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História Identidade - "...palavras mágicas..."


Escrita por: ISBB5H

Capítulo 17 - "...palavras mágicas..."


Fanfic / Fanfiction Identidade - "...palavras mágicas..."

Twitter: ISBB5H

 

Existem todos os tipos de palavras e algumas delas são mágicas. Estão espalhadas por aí, espremidas entre toneladas e toneladas de outras tantas com menor importância. Palavras em geral carregam peso, imprimem assinaturas e apagam incêndios, mas palavras mágicas ateiam fogo. Inflamam aqueles que as falam, queimam aqueles que as escutam e fazem arder seus alvos.

O mundo confabula para que não as notemos apesar de tanto encanto e é estranho, ou estranhamente triste, o número de vezes em que essas nos passam despercebidas.  Mas o mundo é apenas mundo, ele não fala, ele não escuta. As pessoas falam, todas elas. As pessoas não escutam, ou pelo menos a maioria delas.

Lauren conhecia uma coisa ou duas sobre sentir-se silenciada. É aquela terrível sensação de mergulhar em um mar, um imenso e populoso mar composto de você e mais ninguém. Tantos foram os que passaram por ela e não quiseram ou não souberam escutá-la. Tantos foram os que deixaram de notar o toque de mágica que morava em algumas de suas palavras, ou que não estenderam a ela a cortesia de conhecer tal encanto.

Contudo, a mágica é uma coisa curiosa e basta apenas um mísero grão de seu pó para que ela volte a acontecer. Se tudo o que Lauren queria era um pouco do que grande parte das pessoas já possui, tudo o que ela ainda tinha por descobrir é que cada palavra mágica a deixava um passo mais próxima de seu reluzente tesouro, isto é, se ela aprendesse a dizê-las. Ou ainda mais importante, se Camila a ensinasse a ouvi-las. – O meu coração, Camila. Onde você o colocou?

Os lábios cheios, cobertos pelo batom rosa, se abriram e se fecharam diversas vezes e para a sempre tão eloquente mulher que demonstrava ser, a falta de palavras era uma surpresa. Uma desagradável e frustrante surpresa quando Lauren esperava por algumas das doçuras que guardavam o poder de acalmar o seu frágil coração. – Mila! – Ouviram quando um dos primos de Dinah chamou da porta de entrada. – Os pedidos chegaram. Você vem? – Manteve aberta a passagem por esperar alguma reação vinda da latina paralisada.

– Você vem? – Camila foi enfim capaz de vocalizar. Buscou pelas mãos pálidas e agora geladas, e segurou-as com força. – Por favor?

Lauren fechou os olhos para negar pensando que assim seria mais fácil. Qualquer que fosse o sentimento a ocupar sua mente, ele sufocava. Impedia a estabilidade de sua respiração e a clareza de seus pensamentos. – Diga a Dinah e Normani que não pude ficar. – Recolheu as próprias mãos para guardá-las nos bolsos traseiros da calça. – Eu preciso de um momento e… Preciso ir. Sozinha. – Não demorou mais do que um minuto para que a morena se afastasse, desaparecendo na escuridão enquanto Camila tinha a cabeça girando e as pernas imóveis. Seu coração palpitava, o sangue corria, os pulmões inflavam, mas suas pernas, elas simplesmente não queriam se mover.  

– Karla? – A voz lhe tirou do transe. Olhou para trás e viu Normani se aproximar. – Onde Lauren está? – Perguntou vasculhando os arredores com seus olhos curiosos.

– Ela foi embora.

– Embora? – Dinah quis saber ao se juntar ao grupo. – Por que? O que aconteceu?

– Eu não sei. Juro que não sei.

[…]

O bar ainda estava cheio quando Camila se cansou de sustentar o disfarce. Tudo a lembrava daquele belo e triste par de olhos verdes que a dispensaram horas antes. Tentou ligar diversas vezes, mas em nenhuma delas foi atendida. Enviou diversas mensagens, mas nenhuma delas foi respondida. A noite seguia como um verdadeiro desastre e mal podia esperar para encerrá-la de vez. – Mani. – Chamou-a. – Vou indo embora. Precisa de carona para voltar aos dormitórios?

Pelo avanço da hora a linda morena resolveu aceitar a gentileza e rapidamente tratou de despedir-se de todos os outros. Seguiram para o carro de Camila e dividiram aquele pequeno espaço tomado pelo desconforto. – Lauren às vezes é complicada. – A amiga lamentou baixo.

– É. Ela é.

– Como… – As unhas grandes e impecáveis brincavam com o cinto de segurança. – O que a fez se interessar por ela? – Por ter desviado os olhos da pista por alguns segundos, as duas garotas saltaram dos assentos quando as rodas do veículo tocaram a calçada. – Cuidado! – Instintivamente os braços de Normani voaram de encontro ao volante em um esforço para retomar o controle.

A motorista não segurou a risada diante de tanto desespero. – Mani, está tudo bem. Abra os olhos. – E tudo o que ela fez foi dar uma relutante espiada por baixo dos cílios longos. – Vê? Tudo sobre controle. Foi apenas um susto.

– Preste mais atenção à estrada, Mila. – Exigiu.

– Então eu finalmente mereci um apelido?

– Eu… – A caloura tornou a se agitar sobre assento. – Karla. – Murmurou com timidez. – Não tive a intenção de soar…

– Como uma amiga? Pois você é. – Os olhos escuros daquela quase artista brilharam intensamente. Tão intenso quanto o calor em suas bochechas. – Pois bem, qual foi mesmo a sua pergunta?

– O que a fez se interessar por Lauren?

– Posso dizer que algo nela se apoderou de algo em mim? – Testou a possibilidade. – Talvez tenha sido no primeiro dia, logo quando discutimos sobre uma cadeira na biblioteca. Mas honestamente poderia ter sido em um café no refeitório, em um esbarrão nos corredores ou ao trombarmos no estacionamento e ainda sim teria sido tão rápido quanto foi e tão forte quanto foi. – Naquele ponto Karla e Normani já se encontravam em frente aos dormitórios. O motor do carro ainda ligado enquanto a explicação se construía com facilidade. – Aquele algo dentro dela se apoderou de algo em mim e se empenhou sobre ele todas as vezes em que nos vimos. Agora é como se existisse um pedaço dela dentro do meu todo.

Normani se esticou e girou a chave na ignição, desligando o veículo. – Isso é amor? – Antes que a resposta fosse dada, abriu a porta projetando metade de seu corpo esbelto para fora. – Pois se parece muito.

Deixou o veículo e caminhou para o interior do edifício. Camila ainda se demorou na decisão, mas por fim seguiu pela mesma passagem, embora em direção a outro quarto. Fechou o punho contra a porta desejada e pacientemente esperou. – Posso entrar? – Perguntou quando dois olhos grandes e claros lhe espiaram do lado de dentro.

– Claro. – Lauren usava pijamas. Os lençóis bagunçados e o cabelo embaraçado eram evidências das mais puras de que a latina havia interrompido o seu sono ou a desesperada tentativa dele. Tinha cara de poucos amigos, mas era apenas uma máscara que Camila já cansara de tirar e que, portanto, não metia medo algum. – Não deveria ter vindo. Eu disse que conversaríamos depois.

– Já é depois. – Sentaram-se frente a frente sobre o colchão. Lauren queria poder se explicar, mas falhava em se compreender. – Sei que alguma coisa aconteceu ou não teria ido embora daquela maneira, mas Lo, você precisa me explicar. Precisa aprender a conversar comigo.

Os longos minutos não trouxeram uma resposta coerente. – Mais cedo no bar. – Umedeceu os lábios. – Aquele cara ao seu lado parecia, a cena toda parecia…

– Não. – Cortou-a. – Como pode sequer pensar nisso? Estávamos todos esperando por vocês. Eu estava naquela mesa esperando por você então como é que pode pensar que eu e o primo de Dinah parecíamos ser qualquer outra coisa além de duas pessoas apenas conversando?

Fitou os olhos escurecidos e se preparou para tirar do peito aquele maldito peso. – E quanto ao cara de ontem à noite?

– O cara de ontem? – Camila franziu o cenho. – Do que está… – Mas logo compreendeu. – Quem te contou sobre isso?

– Então é verdade. Você mentiu.

– Não, quero dizer, não houve mentira. – Inclinou o corpo para estar mais perto da artista. – Estava a caminho de casa quando recebi uma ligação de Dinah. Era sobre Jeremy que queria nos encontrar para uma conversa. Dinah disse que era importante então fui e quem quer que tenha te contado sobre isso se esqueceu de dizer que estive com aquele idiota por apenas cinco minutos antes que minha amiga chegasse para nos encontrar.

– Jeremy?

– Te surpreende que eu não tenha estado com outro homem? – A veterana não escondeu a mágoa. – O que esperava? Encontros às escondidas? Ser traída? – Quando Lauren não a respondeu, Karla se sentiu na obrigação de esclarecer alguns pontos. – Pelo bem e pela possibilidade de um futuro para o que temos... – Usou uma das mãos para erguer o queixo pálido. – Suas inseguranças não podem ditar o seu comportamento. – Envergonhada, Lauren desviou o olhar. Karla deixou o lugar ocupado no colchão para se por de pé, instalada entre as pernas de caloura. Sentiu o cabelo cumprido e cheiroso entre seus dedos e puxou-os de leve buscando pelas raízes. – Você me decepcionou essa noite.

– Eu sinto muito, Camz.

– Ainda não é o que eu gostaria de escutar, Lolo. – Reforçou o aperto das mãos fazendo com que os lábios de Lauren se abrissem, deixando escapar o fraco som de um protesto. Colaram suas testas e se encararam em silêncio por alguns segundos, antes de um suspiro cansado deixar os lábios de Camila. – Pode me emprestar uma toalha? Preciso de um banho quente.

– Dormirá aqui? – Perguntou com afobação e um enorme sorriso.

Camila pousou o indicador sobre a boca da morena e disse de maneira séria. – Ainda estou decepcionada, Jauregui. E ainda quero saber quem te contou sobre Jeremy, entendeu? – Esperou até que a morena assentisse. – Mas senti a sua falta.

[…]

Ao abrir os olhos a primeira figura a tomar forma foi a de Camila. As pequenas mãos envolviam seu rosto e as pontas daqueles mesmos dedos acariciavam suas bochechas. Karla deixou um beijo rápido sobre os lábios de Lauren e se afastou, puxando os braços pálidos para fora do cômodo e de encontro a dezenas de pessoas desconhecidas.

Todas as olhavam na medida em que avançavam para o interior do salão. Todos as olhavam e por razões ocultas, Lauren não se incomodava com a atenção recebida. Pelo contrário, sentia-se bem e satisfeita por atrair tantos olhares. Olhou para baixo e enxergou seus saltos tocando o chão com firmeza e graça. Usou a mão livre, aquela que não era puxada por Camila, para sentir o tecido macio do vestido em seu corpo e adorou a sensação de suas pernas e quadril movendo-se com tanta liberdade por baixo de poucos panos. Se encantou pelo toque delicado do modelo de cor vinho, forte, que abraçava seus braços para deixar os ombros livres, descobertos.

Não percebeu que haviam parado de andar e que agora sua Camila a encarava de frente, vestindo um enorme sorriso no rosto. Um sorriso que era para ela, apenas para Lauren. – Você está linda, meu amor. – E somente quando a latina deu um curto passo para o lado, foi que os olhos verdes puderam encontrar a imagem que andaram buscando por todo esse tempo. O espelho a refletia, a mesma Lauren, e ainda sim completamente diferente. O espelho refletia a prova de que Lauren havia finalmente encontrado o seu grande e reluzente tesouro: ela mesma.

Ao abrir os olhos perturbados pelo sonho bom, a primeira figura a tomar forma foi a de Camila. Buscou pelas horas no celular e se deu conta de que havia cochilado no intervalo de tempo em que a outra esteve fora para o banho.

Enquanto isso, Camila abria as portas do armário mordendo o próprio sorriso por saber que seria atingida pelo aroma suave das peças que guardavam o doce e conhecido cheiro de Lauren. Deixou que os olhos escuros passeassem por entre os vários cabides e pelas roupas amontoadas em pilhas de tons fechados. Agindo de maneira espontânea, o tempo era também gasto para retirar o mesmo vestido que tornara a vestir ao sair do banheiro coletivo, deixando-o finalmente cair sobre os pés descalços.

Segundos depois, lá estava o braço de Lauren tocando-a superficialmente e arrepiando-a involuntariamente. Fitou a garota posicionada atrás de si e que se esticava para buscar por roupas limpas para emprestar. – Que tal uma blusa de algodão?

– Lauren?

– Ou um moletom. – A artista olhava para o armário. Somente para o armário.

– Lauren?

– Mas não está tão frio para um moletom, não é mesmo Camz?

– Pode olhar para mim?

– Posso. – Mas não olhou.

– Olhe para mim, amor. – A pequena palavra fez com que todo o corpo pálido entrasse em alerta. Virou-se no mesmo instante e respirou com dificuldade por dar-se conta de que a latina usava apenas as roupas íntimas.

– Ou roupa nenhuma. – A análise fora minuciosa justamente para que detalhe algum passasse despercebido. A pele, as pernas, os braços, os dedos, o tronco, pescoço e rosto. Cada pinta, sinal e cor. – Você é tão bonita. – Cada centímetro daquela que era perfeita aos olhos de Lauren. – E eu tão sortuda. – Seus braços foram de encontro a cintura desnuda e circularam-na, juntando os dois corpos de uma vez por todas.  

– Não pode me comprar com elogios, Jauregui. – Pontuou para esconder a própria excitação em ser segurada daquela forma. – Não quando estou brava.

– Não estou tentando te comprar. – Tremeram juntas quando o nariz da novata se arrastou devagar através da pele morena, desde o ombro até o queixo, lugar de onde os beijos breves e delicados começavam a ser deixados. – Estou apenas…

– Apenas?

– Te aprendendo. – Afastou o rosto para buscar por permissão dentro daqueles olhos escuros. – Te explorando. – Testou o peso e valor daquela palavra que se encaixou ao momento com precisão. – Eu posso?

Em parte por nunca ter sido perguntada daquela forma e em outra por ser a sua garota a fazer tal pedido de maneira tão singular e amável, sua resposta não poderia ter sido outra. – Por favor. – Karla nem sequer se incomodou por soar tão igualmente servil e ali se beijaram como em nenhuma vez. Camila tinha os dedos perdidos entre cabelos negros e Lauren os seus vagando pelo corpo parcialmente descoberto e por essa razão aquilo que faziam fora assim chamado, explorar.

Os toques trocados. A intensidade variável, hora fraca e hora forte, das mordidas que marcavam a pele bronzeada. O volume oscilante dos sons que deixavam a boca da veterana e preenchiam o dormitório a cada novo movimento imprevisto da maior. O cheiro dos corpos, a forma como os lábios buscavam por novas texturas e as línguas ansiavam por novos sabores. A forma como os dedos se desesperavam por mais força, por mais aperto e garantia. Tudo o que tecia caminhos e instruções para o prazer e para a intimidade. Tudo o que fazia parte de explorar. – Droga… – Lauren se afastou de repente para descansar a cabeça contra o ombro da menor.

A latina com o fôlego entrecortado compreendeu. – Você está?

– Muito. – Inspirou profundamente. – Droga.

– O seu corpo não é o único, Lo. – Buscou pelo rosto da garota e se alegrou ao vê-la com as bochechas vermelhas e os olhos mais verdes e brilhantes do que nunca. – Acredite, o meu emite tantos sinais quanto o seu. – Segurou as mãos pálidas e as espalmou em seu pescoço. – Sente como a minha pele está quente? É por sua causa. Porque os seus toques fazem aumentar a minha temperatura, me fazem suar e sentir tanto calor como se eu estivesse a ponto de explodir. Até o mesmo o meu cheiro se torna mais forte com o nosso contato. – Tornou a segurar as mãos pálidas, colocando-as sobre os seios dessa vez. – Sente? – Pressionou para que Lauren provasse da rigidez na região. – Não são diferentes dos seus. É claro que não são. E embora a excitação entre suas pernas seja evidente, a excitação entre as minhas transborda. – Ainda que os argumentos tivessem acalmado o coração agitado da novata, Karla ainda enxergava a hesitação naqueles olhos. – Está tudo bem. Eu não quero ultrapassar nenhum dos seus limites.

– É essa a questão, não percebe? Não sei se existe ainda em mim algum limite para você. – A artista confessou. – Meus muros já não se erguem com a mesma rapidez com a qual você os derruba.

[…]

Brincava com os dedos de Camila antes de levá-los até a boca e beijá-los um a um. Estavam deitadas sobre a pequena cama do dormitório, mas em nada se importavam com o pouco espaço, estariam grudadas ainda que a situação fosse diferente. – Me desculpe pelo que houve mais cedo. Por ter ido embora, por não ter me explicado e por deixar que minhas inseguranças gritassem alto.

– Desculpas aceitas. – Karla mudou de posição para encarar a novata de frente e aproveitar ainda mais o aconchego dos braços fortes que a envolviam.

Obrigada, Camz. – Lauren teve a ilimitada atenção e o interesse dos olhos escuros. – Por não ser a mudança que eu desejei para a minha vida. – E sentiu o coração vibrar ao dar-se conta da emoção que deles queria derramar. – Você é muito melhor.

– Não há de quê, meu amor.

E lá estava novamente a pequena palavra que de mágica nada possuía, e ainda sim, pesava como chumbo. – Amor. – Sussurrou baixo. – Sinto que já conversamos sobre isso, mas… Bom, você me disse para conversar mais, certo?

A veterana abocanhou as paredes internas de suas bochechas por já imaginar o assunto diante do nervosismo da outra. – Certo.

– É sobre o dia em que fomos ao museu e depois ao bar para assistirmos o jogo…

– Sim. Aquela noite. Lembro-me bem.

– E sobre o que dissemos no final da noite.

– Sobre sermos uma da outra? – Lauren assentiu. – Pois bem, qual a dúvida?

– Camz… – Resmungou para não ter que se explicar ainda mais e se envergonhar. – Você sabe…

– E você precisa aprender a dizer, Jauregui.

– Mas! – Resmungou um pouco mais.

– Se não abrir essa boca grande, continuará com essa dúvida.

– É um namoro. – Murmurou baixo e Camila gargalhou.

– Isso foi um pedido?

– Não! – Mesmo emburrada apertou a latina um pouco mais em seus braços. – Essa foi a dúvida.

– Como pode ser um namoro se não houve um pedido, Lolo?

– Pedi para que fosse minha.

– E eu aceitei. – Roubou um beijo. – Sou sua.

– E se eu tivesse pedido para ser minha namorada?

– Eu teria aceitado. – Confessou se divertindo com as reações exageradas da garota que a abraçava. – Mas você não pediu.

– Espera, teria mesmo aceitado um pedido assim? Tão simples e sem planejamento? Sem flores, um jantar ou um plano bem arquitetado?

– Já teria aceitado se tivesse me pedido há dois minutos, Lauren. Assim, sem flores, um jantar ou um plano bem arquitetado.

Houve então uma longa, longa, longa pausa em silêncio. Os pares de olhos não se largavam, as bocas estavam secas e os corações agitados. A garota de olhos claros ergueu parte do tronco apoiando todo o peso do corpo em um dos braços e suspirou enquanto buscava pelas palavras adequadas. – Então você… Aceita?

– É claro que não. Ainda não escutei um pedido.

– Camila!

– Lauren.

– Você quer, pelos céus, namorar comigo de uma vez por todas?! – Bufou com as bochechas ardendo. – Sei que esse não é o pedido mais romântico do mundo e que você seria uma grande idiota por aceitá-lo. – Na medida em que os segundos avançavam, sua coragem diminuía e sua timidez crescia. – Também sei que não tenho flores, um jantar ou plano bem arquitetado, mas você aceitaria, Camila… Por favor?

Palavras mágicas vivem soltas por aí. Elas não são escritas com tintas especiais ou ditas como feitiço, mas dançam em bocas comuns e deslizam por línguas normais. É claro, toda palavra muda alguma coisa, mas todas as que são mágicas assim são sem mudarem coisa alguma e sim por preservarem o que pode haver de mais encantado em um ser humano: sua inclinação a gentileza, sua tendência a integridade e a confissão de toda a sua gratidão.

Mas embora as palavras mágicas sejam indiscutivelmente as melhores, há sempre uma ou outra dessas mais simples que nos trazem igual felicidade. – Sim.

 […]

O corredor que dava acesso à sala do diretório acadêmico do terceiro bloco, a única sala daquele andar, era também a passagem de acesso para alguns dos laboratórios do prédio. Um desses laboratórios costumava receber alunos muito além dos horários previstos para as aulas e desse especificamente, ela saía.

Sua atenção foi atraída para a sala única. Encarou-a com demora e suspirou. – Precisa de alguma coisa? – O velho segurança do campus perguntou ao vê-la imóvel pela passagem.

– Não. Eu já estava de saída. – Reajustou os livros que levava embaixo do braço e passou pelo senhor de idade. – É bom revê-lo, Sr. Wayde.

Porém, antes que ela se afastasse o senhor tornou a falar-lhe. – Esses garotos e garotas de hoje não têm a menor ideia do que fazem com tanto poder e responsabilidade. – A garota sorriu. – Mas você sabia. E é por isso que eu sempre gostei de você, Srta. Brooke.


Notas Finais


Me perdoem por qualquer erro. Volto para corrigir depois.


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