História If we were together... (Sonadow) - Fogo do Inferno

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Era uma madrugada estranha. A chuva insistente e a névoa densa cobria boa parte da paisagem do reino. Sonic seguia com olhar cada curva das gotas deslizando na janela de vidro, como pequenas estrelas cadentes a procura de um bom lugar para pousar. O barulho das pesadas gotas o deixava mais calmo, assim como mais nervoso, já que tudo parecia mais confuso em sua mente. Os sentimentos brigavam tanto entre si, que era algo semelhante às frequentes batalhas entre as tribos bárbaras, e já estavam a ponto de deixá-lo sem expressão alguma. Seus olhos ainda lacrimejavam, embora ele lutasse para pôr um fim naquele choro involuntário. Ele queria, pela força mais divina que houvesse na Terra, sumir daquele planeta. Ele não aguentava pensar em todas as pessoas que um dia compartilhou sua confiança e no fim, percebeu que estas preferem oferecer lealdade a uma pessoa de mau caráter do que para si.

De repente, sua pequena orelha azul mexeu-se em direção a porta. Bem discretamente, porém perceptível pelo azulado, Silver entrou no dormitório, sem esperar permissão. Estava ali por preocupação, pois o café da manhã fora servido e nada de sua majestade comparecer.

- Chegou a hora, majestade. - Silver fez um sinal de respeito e aguardou por uma resposta. Entretanto, mesmo após vários segundos, ele não ouviu nada de volta e foi forçado a insistir. - Bem, se não quiser ir, tudo bem, só imaginei que vossa majestade gostaria de presenciar a execução da traidora.

Sonic apenas suspirou como resposta. Estava jogado de frente em uma cadeira de estofado de couro, ainda vestindo suas roupas do casamento recente e seu cabelo todo bagunçado. Não dormira e nem sentira fome. Não queria fazer nada além de ficar ali, solitário, observando tudo e nada ao mesmo tempo. Contudo, Sonic tinha uma sensação tão forte de vingança que não o impediu de responder o prateado.

- Nah… eu já irei. Não perderia por nada ver uma vadia mentirosa ser torturada pelo fogo do inferno. - Sonic disse, seu tom firme e com certo ódio. Silver chegou a surpreender-se com as palavras de baixo calão ditas por quem devia ter a mais alta das educações. - Perdão… fui desrespeitoso, não?

- Tudo bem, majestade. Entendo e compartilho de sua raiva. - Silver assentiu, ainda imóvel perto da entrada do quarto.

- Fico feliz que ela tenha sobrevivido ao veneno de manticora. Foi eficaz para desmascará-la, porém, por ser uma bruxa, ela resistiu. Pelo menos, ela, além de sentir suas veias queimando pelo ácido, agora sentirá sua pele se desfazendo. E espero que isso seja uma tortura suficiente a ela. - o azulado afirmou, levantando-se e arrumando o colarinho de sua blusa. Iria com aquela roupa mesmo, principalmente por não dar tempo de vestir algo melhor. Então, se aproximando de seu primo prateado, ele envolveu-o com seus braços, sabendo que o sofrimento dele era maior que o seu. Silver sentiu um pouco de medo pelo ato do outro ouriço, talvez pelas psicopatas palavras ditas antes. Mas, não hesitou em responder, afinal, dias difíceis requerem carinhos de graça. - Eu sinto muito…

- Eu que sinto. Você ia se casar com quem um dia eu chamei de irmã. Me sinto culpado de não ter conhecido esse lado dela antes, para então impedi-lo de pôr sua vida em risco, majestade.

- A culpa não foi sua. Não tinha como saber. E, por favor, somos parentes. Não há porque me tratar com tanto respeito.

Silver assentiu. Ambos os primos permaneceram juntos na forma do abraço por mais alguns instantes. Foi então que Sonic levantou-se e seguiu dormitório afora, sendo logo seguido pelo prateado.

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As chamas começaram a aumentar, alimentando-se da lenha velha jogada ali. Rouge encontravam-se acima da pilha de lenha, amarrada a uma tronco atrás de si e envolta por uma cela de ferro, repleto de espinhos voltados a si, a fim de impedir uma movimentação interna.

Ela ria numa insanidade enorme e quase inexplicável, como se o arrependimento estivesse longe de atingi-la. O fogo começou a atingir seus pés e os gritos de dor começaram a ser forçados pulmão afora.

Sonic saiu em meio a multidão e encarou fixamente seu semblante agoniado. Ele se mostrava sério e sem uma gota sequer de compaixão à mulher sendo queimada pouco a pouco.

O interessante era que as únicas coisas que viravam pó cinza eram seu comprido vestido usado no casório. Pois, no fim, a pele da bruxa ia se transformando em um tipo de porcelana repleta de rachaduras, dando um ar mais macabro à fisionomia de Rouge.

- Você pensa que eu não sei de seu segredinho… - a morcego dizia alto para que todos ao seu redor pudessem ouvir, parando às vezes para rir de forma alienada. - Você pensa que boiolas como você não vão para o inferno também?

Sonic fez um breve suspense, já sabendo que metade da população que presenciava à execução já sabiam que a informação pertencia a si. Todavia, não ligou e ainda olhando dentro dos olhos da albina, respondeu:

- Então nos vemos lá.

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Amanheceu e o sol tímido deixou seu papel para as nuvens, o que fez o dia mostrar-se nublado e cinzento. Shadow negou-se a ir ao ritual de execução da bruxa albina, mais pela situação estar ligada ao fato de que ele já sentiu paixão por ela. E vê-la queimar a sua frente certamente causaria desconforto, o que provavelmente teria de guardar para si mesmo por vergonha do que as pessoas ao redor iriam pensar.

Seja como for, o ouriço negro aproveitou e dormiu o máximo que pôde, o que não foi muita coisa, devido a preocupação dele em relação ao seu amante. Ele ofereceu-se para dormir junto, porém Sonic negou com uma voz entristecida. Por mais que Shadow fosse alguém teimoso, ele sabia que aquilo só era um pedido de um tempo sozinho e que deveria ser respeitado.

Descendo ao jardim real, o ouriço negro percebeu vários quadros nos vários corredores do castelo, cada um recheado com quadros feitos a mão retratando quase toda a história da família real. Também havia vários móveis com objetos tão invejáveis ao ponto de querer roubá-los. Contudo, sabia que o motivo pela qual Sonic sofria era uma traição e não podia completar a desgraça fazendo tal ato ilícito.

Passando pelo portão que dava ao jardim, percebeu Sonic treinando com sua espada ao meio da grama recheada do orvalho da madrugada. Ele rodopiava, dava saltos e avançava com a brilhante arma em ataques mortais. Vez ou outra, ele atacava uma árvore aleatória ao seu redor, gritando feito um animal insano.

Ao perceber a presença do negro por perto, o azulado cessou seus ataques de fins a descarregar sua raiva e observou seu amado enquanto ele se aproximava. Por estar parado, acabou ressaltando sua respiração ofegante.

- O que está fazendo aqui? - Sonic foi bastante direto e indelicado com o outro ouriço, assim que ele chegou perto o suficiente para ouvi-lo.

- Estava caçando uns unicórnios no castelo e acabei te encontrando. - respondeu-lhe ironicamente Shadow, cruzando os braços de forma a expressar desgosto pelos maus tratos.

- Já encontrou o que procurava. Agora, se me der licença…

- Sonic, qual seu problema? - o negro o interrompeu ao perceber o estranho comportamento do amante. - Só por causa dos acontecimentos recentes vai começar a jogar a culpa em mim!?

- N-não, é-é que… - o azulado abaixou levemente a cabeça e suas orelhas, como se estivesse arrependido. - Me perdoe, eu só… não sei se devia confiar em alguém novamente.

Nisso, Shadow compreendeu toda a situação. Analisou o ambiente a procura de alguém que pudesse presenciar, aproximou-se do menor e abraçou-o novamente, beijando delicadamente sua testa.

- Não posso te forçar a confiar em mim. A confiança não é algo arrancado e sim adquirido. Mas posso te convencer, se for o caso.

- N-não precisa… eu confio em você, Shadow… - o azulado disse, escapando mais uma lágrima.

O negro separou-se dos braços alheios e sorriu de canto para Sonic, que logo surpreendeu-se ao ver aqueles lindos e brancos dentes novamente. Como resposta, sorriu também, mas na forma de uma alegria mais perceptível. Logo, ele se afastou do negro, de forma a caminhar em direção à um cesto cheio de espadas. E, ao fazê-lo, deu espaço para Shadow observar Asa Flamejante dormindo ao lado do lago.

- Sua grifo é bastante inteligente. Eu ainda não entendo como ela me encontrou.

- Eu contei sobre você a ela. - comentou o azulado enquanto retirava uma dentre as várias espadas no cesto. - E quando o fiz, estava ainda com seu cheiro da noite passada. Acho que foi assim que ela te achou. - e jogou a segunda espada em sua mão para o negro, que pegou no ar.

- Hã? - ele examinou a arma sem entender nada.

- Vamos treinar juntos. O primeiro que for derrubado pelo outro pagará um castigo. - Sonic afirmou, arrancando um sorriso provocativo do outro.

- Então pode ir desistindo porque eu já venci. Que tipo de castigo você terá de pagar?

- Eu não ficaria tão confiante assim, faker.

- Você me chamou de…

- EM GUARDA! - o azulado o interrompeu, pondo-se em posição defensiva.

Shadow não pensou duas vezes. Ao ouvir tais palavras, saiu em disparada em direção ao oponente e girou sua espada em um ataque lateral. As espadas se cruzaram e o barulho do metal se chocando ecoou por todo o local. Depois, tentou acertá-lo em seu joelho, para derrubá-lo, porém foi impedido pela lâmina do outro desviando a sua. Então ambos atacaram ao mesmo tempo, fazendo com que o encontro entre as armas gerasse pequenas faíscas. Aproveitando o momento, Sonic contornou a espada do oponente e fez pressão para que esta fosse ao chão. O ouriço negro era mais forte, mas o golpe o pegou de surpresa. O azulado então, pisou rapidamente na espada que estava bem próxima do chão, afundando-a terra abaixo. Com o adversário basicamente desarmado, Sonic jogou seu corpo sobre o de Shadow e selou seus lábios, o derrubando sob a grama verde.

- Ganhei! - Sonic, ainda por cima do oponente, comemorava enquanto levantava seus braços acima de sua cabeça. - Avisei você para não ser arrogante! - e deu uma piscadela.

- Tá… - e revirou seus olhos. - Qual vai ser meu castigo? - o negro não se sentiu muito confortável em perguntar, mas sentiu-se forçado a ter conhecimento do que teria de passar.

- Seja submisso a mim esta noite… - o azulado respondeu, seu semblante abrindo-se em um sorriso malicioso.

Shadow sentiu as bochechas queimarem ao ouvir tal pedido. Uma imagem de como seria surgiu em sua mente, o que o fez sentir certa revolta em ter que bancar o passivo. Girando seu corpo, o negro empurrou o peito de Sonic a fim de afastá-lo para então jogá-lo no chão e prender suas mãos acima de sua cabeça. Mesmo com o movimento, o azulado não mudou sua expressão.

- Nem em seus sonhos!

- Aposta é aposta.

- Majestade… - uma voz estranha foi ouvida entre ambos. Em um movimento coordenado, eles olharam para frente - ou para cima, na visão deles - e perceberam um guarda ali fazendo o gesto de respeito. Ele vestia uma armadura de aço, com uma espada pendurada dentro de uma bainha de mesma cor. Um elmo cobria sua face, o que não impediu que ambos percebessem o leve desconforto do soldado ao ver aquela situação, já que ele não olhava para o rei e sim ao horizonte, como se ninguém estivesse ali. Sem delongas, ele prosseguiu - A líder da tribo dos tigres brancos está aqui e deseja ter uma conversa com vossa majestade.

Constrangido, Shadow logo levantou-se de sua posição, dando espaço para que o parceiro fizesse o mesmo. Sentia suas bochechas queimarem mais do que nunca.

- Blaze The Cat? Nossa, há anos que não a vejo… - Sonic comentou, tentando disfarçar a circunstância um pouco vergonhosa enquanto levantava-se.

- Ela o aguarda no salão de visitas. - completou e caminhou de volta ao castelo, de forma a deixar os dois apaixonados a sós.

- Não acredito que tive de passar por isso… - o ouriço negro cobriu sua face totalmente avermelhada pela vergonha.

- Só porque você estava comigo?

- Ah, claro, lá estava eu, em cima do poderoso rei numa posição nem um pouco erótica. - retrucou sarcasticamente Shadow, retirando suas mãos de seu rosto e cruzando seus braços rente ao seu peito.

- Sabe que eu acho fofo quando fica corado dessa forma, não é? - Sonic comentou, abraçando-o por trás e colocando sua cabeça em seu ombro. - Nós estamos igualmente ferrados, quem se importa? - e soltou uma risada gostosa a ponto de contaminar o parceiro também.

- Ok, agora vá, ela está te aguardando. - o negro o lembrou, retirando as mãos do azulado de seu abdômen.

- Está certo. Mas não pense que eu esqueci da nossa aposta. - e deu uma piscadela antes de dirigir-se de volta ao castelo.

To be continued...