Marlee
Eu estava tomando banho quando ouvi uma gritaria dentro de casa. Se não estou enganada Kriss e America estão tendo uma discussão. Termino o banho o mais rápido que consigo e me arrumo. Quando saio do quarto, encontro Lucy feliz da vida no corredor.
– Lucy, o que houve? Eu ouvi gritos de Kriss e America...
– Senhorita Marlee, é... – Ela hesitou e olhou ao redor.
– Me diga! America está aqui? Elas brigaram?
– Odeio parecer fofoqueira, mas como a senhorita está perguntando... Ela esteve aqui sim. O Senhor Maxon chegou em casa com um advogado enquanto America batia na Kriss e apartou a briga.
– Não acredito que eu perdi a Kriss apanhando da America! – Eu estava de boca aberta.
– Eu não sei porque isso começou, mas no fim, o advogado testemunhou e gravou Aspen confessando que tem um caso com Kriss, e que o filho dela é dele. Então parece que com isso o casamento vai ser anulado.
– Ai meu Deus! É a melhor coisa que poderia ter acontecido!!! – Abri um sorriso radiante. – Quer dizer, mesmo que isso acabe, Maxon e America não vão poder ficar juntos mesmo...
– Pois é, tem mais uma coisa... – Lucy disse sorrindo.
– O que?
– Eles não são irmãos de sangue!!! – Ela diz praticamente sussurrando. Levo uma mão à boca.
– Tem certeza? Primeiro, você sabia sobre a história de eles serem irmãos?
– Senhorita Marlee, poucas coisas dentro de uma casa podem ser escondidas dos empregados. Todos sabemos sobre o romance deles, mas é claro que somos discretos. Senhor Clarkson e a esposa haviam inventado a história de irmãos de sangue para afastá-los e Maxon casar com a Kriss.
– Inacreditável!
– Mas é a verdade! Agora eles sabem e estão juntos nesse exato momento. Saíram ainda há pouco.
– Eles devem estar tão felizes! Graças a Deus esse pesadelo acabou!
– Pois é! Agora se me der licença, preciso voltar ao trabalho. – Ela estava com alguns lençóis na mão.
– Claro. – Ela saiu e fui pro meu quarto.
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Voltei minha cabeça para Carter. Ele voltaria de viagem no fim da tarde e havia marcado um jantar no seu apartamento hoje à noite para nós revermos. Estou com saudade e nervosa por finalmente lhe contar sobre minha história antes de vir para cá.
Quando a noite vai se aproximando, começo a me arrumar. Escolho um vestido branco delicado, mas simples. Não quero parecer muito casual, mas também não muito arrumada. Não paro de pensar na possibilidade de dormirmos juntos hoje. É a primeira vez que estaremos sozinhos no apartamento dele. Chego por volta das19h30.
Quando ele abre a porta e nossos olhos se encontram, meu mundo desmorona. Eu sou tão apaixonada pelos seus olhos. Um sorriso se forma instantaneamente nos nossos lábios.
− Oi. – Digo me sentindo estranhamente tímida. Desde que começamos a ficar juntos nunca tínhamos passado tanto tempo sem nos ver. Haviam sido uns 10 dias.
− Oi... – Ele responde e me olha de cima abaixo. Sinto que devo ter ficado corada. – Entre. – Ele se afasta para o lado e eu entro no apartamento passando bem perto dele, sentindo seu cheiro. Observo a casa um instante, e é tudo exatamente como eu pensei, discreto e organizado. Voltamos a nos olharmos e ele sorriu mais uma vez. – Você está linda. Mais que o normal, quero dizer. – Ele se aproxima e nossos rostos ficam muito perto.
− Obrigada... – Passo as mãos pelo seu pescoço e finalmente diminuo a distância entre nós. Sentir seus lábios macios depois desse tempo é algo tão maravilhoso que me controlo para não gemer e assustá-lo. Quis lhe agarrar desde o instante em que ele abriu a porta.
− Agora podendo te beijar de novo, tenho noção de como senti sua falta. – Ele diz tentando voltar a respirar bem depois de nos soltarmos. Encosto nossas testas e abro um sorriso. – Sonhei com esse sorriso, com esses lábios, e com os seus olhos para me acalmar depois de um dia cheio, mas você não estava lá... – Ele me beija de novo.
− Estou aqui agora, e senti saudade também... – Digo quando finalmente consigo. Dou um beijo nele de novo e Carter começa a me guiar para o sofá. Tiro a bolsa do ombro e deixo cair em algum canto no chão no processo. Ele senta e eu sento no seu colo. Suas mãos estão passeando pelo meu corpo e seus lábios agora beijam meu pescoço. Estou com a cabeça apoiada no pescoço dele sentindo seu cheio delicioso, e prestes a lhe beijar ali também, quando Carter para. Ele vira meu rosto para eu olhá-lo.
− Preciso parar, ou vou queimar nosso jantar. – Ele ri e depois de dois segundos, eu também. Então percebo algo que eu não tinha notado ainda. O apartamento estava com cheiro de carne e um barulho algo fritando vinha da cozinha.
− É você que está cozinhando para nós? – Me surpreendo. Ele nunca havia mencionado que cozinhava.
− Sim. Corro o risco de você desistir de casar quando provar minha comida, mas em minha defesa, já adianto que não vou cozinhar sempre. Você pode contratar a cozinheira que quiser. – Eu dou mais risada enquanto levantamos e vamos até a cozinha.
− Bobo! Tenho certeza que você deve ter escolhido o que faz de melhor só para me impressionar, Chef Woodwork. – Me encosto no balcão da pia, enquanto ele vira a carne na frigideira.
− Mas é claro... – Ele abaixa o fogo e se aproxima vindo me dar outro beijo. Então ele me olha. – Tudo bem com você? Como foram esses dias por aqui?
− Foi tudo bem, aconteceram umas coisas bem inesperadas em casa, mas eu te conto depois... – Beijei sua bochecha. Meus dedos estavam passeando pelo seu braço. Ele estava usando uma camisa de malha branca e azul, normal. Adorava quando ele estava assim, casual, parecendo apenas o meu Carter, e não um filho de político. Ele me olhou profundamente de novo e tocou meu queixo.
− Tem certeza? Você tá com uma carinha apreensiva. Nervosa com alguma coisa? – Deus, esse homem já me conhecia tão bem. Só em me olhar assim ele sabia que eu tinha algo a dizer. Eu não o respondi de imediato e respirei fundo pensando no que dizer. – Ai meu Deus, é sobre essa noite? Quer dizer nós dois aqui... Marlee, não precisamos fazer nada se você não estiver confortável, vamos jantar, ok?
− Ah, não! Não é por isso... – Tenho certeza que devo ter ficado vermelha. – Não, eu sei que você jamais insistiria se eu não quisesse. É que tem uma coisa que eu quero te falar.
− Suspeitei. Pode dizer, meu amor...
− Vamos conversar depois do jantar... Não vou conseguir falar com você terminando de cozinhar. – Ele sorriu.
− Tudo bem. – Ele me deu um selinho, e voltou sua atenção para a comida. Eu o ajudei a colocar a mesa e conversamos sobre a sua viagem.
Nós jantamos o bife ao molho madeira que estava maravilhoso, e conversamos sobre o que eu fiz enquanto ele esteve fora. Contei sobre Maxon e America e Carter ficou feliz por eles. Agora estamos no sofá sentados juntos.
− Você já contou para a sua família em Curitiba sobre nós dois? Eu quero conhece-los, vamos marcar uma viagem para lá, ou será que eles viriam aqui?
− Ainda não contei. – Ele se endireita e me olha.
− Por que? – Fico tensa de novo. É isso, a minha deixa para lhe falar tudo.
− Carter, preciso te contar sobre algumas coisas que aconteceram na minha vida antes de você. – Sua expressão agora estava tensa.
− É sobre isso que você queria conversar mais cedo?
− Sim.
− Ok. Estou ouvindo. – Respiro fundo, e me concentro.
− Eu tive um relacionamento de 4 anos com um rapaz. Felipe. Foi o meu primeiro namorado sério e nós estávamos noivos. Então, descobrimos que ele era um psicopata. Felipe era um bandido envolvido com tráfico de drogas e... – Minha voz começou a falhar. Carter segurou minha mão.
− Calma. Nós não precisamos falar disso agora se você não se sentir bem pra isso.
− Não, eu não aguento mais, eu preciso te falar. Já quis te falar isso tantas vezes... – Meus olhos já estavam cheios de lágrimas. – Eu fui quem descobriu sobre tudo de errado que ele fazia e lhe denunciei. Ele foi preso por um tempo, mas conseguiu fugir da cadeia, e tentou me matar.
− O que?
− Eu fui praticamente sequestrada pelo Felipe e ele teria me matado, mas a polícia nos encontrou. Ele é louco Carter, Felipe é obcecado por mim, e agora ele tem raiva porque fui eu quem colocou ele na cadeira, duas vezes. Foi por isso que eu vim pra cá. Eu precisei meio que fugir. E agora, tenho medo que ele consiga sair de novo e faça alguma coisa com a minha família. – Carter me ouvia atentamente. – Eu falo com a minha mãe todos os dias e ela tem procurado alguma cidade pra se mudar, não sei porque ela não quer vir morar aqui... – Ele enxugou uma lágrima do meu rosto.
− O fato de eu ainda não ter contado pra ela sobre nós dois, é que... A minha mãe ficou muito mal com a história do Felipe. Ela ficou traumatizada, durante o tempo que eu ainda fiquei em casa, ela falava o tempo todo em me afastar, em não querer que caras chegassem perto de mim. Aí eu vim pra cá e apareceu você... Eu tenho medo da reação dela. – Carter me abraçou forte.
− Meu Deus, Marlee. Não sei o que posso dizer pra melhorar minha credibilidade, afinal, você conhecia o Felipe há anos, e mesmo assim, parece que não sabia nada de verdade sobre ele. Aí eu chego e te peço em casamento dentro de uns dois meses... Você acha que sua mãe vai surtar?
− Exatamente... Sabe, eu confio em você. Casos como esse do Felipe são raros, ele era uma pessoa totalmente desiquilibrada, e dava sinais disso, mas eu não via porque estava cega e apaixonada. Eu sei que o que temos é verdadeiro e transparente, mesmo que com tão pouco tempo. Só que pra tornar isso oficial mesmo, teremos que ir com calma com a minha família.
− Tudo bem, eu entendo. Eu amo você. E eu vou esperar quanto tempo for necessário pras coisas melhorarem e podermos estar casados e juntos de verdade. É como eu disse na noite em que eu te pedi por isso, não precisamos apressar. Só quero que saiba desde agora que é isso que eu pretendo. Te ter comigo pra sempre. – Uma lágrima escorreu do meu rosto e eu abri um sorriso antes de lhe dar um beijo. Durante a conversa, ele havia me apoiado no seu peito e agora estávamos deitados juntos.
Então fiquei ali sentindo o calor do seu corpo enquanto ele fazia carinho no meu cabelo e me dava a certeza de que não poderia ter dado certo com nenhuma pessoa, ou psicopata, antes, porque ele esteve esperando por mim. É desse modo que entendemos as coisas pelas quais passamos: quando o que vem em consequência nos guia para o nosso verdadeiro destino. Sem ter precisado fugir, talvez eu nunca tivesse encontrado Carter. Acabei dormindo em seus braços.
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Mais tarde, acordo e percebo que ainda estamos na sua sala, mas está escuro lá fora, a noite não acabou. Me levanto cuidadosamente para não acordar Carter e o observo dormir calmamente. Vou até a cozinha e bebo água pensando se devo acordá-lo para ele ir para a cama. São 01h15 da manhã. Caminho até a janela francesa e observo a noite linda que estava fazendo. Não sei quanto tempo passei ali até sentir Carter atrás de mim.
– O que é que você tá fazendo aí? – Ele me abraça por trás, e deposita um beijo no meu pescoço. Minha pele se arrepia inteira sob seu toque. Me viro e o abraço.
– Olhando como a noite tá linda hoje.
− Caramba, quanto tempo a gente dormiu?
– Já passa de 01 da manhã...
– Você quer que eu te leve pra casa?
– Não! – Uni nossos lábios. Carter me retribuiu um beijo preguiçoso. – Quero que me leve pro seu quarto. – Ele sorriu tímido e me beijou de novo. Ainda sem soltar meus lábios, me guiou pelo corredor e entramos no quarto dele.
– Tem certeza? – Pergunta.
– Absoluta. – Digo e sorrimos um para o outro. Nós nos beijamos de forma mais intensa e ele tenta descobrir como abrir o meu vestido.
O ajudo e logo a peça está no chão. Carter acendeu os abajures deixando o quarto iluminado o suficiente para enxergar meu corpo praticamente nu em sua frente. Ele olhou em meus olhos e passeou com as mãos pela minha cintura me puxando para perto.
– Você é tão linda... Estou me sentindo o homem mais sortudo do mundo por poder amar você assim. – Eu sorri e lhe beijei passando as mãos pelo seu pescoço e lhe puxando para a cama.
– Eu te amo. A sorte é minha por ter você!
Nos beijamos, e logo não existe mais nenhuma peça de roupa entre nós. Fazemos amor e sou inundada por sensações que eu nunca quero esquecer. Quero ser de Carter pelo resto da vida, porque ninguém mais vai me conseguir me amar assim.
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Quando acordei no dia seguinte, eu estava sozinha na cama, nua entre os lençóis de Carter. Me sentei na cama e cobri meu corpo prestando atenção ao meu redor. Haviam na cama várias flores murchas, algumas já secando. Quando comecei a me perguntar o que isso significava, Carter entrou no quarto. Ele estava com uma toalha enrolada na cintura e os cabelos molhados, havia acabado de sair do banho.
– Bom dia! – Diz sorrindo para mim.
– Bom dia... Posso saber o que significa isso? – Perguntei olhando novamente as flores. Ele subiu na cama e me beijou.
– Toda vez que eu ia num compromisso da viagem e via flores na decoração, lembrava de você. Então eu sempre pegava uma e meio que fiz uma coleção de flores para te dar. É um gesto bobo, mas eu tô descobrindo que sou um romântico...
– Carter... – Meu sorriso foi enorme quando o empurrei na cama e lhe beijei de novo. – Não é bobo, é lindo! Vou guardar todas elas junto com as outras que você já me deu!
Ficamos mais um pouco aos beijos e em seguida fui tomar um banho arrastando Carter comigo, que acabou tomando banho mais uma vez.
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