História Itwcf - Flight

•• 10 anos depois ••

 

Jimin dormia serenamente enquanto pequenos feixes de luz, indicando o início da manhã, que escapavam das cortinas e balançavam com a suave brisa do verão, batiam em seu rosto o que o fez acordar.
Abriu seus pequenos olhos despertando aos poucos enquanto tateava seu lado da cama em busca de outro corpo por puro costume.

E de novo não tinha ninguém ao seu lado.

Isso também tinha virado costume.

Jimin odiava o fato de não ter aquele sorriso, aquele cheiro, aquelas típicas palavras, bom dia e eu te amo, toda manhã quando abria os olhos. Ele odiava o fato de não ter mais seu marido por perto, ele odiava isso ter virado costume, rotina.

Se enrolou ainda mais no lençol se encolhendo. Doía, só Deus sabia como doía em Jimin a ausência de Jungkook. Ele não queria se levantar, queria ficar no meio daquele lençol e chorar, como fazia a maioria dos dias em que não ia trabalhar.

Mas ele não podia.
Hoje seria o dia de reencontrar seus amigos depois de algum tempo sem se verem. Ele devia estar feliz e animado. E foi usando esses argumentos que decidiu sair da cama.
Entrou no banheiro e se olhou no espelho. Olheiras. Era o que ele via enquanto se olhava. Passou a mão em seus fios loiros os tirando do rosto, teria que passar maquiagem para se encontrar com os amigos se não acabaria em um interrogatório feito por Seokjin. Terminou sua higiene matinal e foi até a cozinha daquela casa que agora parecia tão silenciosa, enorme e vazia.

Ainda era bem cedo. Ligou a cafeteira e enquanto esperava o café foi trocar a água e a ração de ChimChim, seu gato persa alaranjado. Jungkook deu o apelido de Jimin para o gato dizendo que ele é fofo e a cor de seus pelos  lembrava a Jimin quando estava ruivo. Mas Jimin achava que na verdade o gato deveria se chamar Suga, porque o felino tem o humor, a preguiça e o ar de superioridade de Yoongi.
Assim que colocou a nova ração no pote chamou o gato que estava deitado em cima do sofá, mas o felino simplesmente o encarou. Jimin sabia o que ele queria. Queria ser carregado até o pote de ração.

— Você é uma bola de pelos muito abusado e preguiçoso… mas eu te amoooo. — Jimin disse ao gato enquanto o pegava no colo e apertava.

Quando colocou o gato perto de sua comida ouviu o som da cafeteira avisando que o café estava pronto. Ele pegou sua caneca e se sentou no balcão da cozinha assoprando seu café puro enquanto balançava as pernas no ar. Começou a pensar sobre o dia que iria ter, no reencontro do grupo, estava animado.

Mas não se sentia completo.

Na verdade ele se sentia sozinho e vazio.

Jimin se perguntava se Jungkook tinha noção do quanto fazia falta, ou se ele sentia falta dele ao ponto de escutar sua voz o chamando e pensar ter visto sua sombra com o canto dos olhos, como acontecia frequentemente com Jimin.

Deixou um suspiro cansado sair enquanto descia do balcão deixando sua caneca meio vazia de lado. Foi em direção ao seu quarto sabendo que o que iria fazer não melhoraria em nada sua situação.
Abriu a porta devagar, ainda pensava se seria uma boa ideia. Entrando foi em direção ao closet, bem lá no fundo do mesmo, praticamente escondido, viu uma caixa de papel estampado com cores suaves e uma fita de seda verde-água. A encarou por 5 segundos antes de a pegar e subir na cama desfazendo seu laço.

Era uma caixa especial.

Tinha coisas importantes guardadas nela como, um filtro de sonhos feito por Jihyun, o irmão mais novo de Jimin, que enquanto viajava pelo EUA conheceu uma tribo de nativos norte-americanos e sua cultura. Jihyun viajava o mundo e sempre mandava lembranças para Jimin. Em sua última viagem mandou um filtro dos sonhos junto de um cartão postal do Arizona. Jimin o havia pendurado perto de sua cama mas ChimChim gostava de brincar com as penas azuis degradê e acabou arrancando uma, então Jimin resolveu guardar o presente.
Tinha o colar de Jungkook dado por sua falecida mãe, ele o guardou com medo de perder a única coisa que tinha dela, já que seu pai se desfez das coisas da esposa e Jungkook acabou perdendo a casa por dívidas do Sr. Jeon com o banco.

E também tinha um álbum de fotos, ele era grosso pela quantidade de imagens.

Jimin pegou o álbum o abrindo e deixando lembranças o invadirem. As primeiras páginas eram composta por fotos de Jungkook e Jimin mais novos, no ensino médio, com seus amigos. Fotos deles carregando Yoongi depois do time de basquete ganhar um campeonato. Do show de talentos onde Hope se apresentou com seu grupo de dança. Deles na detenção depois de uma “pequena” bagunça no corredor do bebedouro iniciada por Jimin e V, ou por qualquer outra coisa que Jimin não se lembra já que os sete sempre acabavam lá, e como a Sra. Lee se preocupava mais em achar seus óculos, eles tiravam muitas fotos.

Jimin sentiu o peso dos anos que se passaram enquanto passava aquelas páginas. Ele se lembrava de tudo como se fosse algo recente, mas já havia se passado 10 anos. Se  lembrou da época em que suas únicas preocupações eram: qual coreografia ensaiar com junto com Hope, qual cor pintar o seu cabelo, qual simpatia fazer para ser notado por Jeon Jungkook…

Sorriu ao ver as fotos e relembrar, a última festa da escola, a formatura de Kook na faculdade, a primeira exposição de seus quadros, a primeira foto tirada na casa onde moravam. Fotos do casamento de Yoongi.
Jimin soltou uma risada, ainda era difícil de acreditar que Suga foi o primeiro a se casar. Nessa época Jungkook e Jimin ainda estavam noivos, já que infelizmente casamento gay na Coréia do Sul não era algo tão fácil.

Yoongi estava no último período em uma faculdade de administração, mas ainda jogava basquete. E foi em um jogo que acabou conhecendo uma menina loira e sorridente, ela era estrangeira e cursava jornalismo.
Rose era australiana, mas tinha seus olhos puxados por causa de seus pais japoneses, e morava na Coréia do Sul com sua pequena filha Maddie. Era difícil para ela ser mãe solteira tão jovem, fazer faculdade e trabalhar, mas ela lidava muito bem com tudo e Yoongi ficou encantado pela garota. Ele não se importava com o que as pessoas pensavam e falavam dela e dele. Eles começaram a namorar e depois de tempo estavam moramos juntos. Yoongi adora Maddie e a ama como uma filha legítima. Só faltava o pedido de casamento, esse que Yoongi fez enquanto estavam na fila em uma loja da Fini comprando doces para o dar às crianças no dia das bruxas, mas sabemos que quem comeria mesmo os doces era Suga.
Jimin nunca imaginou que veria Yoongi, que gostava de sair com diversas garotas e caras e que não parecia ligar muito para relacionamentos sérios, tão apaixonado. Ficou feliz por ele ter encontrado o amor. E mais ainda quando ele aceitou ser seu sócio na empresa que Jimin herdou do pai.

Jimin mesmo sendo expulso de casa naquela época acabou herdando a empresa multinacional da família. Seu irmão queria viajar o mundo, sua mãe queria gastar, administrar uma grande empresa não fazia o seu estilo e seu pai queria que o seu trabalho de uma vida não fosse parar em qualquer mão, então em seu leito escreveu o testamento pediu desculpas ao filho mais velho e deixou tudo para ele. O loiro achou que enlouqueceria, nunca se imaginou sendo o CEO da empresa da família. Ele pediu ajuda a Suga que o salvou explicando várias coisas já que Jimin não estava preparado para o cargo. Jimin não poderia negar o pedido do pai que faleceu, mas também não poderia fazer aquilo sozinho, hoje Jimin e Yoongi comandam uma das empresas mais produtivas da Ásia.

Mas as coisas nem sempre terminam com um final feliz. Depois de alguns anos Rose adoeceu. Ela estava com câncer. Diagnosticada com leucemia. Jimin a conheceu bem e pode dizer que ela era uma boa pessoa e foi forte até o fim. Yoongi ficou muito mal e ainda tinha a pequena Maddie. Foram tempos difíceis para eles. Hoje em dia Yoongi cuida de Maddie, que agora tem sete anos, não foi difícil conseguir a guarda na justiça, já que os avós maternos não faziam questão de ficar com a loirinha. O que deixou Suga com muita raiva, como eles poderiam se negar a cuidar de uma criança tão doce e tão parecida com a mãe.
Jimin viu depois das fotos do casamento, que foi na praia, no final da folha um polaroid tirado por Rose que estava em cima do Suga enquanto o mesmo dormia e deu um sorriso enquanto uma lágrima caia. Ela era uma boa amiga.

Passou as grossas páginas do álbum até chegar ao casamento de Seokjin e Namjoon.
Todos já sabiam que, o que sentiam um pelo outro não era só amizade. Demoraram até demais para se assumirem como casal, por motivos, segundo eles, de insegurança. Mas segundo Jimin era puro cu doce.
No dia do casamento Jin estava muito nervoso e parecia um anjo em seu terno branco e com uma coroa de margaridas na cabeça, mas virou um demônio quando viu Monster entrar no seu quarto querendo o ver antes da hora. Jimin riu ao se lembrar que os meninos perturbaram Mon o chamando de carente, por não conseguir ficar algumas horas sem Jin.
Foi uma bela cerimônia organizada no quintal da família Kim, os pais de Seokjin o apoiavam e estavam muito felizes pelo casamento. Estava tudo perfeito até Hope deixar Namjoon segurando as alianças por exatamente 10 segundos que foram o suficiente para elas sumirem. Quase, mas quase que Jin descobre, e isso poderia dar em divórcio antecipado. Depois dos padrinhos muito procurarem acabaram achando debaixo do sofá, como foi parar lá nem o próprio Namjoon soube dizer.
No fim saiu tudo perfeito, só na festa que algumas coisas apareceriam quebradas, tipo a taça dos noivos, mas nada que já não esperavam que acontecesse.

As próximas fotos fizeram Jimin prender a respiração, seu peito se apertou e suas mãos tremerem. Era para ele se sentir bem e feliz, olhando para elas e recordando de uma data tão especial, mas sentia vontade de chorar. Chorar por ver o sorriso de Kook em cada uma delas e sentir saudades de ver aqueles lábios que tanto conhecia se formando em um sorriso pessoalmente. Não que ele não estivesse sorrindo nas outras fotos, mas nenhum daqueles sorrisos se comparam ao do dia do seu casamento.
Demorou um pouco, mas Jimin e Jungkook, depois de uma pequena briga para saber qual dos dois sobrenome usariam -Jeon ou Park- no final acabaram sorteando e Park ganhou, sim eles fizeram um sorteio, se casaram. O casamento deles não foi na praia como o de Yoongi, não foi em um belo jardim como de Mon e Jin, e nem em um salão enorme igual ao de Hoseok. Jimin e Jungkook se casaram no cartório.
Jimin ainda lembra da sensação gostosa de borboletas no estômago que teve assim que Kook o olhou nos olhos dizendo sim, de seu corpo tremendo de leve quando ele segurou em sua mão colocando a aliança jurando seu amor eterno, do seu rosto corado de felicidade por assinar um papel. Foi tudo tão simples e tão perfeito. Seokjin fez questão de preparar um jantar, que tava mais para banquete, para eles que logo após foram para lua de mel nas Ilhas Maldivas.

Jimin se lembrava da lua de mel. Das manhãs agradáveis e turísticas naquela ilha tão linda e das noites em que ele e Kook iam jantar em restaurantes que ficavam debaixo d’água. E essa noites sempre acabavam com ele e Kook se amando de forma intensa no quarto de uma cabana, em que estavam hospedados, em meio aquele mar cristalino.

Tinha uma foto em particular que chamou a atenção de Jimin. Era uma foto de Kook sorrindo admirado com o mar que brilhava no escuro. Na visão de Jimin o mar parecia o céu estrelado, e a estrela mais brilhante com certeza era Jungkook.
Jimin tirou a foto do álbum a segurando com suas mãos. Ele não conseguia parar de admirá la, ela era tão linda, Jungkook era tão lindo, que devia ficar em um porta retrato não dentro daquela caixa velha.

Os dois viveram junto por anos. Se amaram intensamente por anos. E Jimin não sabia dizer em que momento se distanciaram. Quando foi ver a maioria das coisas de seu marido já não estavam mais lá. Ele já não estava mais lá.
Fazia meses que não se falavam. Doía demais. Jimin sentia saudades, mas também se sentia culpado e por isso nem tocava no seu telefone quando Jungkook o ligava. E depois de um tempo ele parou de ligar.

O loiro fechou o álbum, ainda tinha mais fotos para ver, como as do casamento do Hope com Seulgi, uma garota simpática e alegre que conheceu na faculdade, ela era de sua turma na academia de dança, mas não conseguiria olhar para nada além da foto que segurava nas mãos. Se deitou na cama lentamente. Já sentia seu nariz ardendo por causa das lágrimas. Jimin queria gritar até JungKook o ouvir, até que ele voltasse pra casa, até que ele voltasse pra ele.

•✧•
 

Jimin acordou com o barulho irritante do seu celular. Ele tinha caído no sono e nem perceberá. Ainda segurava a foto de Kook.
Se esticou para pegar seu celular em cima do criado mudo, logo o desbloqueando. Era Yoongi, mandou um monte de mensagens e a maioria era ofensas por Jimin está demorando para responder.

Min Suga:
JIMIN!
Dá pra você responder logo
Projeto de anão do caralho

Jiminnie:
Bom dia pra você também Yoongi
Vejo que acordou de bom humor

Min Suga:
Porra!
Pensei que você tinha
entrado em coma de novo

Jiminnie:
Ha ha ha
Agora você sabe o que eu sinto
tu você me ignora
e quando vou vê
cê tá dormindo

Min Suga:
-’-
Calado
Só queria avisar
que vou sair de casa às 10h
Tenho que esperar o Minjae chegar
Ele vai ir comigo e com a Mad
Você vai querer carona?

Jimin olhou as horas, e ainda era 7:32 A.M. Ia demorar muito até às 10h, ele iria sozinho mesmo.

Jiminnie:
Ah, não precisa
Vou sair daqui a pouco

Min Suga:
Ok então.

Jiminnie:
Vou indo
XO
Tchau
Bye bye
Beijokas
Até mais tarde
Beijinhos de luz

Min Suga:
Vai tomar no cu.

Jimin riu bloqueado a tela do celular e se levantando da cama. Irritar Suga era uma de suas atividades favoritas. Deixou a foto de Kook em meio aos lençóis brancos bagunçados e foi até o banheiro.

Depois de tomar banho saiu do banheiro enrolado em uma toalha e foi até o closet. Ultimamente Jimin não ia a muitos lugares além do trabalho, então só usava terno para ir a empresa e jantares de negócios. Ele simplesmente pegou as primeiras peças que viu, uma calça justa e uma blusa preta. Resolveu pegar uma jaqueta jeans meio surrada, que era de Jungkook, já que estava naquela época da estação em que de dia fazia calor e a noite frio. E sapatos também pretos.
Já arrumado e com sua carteira e celular no bolso. Colocou seus óculos escuros e foi até a sala pegar as chaves do carro. Logo depois saiu de casa. Jin e Mon ainda moravam naquela antiga cidade, ficava duas horas da onde Jimin morava atualmente. Foi até a garagem entrando em seu carro prata e deu partida.

•✧•

O loiro tentava prestar atenção no trânsito, nas rodovias e atalhos que pegava, mas seus pensamentos sempre voltavam a Jungkook. Ele já estava acostumado a passar o dia pensando nele. Mas hoje estava mais forte, talvez seja pelo fato de que sempre iam juntos ver os amigos. Ligou o rádio pra tentar se distrair. Uma música estava começando, Jimin a reconheceu. Era Heaven do Bryan Adams. Era a música que ele cantava para Jungkook quando o mais alto não conseguia dormir. Isso fez o loiro lembrar das vezes em que estavam abraçados deitados na cama e Kook o pedia pra cantar.
Jimin apertou com força o volante enquanto mais uma lágrima descia involuntariamente pelo seu rosto. Respirou fundo e esticou o braço tentando achar o botão de desligar do rádio enquanto prestava atenção na estrada, ele teria o desligado se não tivesse visto a placa da entrada da cidade. Passou por ela e avistou a cidade que não parecia ter mudado nada ao longo dos anos. A música ainda tocava quando Jimin passou em frente ao parque em que ele e Jungkook tiveram seu primeiro encontro, quando ele passou em frente a antiga casa dos Park já tocava outra música, mas o loiro mal notou, mais três quarteirões e avistou sua antiga escola. Estava tudo do mesmo jeito, nada havia mudado naquela velha cidade tão longe das estrelas.

•✧•

Parou o carro em frente a casa de Namjoon e Seokjin. Recolocou seus óculos escuros, pegou a jaqueta que estava no banco ao lado e saiu do carro. Deu três batidas na porta e ouviu um “Já vai”.
Monster abriu a porta com um sorriso que foi sumindo e virando um bico.

— Hey! Eu não sou tão feio pra você fazer essa cara… A menos que eu tenha atrapalhado algo… — Falou Jimin já abrindo um sorriso malicioso.

Mon ia falar alguma coisa, mas um Jin de cabelo rosa apareceu atrás dele abrindo mais a porta. Ele segurava o pequeno Seo Joon, que parecia ter acabado de acordar, no colo. Seo tem 2 anos e é o filho mais novo deles. Era o bebê mais fofo da face da terra, segundo Jimin.

— A única coisa que você atrapalhou foi as expectativas do Namjoon de não ter que limpar fraldas hoje Chim. — Disse Jin entregando o filho ao marido e depois indo em direção a Jimin sorrindo e o puxou para um abraço.

“Jin sempre tão caloroso, como uma Omma.”  Jimin pensou enquanto o mais alto o arrastava para dentro da casa. Foram até a sala de estar onde tinha alguns brinquedos espalhados pelo chão e passava um desenho na TV.

— Ele foi o primeiro a chegar como eu disse, e você dizendo que seria o Hoseok. — Jin falou com um sorriso de vitória.

— Deixa eu vê se entendi… vocês apostaram quem chegaria primeiro e quem perdesse cuidaria do filho? — Perguntou Jimin.

— Isso mesmo. — Namjoon falou simplista enquanto uma criança muito curiosa mexia em seu cabelo castanho claro.

— Quem foi que deixou vocês adotarem essa criança?!

— Olha aqui seu gnomo, somos ótimos pais tá! — Falou Jin bagunçando os fios loiros de Jimin o fazendo rir. — A questão é que eu estava certo e o Nam errado.

— Ele sempre atrasa, e justo hoje ele decide chegar cedo? Como eu iria adivinhar? — Mon disse revirando os olhos fazendo Seo Joon dar uma risada fofa em seu colo.

Jimin parou de rir e mordeu os lábios. Ele realmente sempre se atrasava, mas era por causa de Jungkook. E como faria para pronunciar em voz alta que Jungkook não estava com ele dessa vez, sem que seu coração doesse? Por sorte não precisou, a conversa foi interrompida por uma menina de 6 anos correndo até Jimin. A menina de olhos castanhos e cabelo preto lisinho era Yeon Seo, a filhinha mais velha de Nam e Jin. Seus pais biológicos eram chineses e se mudaram para Coréia do Sul por causa do trabalho, a menina tinha nascido em solo coreano, mas mesmo assim quando ela foi deixada no orfanato com um ano as pessoas não a adotavam por sua descendência chinesa. Quando Jin e Nam a levaram com eles ela já tinha três anos e ficou super feliz por ter dois pais tão carinhosos.

— Tio Minnieeee! — Gritou a pequena enquanto abraçava Jimin fazendo os mais velhos na sala rirem.

— Olá Yeon quanto tempo, eu estava com muita saudades. — Jimin falou se abaixando e retribuindo melhor o abraço da menina.

— Eu também tio! Você gostou do cabelo do Appa Jin? Eu que ajudei ele a pintar. — A pequena falou de um jeito fofo olhando com admiração para o cabelo rosa claro do pai. Até que ela se da falta de mais alguém. — Ué, cadê o tio Kookie?

Jimin engoliu seco. Provavelmente todos o fariam essa pergunta, menos Yoongi e Jin. Via Suga diariamente e esse sabia de tudo. Seokjin também sabia o que estava acontecendo com o seu casamento, já que conversavam bastante pelo telefone e Jimin se sentia melhor com alguém para desabafar, por isso toda vez que o restaurante em que Jin era Chef, o Tosokchon Samgyetang, estava com o movimento baixo e Jimin sem fazer nada no escritório, eles conversavam. Jin era quase um psicólogo ouvia tudo atentamente, dizia palavras de conforto e às vezes dizia o necessário.
E quando tinha pegado coragem o suficiente para responder a pequena que o olhava atentamente, Jin o salvou.

— Nam o Seo Joon acabou de acordar, de um banho nele, os outros meninos já devem estar chegando por aí. Yeon ajude o Appa com o almoço… — Jin falou já puxando a menina, que estava muito empolgada, até a cozinha, ela parecia ter esquecido completamente da sua pergunta sem resposta.

Mon levantava o filho no alto fazendo a criança rir enquanto ia até as escadas. Jimin não ficou sozinho com seus pensamentos por muito tempo, já que ouviu batidas na porta. Jin gritou um “Abre a porta pra mim Chim” da cozinha. E foi o que o loiro fez.
Abriu a porta e encontrou um ruivo dono do maior sorriso que conhecia. Parado na entrada estava Hoseok com seu filho, Jaehyun, e sua esposa, Seulgi.

— JIMINNIE! — Exclamou Hope entrando e abraçando o loiro que ria com a típica empolgação do amigo.

Logo depois eles entraram e Jimin abraçou Seulgi, ele se virou para falar com Jaehyun, mas a criança não estava mais lá. O rosto de Jimin estampava uma expressão confusa o que fez os outros rirem.

— Ele deve ter ido atrás de Yeon, faz tempo que eles não se vêm.— Falou Seulgi.

— Onde está todo mundo?  — Perguntou Hope.

— Jin tá na cozinha preparando o almoço, Mon está dando banho no Seo, Yoongi só chega mais tarde e eu não sei se o Tae vai vir, já que ele não veio dá última vez. — Jimin disse a última parte meio desanimado. Taehyung estava morando do outro lado do mundo e estrelou filmes que faziam sucesso. Não era fácil vê-lo. E Jimin estava com saudades de seu melhor amigo, mas jamais diria isso pra ele, ou pra qualquer outra pessoa.

— Eu vou ver se o Jin precisa de ajuda. — Seulgi falou indo até a cozinha. Duas crianças passaram por ela feito bala em direção as escadas, ela pediu pra que eles não corressem tanto e logo entrou na cozinha deixando Jimin e Hoseok sentados no sofá conversando.

•✧•

Seulgi ainda estava na cozinha com Jin, mas agora brincava com Seo em seu colo. As crianças brincavam no quintal dos fundos. Mon, Hope e Jimin conversavam animadamente na sala, quando ouviram batidas na porta. Mon foi atender e era Yoongi com a Maddie e Minjae, que era namorado de Suga.

— Amor, o Yoongi chegou! — Gritou Mon para Jin ouvir na cozinha. Suga foi até a sala e depois de comprimentar os outros sentou, se jogou, no sofá ao lado de Jimin o empurrando de leve, o que fez o loiro fazer uma careta e mostrar a língua.

— Que maturidade Park Jimin. — Suga debochou e Jimin apenas revirou os olhos.

Minjae era Sous Chef no restaurante onde Jin trabalhava e já havia sumido junto com o mesmo e com Seulgi, devem ter ido para cozinha. Os outros voltaram a conversar, só que agora tinha Suga e seu sarcasmo presentes na conversa. Maddie, que usava seus óculos quadrados e segurava uma bola de basquete, quase que grande demais para ela, se sentou do outro lado de Jimin apenas observando os adultos conversando, tão pacífica comparada as outras duas crianças na casa. Jimin a observou e pensou em como ela era parecida com Yoongi. Vai vê era a convivência.

— Vai ser só a gente? — Suga perguntou.

— Acho que sim. — Respondeu Hope.

— Então… — Mon ia falar mas foi interrompido por duas crianças que vinham correndo até a loirinha que se levantou para falar com eles.

— Não corram crianças, se o Jin pegar vocês, cês tão fud… ferrados. — Disse Jimin. Ele que estaria fudido se o Jin pegasse ele xingando na frente das crianças. Ouviu os outros rindo dele e acabou rindo também.

— Tio Jiminnie! — Exclamou Jaehyun que só pareceu notar a presença do loiro agora.

Jaehyun é extremamente energético que nem o pai, não parava um minuto. Ele tinha a idade de Yeon Seo, mas era alto quase na altura de Maddie que era mais velha.

— É, você nem falou comigo. Chegou e já saiu correndo. — Disse Jimin fingindo mágoa na voz enquanto fazia cosquinhas na criança. — Uau, você cresceu tanto desde a última vez…

— O único que não cresce aqui é você idiota. — Jimin ouviu a voz grave vindo da porta que acabou de ser aberta. — Só na Coréia do Sul para as pessoas deixarem as portas destrancadas mesmo.

Um Taehyung, que também estava loiro, entrou na sala. Fazendo as crianças soltarem um grito e irem em sua direção, até Mad deixou sua bola de lado. Eles adoravam Tae, ele não tinha filhos, mas amava crianças. Elas o deram um abraço em trio e ele retribui rindo. Yeon soltou do abraço e chamou as outras duas crianças para a seguir até o quarto, subiram as escadas correndo como sempre.

— TaeTae!! — Falou Hoseok indo abraçar o loiro, e o abraço tão forte que Taehyung ficou vermelho.

— Tae não sabia que você viria. — Disse Jin aparecendo na sala com um sorriso enorme por ver o amigo depois de tanto tempo e foi o abraçar também.

— Mas eu avisei ao Mon… — Falou V se virando pra Namjoon.

— Namjoon! — Disse Suga imitando Jin quando ele repreende o marido, fazendo os outros rirem. O branquelo também levantou para abraçar V.

— Er… Então… O Tae vai vir. — Mon falou dando um sorriso que mostrou suas covinhas, tentando disfarçar o fato dele ter esquecido de avisar os outros sobre Tae, e pareceu funcionar só com Jin.

Jimin não teve tempo para dar um soco em Taehyung por ter o chamado de idiota, já que as crianças desceram correndo as escadas o puxando para o quarto.

Era isso. Estavam todos lá, ou quase. Ninguém mais perguntou por Jungkook, o que deixou Jimin aliviado. Ele não queria falar sobre o assunto ou pensar nele, então ele entrou na conversa que rolava entre seus amigos e tentou afastar ao máximo qualquer pensamento relacionado ao marido.

•✧• 

Jimin observava o céu em tons alaranjados através da janela da cozinha de Jin. Daqui a pouco começaria a escurecer. Ele estava lavando as louças do almoço, que não eram poucas. O almoço tinha sido muito agradável e divertido, como sempre era quando se encontravam. O dia tinha sido ótimo.
O desânimo de Jimin não passou despercebido por seus amigos, que o conheciam bem, e ficou muito mais evidente quando o loiro se ofereceu para lavar a louça. Era óbvio que ele queria ficar um pouco sozinho, perdido em seus pensamentos enquanto os outros estavam na sala. Mas o que ele queria não importava muito para Kim Taehyung que foi até a cozinha.

— Eu enxugo! — Exclamou V pegando o pano de prato em cima do balcão e indo até Jimin o balançando.

— Então você finalmente vai ser út… O que aconteceu com o seu cabelo! — Jimin não segurou o riso quando viu seu amigo cheio de pregadeiras coloridas e enfeites com brilho no cabelo.

— As crianças se empolgaram um pouquinho. — Tae falou rindo também enquanto pegava um prato já limpo o secando.

— Ficou uma graça. Tem sorte de elas não terem pintado ele de rosa. — Jimin disse enquanto voltava a lavar os talheres.

— Eu ficaria lindo de cabelo rosa. Eu fico lindo de qualquer jeito, você sabe disso Bolinho. -Tae fez uma cara de convencido que logo foi desfeita assim que Jimin o tacou um pouco de água.

— Não é pra tanto Alien. — Jimin disse rindo e V revirou os olhos.

— Nós não conversamos muito durante o dia. — Tae falou se encostando na bancada da pia encarando Jimin, que desligou a bica e o encarou de volta. — Eu vi que ninguém tocou no assunto, mas eu vou perguntar… Cadê o Jungkook?

Jimin engoliu em seco antes de responder.

— Em algum lugar na Europa, talvez, eu não sei. — Jimin pronunciou as palavras devagar, suspirou e abaixou a cabeça encarando seus pés. — Faz tempo que não nos falamos.

— Jimin… — V o chamou baixo se aproximando do amigo, como fazia quando eram pequenos e não queriam que as outras pessoas ouvissem suas conversas. — Me conta o que tá acontecendo com vocês?

— Eu não sei Tae... Talvez eu tenha dado importância demais para o trabalho, quando não ficava muito em casa. Talvez ele tenha dado importância demais para seus quadros, quando ficava trancado dentro daquele estúdio. — Jimin levantou o rosto encarando V. Já sentia lágrimas nos olhos, mas não iria chorar. Não agora. Agora ele colocaria tudo pra fora e então só no final choraria. E esperaria Taehyung o abraçar e secar suas lágrimas como sempre fazia. Eles tinham esse laço entre eles, e um sempre enxugaria as lágrimas do outro. E por isso Jimin não se seguraria, colocaria tudo para fora. — Eu não sei exatamente quando nos afastamos, quando percebi isso ele já estava arrumando as malas. Eu não tive coragem de pedir para ele ficar e nem para ir com ele. Era o sonho dele expor suas obras pelo mundo e ele conseguiu. Não podia pedir pra ele não ir, mas ele também não pediu para mim ir com ele. E desde que ele foi eu não o liguei. Eu falava pra mim mesmo que tinha o fuso horário e eu não queria atrapalhar ele, talvez eu tenha usado isso como desculpa. Talvez ele só quisesse espaço. Eu não sei. São muitos talvez e eu realmente não sei o que fazer. Depois de um tempo ele começou a me ligar, mas eu não tinha coragem de atender. Me sentia culpado demais, por tudo. Principalmente por termos nos distanciado. Tudo isso é uma droga Tae, porque eu o amo. Amo tanto. E essa distância dói, dói como inferno. E eu… eu…

Jimin não conseguia falar mais nada, já estava com as mãos nos olhos e soluçando como uma criança. V o abraçou o puxando para baixo, sentaram ali mesmo no chão da cozinha. O mais alto o abraçava forte enquanto fazia carinho em seus fios loiros tentando o passar conforto.

— Shhh… Tá tudo bem, pode chorar. — O coração de V se apertou. Doía vê Jimin assim, tão frágil e triste. Alguém que sempre foi alegre e que não se abatia rápido. Ficaram em silêncio por um tempo até as lágrimas de Jimin cessarem.

— Tae… — Jimin chamou o amigo que pareceu estar perdido em pensamentos. V olhou para aqueles olhos inchados atentamente. — Obrig…

— Ah não, tantas coisas maravilhosas que já te dei, tipo a minha maravilhosa presença… — V o cortou, fingindo uma falsa irritação. — E você vem me agradecer justo no que não tem necessidade nenhuma. Aish!

Jimin consegui soltar uma pequena risada. Ele encarou Taehyung, e pensou sobre a vida do amigo. Os outros estavam casados, alguns tinham filhos, mas Tae ainda estava solteiro. O que era estranho para alguém que sempre sonhou em formar uma família e ter alguns filhos. Ele estava no auge de sua carreira como ator. Estrelando filmes e séries. Jimin se perguntava se Tae tinha tempo para problemas do coração. Ele sempre era visto por revista de fofoca saindo com pessoas, mas ele sempre teve facilidade em fazer amizades, e Jimin não sabia dizer se algum desses eram realmente encontros.

Ele se lembrou de uma, de muitas conversas que tinha com Tae atrás da escola, em que Jimin falava em como odiava o fato de Kook bancar o hétero e V só ria. Ele perguntou a Tae se ele não gostava de ninguém, só por perguntar e para sua surpresa o menino disse que sim. Falava tanto de seus sentimentos e nunca tinha parado pra pensar se o amigo também tinha. Jimin perguntou quem era, mas V não queria dizer. Até hoje Jimin não sabia quem era, se era uma menina ou um menino, se era um desconhecido ou um de seus amigos. Mas ele deduziu que para ele não ter dito quem era, era porque Jimin conhecia a pessoa. Ele ficou pensando se Taehyung ainda gostava dessa pessoa, já que nunca viu o amigo namorando.

— Jimin para de me encarar. Já falo logo que não vou te beijar.

— AIGOO! SAI! — Jimin disse saindo dos braços de V ajeitando o corpo e se encostando no armário da pia atrás de si. Enquanto divagava em suas lembranças não percebeu que encarava o amigo. Tae riu da reação de Jimin, mas ainda encarava o nada em sua frente. Jimin o chamou. — Tae…

— Hmm…

— Você ainda gosta da mesma pessoa que gostava a uns anos atrás?

— Você ainda lembra disso é? — V falou com um sorriso estampava seu rosto. — Eu a amo.

— Você é idiota ou o que? Por que não está com ela?

— Porque ela não gosta de mim da mesma forma Chim.

— Como pode ter tanta certeza? Depois de tantos anos, e você nem ao menos tentou.

— Eu tenho absoluta certeza. Eu não falei por medo de que ficasse um clima estranho ou de perder a amizade, porque ele é o tipo de pessoa que não faria isso, ele faria de tudo pra isso não acontecer. Se eu dissesse para ele naquela época, ele poderia até ter tentado algo achando que também poderia sentir o mesmo, mas eu sei que não ia. E eu não me arrependo de não ter falado. Hoje ele é feliz e tem uma família. E eu o amo o bastante pra ficar feliz por isso. — V virou para Jimin que ouvia atentamente suas palavras. — Ninguém fica com alguém pra ser feliz Jimin. Eles já precisam estar felizes para ficarem juntos, pra dá certo, eles tem que somar. Não são todas as pessoas que conseguem encontrar o amor, mas existem pessoas que conseguem encontrar mais de uma vez. Eu ainda não desisti, então não se preocupe, Ok. Tenho certeza que vou encontrar alguém, eu não tenho pressa.

— V você é um idiota... — Jimin falou fazendo o outro rir. — mas é um gênio. Tenho certeza que vai encontrar alguém. É impossível que exista alguém no mundo que não se apaixone por Kim Taehyung, o astro de Hollywood.

— Que isso, não é pra tanto. Foram só 7 filmes e 2 séries de sucesso.

— Retiro tudo que disse e fico só com a parte de você ser um idiota. — Jimin falou o empurrando com o ombro. — Quando alguém te elogia você agradece e não fica se gabando Seokjin.

A comparação fez o outro loiro rir fazendo Jimin o acompanhar.

— Ouvi meu nome! — Falou um Jin que apareceu do nada na cozinha fazendo os dois no chão se assustarem. — O que vocês estão fazendo sentados aí? Ainda tô vendo louça na pia.

— Já vamos terminar Omma! — Disseram Jimin e V se levantando.

— Omma! Omma! — Veio Seo Joon chamando Jin enquanto andava aos tropeços até o pai, com três caras super adultos atrás achando uma graça o pequeno andando sozinho. Seulgi e Minjae ficaram na sala conversando enquanto ficavam de olho nas outras três crianças que jogavam videogame.

— Appa! É Appa, e não Omma querido. — Disse Jin pegando o filho, que já estava em suas pernas tentando o escalar, no colo. — Um dia aqui e vocês já estão influenciando meus filhos?

Jin falou indignado fazendo todos ali rirem. Jimin e V voltaram a lavar o resto da louça enquanto todos conversavam.

Já estavam quase terminando quando Namjoon questionou V, atraindo a atenção dos outros.

— Quando você vai embora Tae?

— Não sei, vou ficar por um bom tempo em Seul. Me chamaram para gravar um dorama. — V falou secando o último copo, todos o olharam com espanto. — O que foi?

— Você só diz isso pra gente agora. — Perguntou Jin.

— Ah, é porque era surpresa. Só que eu esqueci. — Disse coçando a cabeça. — Enfim, SURPRESA!

— Ai Deus, eu estou cercado por antas!

— Não é ? Incrível como as pessoas não evoluem. — Falou Jimin logo depois apanhando de V com o pano de prato, o loiro mais baixo agarrou o pano o puxando pra tentar tirar do outro.

— E você é a prova disso né Jimin. -Falou Hope fazendo Jimin perceber que estava parecendo uma criança e larga o pano.

— Olha só quem fala o Sr. Esperança/Escândalo!

E foram essas palavras que fizeram um debate começar entre os seis que no final acabaram rindo. Na visão de Jimin eles não tinham mudado muito desde a escola, só ficaram mais velhos e comportados. Isso era bom. Tem certas coisas que não deviam mudar mesmo.
 

Suga, Maddie e Minjae foram os primeiros a se despedirem. Depois foram Hoseok, Jaehyun e Seulgi. V iria passar a noite na casa de Jin e Nam e só iria para seu novo apartamento alugado em Seul no outro dia. Só faltava Jimin. Ele pensou em ficar lá também e passar a noite conversando com Taehyung, mas Tae insistia para que o loiro voltasse para casa e dizia que eles ainda teriam muito tempo para fazer festinhas de pijamas, já que ele estava na Coréia de novo. “Festinhas de pijamas” foi o cúmulo para Jimin se despedir de todo mundo e ir embora também.

Dentro do carro o loiro suspirou, lá estava ele voltando para aquela casa vazia. Ficar se lamentando não daria em nada, então ligou o carro e dirigiu.

•✧•

Chovia forte quando Jimin entrou em sua garagem com o carro. A casa estava toda escura. Ele se repreendeu por não ter deixado nenhuma luz acesa. Sua visão se acostumava com escuro enquanto buscava o interruptor da sala. Já com as luzes acesas Jimin tirou a jaqueta que estava usando e a jogou em cima do sofá. Observou a sala, estava do mesmo jeito que tinha deixado antes de sair. Só uma coisa que não estava lá, ChimChim devia estar dormindo em cima do sofá como sempre e ele não estava, isso era estranho, mas não era impossível. Jimin apenas deu de ombros e apagou as luzes deixando o cômodo escuro de novo. O gato devia estar escondido em algum lugar da casa, se ele não aparece mais tarde o procuraria, agora estava cansado. Ele só queria tomar um banho e deitar.

Assim que entrou no corredor Jimin, que estava indo em direção ao quarto, parou bruscamente. No fim do corredor ficava o estúdio de Jungkook. Já fazia muito tempo desde a última vez em que Jimin entrou lá. Eram onde Jungkook pintava seus quadros. Quando começaram a se distanciar Kook passava o dia ali dentro, e Jimin ficava cada vez mais longe daquela porta, ele não queria atrapalhar, mesmo quando Kook foi para sua turnê de exposição Jimin ficou longe.

E agora aquela porta que só vivia fechada estava aberta, a luz acesa banhava o corredor escuro. Jimin estava nervoso. Porquê aquela porta estava aberta? Será que era algum ladrão? Ou talvez Jungkook tenha voltado? Jimin não sabia, mas todas as opções faziam seu coração acelerar. Caminhou lentamente até a porta aberta.

O cômodo era espaçoso, com janelas grandes que mostravam a chuva que batia com agressividade contra o vidro fazendo um barulho alto. Havia potes de tintas e pincéis no chão, algumas telas estavam em branco outras pintadas com lindas paisagens, mas as que chamaram a atenção de Jimin era as que tinham seu rosto desenhado nelas. Eram tantas, cada uma feita de um jeito de diferente da outra, mas todas tinham o mesmo rosto. O loiro ficou estático na porta quando percebeu quem mais estava ali.

Jungkook estava sentado virado de costas para a porta. Ele estava usando uma calça de moletom cinza e uma blusa branca de mangas cumpridas, que foram puxadas até os cotovelos, manchada de diversas cores de tinta, assim como seus dedos que seguravam um pincel. Jungkook olhava atentamente para tela em branco em sua frente e fazia contornos, que para Jimin eram só linhas, mas para Jungkook era o começo de mais um retrato, de um rosto que não sai de seus pensamentos.

ChimChim dormia serenamente em seus pés. O gato foi o primeiro a notar a presença de Jimin, ele deu um miado manhoso e passou por Jimin na porta indo em direção a sala. Parecia até que o gato tinha ficado ali com Jungkook como uma forma de não deixá lo ir de novo antes de Jimin chegar. Kook percebeu a ausência do gato e olhou para seus pés, não vendo nada, olhou para trás.
Assim que viu Jimin, Jungkook largou o pincel se levantando e ficando de frente para o loiro. Seu rosto estava sujo de tinta azul e seus olhos levemente a inchados.

Ele estava chorando? Jimin pensou. Não sabia o motivo das lágrimas de Jungkook, mas vê lo assim partia seu coração.

Nenhum dos dois falou nada, apenas se encararam por segundos que pareceram longos minutos. A cabeça e o coração de Jimin estava a mil. Ele não estava alucinando, Kook estava ali e, mesmo todo sujo de tinta, estava tão lindo. Então ele finalmente tinha voltado. Jungkook voltou para casa, mas será que tinha voltado para Jimin também? O loiro não sabia, mas estava com tanta saudades. Só queria o abraçar. E foi o que fez. Quando Kook ia falar algo, Jimin cortou a distância entre eles o envolvendo com os braços. Jungkook ficou parado pela surpresa.

— Eu estou todo sujo… — Falou Jungkook.

— Eu não me importo. — Jimin disse com a voz abafada por estar com a cabeça enterrada no peito do maior. O loiro o apertou mais e respirou fundo sentindo o cheiro que fazia tanta falta.

Jungkook retribuiu o abraço como se sua vida dependesse disso, o que não era mentira. Jungkook não sabia como tinha passado tanto tempo longe daqueles braços. A distância entre eles tinha o quebrado e só Jimin conseguiria o salvar.

Jimin levantou o rosto ao mesmo tempo em que Kook abaixou o seu, fazendo suas testas colarem. Tinham muitas coisas para conversar e esclarecer, eles sabiam, mas isso poderia esperar. Eles estavam com saudades, dos beijos, dos toques, das sensações que um provocava no outro. Jimin sentia a respiração de Jungkook batendo em seu rosto, suas bocas estavam tão próximas uma da outra. O loiro se sentiu arrepiar quando Jungkook tomou seus lábios com tanta vontade.

O beijo ficava mais intenso a cada movimento que faziam. Jimin agarrou sua cintura o puxando para mais perto, se é que isso era possível. Jimin queria o sentir, queria matar essa saudade que já o estava  enlouquecendo. Jungkook agarrou sua nuca segurando seus fios com possessividade ditando os movimentos do beijo enquanto sua língua explorava a boca do outro. Jimin o empurrou até a parede, derrubando potes de tintas e suportes pelo caminho, em busca de apoio.

As mãos de Jimin já estavam por dentro das blusa de Jungkook logo a retirando. Kook já respirava com dificuldade quando o loiro jogou sua blusa em qualquer lugar e arrastou os lábios da mandíbula até a clavícula sentindo o cheiro daquela pele que tanto amava. Jungkook jogou a cabeça para trás dando liberdade para Jimin fazer o que quisesse. O loiro não demorou muito para começar a chupar, morder e lamber o pescoço alheio, enquanto o prensava mais na parede fazendo seus membros já despertos se tocarem em um fricção gostosa.

Jungkook soltava gemidos baixos. Quando Jimin largou seu pescoço, Kook retirou sua blusa a jogando no chão e logo depois sua calça deixando o loiro apenas com uma box preta. Jimin agarrou em seu pescoço pulando e prendendo suas pernas em volta da cintura de Jungkook. O maior segurou em suas coxas as apertando firmemente enquanto saia do estúdio e ia para o quarto.
Jungkook sentou na cama com Jimin em seu colo. O loiro tomou seus lábios enquanto o empurrava o fazendo deitar na cama. Um beijo necessitado, seus troncos nus se tocaram fazendo Jimin sentir como estavam quentes. Todo aquele tesão era tão inebriante para o loiro. Jungkook se sentia entorpecido, os beijos que Jimin espalhava pelo seu corpo o fazia enlouquecer mais.
Jimin se ajeitou entre as pernas de Jungkook. Sentou na cama tendo a visão privilegiada do maior, ainda deitado, tão entregue. O loiro enquanto arranhava o abdômen de Kook, não tirava os olhos de suas expressões, ele mordia os lábios e o olhava com desejo. Jimin retirou a calça de Kook o deixando só de box vermelha. Foi a vez de Jimin morde os lábios, Jungkook estava tão duro que fazia a boca do loiro salivar. Passou a mão pelo volume que marcava a box e apertou. Jungkook soltou um gemido mais alto. Não existia som melhor aos ouvidos de Jimin, ele queria mais, ele queria o ouvir a noite toda.
Jimin passou as mãos pelo elástico da box ameaçando a tirá la. A quilo era uma tortura para Jungkook, sentia seu membro latejar, só queria se livrar daquele maldito pano.

— Ji-Jiminnie… Aaawn… Hmm... — Kook gemeu arrastado enquanto Jimin enfiava a mão dentro de sua box.

Ouvir Jungkook gemendo seu nome foi como um gatilho. Parou de enrolar e tirou sua última peça a jogando longe. E sem enrolação enfiou todo o membro de Jungkook na boca o chupando. Jungkook arqueou as costas e gemeu alto pela surpresa. A boca de Jimin era maravilhosa, quando o menor a usava em qualquer parte de seu corpo fazia Jungkook ir do céu ao inferno em questão de segundos. Ele não se segurou, agarrou os fios loiros os puxando para descontar o tesão, deixou que Jimin ditasse a velocidade. Kook não conseguia segurar, e nem queria, seus gemidos que aumentavam junto com a velocidade em que Jimin o chupava.

Jimin foi diminuindo a velocidade até tirar sua boca por completo, ouviu um murmúrio de reprovação de Kook. Jimin começou a massagear o membro do maior com sua mão esquerda, levou os dedos de sua mão livre até sua boca os chupando bem. Encarava Jungkook com luxúria.

Jungkook fechou os olhos e mordeu os lábios quando Jimin contornou sua entrada com o dedo indicador, que estava bem lubrificado. O loiro enfiou o primeiro dígito e depois de Kook se acostumar começou a movimentá lo, enfiou o segundo começando os movimentos de tesoura. Jungkook gemia sofrido pelo desconforto. Jimin ainda o masturbava quando enfiou o terceiro dedo começando a estocá lo, depois de um tempo Jungkook começou a rebolar em busca de mais contato.

Jimin retirou seus dedos e parou masturbação, fazendo Jungkook grunir. O loiro deu um sorriso, que pra Kook foi o sorriso mais sacana que já viu, e tirou sua box. Ele estava tão duro, tão excitado que chegava a doer. Já livre da peça afastou mais as pernas de Kook. Voltou a ficar por cima do maior e marcou ainda mais seu pescoço suado. Iniciou um beijo quente ao mesmo tempo que começou a penetração. Não era sempre que Jungkook era o passivo, Jimin não queria o machucar, então foi devagar. Jimin engolia todos os gemidos de dor de Kook enquanto o beijava vorazmente. Quando Jungkook se acostumou com seu volume, Jimin entrelaçou seus dedos em cima de sua cabeça, apertando mais as mão conforme ia aumentando a velocidade das estocadas.

— Aaawn… Ma-Mais rápi-pido… Jiminnieee… — Jungkook gemia manhoso. E assim o loiro fez, o estocava mais rápido e forte.

Jimin só notou como sentia falta de amar Jungkook, agora que estava fazendo isso. Sentia falta de seus toques, sua pele, seu suor, seu cheiro, seus beijos, de tudo.

No quarto só se ouvia o barulho da chuva batendo na janela, os corpos se chocando, Jimin arfando e Jungkook gemendo.
Jungkook gritou rouco quando Jimin acertou sua próstata. Jimin aumentou a velocidade das estocadas só tocando no ponto sensível de Jungkook, que arranhou as costas do loiro deixando marcas vermelhas em sua pele clara. Jimin começou a masturbalo na velocidade das estocadas.

— Vamos Kookie, goza pro seu Minnie… — Jimin sussurrou em seu ouvido, logo depois mordendo seu lóbulo. Foi só ouvir essas palavras que Jungkook explodiu sujando a mão do loiro. Jimin se deleitou com a expressão de Jungkook chegando ao ápice. Urrou gozando dentro do maior.

Saiu de dentro de Jungkook e deitou em seu peito sentindo seus corações acelerados se acalmarem e suas respirações regularizarem. Fechou os olhos quando sentiu Jungkook o abraçar.

Depois de um tempo Jimin levantou ficando de joelhos e sentando em cima dos pés, Kook que se ergueu usando seus cotovelos para se apoiar na cama, encarou Jimin com curiosidade e levantou uma sobrancelha. Jimin sorriu maliciosamente enquanto olhava Jungkook.

— Já cansou? —Jimin disse ainda com seu sorriso no rosto. Jungkook abriu um sorriso e vendo que a mão de Jimin ainda estava suja, ele pegou a mão do loiro e chupou seus dedos. Jimin vendo que aquilo era uma confirmação para o 2° round, que ele queria, sorriu anasalado e disse:

— Ok, sua vez. Você sabe como eu gosto…

E não demorou muito para ficarem excitados de novo, para Jimin ser prensado na parede enquanto Jungkook puxava seu cabelo, mordia seu pescoço e o estocava forte fazendo Jimin gemer alto.

O dia já estava clareando quando foram tomar banho, não paravam de se tocar. Uma noite inteira não seria o suficiente para matarem a saudade, e nem todo cansaço do mundo conseguiria fazê los se distanciarem.

Jimin estava deitado em frente a Jungkook que acariciava seu rosto, ele se perguntava o que o maior estava pensando. Eles já estavam de banho tomado e deitados sobre a cama, ninguém tinha dito uma só palavra.
Jungkook contemplava a beleza indescritível do loiro, beleza essa que não saia de seus pensamentos enquanto estava longe de casa. Jungkook não parou de pensar em Jimin, em momento algum. Às vezes nem ia a sua própria exposição, ficava dentro do quarto, de um hotel caro em que estava hospedado, com uma folha de papel e um lápis ou uma tela e um pincel. O deixavam em paz achando que ele estaria fazendo uma obra que custaria milhões, mas na verdade estava pintando rosto de uma pessoa que para eles era qualquer um, mas para Jungkook era alguém importante, alguém que significava tudo. Ele poderia viver para sempre e rodar o mundo, mas seria em vão, jamais acharia outra pessoa que fizesse seu coração acalmar com um sorriso e acelerar com um toque.

— Desculpa. Eu sei que sempre me distancio quando tô trabalhando em algo novo, mas dessa vez foi demais. Eu senti saudade, muita saudade. — Jungkook disse quebrando o silêncio. Jimin tirou a mão de Kook do seu rosto e entrelaçou seus dedos, suspirou antes de voltar a encará lo.

— Você e essa sua mania de sempre me pedir desculpas por algo que não fez. — Jimin o encarava profundamente. — A culpa é minha. Eu fui um idiota. Nós vivemos juntos à anos e eu te conheço bem, sei quando precisa de espaço para pintar, mas acabei dando importância demais para o trabalho e usando a desculpa de que não queria te atrapalhar. Eu deixei isso acontecer.

— Então nós dois temos uma parcela de culpa. Não acredito que depois de tanto tempo acabamos nos distanciando por falta de diálogo. — Kook deu uma pequena risada fazendo Jimin o acompanhar. — Eu te amo mais que a mim mesmo, lua da minha vida.

— Eu te amo, meu sol e estrelas.

— Então você finalmente viu Game of Thrones?

— É, tive bastante tempo de dor e sofrimento disponível para vê séries que causam dor e sofrimento.

— Eu saio por alguns meses e você fica mais dramático ainda. — Jungkook disse sorrindo revirando os olhos e puxando Jimin para seus braços, o abraçando forte fazendo seus corpos ficarem colados.

— E-eu… aaah... Não sou dramático. — Jimin falou bocejando. Ele estava cansado e o sono começava a bater, mas ele não queria dormir. Tinha medo de tudo aquilo ser só um sonho e que quando acordasse Jungkook não estaria lá como de costume.

— Shiii… — Kook sibilou para Jimin se calar, o maior viu que o loiro estava com sono. Acariciou seus fios claros e começou a cantar:

Oh! Thinking about all our younger years
(Oh! Pensando em nossos tempos de juventude)
There was only you and me
(Só existia eu e você)
We were young and wild and free
(Nós éramos jovens, selvagens e livres)

Now, nothing can take you away from me
(Agora, nada consegue te levar pra longe de mim)
We've been down that road before
(Nós já estivemos naquela estrada antes)
But that's over now
(Mas agora já acabou)
And I keep coming back for more
(E eu continuo voltando para ter mais)

Baby, you're all that I want
(Meu bem, você é tudo o que eu quero)
When you're lying here in my arms
(Quando você está aqui deitado em meus braços)
I'm finding it hard to believe
(Eu acho isso difícil de acreditar)
And love is all that I need
(E o amor é tudo o que eu preciso)
And I found it there in your heart
(E eu achei isso em seu coração)
Isn't too hard to see
(Não é tão difícil de enxergar)
We're in heaven
(Estamos no paraíso)

Jimin ouvia a voz que mais amava e adormeceu lentamente nos braços do maior. Se sentia vivo de novo, se sentia seguro e completo. Poderia parecer clichê, mas ele poderia ficar para sempre ali, naqueles braços. Sentiu Jungkook beijando sua testa antes de cair em um sono calmo e profundo.

•✧•

Jimin acordou lentamente se espreguiçando, passou sua mão ao seu lado da cama a procura de outro corpo como de costume, mas não tinha nada lá. O loiro levantou assustado, era para Jungkook está lá, não era?
Mas logo olhou para o lado e seu coração se acalmou. Estava um caos, os lençóis estavam totalmente bagunçado de um jeito que só Kook deixaria, pegou o travesseiro do maior e inalou aquele cheiro que tanto amava.

Quando se levantou da cama se sentiu meio dolorido, percebeu que estava seminu e com marcas pelo corpo. Mordeu o lábio tentando prender o sorriso bobo por lembrar da noite que teve. Depois de ir ao banheiro fazer suas higienes matinais e colocar uma blusa, foi até a cozinha em busca de Jungkook.
Na mesa da cozinha tinha um copo de suco meio vazio, e um gato deitado observando o dono. Jungkook estava sentado à mesa mexendo em alguns papéis. Jimin não conseguia segurar o sorriso, foi andando até o marido e o abraçou por trás.

— Que papéis são esses? — Jimin perguntou deixando beijo carinhoso na nuca do maior. Kook se virou para encará lo.

— Divórcio. — Jungkook falou sério. Jimin fez uma expressão de espanto e logo começou a bater em Kook. — Calma… Calma Chim! Eu só tô brincando.

— Você me faz cardíaco Park Jungkook, não faça seu marido ter um infarto. — Jimin falou logo cruzando os braços e fazendo um bico. Ele estava totalmente fofo, isso fazia o coração de Kook derreter.

— Vem cá. — Jungkook riu e puxou o loiro para um abraço. — Eu te amo e jamais vou te deixar. — Selou a boca de Jimin iniciando um beijo calmo que fazia o coração de ambos se aquecerem. — Esses papéis são a escritura de um galpão que eu comprei. Vou abrir uma galeria aqui na cidade.

— Uau! Isso é muito legal amor. Mas você voltou ontem e já está com os papéis?

— Na verdade eu já estava vendo isso enquanto estava em Londres. Ontem eu passe na imobiliária, peguei os papéis e vim para casa.

— Você chegou ontem e não foi no Jin, sabe que eles vão ficar com raiva.

— Eu estava cansado da viagem. Mas não se preocupe, eu marquei um jantar com todos hoje no Tosokchon Samgyetang, até porque vocês não podem considerar um encontro oficial se estiver alguém faltando.

—Então as outras vezes não foram, porque Taehyung nunca estava.

— Eu encontrei com ele ontem no aeroporto.

— O que? E àquele falso no não me disse nada. Agora entendi o porquê de tanto elogio dele como ator.- Jimin disse com cara de quem já estava planejando uma vingança, fazendo Jungkook rir.

— Hoje vão estar todos, os sete… — Jungkook parou um tempo para refletir. — É, nós estamos meio velhos para passar vergonha…

— Ah pode ter certeza que vamos passar vergonha, isso nem o tempo pode mudar.

Jungkook riu concordando com a cabeça, deu um selo em Jimin antes de voltar a mexer nos papéis em cima da mesa.

— Você já pode ir se arrumando, só vou terminar aqui e vou fazer o mesmo.

— Hã? Eu acabei de acordar, nem tomei café da manhã e você já está pensando no jantar? E o dia ainda está claro.

— Já são 16:00 horas.

— Oi? 16:00 horas? Tá, está tarde para o café da manhã, mas ainda tá muito cedo para a janta.

— Vamos passar em um local antes, então se vista bem.

— Vamos aonde? — Jimin perguntou desconfiado. Jungkook encarou o loiro pensando se faria surpresa ou se contava. — Ah, fala logo. Sem mais surpresas por favor.

— Ok, o Suga me falou que você estava pensando em vender suas ações na empresa e eu estava querendo abrir uma galeria aqui na cidade, vamos ficar mais tempo em casa... então acho que já está na hora da família crescer.

— Jungko…

— Vamos ao orfanato. — Kook disse sorrindo, estava querendo fazer isso a muito tempo e era o momento certo. — Eu liguei para a madre falando que iríamos lá e se lembra dos gêmeos que conhecemos daquela vez que fomos com o Nam e o Jin busca o Seo Joon? Então, eles ainda estão lá.

Jimin sentiu uma lágrima descer pelo seu rosto, mas ele estava sorrindo. Eram lágrimas de felicidade. É claro que ele se lembrava do pequeno casal de gêmeos, eram as crianças mais adoráveis que já tinha conhecido. O loiro estava feliz, muito feliz. Jungkook tinha voltado para casa e sua família cresceria. Ele não conseguiria explicar como se sentia mesmo se tentasse, então fez o que sempre fazia quando não tinha palavras, beijou Jungkook esperando que o maior entendesse seus sentimentos através daquele beijo.

 

~THE END~²