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A vida não vinha sendo um passeio de barco até então, ou assim Lauren se acostumou a enxergá-la. Vinte anos e uma porção calos, machucados e algumas cicatrizes das quais se lembrava com perfeição não apenas de tê-las conseguido, mas de como exatamente as conseguiu. Talvez fosse essa a razão para que cada conquista alcançada fosse guardada dentro do peito como um precioso troféu. Esquecia-se, porém, que os troféus são mais belos se expostos em nossas estantes de puro orgulho, e que o orgulho em si nem sempre é ruim, mas necessário. Esquecia-se disso todos os dias, colocava os seus em caixas empoeiradas em uma garagem nas profundezas de sua alma, e não nas estantes onde ela própria e todos os outros poderiam sempre admirá-los.
Mas algo estava diferente dessa vez. A mudança sutil agora tomando forma. Conheceu Camila, reencontrou a vontade de tudo e muitas coisas, e com um belo chute no traseiro foi posta novamente na estrada… Forçada a caminhar, mas céus, como era bom estar de volta ao jogo. Conheceu Camila e assim, sem querer ou planejar, fez dela seu maior troféu. Seria tola se não o expusesse, se não mostrasse ao mundo, ao universo, a todas as pessoas e a ela mesma a magnitude dessa conquista. Havia se convencido na última noite, que o mais difícil já havia passado e que podia finalmente respirar aliviada, pois sim, Camila a conheceu e gostou. Não fugiu. Não rompeu a corda que as ligava. Camila ficou. Camila era sua, é sua.
E justo agora essa notícia. Perder nos faz dar valor. E a mera possibilidade da perda também. – Já soube que a garota com quem está se envolvendo, caloura, está prestes a ser expulsa dessa universidade? – O choque foi grande, para Camila ele foi. Ao ouvir tais palavras, o corpo de Lauren ficou tenso diante da ameaça de perder a latina. Isso não poderia lhe acontecer de forma alguma, mas para sua sorte mais cedo naquela mesma manhã havia recebido a “visita” de Dinah.
Início do flashback: Mais cedo naquela manhã
Lauren aguardava ansiosa do lado de fora do refeitório. Sabia que demoraria ainda alguns bons minutos até que Karla chegasse, mas não podia lutar contra a vontade vê-la. Tinha as costas grudadas no enorme portão de ferro, os braços cruzados, os cabelos mais bagunçados do que costumavam estar graças ao vento forte do início da manhã e os óculos escuros no rosto. Usava um casaco de couro negro, uma camiseta surrada por baixo do casaco e jeans largos e desbotados. Atraía todos os tipos de olhares, embora desse fato não estivesse tão ciente. A postura séria, o pensamento longe e… – Se a Mila não estivesse tão encantada por você eu até pensaria em te dar uma ou duas chances comigo. – Quase perdeu o equilíbrio deixando que o corpo escorregasse pelo portão ao se deparar com uma Dinah agora muito próxima e lhe piscando sugestivamente.
– Di-dinah…
– Que tal trocar aquela latina sem sal pela amiga gostosa dela? – A loira fingiu seriedade e fez com que a morena engasgasse. Se encararam por alguns segundos mais, mas Dinah cruelmente esperou até que Lauren estivesse completamente corada antes de empurrá-la pelos ombros e relaxar ao seu lado dando boas risadas. – Não seja tão burra, garota misteriosa! Você não tem tanta sorte assim.
– Babaca! – Riu finalmente. – E então, onde ela está? – A amiga suspirou. – O que aconteceu? Aconteceu alguma coisa?
– Aconteceu. – E Dinah fez questão de contar a morena exatamente o que acontecera na reunião. Vira Karla se entristecer e se preocupar tanto na última noite e praticamente passá-la em claro. Conhecia sua amiga bem demais para saber que em algum momento ela mesma tentaria lidar com o problema e procuraria Jeremy, mas temia que o garoto usasse o desespero da latina contra ela mesma, e por isso resolveu recorrer à Lauren, ainda muito impressionada pelo impacto que a morena tinha sobre Camila mesmo em tão pouco tempo. – A razão de lhe contar tudo isso é porque preciso da sua ajuda para mantê-la longe daquele maldito garoto. Tenho certeza que tudo o que ele quer é uma boa confusão para terminar de nos enterrar, e sei que Camila seria inocente e tola o bastante para não prever sua óbvia intenção.
– Mas Dinah, apenas mantê-la longe de confusão não resolverá o problema! É preciso provar a inocência de Camila.
– De todo o diretório, você quis dizer. – Zombou do interesse evidente e exclusivo da morena.
– S-sim, a inocência de todos vocês.
– Não se preocupe, Lauren. Tudo o que vim pedir é para me ajudar com Camila. Cuide dela, mantenham-se longe de confusão, deixe-a feliz, anime-a e me deixe cuidar do resto. Jeremy é um problema meu, acredite. – Sim, lembrava-se da história do breve romance entre a loira e o garoto. Aos olhos de Lauren, a loira parecia ter um plano em mente e se viu obrigada a aceitar qualquer que fosse ele, afinal, faria qualquer coisa a seu alcance para manter a latina próxima de si. – Posso contar com a sua ajuda?
– Sim. Você pode.
Fim do flashback
Mesmo a par de todas as informações, não conteve a raiva ou seu coração amedrontado. – E o que vai ser da novata quando a namoradinha não estiver mais aqui? – Enganando a própria fúria que sentia, Lauren ignorou a fala e se limitou a passar por alguns poucos corpos até chegar a uma Karla incapaz de reagir com coerência, ainda mais após sentir como os braços pálidos de Lauren se prendiam a sua cintura. A partir daquele ponto nada mais passou a importar para nenhuma das duas.
Abraçando a latina com toda a sua força, a morena pôs-se a caminhar para fora do refeitório à procura da saída mais próxima. Camila não resistiu. Se deixou ser levada para longe dali. Alcançaram a parte externa do prédio e cruzaram boa parte do campus em silêncio, com os corpos grudados, até que a estranheza do comportamento de Lauren foi demais para que a menor pudesse suportar. – Lo, espere. – Deu um passo um pouco maior, desgrudando os corpos e se virou para enfrentar a fera de olhos claros. – Laur.
– Dinah me contou.
– Não! – Camila negou rapidamente. – Eu, droga. É mais difícil de explicar do que parece e… – Sacudiu a cabeça ao dar-se conta do que acabara de ouvir. – Espera, o que disse?
– Sua amiga me contou sobre a reunião. Hoje pela manhã, logo antes da sua chegada. – Lauren levou as duas mãos até a cabeça, embaraçando os dedos entre os fios longos escuros. – Você acha que…
– Eu não acho nada. Nada que importe achar. – A latina tratou de esclarecer depressa. – Nada vai acontecer.
– Por que foi atrás de Jeremy?
– A intenção era tentar colocar algum juízo ou razão em sua cabeça, Lo. Talvez impedi-lo de tramar algo mais contra mim ou contra o diretório.
Os claros olhos denunciaram o aborrecimento imediato. – Aquele maldito babaca! Você não conseguiria enfiar juízo naquela droga de cabeça nem se a abrisse e martelasse todas as informações ali dentro. Evite Jeremy a todo e qualquer custo! Não quero que chegue perto dele. – Mas ao encontrar a latina sorrindo bobamente, franziu o cenho. – Do que está rindo?
– De você. Fica tão fofa quando está assim tão resmungona.
– Isso não tem graça, Camz! – Camila tomou a liberdade de se aproximar e abraçar a maior. – E agora? O que faremos? – Perguntou cabisbaixa, afinal, como não se preocupar?
– Agora nós esperamos. Esperamos e torcemos.
– Eu não sou boa em esperar.
– Então não tem que esperar comigo. – Disse Camila entristecida.
– Não seja uma idiota você também. – Levou uma leve mordida pela grosseria e sorriu largo. – Eu estou aqui, Camz. Com você. – Deixou um beijo nos cabelos macios e cheirosos da latina. – E não vou a lugar nenhum.
[…]
– Essa não é uma boa ideia. – Resmungava sentada a cadeira. – Eu não deveria ter concordado com isso, eu…
– Você está estragando o meu trabalho perfeito!
– Ouch, Mani! Porra, isso dói! – Reclamou do beliscão que levara da bela morena, mas a expressão zangada e o peso daqueles olhos escuros sobre os seus, tão claros à luz do abajur, a fez recuar e calar-se enfim.
– Ouse abrir essa boca mais uma vez e me verá passando por aquela porta. – Normani ameaçou. – Agora abra bem a boca.
– Mas você acabou de dizer…
– Abra a boca logo! – E hesitante Lauren o fez. Normani se inclinou sobre a cadeira em que a amiga estava sentada, usou uma mão para erguer o queixo pálido e fez o maior bico que pôde, arrancando uma careta enojada da outra. – Faça assim. Faça logo garota teimosa. – A pronúncia das palavras sendo prejudicada pela posição dos lábios.
Mas no lugar de imitá-la, Lauren disse. – Eu sei passar batom.
– Faça logo!
– Mas não preciso de ajuda para passar batom…
– Você me pediu ajuda com essa maquiagem não pediu? Portanto cale-se e me deixe terminar. – Permanecerem nesse embate por mais algum tempo até que Normani conseguisse concluir a hercúlea tarefa de maquiar a amiga. Anunciou o fim da atividade e bateu palmas para a obra prima no momento em que a convidou para se por de pé e procurar pelo espelho. – Você está linda, Laur. Mais do que já é. Céus, como sou boa nisso.
– Mani… – Lauren choramingou.
– Nem pense em reclamar ou fugir. Nós vamos a essa festa e ponto final. Você prometeu à Karla que iria com ela e prometeu a altona que cuidaria de Karla.
– Mas…
– É só uma festa, Laur. Não há o que temer. Sua garota está enfrentando uma infinidade de problemas e tudo o que ela quer é esquecer toda essa merda por uma única noite… Como pode negá-la isso?
Mas Lauren cruzou os braços em resposta. – Admita.
– O que?
– Não se faça de inocente, não para cima de mim, Mani! Você mais do que ninguém quer ir a essa festa!
– Quem? Eu? Ir a uma das melhores festas da universidade? Uma festa para qual eu nunca seria convidada nem em um milhão de anos, se não fosse pela gentileza de Karla e da altona?
– Pare de chamá-la de altona! O nome é Dinah! – No momento em que discutiam, ouviram as batidas à porta e olharam assustadas pelo relógio, percebendo terem terminado bem a tempo de cumprir o combinado com a latina e a amiga loira. Lauren se apressou correndo até a porta, mas hesitou no último segundo, lembrando-se de não verificado seu “estado” no espelho, mas ganhou um aceno tímido e encorajador de Normani. Engoliu o bolo em sua garganta e voltou a se concentrar na maçaneta, ouvindo o tom aborrecido de Karla do outro lado.
– Pela última vez, pare de chamá-la de peituda! O nome é Normani. – Abriu a porta e fez as amigas se assustarem. – Lo. – Camila tentou se recuperar rapidamente, mas ao pousar seus olhos sobre morena que lhe sorria tão largo, sentiu a força lhe escapando das pernas.
– Não precisa comê-la com os olhos. – Dinah disse. – Não somente com eles, quero dizer. – Zombou ciente de que deixaria a amiga em um estado de embaraço ainda maior. – Estão prontas? Estamos atrasadas.
– Você está… – Camila foi incapaz de dizer.
– Você com certeza está mais… – E Lauren não soube fazer melhor. Acontece que palavras nos faltam quando os sentimentos nos sobram.
Levaram ainda cerca de uma hora até chegarem ao lugar desejado e sabiam ter acertado em cheio pelo som alto da música. Dinah seguiu na frente, ansiosa por reencontrar os amigos. Camila entrou logo depois, com uma mão entrelaçada a de Lauren e sendo seguida de perto por uma Normani muito animada. Os primeiros minutos tenham sido talvez os mais desconfortáveis para a morena de olhos claros. Foi observada, analisada da cabeça aos pés por todos aqueles que surgiram para demandar um pouco da atenção da latina.
– O que gostaria de beber? – Sussurrou para Karla quando se viu presa em uma roda cujas pessoas e assuntos pouco lhe interessavam.
– Qualquer coisa. Vamos até a cozinha pegar.
– Não, fique. Vou buscar nossas bebidas. – Ao perceber que a outra iria insistir, tratou de prosseguir. – E aproveito para procurar pela Mani. Apenas para me certificar de que está tudo bem. – Deixou um beijo tímido na bochecha da menor antes de se levantar. Foi seguida por vários olhos pelo curto caminho até a cozinha, alguns curiosos, outros críticos e alguns mais que a cobiçavam. Não deu atenção a nenhum deles, e quando finalmente conseguiu colocar as mãos sobre as várias garrafas coloridas e espalhadas através do grande balcão, a dúvida surgiu. O que beber? Sentiu sua atenção ser atraída para a garrafa mais brilhante entre todas. Um líquido denso e verde.
– Esse combina com os seus olhos. – A ouviu antes de vê-la. Uma garota até então desconhecida. Baixa e de cabelos extremamente lisos e compridos. Seus olhos eram escuros e seus traços finos demais para serem ocultados pela maquiagem pesada. – É uma excelente escolha. – Piscou para Lauren. – Se quiser se esquecer do seu nome antes do terceiro copo. – Lauren imediatamente afastou as mãos da garrafa e sorriu agradecida para a garota do outro lado da cozinha.
– Obrigada pelo aviso.
– Não há de quê. – Ela se aproximou, contornando a ilha. – Mas ainda precisamos tomar uma decisão. O que a garota bonita irá beber? Vodka, talvez? Não! – Gritou na mesma hora e arrancou um sorriso da morena. – Não, temos opções melhores do que vodka e cerveja. Vejamos algo mais doce para você, algo doce e verde, como seus lindos olhos.
– Está tentando flertar comigo? Não vai funcionar. – Foi direta na resposta.
– Mojito então. – A garota ignorou a pergunta. – É verde e amargo. – Tornou a piscar. – Quantas doses devo preparar?
– Duas. Eu não vim sozinha. – Quis esclarecer o fato mais uma vez.
– Tudo bem. Uma dose para você e uma para o seu acompanhante.
– Minha acompanhante. – Corrigiu-a.
– Oh, é mesmo? E quem seria?
– Camila. Karla Camila. – Lauren disse com o maior dos sorrisos.
– Karla? – Disse a garota. – Isso é… – Fitou Lauren pela ultima vez antes de se concentrar no preparo das bebidas. – Latina. Bunduda. Inteligente. Carismática. Karla é uma linda garota, sorte a sua. A propósito, qual o seu nome? O meu é Allyson, mas prefiro que me chame de Ally. – Gastaram, as duas garotas, ainda mais algum tempo na cozinha antes que Lauren voltasse para a festa a procura da latina.
– Lo, você está bem? Onde esteve?
– Camz. – A morena se aproximou e entregou a latina dois copos de bebida, e quando teve as mãos livres puxou-a pela cintura depositando um longo beijo em seus lábios. – Você é tão bonita. Tenho mesmo muita sorte.
– Isso, você… Espere, você já bebeu? – Camila perguntou ao provar do gosto amargo impresso na mais alta.
– Um copo. Dois na verdade, mas tudo o que fiz foi provar as primeiras doses antes de termos certeza de ter acertado na receita.
– Você teve companhia?
– Sim. A garota que preparou as bebidas.
Camila riu e negou ao mesmo tempo antes de devolver um dos copos à Lauren. – Hum, então foi essa a razão da sua demora? Você estava testando receitas com outra garota enquanto eu te esperava?
– Sim. – A morena concordou. Tinha já as bochechas rosadas pelo pouco álcool ingerido. – Não. – Pensou melhor sobre a resposta. – Não desse jeito.
– Qual jeito?
– Desse jeito.
– Quer se explicar melhor?
– Eu estou… – Lauren franziu o cenho. – Estou confusa agora. – E fez um bico após bebericar do líquido. Karla não estava realmente aborrecida, mas se divertia com a óbvia inexperiência alcoólica da outra.
– Tudo bem, podemos deixar esse assunto por hora. Muito obrigada pela bebida, Lolo. – Beijou-a mais uma vez. – E quanto à Normani? Você a encontrou?
[…]
– Ela está bêbada?
– Você a embebedou?
Karla bufou impaciente. – Não Normani, ela não está bêbada e não Dinah, eu não a embebedei. – Bateu contra a madeira da porta mais algumas vezes. – Lo? Lo, está tudo bem aí dentro?
– Sim. – Ela gritou pouco antes de abrir e surgir de dentro do grande banheiro com um enorme sorriso. – Demorei um pouco para encontrar o maldito botão dessa calça, mas estou bem, amor. – O apelido que lhe escapou fez com que os castanhos se arregalassem ao mesmo passo em que Normani e Dinah se debatiam em risos e deboches. Lauren não estava bêbada, mas definitivamente afetada pelo álcool.
– Acho que… Acho que é hora de ir.
– Mas Camz, eu queria ficar um pouco mais. – Choramingou envolvendo a menor em um abraço quente e apertado. – Não na festa, mas com você. Eu quero ficar mais com você.
Camila deu a Dinah seu mais doce olhar e pediu enquanto acariciava os longos fios escuros da cabeça que repousava em seu ombro. – Podemos levá-la para casa? Não acho que ela deva dormir sozinha hoje. – E com o aval de sua amiga deram a noite por encerrada. Ao saírem pelo jardim da frente, Normani e Dinah em uma animada conversa sobre música, uma garota cruzou o caminho das amigas. Allyson acenou para Lauren e Camila, embora apenas uma delas, a de olhos claros, tenha retribuído o gesto. Deixaram Normani em seu dormitório e seguiram para o apartamento da latina. Camila ajudou uma sonolenta e descoordenada Lauren a retirar a maquiagem, e a se desfazer do excesso de roupas, mas se viu em um verdadeiro impasse ao tê-la descalça, de cabelos presos, sutiã e calça. A bendita calça. Deveria ajudá-la com aquela peça também? – Lo?
– Hum… – Ouviu o resmungo da garota deitada em sua cama. Tinha os olhos fechados e a expressão serena. Todo o corpo, o belo corpo, branco como leite, com as únicas exceções sendo os lábios vermelhos e inchados e as bochechas rosadas.
– Você quer… Retirar a calça? – Mantendo os olhos fechados Lauren ergueu uma única mão e a pôs sobre o botão da calça, agitando seus dedos naquela região em uma confirmação muda. – Precisa da minha ajuda para fazer isso?
Lauren assentiu. Karla respirou fundo e mudou de posição em cima do colchão, ficando de joelhos acima da morena e rapidamente abriu o único botão. Deslizou o zíper para baixo e enganchou os dedos no tecido grosso do jeans, puxando-o para baixo. – Camz! – Parou imediatamente ao ouvir o chamado um tanto quanto alto demais. – Você não vai fugir, vai? – Perguntou como se aquela fosse uma engraçada piada.
– Não, Lolo. Eu não vou fugir. – Fez a promessa antes de prosseguir na tarefa. Deslizou a calça pernas abaixo mantendo o olhar fixo no rosto sonolento. – Você é tão, tão bonita.
– Eu estou de cueca.
Karla riu. – Sim, você está. – E então se permitiu admirá-la pela primeira vez. Baixou o olhar lentamente, verdadeiramente absorvendo a visão da bela mulher em sua cama. Os seios médios e que pela má posição queriam escapar da renda branca. A barriga, a pele delicada, intocada e macia. O quadril que exibia as marcas fortes do short compressor que usava por baixo da calça e por fim, a cueca azul clara. A próxima coisa que viu foi o volume. Era… O volume era, bem, estava ali. Evidente. Evidente demais. Sobressaindo-se, marcando com clareza o tecido fino. Camila quase caiu da cama pelo susto ao perceber uma das mãos de Lauren pousando exatamente sobre o volume, mexendo-o e disfarçando-o como se para impedi-la de olhar. Apenas então se deu conta de estar corada. – Droga! – Levou as mãos ao peito.
Olhou para cima e encontrou os verdes agora abertos. Lhe encarando com medo e incerteza. – Oi. – Disse a rouca voz.
– Oi.
– Me desculpe, Camz.
– Por que está se desculpando? Pode me dizer?
– Eu bebi demais. – Karla tornou se assentar ao seu lado e mais do que depressa acariciou o rosto da morena. Abaixou-se para deixar alguns beijos em suas bochechas, pescoço e ombros.
– Não bebeu não.
– Eu conversei com aquela garota.
– Não me importo com ela. – Rebateu.
– Eu te chamei de a-amor.
– E eu adorei.
– Eu tenho um pênis. – E por isso achou que deveria se desculpar.
– Então é esse o seu segredo? – Pelo estado alterado Lauren não encontrou sentido na pergunta de Camila e se limitou a assentir. – Porque eu também tenho um. Quer ouvir o meu segredo? – A morena assentiu mais uma vez. – Então deite-se aqui. Fique confortável e vou lhe contar. – Apagou as luzes e se aconchegou na cama para que Lauren pudesse se aproximar. Envolveu-a em seus braços, deixou um longo demorado beijo em sua nuca e voltou a acariciar seus cabelos. Quando sentiu que a morena estava perdida no estranho estado entre o sono e a realidade, sorriu ao confessar para Lauren, ou apenas para o universo caso essa já não pudesse lhe ouvir mais. – Você me conquistou. Eu estou completamente apaixonada por você, Lauren Jauregui. Eu estou nas suas mãos.
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