhando fixamente para o canto da parede, completamente quieto, o fogo queimando meu cigarro enquanto sua fumaça poluía a sala do apartamento, estava paralisado.

— Eu já vi essa cara antes, John.



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