História Ice and Fire -Hiato- - Jon

Foi até os fundos do castelo onde se apoiou no muro e ficou olhando o mar. O vento ali era fresco e o fazia se sentir melhor. Achou que se acostumaria com o calor, mas isso não estava acontecendo.
Logo se lembrou da noite anterior e suspirou. Ainda achava que não devia ter ido. Não gostava do que lembrava. Claro que era bom estar com uma mulher, não podia negar isso, mas quando se lembrava não parecia ele lá. E não existia coisa pior do que não se reconhecer em seus atos.
- Jon? – ouviu o chamarem.
Sem olhar já sabia quem era. Daenerys. Mesmo sabendo que não devia explicações a ela, era complicado negar o que sentia por ela e isso o fazia se sentir mal. Se virou e olhou a menina, mas sem encara-la. Não a respondeu. Dany chegou a li e ficou ao lado dele, mas olhando para o mar e não para ele. 
- Você estava ontem com meu irmão, não estava? – ela perguntou.
- Estava...
- É... Visae me falou. Ela conhece uma das meninas de lá. 
Jon baixou a cabeça.
- O que ela disse? – ele perguntou se sentido cada vez mais vergonhado.
- Hmmm... Me disse que as meninas estão... Encantadas por você. Parece que você deixou uma impressão lá.
- Nunca tive essa intenção.
- A intensão não muda o que foi feito – falou a princesa.
Jon não identificava nada em sua voz, mas não tinha coragem de encara-la.
- Você tem toda razão.
Viu que Dany se afastou do muro e o olhou, mas Jon não a retribuiu.
- Posso te pedir uma coisa?
Isso fez Jon a olhar. Temeu que ela o pedisse pra ficar longe, ele adoraria fazer isso para o bem dos dois, mas não se imaginava fazendo isso, não se achava mais capaz disso.
- Quando for outra vez a um lugar como esse, não me deixe saber – ela pediu.
Ele a olhou com a boca aberta.
- Nunca quis que soubesse.
- Eu não sou ninguém para te impedir de ir ou fazer o que quiser... Mas saber de coisas assim muda um pouco minha visão sobre você. Não quero que isso aconteça...
Daenerys levantou a mão e colocou no rosto dele, o que fez o rapaz sentir um frio na barriga. Jon entreabriu a boca, mas não disse nada. Dany sorriu pra ele com doçura, e Jon se sentiu ainda mais culpado. Ela então continuou.
- Sabe... Eu gosto muito do que vejo. 
Jon voltou a olhar para os próprios pés.
- Eu também – ele confessou. 
Ela usou a mão que continuava em seu rosto para o fazer olha-la. Ela tinha um lindo sorriso no rosto que fez Jon querer beija-la. Ele abriu a boca, tinha que falar algo, fazer aquela vontade imprudente e perigosa passar. Daenerys agora estava séria o encarando, e Jon sabia que ela queria o mesmo que ele...
- Jon! – ouviu alguém o chamar. 
Se assustou, o que o fez se afastar no mínimo dois metros da princesa, que tinha os olhos arregalados olhando em direção a voz. Era Robb que estava ali com um sorriso imenso no rosto e um pouco de ironia que se foi quando Jon o respondeu.
- O que houve? – quis saber o bastardo.
- Tio Benjen e Tia Lyanna estão aqui – ele informou.
Na hora Jon abriu um grande sorriso e se virou para a princesa que estava ali. Ela sorriu para ele.
- Vai lá – ela disse.
Jon só correu em direção ao irmão e ambos correram para encontrar os tios. Eles correram até chegar as escadas. De longe viram que os tios estavam com o pai no pátio da frente do palácio. Os dois desceram calmamente, não podia chegar lá correndo feito duas crianças, mesmo que sentissem vontade.
Os dois foram lentamente em direção aos tios. Jon notou Robert Baratheon e o filho deles ali, Gendry, que tinha mais ou menos a mesma idade de Jon e Robb. Mas eles estavam mais afastados.
- O que foi aquilo que eu vi? Você e a princesa?
- Não era nada...
- Nada, Jon... Eu a achei que ela ia brigar com você e quando cheguei lá vocês estavam quase se beijando. 
- Eu queria muito – Jon confessou antes que se desse conta. 
- Por que não a beijou?
- Ah! Robb, você sabe muito bem porquê.
Com isso eles estavam quase juntos dos tios e o pai, então se calaram. Robb já chegou até eles chamando a atenção dos tios e os abraçando. Jon só parou ali por perto os olhando.
- Jon? – ouviu ser chamado.
E ali estava sua tia o olhando com um grande sorriso. Era uma mulher linda, de cabelos castanhos e olhos de igual cor. Tinha um sorriso feliz e contagiante, e era mesmo linda. Jon retribuiu o sorriso. Ela foi a passos largos em direção ao garoto.
- O quão lindo você será, Jon? Está indo além de todas as expectativas – ela disse o abraçando.
- Não exagere, tia Lyanna. Ninguém nunca será capaz de superar a senhora nisso.
A mulher só sorriu para o sobrinho e se afastou.
- Jon... Como está grande, faz muito tempo que não o vejo.
Benjen tomou o lugar de Lyanna e a abraçou o sobrinho.
- Tio Benjen, como está a Muralha.
- De pé! 
- Assim eu espero que fique.
Benjen se limitou a rir. Com isso algo chamou a atenção dos Starks, eram os irmãos Targaryen, Daenerys e Rhaegar, que vinha sorridente em direção a reunião familiar. 
- Ele parece com o pai – Lyanna cochichou para Ned, mas Jon a ouviu. 
- Ele é melhor que o pai – Ned respondeu.
Franziu o cenho e não comentou nada. 
Eles chegaram ali e foram apresentados aos recém-chegados. Os cumprimentando com grandes sorrisos. Eles começaram conversar coisas que não importavam realmente a Jon. Que decidiu dar uma volta entre as barracas dos nortenhos que estavam ali. Talvez o fizesse se sentir em casa. 

Lyanna

- Sansa está realizando o meu sonho de se casar com um Targaryen... – Lyanna falou com o irmão.
- Não, Sansa só está cumprindo seu papel e se casando com quem a família decidiu que seria, ela só deu sorte. – Ned falou fazendo Lyanna o encarrar. – Jon, por outro lado, pode estar fazendo além do que o seu desejo.
- Como? – Lyanna perguntou sem entender.
- Ali, vê – ele mostrou a princesa Targaryen à irmã.
- Jon? – ela o chamou. – Espere vou com você!
Jon só parou aguardando a garota que logo estava ao seu lado, e pegou seu braço, sem que ele oferecesse, mas ele aceitou o contado sem problemas. E falou com a garota algo que a fez olha-lo e sorrir.
- Eles? 
- Apaixonados, é fácil notar.
- Sim, mas estão juntos mesmo...? Prometidos eu digo.
- Logico que não, Lyanna. Como posso oferecer a Ayres, meu filho bastardo como noivo a filha princesa dele.
Lyanna o olhou brava.
- Jon é um grande homem, Ned. Você sabe disso. Ele merece isso... Merece a confiança e no mínimo sua ajuda.
- A princesa pensa nisso, se ela falar com o pai...
- Eles são adultos, Ned... Mas são jovens, e cresceram em um tempo implacável, eles não esperam o melhor dos outros, eles sabem o que temer. Principalmente o Jon. Criando numa família nobre, entre príncipes e princesas, mas nunca pode esquecer que não é um deles, que não é merecedor do que tem. Que já tem mais do que devia querer e que não pode sonhar além disso...
- Catelyn não teve intensão.
- Teve, você sabe que teve e tem. Mas isso não importa. Você é o rei, Ned, você sabe o que tem que fazer. Não deixe que mais um Stark sofra por causa de idiotices. Fale com Ayres, o máximo que vai ouvir é um não.
Lyanna se virou olhando o sobrinho com a princesa seguirem em direção ao grande acampamento nortenho. 

Jon

Daenerys agarrava seu braço enquanto eles andavam entre os nortenhos. Jon ia mostrando e falando os nomes das famílias.
- Sua tia é uma mulher linda – Daenerys comentou.
- Sim, ela é. Muito. E tem um grande coração.
- É estranho que duas famílias tão distantes sejam tão parecidas – comentou a princesa.
- Está falando do que?
- Do amor que temos por nossas familiares, é algo tão parecido, faríamos tudo por nossas famílias.
- É, nisso você tem razão – Jon a respondeu.
Eles estavam quase no fim do acampamento quando chegaram a barraca dos Mormont. O velho urso, se disse velho para enfrentar o calor do sul, e mandou o filho Jorah Mormont, que estava ali de pé ao lado de sua barraca. Na hora Jon notou que ele olhava a princesa encantando, como se nunca tivesse visto algo como ela. Jon, não disse nada sobre, só o apresentou a princesa, e ele fez um reverencia, que Jon sabia não ser para ele. Daenerys parecia distraída demais pra notar aquilo.
- Vamos voltar... Ainda tem muito gente pra chegar – Jon chamou a princesa, mas olhava Jorah.
- Claro, a tia Aerian está pra chegar. Ela mora em Lançassolar, e virá para o casamento.
Com isso eles voltaram em direção ao castelo. Daenerys estava contente, feliz por algum motivo. Jon não podia imaginar qual, não havia muita coisa boa pra se contar, fora o casamento. Bom, Jon não ligava muito para isso também. Começava a realmente quere voltar pra casa, se isso não implicasse em deixar Daenerys, já teria dado um jeito de ir. Mas agora se sentia dividido, sentia falta e medo por seu lar, mas deixar Daenerys parecia tão errado. Talvez errado não fosse a palavra. Simples não queria deixa-la, ainda mais sabendo que nunca poderia vê-la. Mas sabia que algum momento teria de fazê-lo.
Entraram no castelo e Jon viu uma linda mulher de cabelos cor de prata, conversando com o rei e seu pai. Mas Ned parecia um tanto incomodado com a presença dela. E vê-lo pareceu piorar tudo que sentia. Jon o olhou sem entender.
- Ali... Minha menina e o bastardo de Ned, Jon Snow.
A mulher os olhou de imediato. Ela abriu a boca e Jon pode jurar que ela começaria a chorar. Lagrimas desceram pelo seu rosto, mas ela sorriu e as enxugou. Era tão linda quanto Dany, porém mais velha, da idade de Ned mais ou menos. Ela veio em direção aos dois.
- Oi, Dany... Como está linda e grande...
- Tia – Daenerys a abraçou por um instante.
A mulher então se virou para Jon. 
- É... Um... É um prazer te conhecer, Jon.
E pra surpresa dele, ela o abraçou. Com força, como se sentisse falta dele, mas nunca a tinha visto antes. Ela então se afastou e foi pra perto de seu marido. Um homem moreno e magro, mas muito elegante. Ele a abraçou e o homem assentiu para Jon.
O bastardo ficava a cada segundo mais confuso e olhou para o pai, mas esse encarava o chão, parecia envergonhado. 
- O que está havendo? – Jon perguntou a esmo.
- Não sei, mas esqueça. Vem vamos para os fundos, logos teremos um casamento, e todos temos de estar lá. Não teremos mais paz – Daenerys agarrou a mão do rapaz e o puxou pelo grande salão, sumindo em um canto. 
Mas não passaram despercebidos. Eles saíram pelos fundos e acabaram no mesmo lugar que estavam antes de Robb aparecer. 
- Já é o dia do casamento – Dany comentou olhando o mar com ar triste.
- É, parece que foi ontem que vocês chegaram ao norte.
- Eu sei... E vocês vão embora depois do casamento, não é?
- Uma hora teremos de ir...
- Jon... Eu...
Jon se virou para a garota a olhando. Ela suspirou e se virou para ele, sem olha-lo. Jon olhou a garota, os cabelos voando à brisa do mar, as mãos se contorciam na frente do peito dela. Tinha ficado tão linda daquele jeito tímido, que o fez pensar coisas que nunca tinha pensado sobre ela.
- O que foi? – perguntou para limpar a própria mente.
- Eu não quero ficar longe de você...
- Nem eu – Jon falou sem pensar, mas logo seguiu para não dar ênfase àquilo. – Mas o que pode ser feito sobre isso?
- Não sei... Você podia ficar.
- Dany... – ele falou e a princesa o olhou. – Eu não pertenço a esse lugar, nunca me adaptaria. Poderia dizer pra você ir para o norte comigo, mas o que eu tenho a te oferecer lá? Nada como isso aqui. Você mora em um palácio com seus criados e uma vida muito boa de princesa. Eu não sou nada, Daenerys, não posso te tirar daqui pra te levar a um lugar como o norte, sem ter algo certo pra você lá. Sou só um bastardo, não tenho direito a ser rei, ou mesmo a herdar nada.
- Seu pai não vai te deixar desamparado. 
- Não, eu sei que não. Mas Nunca será nada assim. Acha que seu pai aceitaria que a filha saísse de casa por menos do que isso?
- Jon, eu não me importo. A gente pode dar um jeito. 
- Jeito em que? Nunca será justo com você.
- Jon! Eu não quero um castelo imenso onde eu mal encontro as pessoas que eu amo. Eu não quero uma coroa, não preciso disso pra ser feliz. Eu só quero ter certeza de que o que eu faço da minha vida, não vai me dar arrependimento. – falou a Targaryen já com os olhos marejados.
- E como sabe que isso não lhe trará arrependimento?
- Eu sei. E sei que não lutar por isso vai me trazer muito arrependimento. Jon, me escuta, eu não estou sendo burra. Talvez haja um rei por aí que me queira e que me dê um castelo, mas o que garante que isso me fará feliz. 
- O que garante que eu farei?
- O fato de você se preocupar com ela a ponto de negar o que sente e tenta-la fazer escolher algo melhor, isso garante.
Os dois olharam para os lados assustados e se depararam com Lyanna que os olhava com um sorriso simples. Ela então se aproximou. 
- Princesa, será se posso conversar com meu sobrinho por um tempo? Juro que não quero fazê-los perder o tempo que podem estar juntos, mas eu vou embora amanhã e não terei muito tempo – explicou a Stark.
Por mais que ela fosse uma Baratheon, Jon nunca conseguiu tirar da tia a imagem de Stark, ela era a imagem daquela família assim como Ned e Arya. 
Daenerys sorriu para a mulher, mas não com muita alegria.
- Tudo bem...
Ela respondeu e saí, voltando para ao palácio. 
- Jon... – Lyanna começa, mas Jon se encosta ao muro ali e cruza os braços. – Não faz assim, meu filho. Eu não estou aqui pra te xingar nem nada do tipo...
- O que é então?
Ela suspirou e olhou o rapaz ali.
- Jon... Pare de tentar afasta-la de você. Você a ama, assim como ela a você. Ficar longe só vai fazer ambos sofrerem.
- Eu sei disso, mas que opções eu tenho.
- Você tem a opção de ficar com ela. 
- Não tenho – ele falou sem entender de onde a tia tinha tirado aquilo.
- Tem. Basta você querer enfrentar o mundo por ela.
- Eu quero, mas tenho medo algo aconteça a ela. Eu pouco importa.
- É fácil notar que você se preocupa muito mais com os outros do que consigo mesmo. Mas você sabe que é o único que pode ser prejudicado por essa estória. E o que você tem a perder? Jon, pare de ser tão preocupado. Pare de desenhar um futuro, só vai... Eu pensei demais e aqui estou eu, casada com um homem que não amo. Robert é bom pra mim, pois me ama, mas só isso nunca vai bastar. Gendry é minha vida, mas não muda o fato de que vivo uma mentira, hoje vivo por ele e ninguém mais... Talvez vocês, meus sobrinhos. Não cometa os mesmo erros que eu... Pare de pensar tanto e viva. Eu sei do que estou falando Jon... Eu sei...
Jon notou que a tia tinha os olhos cheios de lagrimas, mas sorria para ele, o sorriso doce em sua bela face. 
- Eu estou confuso, não sei o que fazer. E se me deixar levar por tudo isso custar algo além de mim... Como a aliança de nossas família e a confiabilidade do meu pai.
- Eu sei que é confuso. Mas só pense comigo... Eles nunca arriscariam uma aliança que vem sendo de tamanha valia por causa de uma paixão. Nesse caso é mais fácil eles aceitarem. Eu estou do seu lado, e sempre farei tudo que está ao meu alcance para que seja feliz.  
Jon sentiu lagrimas em seus olhos, sempre se deu tão bem com a tia que se sentia muito feliz com a ajuda oferecida por ela. Se aproximou dela e a abraçou. Ela só o retribuiu sorrindo lindamente.
- Obrigado.
- Não tem que agradecer. Só faça o que eu disse, vai ver como é mais fácil até viver assim. Siga seus instintos, eles não estão errados.
- Se eu fosse seguir meus instintos já estaria em Winterfell – Jon contou.
- Quer tanto assim se afastar da menina? – falou a tia surpresa.
- Não, tia... Não quero deixa-la. Mas esse instinto nada tem haver com Dany. 
- Como assim? – ela pareceu confusa.
- Tem um mal pressentimento sobre o norte, está complemente desprotegido agora... E isso não é bom.
- Você se preocupa demais...
- Robb e o pai disseram mesma coisa. Quero muito que estejam certos. 
Com isso Jon seguiu para o palácio deixando a tia. Amava a tia, mas o mau pressentimento sobre o norte não o tinha deixado desde o dia que percebeu o problema, a ultima coisa que precisava era alguém lhe falando o quanto suas preocupações eram atoa. Não pensava assim. E só ficaria satisfeito  com essa questão quando voltasse a Winterfell.