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História Ice and Fire - Ghost of the street


Escrita por: Wuchereria

Notas do Autor


Primeiro dia do mês de novo e aqui estamos nós, esse capítulo é bem grandinho e muita coisa acontece.

E bem, vamos aos avisos de GATILHOS pois esse daqui tem umas coisas bem pesadas: traumas, muitos traumas, menção de violência infantil, assassinato, canibalismo, pensamentos suicidas e autoflagelação.

SIM! Esse capítulo tem muita coisa pesada, especialmente da metade para o final.
Não quero muito falar sobre do que se trata o capítulo agora então tudo o que falarei é que o Todoroki aparece aqui.

Capítulo 9 - Ghost of the street


Fanfic / Fanfiction Ice and Fire - Ghost of the street

.episode 1: rising of the light – chapter 9

.ghost of the street


“Eu sou a dureza desses morros

Revestidos,

Enflorados,

Lascados a machado,

Lanhados, lacerados.

Queimados pelo fogo

Pastados

Calcinados

E renascidos.”

— Cora Coralina.


Hayato...

Fukami não entendia o motivo de chamar tal nome.

Incapaz de respirar, ela tentava inutilmente se mover. Apenas ouvia barulhos e sons indecifráveis, que ficavam mais rápidos à medida que sentia seu coração parecer ser apertado por algo desconhecido, fazendo todo o seu corpo estremecer.

Logo, toda a escuridão fora substituída por borrões que aos poucos tomavam forma, revelando uma enorme árvore de cerejeira. Ao olhar para suas mãos, Fukami percebe que elas estavam menores e mais infantis.

Eram as mãos de uma criança.

— Ei, onee-chan... — ela conseguia reconhecer a voz de um garotinho.

Lentamente o rosto do menino tomava alguma forma exibindo seus cabelos curtos negros e seus olhos amarelos.

— Hayato? — profere novamente sem entender o que estava acontecendo.

— Achei um gatinho! — ele exibia um sorriso alegre no rosto segurando um filhote de gato malhado nas mãos.

Aquele era mesmo irmão de [Nome]. O irmão morto.

Fukami Hayato.

— Onee-chan... — iniciou com receio na voz. — P-Por que está chorando? — indagava em nervosismo, soltando o gatinho para se aproximar da irmã mais velha.

Lágrimas quentes escorriam inevitavelmente do rosto de [Nome], ela não compreendia.

— Eu não sei... — diz limpando as gotas de água que teimavam em cair sem motivo aparente. — Não se preocupe com isso.

[Nome] não entendia o que estava acontecendo, mas lá estava ela, conversando com Hayato da forma mais estranha possível.

O moreno encarou a irmã mais velha por poucos segundos antes de segurar suas mãos.

— Não me diga que é porque... você me matou? — o sorriso adorável do menino logo fora substituído por uma visão contorcida.

Os olhos de [Nome] se arregalaram e sua boca tremia.

— H-Hayato...

Seus olhos amarelados agora estavam vermelhos e sangue parecia descer de suas orbes.

[Nome] piscou desesperada, olhando para as próprias mãos e respirando pesadamente.

Novamente sangue...

Ela encarou Hayato de novo com os, tudo o que havia sobrado dele não era nada mais do que sangue e pequenas pétalas azuladas no chão.

O cheiro metálico invadiu as narinas de Fukami e sua visão ficou turva, sentindo uma enorme pontada na cabeça antes de começar a perder a consciência mais uma vez.

Ela caiu no chão, percebendo sangue saindo de sua boca. Cada vez que tentava realizar qualquer tipo de movimento sua visão ficava mais embaçada e mais dor ela sentia. Porém, mesmo passando por tudo isso, Fukami sentiu a presença de alguma coisa se movimentando atrás da enorme árvore de cerejeira.

Seu olhar vagou aos poucos em direção ao local. Fukami piscou algumas vezes, tentando identificar tal figura. Era um homem alto usando uma máscara preta, semelhante a um crânio, enquanto trajava um terno escuro. Aquelas eram as únicas coisas que a sua visão turva conseguia identificar no homem.

— Você... — indagou com dificuldade, sentindo o sangue jorrar de sua garganta.

Spout Light, eu vim buscar o que é meu por direito. — a criatura mascarada se aproximava dela.

— P-Por que? — questiona para o homem sem conseguir levantar a cabeça. Estava tão confusa, sentia tanta dor. — Hayato...

Aquele sentimento amargo parecia se prender ao seu corpo, sentia nojo, raiva e acima de tudo, arrependimento. Ela sugou o ar com a boca, tentando capturar o oxigênio. A dor em seu corpo a impedia de fazer muita coisa.

Uma lágrima escorreu de seu rosto mais uma vez, e assim, perdeu a consciência de vez.

— Ah.

[Nome] puxou o ar com a boca, sentindo que estava prestes a sufocar.

Parecia que havia tido um pesadelo e só conseguir respirar era um enorme alívio naquele momento. Todavia, sua alegria logo foi substituída por um enorme incômodo no pescoço.

Fukami sentiu uma estranha textura no local, assimilando ser algum tipo de bandagem. Aos poucos, estava reconhecendo o lugar como o hospital que fora mandada meses atrás bem depois do aparecimento do tigre branco nos jornais.

Não demorou muito para notar a presença da enfermeira de antes no cômodo.

— Ah... — iniciou. — Finalmente a senhorita acordou. — ela sentou-se na cadeira ao lado da maca.

— O que... aconteceu? — questionou, passando a mão nas ataduras. Sua voz ainda estava um pouco falhada e era possível sentir dor só por pronunciar algumas palavras.

— Sobre isso, senhorita... — a mulher proferiu nervosa. — Antes de mais nada por acaso você tem algum histórico de transtornos psicológicos? — a voz dela indicava nervosismo.

— Não, a única coisa que tenho são alguns problemas com insônia... — respondeu em um tom baixo apertando os lençóis.

— Já é a segunda vez que vem aqui em um estado terrível... — a enfermeira inquiriu suspirando. — Tente não falar muito agora. — disse aproximando a mão do pescoço de [Nome], retirando as bandagens do local e lhe mostrando um espelho.

— Isso é o que aconteceu. — articulou, ajeitando as bandagens nas mãos.

Fukami tocou vagarosamente em seu pescoço, sentindo um incômodo. O espelho refletia marcas de enforcamento no local, além de arranhões um tanto quanto profundos que marcavam um pouco de sangue acumulado na feridas.

— Você fez isso. — comentou a jovem adulta.

— Como? — indagou a si, ainda com a mão direta na localidade. — Quanto tempo estou aqui? — questionou com dificuldade, olhando para a janela. Estava escuro.

— Não faz nem duas horas que está aqui. — disse com um sorriso fraco, tentando passar um sentimento de acolhimento. — Além do mais há três pessoas lá fora lhe esperando. Uma das acompanhantes explicou o motivo desde acontecimento, mas para acabar dessa forma, certamente deve haver alguma coisa lhe incomodando.

A mulher parou ao ouvir o telefone que ficava no cômodo tocar. Ela foi até lá e em poucos minutos voltou com uma notícia.

— Você vai poder sair ainda hoje. — iniciou. — A verdade, é que você não foi a responsável por isso, então é seguro dizer que você não representa uma ameaça para si. Ainda que seja recomendado manter sua situação em análise.

[Nome] olhou para os lençóis, antes de lembrar de uma coisa ainda mais importante.

— Entretanto, você vai ter que passar alguns dias passando uma pomada para a ferida em seu pescoço, passamos um remédio para dor caso ela ainda esteja muito intensa e lhe impeça de dormir direito. — disse a enfermeira, transcrevendo a receita que a médica havia passado.

— E a Mary? — inquiriu [Nome], ignorando o comentário anterior. — Ela estava com uma febre séria, onde ela está?

— A garotinha estrangeira? Ela está bem. Demos um remédio, mas ela estava preocupada com você, sua outra amiga estava tentando acalmá-la.

— Ainda bem... — suspirou aliviada.

A enfermeira encarou Fukami com um sorriso. Saber que aquela menina de quinze anos se importava tanto com a garotinha presente naquele prédio era realmente algo bonito. Porém, não podia deixar que ela parasse de se importar consigo mesma.

A adulta terminou de trocar as ataduras da paciente, dando outro remédio contra dor.

Aparentemente eles possuíam algum médico com individualidade especializada em cura, o que fazia com que os pacientes fossem liberados mais cedo do estabelecimento pelo processo mais rápido de melhora.

Fukami bebeu um copo de água, antes de levantar lentamente e sair daquele cômodo. Seus passos eram leves e silenciosos e não havia muita gente passando pelo corredor no horário em questão.

— E-Eu não queria... — escutou a voz de Mary um tanto falhada e manhosa.

Ela estava sentada em uma das cadeiras enquanto tremia e chorava bastante. Sua cabeça estava abaixada e ela levava os bracinhos até o rosto para limpar as lágrimas que não paravam de descer, enquanto isso, Hana tentava com toda a força animar a loirinha, parecendo que nenhuma delas havia sequer percebido a presença de [Nome].

Fukami caminhou em direção as garotas, contudo, sentiu uma mão pousar em seu ombro, fazendo-a parar de andar.

— Você parece ter um talento nato para atrair problemas, não é? — o jovem Todoroki indaga, olhando para [Nome] com sua frequente expressão indiferente.

— Todoroki? — sussurrou tocando levemente seu pescoço ferido.

Havia se assustado com a aparição repentina do rapaz. Então ele era a terceira pessoa que a enfermeira estava falando.

O garoto trajava uma blusa branca e um moletom azulado, junto de um jeans escuro e tênis mesclados entre o branco e preto.

— Por que está aqui? — pergunta receosa olhando para baixo.

Shouto desviou o olhar em resposta, observando a garotinha de olhos azulados, que ainda estava se culpando.

— Sua irmã ligou desesperada para a minha casa, aparentemente eu era a única pessoa além da sua amiga que ela conhecia. — explica de maneira simples. — Isso em seu pescoço tem relação com seu poder? — diz mudando rapidamente de assunto enquanto encostava-se na parede branca do hospital. Seu tom era baixo e calmo, sem nunca perder a seriedade.

— Na verdade eu acredito que tenha relação com a Mary... — responde ainda mais baixo por conta do incômodo no pescoço.

— Sua irmã? — ele questiona com as mãos no bolso do moletom. [Nome] afirma balançando a cabeça como resposta.

— Basicamente uma criança que não tem controle da própria individualidade. — Todoroki afirma observando Mary. — Isso é mais comum do que parece.

— Acredito que sim... — sua voz saía falhada e baixa.

— O velhote me falou um pouco sobre sua individualidade... — Todoroki profere com o olhar sobre Fukami. — Não que ele saiba de muita coisa... — disse de maneira puxada.

— E o que ele disse? — inquiriu ao garoto, nervosa.

— Apenas algo sobre sete criaturas que são proclamadas de pecados. — ditou calmo. — E seu poder ser a junção de várias outras individualidades. — completou em um suspiro. — Então se aquele tigre branco é uma dessas criaturas, você ainda tem seis para capturar, mas parece que você tem outros problemas para lidar agora... — indagou terminando seu discurso, percebendo que Mary corria ao encontro da irmã mais velha, jogando-se em seus braços.

Naquele momento, [Nome] só não caiu por Todoroki apoiar uma de suas mãos na costa da garota, impedindo mais machucados pelo possível desastre.

— [NOME]! — a garota gritou com os olhos inchados e vermelhos enquanto a abraçava fortemente. Era uma das primeiras vezes que Mary chamava a irmã pelo nome. — Me desculpe, e-eu não queria. — sua voz era alta, carregada de dor e arrependimento.

— M-Mary-chan... — Hana iniciou desesperada, correndo atrás da loira. — Estamos em um hospital...

— Tudo bem Mary, não foi culpa sua... — profere de forma acolhedora passando a mão na cabeça da jovem, ainda conseguia sentir a dor em sei pescoço. — Não tem como eu ficar irritada com você.

— E-Eu sou uma pessoa horrível... N-não! Nem de pessoa eu mereço ser chamada. — a garotinha de olhos azuis exclama em um tom um pouco mais baixo, ela tremia e continuava a chorar. — Eu fiz tantas coisas horríveis... eu machuquei você, eu machuquei a mamãe. — ela continuava a esbravejar.

— Ei Mary, está tudo bem... — profere abaixando-se na altura da pequena e dando-lhe um grande abraço acolhedor. — Eu estou bem aqui então não se preocupe, tá?

Ela afirmou ainda com o rosto em lágrimas, abraçando a irmã mais ainda.

— Onee-chan... — iniciou, ela estaca tremendo. — Por favor, não me abandone...

— Eu jamais faria isso. — repetiu. — Está tudo bem, Mary... Vamos resolver essa questão juntas, certo?

A loira abanou a cabeça em afirmação, pressionando o rosto no corpo de Fukami tentando estabilizar sua respiração e recobrar a razão.

— Você é mesmo uma ótima irmã mais velha. — Hana indaga. — Queria que minha irmã fosse assim comigo também... — ela exclama divertida, tentando amenizar o clima pesado. — De qualquer forma, estou feliz que esteja bem [Nome]... — suspira antes de dar um sorriso e dar um curto abraço na amiga. — Estava preocupada.

A Furo encarou o garoto heterocromático ao lado de Fukami.

— Bom, acho que agora que você está bem vou deixá-la com o Todoroki-san e a Mary-chan. Sinto que vocês tem coisas para conversar. — ela diz com um sorriso no rosto. — Se precisar de alguma coisa, não pense duas vezes para me ligar, [Nome].

Ela sentia o suor frio descer de sua face. Não havia falado em momento nenhum de Todoroki para Hana, mas agora, ela o conhecia e certamente aceitaria mais explicações depois.

— Certo. — indaga com Mary nos braços.

— Você sabe que pode contar comigo pra qualquer coisa... — diz por fim, antes de retirar-se por completo do estabelecimento.

O silêncio avassalador preencheu o lugar, isso até Mary se pronunciar momentos depois.

— Hana-onee-chan disse que você está acostumada a se machucar por isso eu não devia ficar tão preocupada.

— Ah... Não entre em detalhes sobre isso. — exclamou Fukami abanando as mãos para a pequena.

Por conta de não sentir dor, antigamente [Nome] se machucava caindo de lugares altos para uma criança. Lembrava que uma vez havia torcido a perna ao cair de uma árvore e voltou andando para casa como se não fosse nada. Só perceberam horas depois por conta da vermelhidão e inchaço.

— Sabe onee-chan, eu realmente não queria falar sobre isso, mas parece que não tenho escolha... — ela diz com os olhos um pouco sombrios, causando calafrios em [Nome], ainda parecia um assunto pesado a ser tratado.

A mais velha negou com a cabeça.

— Você não precisa se forçar a falar, quero que seja no seu tempo. — iniciou. — Sei que tem muita coisa guardada aí dentro e vamos trabalhar para resolver isso juntas.

Mary piscou algumas vezes, em confusão.

— Você também acha que eu devo fazer tarada pia? A Hana-onee-chan, disse a mesma coisa...

Dessa vez foi a vez de [Nome] ficar confusa. Entretanto, a garota afirmou logo depois, entendendo do que se tratava.

Terapia seria uma boa, assim você vai entender melhor a si e os seus próprios sentimentos. Sei que tem uma péssima impressão dos adultos, mas o primeiro passo é tentar mudar esse pensamento e achar um profissional competente para lhe ajudar.

Mary olhou para Shouto por poucos segundos e encarou a irmã de novo.

— T-Tá bem, mas sinto que ao menos isso eu preciso falar... — iniciou, nervosismo era presente em sua voz. Ela respirou fundo, colocando a mão no peito. — Eu nunca aprendi a usar meu poder e sinto muito por causar tanto sofrimento ‘pra você, onee-chan. — ela agarrou a barra do vestido verde. Sem dúvida, era a sua cor favorita. — Aqueles pesadelos que você teve foram por minha causa. — proferiu com timidez e angústia.

Todoroki encarou Fukami por curtos segundos antes de olhar para Mary.

— Na Rússia chamaram de кошмар, — ela proferiu em russo. — mas eu preferi chamar de Nightmare, já que foi como a tia Rose chamou... Não que mude muita coisa, é só o nome traduzido. — ela interrompeu-se nervosa.

Shouto estava com as mãos dentro dos bolsos, ainda encostado na parede.

— Eu posso fazer o pior medo, fobia ou trauma de uma pessoa aparecer em sua frente. Acontece que só a pessoa afetada além de mim pode ver... Eu t-também posso conversar com o medo da pessoa dependendo do que for e se a pessoa na verdade tiver trauma de algum acontecimento do passado eu posso reviver esse acontecimento para mim e para ela. — a jovem levanta a cabeça alternando o olhar entre [Nome] e Todoroki. — Por isso eu posso conhecer a fraqueza de cada ser humano nesse planeta. — Mary proferiu. — Mesmo existindo aqueles que lutam para esconder seus medos, eu posso descobrir em uma questão de segundos.

Fukami olhou para Todoroki notando que por um milésimo de segundos ele parecia se interessar no poder de Mary. Todavia, ele continuava calado ouvindo cada palavra que saía da boca da garotinha.

Sim, era um poder cruel. Afinal, ninguém merecia ter um trauma revivido e ter acesso a esses momentos poderia resultar em um trauma ainda maior para o portador. Mary poderia ser tão afetada quanto todos aqueles que sofriam com Nightmare.

— Mas, eu não sei controlar e uma vez que uso é difícil desativar. — iniciou mais uma vez. — Às vezes, eu consigo, só que ultimamente meu ouvido tem doído bastante por conta disso. E também, as vezes eu ativo sem querer quando fico nervosa. — Mary coça a cicatriz perto de sua boca.

— E por causa disso, eu posso machucar os outros sem querer... — a garota exalta sentindo novamente pequenas lágrimas se formarem em seus olhos, no entanto, ela logo limpa mostrando um sorriso infantil. — O que a-acham? Eu tenho mesmo o poder de uma vilã, não é?

— Mary. — sussurra [Nome] para a pequena de forma tímida, fazendo-a rir de maneira infantil.

Mary sentia diversas emoções naquele momento. Tristeza, dor, frustração, contudo, ainda estava aliviada por poder colocar um pouco de tudo aquilo para fora. Realmente havia gostado de conhecer e se aproximar de [Nome], mas mesmo assim, não conseguia explicar tudo. Certas coisas eram dolorosas demais.

Ela espremeu os lábios um contra o outro, sua garganta parecia doer ao tentar continuar, mas ainda assim, ela prosseguiu aos poucos.

— Eu realmente gosto desse nome. Mas sabe... acho que eu deveria me apresentar apropriadamente, né? — ela pergunta ainda sorridente. — Meu nome é Sasha Von Kandinsky, apesar de preferir o nome Mary Spout Light. — disse estendendo a mão para a irmã enquanto sorria tristemente.

— Eu não entendo... — Shouto profere. — Se fosse dar minha opinião, eu diria que esse poder seria bem útil para muitas coisas, claro que ainda seria necessário treinar para aprender a controlá-lo. — agora ambas as garotas olhavam para Todoroki de maneira fixa. — Mas acho que o discurso de um completo estranho só seria irritante. — diz desviando o olhar para um canto qualquer do local.

— Eu também acho, Mary. — confirmou Fukami. — É uma individualidade incomum, mas certamente vai ser útil se souber controlá-la.

— Sério? — a pequena garota murmura, começando a tremer.

Fukami afirmou.

— Além disso, para mim, você é apenas a Mary-chan. — afirmou. — Não acho que o nome de nascimento de alguém seja tão importante assim.

A loira não sabia o que falar naquele momento. Por mais simples que tivera sido o comentário, parecia ser tudo o que Mary precisava ouvir, tudo o que ela queria ouvir durante anos.

Ela piscou algumas vezes, sentindo seus olhos arderem de novo. Naquele momento ela percebeu. Com aquelas pessoas na sua vida, Mary seria feliz.

Mary Spout Light poderia seguir em frente.

— É, eu acho... — murmurou, apesar do tom monótono, [Nome] sabia que aquela era a forma de Shouto tentar animar a garotinha.

— Todoroki-san... — Mary sentiu as lágrimas caírem de seus olhos antes de sair correndo para ir brutalmente ao encontro do garoto na tentativa de abraçá-lo.

Ele, por sua vez, tentava afastá-la de si.

— Não, é... — indagou levantando um pouco mais o tom da voz. — Ei, para com isso!

— Shouto-nii-san... — berrou chorando.

— P-Pare! — repetiu tentando tampar o rosto da garota para impedir que ela chegasse mais perto, fazendo Fukami tampar a boca para não fazer barulho por conta da risada.

Mary continuou a tentar abraçar Todoroki até uma enfermeira expulsar todos os três por fazerem barulho demais. Por conta disso, ela ficou reclamando metade da viagem inteira, antes de dormir e ser carregada por Shouto, afinal, o pescoço de [Nome] estava machucado e dependendo da posição que ela ficasse por muito tempo, poderia machucar mais ainda.

— Obrigada, Todoroki. — proferiu pronta para carregar Mary. Agora estavam na frente da residência dos Fukami.

O garoto faz um aceno com a cabeça e vira de costa para Fukami pegar a pequena.

— Não! — Mary arfou, apertando-se mais em Shouto, ainda que ela parecesse dormir profundamente.

— A-Acho que ela gostou mesmo da sua costa... — deu um leve sorriso. — Acho que você vai ter que entrar.

Após entrarem na casa de Fukami e levarem Mary até a cama, a garota mais velha deu um suspiro.

— Realmente não posso acreditar... — iniciou ajeitando a cama bagunçada da garota. — E pensar que ela realmente gostou muito de você. — Todoroki olhava pelo canto do olho a garota dormindo em seus ombros serenamente, enquanto [Nome] ria de seu semblante.

— O quê? — questionou incrédulo. Seu tom era baixo para não acordar a garotinha.

— Você seria um ótimo irmão mais velho. — [Nome] sorri para o menino, ele mantinha um expressão neutra no rosto, sem saber o que falar.

— Pode deixar ela aqui, Todoroki. — aponta para a cama.

Ele abaixa e deixa Mary cuidadosamente na cama e Fukami termina o ato enrolando-a com um edredom.

— Pronto, trabalho feito. — exclama [Nome] juntando as mãos. — Além disso, a febre parece ter diminuído. — Fukami colocou a mão na testa de sua irmã, suspirando. — Então eu lhe acompanho até a porta.

Ela deu curtos passos até a porta do quarto de Mary seguida do filho do herói número dois. Entretanto, parou ao sentir sua cabeça girar e respirou fundo.

— Ei Todoroki... — [Nome] o chamou. — Você se importaria se eu me apoiasse em seu ombro por um instante? — perguntou de maneira fraca, segurando levemente o ombro do rapaz.

Fukami passou a escutar o barulho de um frenético mastigar.

— Antes de eu lhe acompanhar poderia esperar eu fazer uma coisa importante? — pergunta ainda tonta, fazendo o possível para não cair enquanto o garoto afirma com a cabeça estranhando o comportamento repentino da menina de orelhas pontiagudas.

— Certo... — foi tudo o que disse.

Assim, ela saiu do quarto de Mary correndo e foi ao seu quarto, sentindo algo quente subir para a sua garganta, acumular no canto de seus lábios e escapar, manchando a blusa da jovem com uma pequena quantidade de sangue. Por fim, não aguentando mais aquele impulso, colocou todo o sangue para fora no banheiro de seu quarto.

Dessa vez, [Nome] escutou uma risada levemente aguda.

— Estás em uma situação tão precário, ó pobre humana. Me pergunto como ele foi perder para uma humana tão deplorável.

Não precisou de mais que três segundos para ela perceber do que se tratava.

— Qual deles é você? — exclama Fukami ainda atordoada pelo sangue perdido. Seu estômago estava embrulhando, dado o acontecimento.

— E por que isso importaria para uma mera mortal? — a voz pergunta em um tom irônico.

— Mera mortal? — indagou em confusão, esperando a resposta da criatura. Ainda estava com o olhar cansado e as ataduras no pescoço.

— Fukami. — [Nome] sentiu seu corpo se arrepiar pela surpresa ao ouvir a voz de Shouto fora do banheiro. — Por acaso é uma das criaturas? — ele questionou sem alterar a voz.

Era incrível como Todoroki sempre conseguia permanecer calmo não importando a situação.

[Nome] sorriu levemente.

— Você entende as coisas com facilidade, Todoroki! — gritou de dentro do banheiro.

[Nome] saiu do banheiro, indo em direção do armário de seu quarto, pegando sua foice desativada de lá.

— Mas seria errado da minha parte deixar você se meter nesse assunto. Afinal, você já fez mais do que devia. — com aquele comentário, o garoto levantou um pouco as sobrancelhas incrédulo.

— Vai mesmo lutar com isso sozinha? — questionou. — Contra aquele tigre, mesmo com duas pessoas além de você, todos se feriram. — ele desviou o olhar para o bastão nas mãos de [Nome]. — O que garante que você vai conseguir fazer isso sozinha? — Todoroki pergunta por fim.

— Naquela época eu estava despreparada, mas eu passei todos esses meses treinando. — respondeu convicta. — Além do mais, Byakko disse que quando eu precisar vai aparecer.

O rapaz ficou em silêncio por um bom tempo pensando em uma resposta.

— Independente do que você diga, eu vou com você. — Todoroki proferiu, sua voz estava mais séria que o normal.

[Nome] suspirou derrotada.

— P-Por que está insistindo tanto? — ela arqueou uma das sobrancelhas, segurando o bastão com mais força.

— Você é a pessoa mais próxima que eu tenho da minha idade. — o garoto inquiriu de forma lenta, piscando algumas vezes. — Eu acho...

Um silêncio constrangedor se formou no local.

— Estranho... — murmurou [Nome]. — Se eu morresse, você se livraria desse casamento arranjado na hora.

Dessa vez foi a vez de Todoroki arregalar um pouco os olhos.

— Heróis salvam pessoas e se eu posso ajudar com alguma coisa, eu vou. O fato de você ser minha noiva não interfere nisso. — pronunciou, tais palavras saíram com um tom estranho. — Além disso, você não é uma pessoa ruim, Fukami, eu não tenho nada contra você. — ele fez uma pausa, pensativo. — É fácil interagir com você.

Ela olhou para o bastão em suas mãos, processando o comentário de Shouto. Acreditava que era a primeira vez que havia escutado algo do tipo e não entendia, afinal, ambos quase não se falavam. Fukami se perguntava que tipo de relacionamento Todoroki tinha com outras pessoas por achar fácil conversar com ela.

— Não me culpe caso se machuque... — apesar do tom, [Nome] evitaria a todo custo que Todoroki se ferisse.

Afinal, se ela fosse se tornar uma heroína também, não poderia deixar que os outros se ferissem por sua causa.

As ruas do bairro estavam quase vazias.

A única coisa possível de ouvir era os passos da garota e os de Todoroki que caminhavam um seguido do outro naquele quarteirão escurecido.

[Nome] sentia que a criatura estava nas proximidades, o que parecia tornar a busca mais fácil, apesar de que quando sentia a presença dela em algum beco escuro mais próximo, ela rapidamente sumia sem deixar rastros.

Devia ser um ser que se movia nas sombras.

— Umbracinese, talvez... — a [cor do cabelo] sussurrou.

De acordo com as teorias de [Nome], cada pecado parecia ter uma habilidade diferenciada do resto, claro que não podia ter certeza, então a informação ainda era incerta.

A maior parte do tempo, Todoroki ficava calado apenas observando o local para garantir que nada estranho ocorresse e, as vezes, afastava-se um pouco para tentar achar alguma pista.

— Ei, uma criança da sua idade não deveria estar aqui essa hora da noite. — um homem aparentando possuir uns trinta anos segurava uma garrafa de bebida alcoólica vazia enquanto andava cambaleando, a gola de sua camisa parecia estar suja de vômito e o cheiro era extremamente forte.

[Nome] deu um passo para atrás ficando em posição de ataque na dúvida do homem tentar fazer alguma coisa.

— Ei, não fique aí brincando de heroína... — o homem começara a se aproximar cada vez mais, seu tom não parecia ofensivo, mas [Nome] não gostava da aproximação de um homem desconhecido.

Fukami encarou o adulto com desdém, seja lá o que ele tentaria fazer, não conseguiria. Ela não poderia matar alguém, mas incapacitá-lo não seria uma escolha ruim.

“Se ele tentar alguma coisa, você ainda pode matá-lo.”

Quando voltou a realidade, Fukami sentiu o homem parar antes mesmo de conseguir se aproximar demais de seu espaço pessoal.

No que estava pensando? Ainda era uma vida humana.

A garota olhou para as pernas dele e notou que uma corrente grossa o impedia de se mover.

Seus olhos brilharam em azul no exato momento que o homem foi arrastado pelas correntes até um beco escuro. Ela sentiu uma presença a mais naquele beco.

[Nome] fechou os olhos por um curto período, ouvindo um grito de socorro do adulto bêbado e um enorme barulho de correntes batendo no chão com voracidade.

De repente, seu celular começou a tocar de maneira desenfreada, ela atendeu indo em direção ao beco. Tudo o que ouvia era estática, a mesma coisa de meses atrás.

— Então é você que faz isso? — a jovem não esperou uma resposta para o seu questionamento.

Ela adentrou o local sem esperar por Todoroki, sentindo um cheiro impregnante de metal, fazendo-a tampar o nariz. Uma criatura nunca antes vista estava entretida em devorar a metade que sobrara do homem bêbado de uma vez só.

As pernas de [Nome] enfraqueceram por um curto período. Pelo o que se lembrava, era a primeira vez que havia visto uma cena tão grotesca e pior, havia sido incapaz de salvar uma pessoa, havia sido incapaz de salvar uma vida.

Era responsável por aquilo, porém, tudo o que conseguia sentir no momento era raiva.

Apesar da escuridão do local, era possível notar as garras afiadas e escurecidas da criatura seguido de um tom extremamente avermelhado ao que parecia ser um casaco picotado ao chegar na metade do corpo da criatura.

Ela possuía uma aparência bastante humanoide pelo formato de seu corpo e suas possíveis vestimentas, que se assemelhavam muito com as roupas de galãs norte-americanos.

Além do formato levemente triangular de sua cabeça com grandes antenas grossas que brilhavam em um tom avermelhado, havia algo que aparentava ser um enorme chapéu preto.

O ser parecia trajar um enorme lenço branco abaixo de sua cabeça. Seus olhos e boca não eram nada além de uma luz vermelha ofuscante, entretanto, sua boca parecia ser capaz de abrir para devorar a carne humana.

Sem dúvidas, aquele pecado assemelhava-se muito aos ricos e sofisticados dos filmes que retratavam um período mais antigo, na qual viviam em um enorme casarão rodeados de empregados e serviçais. Isso é, se não estivesse saboreando a carne de um ser humano.

Todavia, o que mais se destacava apesar da tenebrosidade do local, eram suas asas negras que balançavam vagarosamente a cada movimento que o monstruoso bichano fazia. Fazendo-o parecer um enorme morcego.

— Por quanto tempo irá me encarar? — o monstro proferiu em um tom aparentando irritação, enquanto olhava para os restos de uma possível outra vítima em suas garras.

— Qual deles você é? — [Nome] indagou olhando para a fera com seriedade, a irritação era presente em sua voz. — Gula, luxúria ou ganância? — a fera contorce a sua face aparentando rir debochado da expressão de Fukami, soltando o resto dos ossos humanos em um canto qualquer do beco.

Pelas informações dadas por Mary, esses eram aqueles pecados que ingeriam carne humana enquanto os outros, somente matavam.

Ela avançou um passo, abrindo a boca e exibindo seus dentes extremamente juntos e pontiagudos sujos de sangue. [Nome] podia ver finas correntes rodeadas de uma aura avermelhada se aproximando aos poucos dela.

A criatura balançou as asas brutalmente, fazendo Fukami quase ser jogada para fora do beco, ato impedido somente por uma enorme parede de gelo.

O impacto, por sua vez, fez a garota bater de costas no local, fazendo-a soltar um gemido de dor como reclamação.

Todoroki encarava a criatura procurando analisar cada detalhe. O ser humanoide parecia esboçar um sorriso maior ainda ao vê-lo.

— Sinto tanto potencial vindo de vocês... — proferiu o monstro com a voz puxada e rouca. — Mas você ainda não está no nível de Rose. — continuou alargando o sorriso, enquanto se aproximava desta vez com mais rapidez. Seus olhos agora possuíam um tom vermelho-sangue brilhante que ofuscava na escuridão.

Todoroki lançou mais uma vez um ataque com sua individualidade, impedindo a criatura de se aproximar mais. Ele tinha que confiar que [Nome] acabaria com aquela coisa.

— Então... — Shouto iniciou tentando observar cada movimento que a criatura parecia fazer por trás do gelo.

— Não tenho certeza de qual é. — ela indaga respirando pesadamente, segurando o bastão com força. — Por que essa porcaria não ativa? — Fukami soltou aquelas palavras em chateação, olhando para o objeto até ouvir o barulho do gelo começar a partir.

O lugar era muito pequeno para uma luta, fazendo com que a criatura acabasse ficando perto de ambos.

Logo, um forte vento soprou fazendo com que o gelo finalmente quebrasse por inteiro com a ajuda das garras da criatura.

— Não deverias fazer isso... — o monstro indaga com uma voz relutante. — Ele não consegue ouvir minha voz. — ela afirma com convicção.

— P-Por que faz isso se me entende? — questiona [Nome] observando a feição sorridente da besta, que abre a boca mostrando os dentes avermelhados.

— Ora... — ela iniciou em um tom sarcástico. — Pois nunca é o suficiente. — suas asas pretas balançaram em um movimento pronto para atacar. — Todos até agora foram tão fracos...

— Todoroki, abaixe! — [Nome] gritou para o garoto ao perceber que novamente o demônio iria atacar à distância.

— Inútil. — ela profere antes de aparecer atrás de Fukami como mágica pelas sombras.

Aquele foi um ataque falso.

O demônio vermelho acerta um enorme golpe com suas asas no rosto de [Nome], fazendo-a bater na parede e cair próximo de um caixote de lixo. Seu rosto sangrava pela surra e aquelas penas aparentemente macias continham uma força impressionante, parecendo um martelo de ferro.

Todoroki rangeu os dentes ao observar a cena, não perdendo tempo para lançar mais uma grande quantidade de gelo na criatura.

— Pare, Todoroki! — a garota grita de longe. — Isso é demais.

A criatura a frente de Fukami impedia de visualizar Shouto por completo. Todavia, ainda era possível ver o braço do rapaz começar a ser consumido lentamente pelo gelo. Seu poder estava começando a consumir seu corpo.

— Confesso que não esperava que o próximo seria algo como isso. — ela dita lentamente, sentindo o sangue quente descer de sua face. — Nunca é o suficiente? Então você deve ser a ganância... E certamente, você é forte.

Aquele simples golpe que levara no rosto era uma demonstração da força bruta absurda daquele pecado.

Todoroki ficou em silêncio olhando para o pecado da ganância com fixação. A respiração dele estava irregular e com todo aquele gelo, seu corpo parecia estar começando a esfriar muito.

[Nome] ouvia o barulho das garras vermelhas batendo fortemente contra o chão, o que causava um barulho agudo e metálico.

— A força que tens, não sabes nem sequer usar, não é?

— Eu sei que não sou como Rose. — responde [Nome], tentando se levantar. — E também sei que só determinação não vai me garantir a vitória.

— Você disse que havia treinado todo esse tempo exatamente para isso. — a voz dele aumentava cada vez mais. — Se você desistir, vai morrer!

— É mesmo, não é? — a cabeça de [Nome] estava prestes a explodir de tontura. — Mas parece que mesmo depois de tudo, nem mesmo um bastão me obedece.

— Mas, eu não quero perder! — ditava lentamente fechando os olhos. — Byakko, por favor, eu lhe peço… apareça!

Um longo silêncio formou-se no local. Era possível ouvir somente o barulho da respiração abafada de Fukami e de Shouto.

— Ele não vai aparecer, afinal, não sabes controlar Dark All corretamente. — ela riu. — Mas... Byakko? — questiona. — Outro nome idiota?

[Nome] se apoiou com o pé esquerdo, segurando o bastão com força. Estava frustrada, estava triste, e acima de tudo, com medo.

— E quem é você para decidir o que é idiota? — responde ainda respirando pesadamente, foi uma resposta infantil, mas era tudo o que conseguiu soltar dada a situação.

Ela não era um soldado, muito menos uma heroína formada. Era apenas uma adolescente.

A criatura avermelhada olhou para [Nome] com as órbitas brilhando em um vermelho profundo. Os olhos da garota mostravam um ofuscante azul.

Sim! Era isso que o demônio vermelho queria ver.

— E se tu me tivesses? — pergunta se aproximando. — Que nome infantil me darias?

A garota deu uma leve risada, olhando para a fera. Naquele momento, seu corpo desabou no chão, enquanto Todoroki olhava para ela levemente confuso, ele não entendia o que estava acontecendo.

— Vejamos… — iniciou com uma das mãos no queixo, abaixando completamente a guarda.

Apesar de parecer idiota fazer algo do gênero, [Nome] sentia que o demônio não iria lhe atacar e disso podia ter total certeza. — Você é vermelho e tem correntes da mesma cor… — ela inicia seriamente. — Seu encontro foi realmente imprevisível e você é bastante forte…

— Elogios não são necessários!

— Isso me lembra a lenda da Akai Ito, sabe... duas pessoas destinadas a se encontrarem e ficarem juntas…

Diferente de Fukami, Shouto não era capaz de ouvir a voz do demônio em sua frente. O que estava deixando-o ainda mais confuso. O que [Nome] estava fazendo? Havia enlouquecido?

— Então sua resposta é essa? — rebate abrindo levemente a boca, mostrando os dentes pontiagudos sujos de sangue.

— Akaito… — indaga firmemente. — Não acho que seria um nome tão ruim, senhorita. — o braço de [Nome] doía e a cabeça tentava raciocinar da melhor maneira possível.

O monstro parecia agir estranho dado o comentário de Fukami.

— Não consigo entendê-la. — ela balança as fortes asas de maneira lenta e suave. — E isso me irrita…

As correntes tornaram a aparecer em volta da criatura, indo de maneira rápida e precisa na direção de Shouto.

O garoto, apesar do cansaço e fraqueza, conseguiu desviar praticamente de tudo.

— Se eu tomasse o garoto de você, o que farias? — o bichano exclamou com uma voz aguda e em um ataque rápido e certeiro, prendeu Shouto com suas fortes correntes, apertando o corpo dele cada vez mais.

— Pare! — inquiriu para ela.

Todoroki deu um curto gemido de dor antes de ser arremessado de um lado para o outro pelo demônio vermelho, deixando-o vagamente tonto. Ele poderia escapar ao usar mais um golpe com gelo, mas isso iria requerer achar o exato momento certo.

— Eu disse, pare agora! — a voz de [Nome] soou completamente grave e autoritária.

A besta alargou o sorriso, parando de balançar o garoto amarrado.

— E por que eu faria isso?

Fukami interrompeu a criatura de maneira brusca.

— Vocês estão machucando outras pessoas que não tem nenhuma culpa disso tudo. — proferiu ela.

Havia pensado sobre o assunto, Byakko havia dito que os pecados estavam descontrolados, mas aquele em específico parecia racional demais.

“Os pecados não são amigos a serem conquistados.” Foi o que passou por sua cabeça. “São monstros, monstros que eu preciso controlar.”

— Se eu morrer você também some, não é? — inquiriu de forma rápida. — Você parece racionar bem mesmo fora do meu controle, então deve ter percebido. — os olhos dela agora brilhavam em um tom azulado e aparentavam um enorme desejo de sangue.

— Você tem a capacidade de me matar e mesmo assim ainda não fez. — o olhar do ser humanoide se intensificou, suas garras bateram no chão causando um barulho metálico. — Se eu morrer, você morre também, não é? — repetiu. — Se você não soltá-lo, eu mordo minha língua nesse exato momento e me mato! — o aviso havia aparentado mais uma ordem para a criatura, que como resposta, alargou suas asas e jogou o garoto na parede como um boneco, que impediu a pancada com um ataque de gelo, apesar da extrema fraqueza.

De fato, [Nome] estava pronta para realizar tal ato.

— Eu nunca desejei esse poder, foi algo forçado em mim, assim como você foi forçada a ser parte dele, mas e então me diga, você prefere o All for One?

A criatura se calou naquele momento.

O coração de [Nome] tremeu.

A garota percebeu o medo da criatura.

O medo que tinha daquele monstro conhecido como All for One.

— Ele realmente é melhor que muitos profissionais comuns, e você… talvez seja melhor do que eu pensava. — iniciou de forma lenta. — E se tu me tivesses? — repetiu o questionamento, olhando de maneira fixa para Fukami.

— Eu quero me tornar alguém que possa me orgulhar. — ditou. — Quero entender minhas raízes e então, seguir em frente de cabeça erguida.

Se aproximando da criatura, [Nome] estende a mão em direção da besta avermelhada.

— Me ajude Akaito, eu preciso de você. — exclama sem desviar o olhar. — Hoje, você tirou uma vida e eu preciso de força para evitar atitudes como a sua. — em curtos passos, foi em direção da única coisa que parecia sobrar da vítima do pecado. Era uma carteira. — Hoje, eu fui responsável por um crime, pois a minha existência permite a sua. Mas ainda assim, se eu te deixar solta, nada vai mudar. Então eu preciso aceitar você, preciso aceitar seu pecado como meu. — inquiriu abrindo o item. — Gostando ou não, você faz parte de mim.

— Ah. — Akaito exclamou virando levemente o rosto. — Quanto tempo faz, desde que alguém como você apareceu? — seu rosto estava sério, os olhos de Fukami ainda estavam azulados e a criatura parecia ainda sorrir.

— Dama de azul… — sussurrou. — Ah, por que você forçou um destino tão cruel para todos eles? Por que você forçou um destino tão cruel para nós sete? All for One... — exclamou a besta de maneira puxada, desta vez exibindo seus dentes pontiagudos. Pelo sotaque [Nome] percebeu, a criatura não era japonesa. — Sim, não ouse me decepcionar, Dama de azul, afinal, eu nunca fiz uma escolha na qual me arrependi.

E assim foi feito.

A criatura agora nomeada de Akaito, levantou suas enormes garras e asas em um movimento lépido e preciso na própria direção.

Fukami fechou os olhos com força até ouvir um forte barulho de carne cortando, fazendo-a abrir suas orbes momentos depois.

Akaito, naquele exato momento havia acabado de se degolar.

A criatura desaparecera sem deixar nem mesmo os ossos de suas vítimas.

Fukami deu um suspiro abafado, ainda em choque. Não esperava que ela fosse fazer algo como aquilo.

No fim, o grande tigre branco não havia aparecido e aquilo havia a deixado apreensiva. Talvez em algum futuro próximo sua vida pudesse depender disso e se Byakko não aparecesse poderia ser seu fim.

Além disso, Akaito havia tirado a vida de um cidadão, talvez de vários.

E isso era impossível de se voltar atrás. Por sua culpa, vidas haviam sido perdidas.

— Que droga… — [Nome] grunhiu mostrando irritação perante ao pensamento.

Nem mesmo aquela maldita foice havia funcionado e com aquilo, percebeu que talvez nem com todo o treino do mundo ela fosse capaz de ativar a arma da família.

Naquele momento [Nome] se perguntou se sua mãe também teve problemas com a arma branca.

Certamente não.

Até agora todas as duas criaturas comentaram que Fukami não chegava aos pés de sua mãe. Contudo, o simples fato de conseguir convencer o demônio avermelhado a se juntar ao time parecia uma vitória. Ainda que vidas tivessem sido perdidas.

Talvez Byakko estivesse falando disso.

[Nome] suspirou.

Estar de um lado, significava não estar de outro. Ou seja, “nem todos podem ser salvos.”

As palavras do tigre se prenderam à mente de Fukami.

Ela segurou o bastão nas mãos com força indo em direção ao Todoroki, sua cabeça estava começando a voltar a doer da surra recebida pelas asas de Akaito, sendo que, por conta da adrenalina durante a luta, a dor não se fez tão presente.

Ela olhou mais uma vez a carteira aberta, tirando de lá um documento.

— Sinto muito, senhor Ookami Shinjiro. — sussurrou. — A partir de hoje, seu nome estará gravado em minha memória, sinto muito por não ter lhe salvado. — ela apertou o documento em mãos, não sabia o que fazer. Talvez falasse com Nezu novamente por causa da situação. — Eu farei o possível para isso não se repetir.

Fukami suspirou. Por que estava lidando tão calmamente com um assassinato? Poderia ter passado por uma situação parecida?

Ela segurou seu celular em uma mão, indo na direção do heterocromático. Iria ligar para a U.A o mais rápido possível.

— Tudo bem, Todoroki? — pergunta estendendo a mão para ele.

— Eu… — iniciou, virando-se para [Nome]. — Eu não fui capaz de fazer nada útil. — os olhos do garoto estavam carregados de raiva.

— Todoroki… — ela encarou Shouto sem saber exatamente como se sentia.

Não! Certamente Shouto havia ajudado.

Porém, naquele momento, [Nome] nada conseguiu dizer nada.

E essa, foi a última vez que Fukami viu Todoroki antes das aulas começarem.



Notas Finais


Dramas... Muitos dramas... Do jeitinho que eu gosto!

Admito que esse foi um capítulo bastante interessante de se reescrever, já que nessa nova versão é a partir daqui que você pode perceber com clareza o quanto ter um poder “forte” não é tão bom assim e como “ser a tal da escolhida” só resulta em problemas, especialmente quando se é jovem.
Colocar uma criança/adolescente para lidar com certas situações só vai afetar ela negativamente, e isso eu vou tentar trabalhar bastante daqui pra frente.
Ações tem consequências e ter que lidar com consequências que não foram causadas por você só causa sofrimento e tragédia.
Com isso, digo que o estado mental da Fukami está cada vez pior, com poucos momentos de alta.
Também quero trabalhar o estado psicológico dos pecados, pois eles são outros personagens que tem tantos problemas que é difícil até dizer.

E bem, temos as questões do Todoroki.
Espero que possam aproveitar os momentinhos que ele aparece, pois tem tanta coisa para trabalhar que é até difícil dizer que ele é a parte mais importante da história ~kkkkkk
Mas tem muitos momentos com ele mais pra frente que deixam meu coração quentinho (spoilers)
E outra coisa é que... No próximo capítulo, começa o arco da U.A (finalmente, né), então muitos personagens conhecidos aparecem.

Espero que tenham gostado, comentem, favoritem, gostaria de saber a opinião de vocês <33
E até o próximo capítulo com mais de Ice and Fire!


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