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História Identidade - "...sossego para o meu coração.."


Escrita por: ISBB5H

Capítulo 19 - "...sossego para o meu coração.."


Fanfic / Fanfiction Identidade - "...sossego para o meu coração.."

Twitter: ISBB5H

 

– Um café duplo. – Normani pediu ao único atendente livre no balcão após enfrentar a extensa fila do refeitório. Aguardava o pedido com um largo sorriso no rosto quando avistou uma conhecida muito próxima. De cabeça baixa e óculos escuros, Dinah Jane se escondia por debaixo dos fios iluminados. Sentiu-se imediatamente nervosa diante da expectativa de abordá-la, mas tudo superou para fazê-lo. – Bom dia, Dinah.

– Para quem? – E embora a resposta soasse ríspida, nos lábios da mais alta estava o contorno de um belo sorriso brincalhão.

– Mal humorada. Está se escondendo de alguém?

– Tentando ignorar alguns. – A loira confessou mais séria enquanto a morena somente então notava um pequeno grupo de alunos encarando-lhes.

– A reunião com a coordenação é amanhã, Dinah. O corpo estudantil está agitado.

– Idiotas.

– Alguns deles estão do seu lado, sabia? – A loira arqueou as sobrancelhas como se pedisse por mais informações. – Escuto diversas coisas por esses muitos corredores e blocos. – Normani confessou mais tímida. – Vários alunos acreditam na inocência de vocês.

– Mas tantos outros não. – Suspirou. – Estou cansada das piadinhas, das provocações e questionamentos. – Lamentou-se.

– Não entendo como tudo por ter tomado essa proporção.

– Jeremy não é um cara burro, Normani. Ele nunca foi. No pouco tempo em que estivemos juntos ele me ouvia falar sobre as dificuldades enfrentadas por um diretório, especialmente o da Saúde, antes mesmo que eu e Camila tivéssemos a pretensão de nos candidatar ao cargo. Ele sabia do peso que acompanharia esse simples boato e também do fato de que diretórios de outros cursos aproveitariam de um momento de fragilidade para nos derrubar ou para pedir algo em troca de “ajuda”. A diferença na distribuição de fundos e a alta visibilidade foi sempre um problema para o nosso núcleo.

– E por que então a Universidade age dessa forma? Por que contribui para isso?

– Por que tudo com o que uma organização se importa é com o lucro. Nossas pesquisas costumam ser bastante lucrativas, nossos alunos geram frutos mais visíveis em um mercado de grande influência e tradição e muitos de nossos pais investem dinheiro na instituição. Isso não significa absolutamente nada. São números e todos podem tê-los, mas obviamente significa muito para a Universidade. – Naquele instante o atendente retornou trazendo em mãos os pedidos de ambas as garotas. – Bom já vou indo, não quero me atrasar para a primeira aula.

– Ei Dinah, onde está Camila?

– Não quis sair da cama. – Foi a resposta. – E eu deveria ter feito a mesma coisa.

Dinah deixou o refeitório levando seu café e Normani fez o mesmo ao tomar a outra saída. Em poucos minutos chegou à sala de aula provando de sua bebida quente agora pela metade, mas antes que se apressasse para ocupar o lugar vago ao lado de Lauren, recebeu de um aluno qualquer um panfleto colorido. Leu-o rapidamente e se aproximou da amiga notando o cenho fechado bem como a distração com um panfleto igual ao seu entre os dedos pálidos. – Você vai? – Normani chamou a atenção da morena.

– Ainda não me decidi. E quanto a você?

– É, estarei lá. Gostaria de ouvi-los… Todos eles.

Lauren assentiu. Compreendia o desejo da amiga. – E acha que Camila ficaria chateada se eu… Fosse?

– É claro que não. Sua namorada é uma das pessoas mais sensatas que já tive o prazer de conhecer. – A referencia ainda fazia com que Lauren sorrisse como uma boba.

Os olhos verdes encararam o papel que descansava sobre o próprio colo. – Pois bem. Eu também irei.

[…]

Quando a tarde quis se retirar, Lauren tinha as mãos escondidas dentro do bolso de um largo moletom cinza. O capuz e os cabelos ondulados escondiam parte de seu rosto e mesmo velada, Lauren sentia-se exposta por apenas estar naquele lugar. Via alunos se amontoando na entrada do antigo teatro da Universidade e sabia que haveria muitos mais em seu interior. Esse número tão alto de desconhecidos reunidos em um único ambiente a deixava extremamente nervosa. Desejou ter Camila consigo mesmo sabendo que a presença da garota seria algo para muito próximo do improvável. – Uau. – Normani exclamou. – Não imaginei que tantos alunos participariam.

– É. – Foi tudo o que se viu capaz de responder.

– Vamos entrar? – Lauren concordou silenciosamente e seguiu a amiga de perto. O auditório estava cheio, lotado, mas ainda sim foram capazes de encontrar lugares afastados onde pudessem se sentar com discrição. Aos poucos a assembléia estudantil tomava forma e cada vez mais e mais alunos se posicionavam diante do tópico posto em discussão. – Não é incrível que tantas pessoas se mostrem tão interessadas em realmente discutir um assunto?

– Não quando esse assunto é a minha namorada. – Murmurou aborrecida.

– Laur, olhe para todos esses estudantes se colocando diante de uma só questão. Tantos cursos e núcleos que para nada mais se misturam aqui, juntos. Interessados no debate de um mesmo assunto. Isso me enche de orgulho.

– Há uma explicação bem simples para isso, não é preciso poetizar demais. – Allyson chegou como o verdadeiro furacão que era. Sem fazer cerimônia se colocou entre as duas amigas. – Existe um fenômeno psicológico nos estudos de grupos que diz das multidões capazes de criarem ilusões imediatas de pertença e de poder. Como eu disse, é algo bem simples, não acham?

– O que está fazendo aqui? – Lauren demonstrou sua impaciência. Karla havia lhe contado tudo sobre a conversa entre as duas.

– Eu vim para participar da assembléia assim como você, olhos verdes.

– E para debochar da situação de Camila, não é mesmo?

– É para isso que está aqui então? – Quando a morena estava prestes a responder. – Não me julgue por fazer a mesma coisa que você. Se está aqui é porque tem suas próprias dúvidas em relação ao que está acontecendo e quer saber, não diga nada, eu fico feliz que tenha vindo. Mostra que apesar dos encantos óbvios de Camila ainda não deixou de usar a sua cabeça. – Com a intenção de negá-la a oportunidade de resposta, Ally se afastou desaparecendo ligeira por entre o mar de estudantes agitados.

– Quem é essa garota estranha e de onde ela veio? – Normani perguntou puxando a amiga pelo tecido largo da blusa de frio. – De onde se conhecem? E por que ela debocharia de Camila? Você não parecia muito confortável perto dela. – Divagou.

Mas ao preparar-se para responder a todas aquelas perguntas, a artista se surpreendeu com as várias vozes que agora gritavam. – Isso é um absurdo! A Universidade não nos deixa a par do que realmente está acontecendo ou de quais são as reais acusações ou informações arrecadadas até o momento!

– O verdadeiro absurdo é permitir que os alunos a frente do diretório da Saúde continuem exercendo suas funções como se nada estivesse acontecendo! Por que a Universidade tem que favorecê-los em todas as situações? – Gritou outro estudante furioso. Os punhos de Lauren se fecharam ao ouvir todas aquelas besteiras. Será mesmo que aquelas pessoas pensavam que a Camila, Dinah e aos colegas fora dada a oportunidade de continuar a exercerem suas funções normalmente? É claro que não. Esse era um grave equívoco, pois muitas de suas ocupações foram suspensas graças a investigação. Mexeu-se desconfortável sobre o assento desejando ter mais coragem para enfrentá-los ali mesmo. 

– Pois já ouvi de fontes seguras que essas acusações são falsas e trago bons motivos para que todos acreditem nisso. Faço parte do corpo de estudantes do terceiro bloco e em momento algum durante as eleições eu ou mesmo meus colegas mais próximos fomos abordados para a compra de votos. – Um imenso coro concordou com a garota franzina que pedira a palavra, mas tal argumento acabou por aquecer a discussão.

– Mas vocês são apenas alguns dos alunos de lá, e quanto a todos os outros que não estão presentes nessa reunião? Além disso, duvido que a este ponto alguém assuma sua parcela de culpa. – Cada comentário que colocava em cheque a integridade de Camila despertava na morena a fome de posicionar-se. A sede de enfrentar. Coisas que há muito tempo não sentia. Acostumou-se a ser aquela que quase ninguém notava, pois lembrava-se com tristeza do tempo em que fora notada e atingida por tantos que não souberam ou quiseram compreendê-la.  Convenceu-se de que receber atenção era algo ruim, muito ruim.

– E quanto ao boato de que outros diretórios estariam envolvidos em uma armação para sabotar os privilégios do núcleo de saúde? – As várias vozes ecoavam e ecoavam na cabeça da artista causando pane em seus sistemas. – Já imaginaram que as acusações realmente podem ser falsas?

– E se forem verdadeiras?

– E o que dizem sobre as pessoas envolvidas? – Normani que até então acompanhava tudo com muito interesse quase se engasgou ao dar-se conta de quem havia dito aquelas poucas palavras. Lauren também não se deu conta do que fazia até estar de pé, sozinha, encarando a multidão que se calara para lhe dar atenção. Ignorou o agito no estômago e tornou a guardar as mãos no bolso do moletom para esconder o nervosismo. – O que cada um de vocês pode dizer sobre as pessoas citadas em todos esses boatos? Acham que é simples a tarefa de coordenar todo um corpo estudantil? Preocupar-se com os projetos e investimentos que provavelmente não te beneficiarão, mas a todos os outros estudantes que virão nos próximos semestres? Acham que não exige entrega e real dedicação para incentivar e levar adiante práticas e propostas que partem de alunos exatamente iguais a nós e com as quais a coordenação pouco se importa? Acham que não requer esforço dar voz a centenas de outros alunos? Ou dobrar-se em três, quatro ou mil para aplicar a pouca verba disponível em todos aqueles sonhos e ideias? Dizer “não” quando se quer dizer “sim”? Agora imaginem fazê-lo enfrentando a desconfiança e o descrédito de todos nós?

– Quem é você? – Alguém gritou a pergunta.

– A garota é a nova namorada da Cabello. – Lauren ouviu e sentiu um frio na barriga ao confirmar com um pequeno sorriso no rosto.

– Isso pouco importa. Todos vocês que acham que a conhecem graças aos boatos que ouvem por aí… – Fitou Ally ao enxergá-la entre a multidão. – Vocês pouco me importam. Não a conhecem e não sabem quem ela é. Não estão nem mesmo perto de descobrirem se não se olharem além do que dizem as más línguas. Mas sei também que a minha palavra pouco importa para a maioria de vocês. Acreditem, se valesse de alguma coisa eu gastaria todo o meu tempo expondo o verdadeiro culpado por trás dos boatos falsos. – Apontou para Jeremy que a encarava boquiaberto. – Se valesse de alguma coisa eu os lembraria de que há sim um grande problema por trás de tudo o que estamos discutindo aqui e que ele começa talvez com as injustas decisões que partem da coordenação e não dos diretórios. – Virou-se para puxar Normani com uma das mãos. – Mas não estão interessados nisso, não é mesmo? Na realidade estão ocupados demais tentando apontar culpados entre vocês mesmos para perceberem isso. – Arrastando Normani pelo pulso, Lauren marchou para fora do teatro tentando acalmar o coração que parecia querer saltar do peito. Suas bochechas estavam vermelhas e sua pele quente. Os fios de cabelo escuro grudados na nuca graças ao suor e os olhos mais abertos e assustados do que nunca.

– Lauren, aquilo foi… Nunca pensei que você tivesse coragem para fazer algo parecido e se colocar de tal maneira. – Diante do silêncio Normani não teve alternativa senão concentrar-se na amiga. – Lauren? Droga, não vá desmaiar logo agora que estava indo tão bem.

[…]

Da janela do banheiro Camila observava a tela escura que se pintava no céu. Se entretia com as poucas estrelas que podia enxergar e a forma como brilhavam desavergonhadas, mas sem roubarem a atenção do verdadeiro astro das noites, a lua que regia o céu na orquestra silenciosa. Ouviu o som da campainha e não se preocupou, sabia que Dinah já havia chegado em casa e que a amiga cuidaria de tudo. Prosseguiu preguiçosamente penteando os cabelos sem dar atenção aos ruídos da porta de seu quarto sendo aberta e então fechada. Mais rápido do que pudera registrar era a porta de seu banheiro sendo empurrada e não demorou muito mais para que sentisse o perfume conhecido de Lauren. – Dezenas de pessoas. – A artista sussurrou abraçando-a forte sem se importar com qualquer outra coisa. Nada mais parecia ser tão importante.

– Lo, o que aconteceu?

– Dezenas e dezenas de pessoas e acho que falei para todas elas. – Murmurava.

Karla afastou-a pelos ombros para obter alguma vantagem de posição. – O que está dizendo? Eu não entendo.

– Ou talvez tenha sido um sonho. Um daqueles terríveis sonhos no qual você se expõe para mais pessoas do que seus dedos podem contar.

Karla olhou em direção a mais velha e sua fala morreu na garganta ao encontrar ali próximos, olhos tão verdes e brilhantes. Para a latina, as íris convidavam a um mergulho profundo em um oceano gelado enquanto as pupilas eram como pequenos buracos negros, sugando toda a sua atenção e fôlego.  Se perguntava de quem a garota havia puxado olhos tão belos. – Lo? – Tocou-a no pescoço e sentiu a pele pálida fria como nunca. – Lauren, o que houve? Seu coração está batendo tão depressa.

– Eu só preciso… Apenas não consigo… Pensar.

Percebendo a confusão mental da artista Camila soube que deveria acalmá-la e distraí-la de alguma forma. – Calma, está tudo bem agora. Eu estou aqui e vou acalmá-la. – Puxou-a para debaixo do chuveiro, de onde havia acabado de sair. – Deixe-me abraçá-la. – Recebeu o corpo pálido entre os braços no momento em que água quente as tocou. A pele bronzeada se arrepiou quando o pijama se encharcou, mas a pele pálida agradeceu o carinho aquecido. – Eu amo ser abraçada por você, mas amo ainda mais quando me deixa segurá-la dessa forma. Gosto de cuidá-la.

– Seus braços mal podem me envolver.

– Isso não é verdade! – A veterana resmungou.

– Sim, é. Meu tronco é um pouco mais largo. Em específico os meus ombros.

– Não, eles não são. – Karla voltou a negar.

– Sim, eles são, Camz. É possível que nunca tenha notado, mas é verdade.

A menor reajustou seus braços sobre os ombros da outra na tentativa de tirar a prova, fazendo com que Lauren gargalhasse finalmente distraída. – Diga-me o que mais ainda não notei?

– Tenho mais massa muscular.

– Porque você é forte, Lolo. – Disse deixando-a corada.

– Minhas pernas mais compridas.

– Porque você é mais alta, ora essa!

Nesse instante Lauren não resistiu e roubou um beijo da linda latina que a abraçava apertado. – Não me deixará convencê-la de que essas são algumas das minhas diferenças, não é?

– Sei o que te faz diferente das outras pessoas e não são os seus ombros ou pernas. É o seu coração. É o seu encanto. É o fato de que ao vê-la os meus olhos gritam o que a minha boca às vezes esconde… Minha. Você é minha.

As doces palavras de Camila voavam como o tempo para Lauren. Elas eram capazes de moverem relógios e fecharem feridas abertas com dor. As doces palavras de Camila conversavam com o seu coração e acalmavam-no. – Camz…

– Eu posso? – Karla referiu-se as roupas grossas que a artista ainda usava e que agora estavam tão encharcadas quanto o seu próprio pijama. Lauren apenas negou temerosa. – Por favor. – Enganchou os dedos no moletom cinzento erguendo-o a pouca altura, mas o suficiente para exibir a barriga pálida. Pouco a pouco revelou o sutiã preto usado pela garota e não parou até que a peça de frio estivesse fora daquele corpo. Deixou um beijo rápido em seu colo antes de levar os mesmos dedos até o botão da calça usada pela artista. Buscou permissão com os olhos castanhos e quando a teve, lentamente empurrou o jeans para baixo. A aspereza do tecido arranhava a pele de porcelana e onde as pontas dos dedos de Camila tocavam-na, Lauren sentia verdadeiro fogo. Quando a posição exigiu, a latina não se importou em ajoelhar-se para concluir a tarefa.

Àquela altura tudo o que a artista era capaz de fazer resumia-se em tremer e ofegar. Tinha sua garota preferida de joelhos diante da parte de seu corpo que mais negava e que ao mesmo reagia tão bem a presença e proximidade da amada. Sim, amava-a. Já. Intensamente. – Camila. – Chamou sem ter o que dizer. Karla queria provar por gesto, o quão confortável sentia-se com o corpo da outra e Lauren queria declarar-se com os olhos, mas não apenas amor como também admiração e confiança.

Gastaram alguns segundos mais naquelas posições entregues a tantos sentimentos que confessavam mudas. – Calma. – Pediu ao erguer-se enfim. – Calma, Jauregui. – Pousou suas delicadas mãos sobre o peito e coração de Lauren. – Eu prometi acalmá-la, lembra-se?

– Você. Você é o sossego para o meu coração. – Disse ao mesmo tempo em que compreendeu. Sossego não é um lugar, praia distante ou campo tranquilo. Sossego não é sentimento ou estado de espírito que existe sem alguém, se encaixa em todos e mora em um dicionário. O seu sossego era pessoa, uma única pessoa, sua paz sem ponto. Ou melhor, paz com reticências. 

[…]

A manhã do dia seguinte não deixou espaço para a preguiça. Camila, Dinah e Lauren tomaram café juntas antes de seguirem para o campus. – Como está? – A artista perguntou baixo.

– Bem. – Foi a resposta de Karla. – Tenho uma surpresa para você quando toda essa tensão desaparecer. – Confessou. – Quando a decisão for divulgada, seja ela qual for, você e eu estaremos juntas aproveitando essa surpresa.

– Camz, eu… – Buscava palavras que pudessem tranquilizar sua namorada de alguma maneira, mas no momento em que se decidiu sobre o que dizer, teve sua atenção desviada até a considerável multidão que cercava o acesso principal para o prédio da coordenação, onde a reunião que trataria das acusações contra Camila e seu diretório aconteceriam.

– Que merda está acontecendo ali? – Dinah foi a primeira a se pronunciar. – Fiquem aqui, eu vou descobrir. – Temendo alguma forma de confusão a latina apertou as mãos da namorada, chamando-a para mais perto. Envolveram-se em um abraço apertado e seguro enquanto aguardavam a volta da loira, o que não demorou. – Vocês não vão acreditar!

– O que está acontecendo, Dinah?

– Essas pessoas, todos esses alunos estão aqui em nosso favor, Mila. – Abriu um largo sorriso ao explicar. – Para se posicionarem a nosso favor, a favor de seus cursos e diretórios e contra as práticas injustas da Universidade.

– Como é?

– Venha ouvir. Venha logo! – A loira se apressou para dentro da confusão e em direção ao interior da coordenação acadêmica.

– Vá logo atrás dela, vá descobrir, Camz. – Lauren incentivou a latina que ainda parecia incerta sobre o que fazer ou como reagir ao que acontecia diante de suas vistas.

– É o que farei. – Agarrou belo rosto da morena e beijou-o com demora. – Mantenha em mente o que eu disse sobre a surpresa. E sabe, a vida não é feita para o sossego, mas você o trouxe mesmo assim. – Acariciou seu rosto com a ponta dos dedos. – Obrigada. – E então partiu atrás da amiga.

Confusa, mas esperançosa, Lauren girou sobre os calcanhares para sair dali e aguardar por notícias em qualquer lugar mais distante da confusão que apenas crescia, mas surpreendeu-se ao encontrar outra pessoa lhe observando de perto. – Você conseguiu. – Allyson comentou com um sorriso no rosto. Parecia falso aos olhos de Lauren, mas como sempre era uma tarefa quase impossível a de interpretar as intenções da pequena loira.

– Você de novo. Por que não me deixa em paz?!

A mais baixa puxou o pirulito da boca e sorriu ainda mais largo sem se importar com a rudez da morena. – Para quê tanto estresse? Não se preocupe tanto.

– Do que está falando?

– É claro que as palavras de uma caloura não convenceriam toda aquela multidão da assembléia. Afinal, esse tipo de comoção só acontece nos filmes. Contudo, os outros diretórios gostaram bastante do seu discurso e isso serviu para aproximá-los de seus alunos a ponto de instigá-los a uma disputa antiga contra a Universidade. Parabéns Lauren. Você deixou a sua garota segura no momento em que deu aos outros diretórios um motivo mais nobre para lutarem e uma razão para apoiarem o terceiro bloco também em troca de apoio nessa tal disputa.

Lauren negou. Não havia feito nada disso, ou havia? – Como eles souberam?

– Alguns membros estavam lá e com os outros eu mesma conversei.

– Você conversou?! Mas por que faria isso se nem ao menos gosta da minha namorada? E como é que eu fiz tudo isso?

– Com tão pouco você deu gás aos estudantes e acendeu uma centelha que cada diretório fará questão de transformar em fogo vivo. A propósito, você não é a pessoa que eu pensava ser e nem tampouco é como Camila e eu, o que me intriga. É surpreendentemente boa com as palavras, embora pareça ter se acostumado ao silêncio e quem diria que havia tanto guardado aí dentro? Diga-me o que mais há para se descobrir sobre a garota que se esconde naquele moletom? – A artista gelou. – Você é diferente. – A frase soava mal, estranha quando dita por outra boca que não a de sua Camila. – Você é mesmo diferente e acredite, mais pessoas estão percebendo, olhos verdes. 



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