História If we were together... (Sonadow) - Venenos e Esmeraldas

Esfregou seus olhos. Embora Shadow soubesse bem com quem estava lidando, não se arrependia de ter o feito. Por mais que ele sempre viu o poderoso rei como apenas uma pessoa arrogante e egoísta, ele sabia que aquilo era só uma mentira, espalhada pela mais invejosa de todas ladras. Ele já devia saber que não devia confiar em Rouge. Mas agora, sabia mais do que nunca. Quem poderia pensar que alguém como o rei mataria um súdito em particular? Não há lógica para isso, ainda mais que sua “irmã” nunca tivera um sequer caso criminoso, diferente dele mesmo.

“Por que eu não me questionei sobre isso?” Shadow repetia em sua mente, tentando entender o porquê de tudo aquilo.

Cortando seus pensamentos, um barulho de um grito abafado veio de suas costas, no quarto. Ao olhar através da porta que dividia o quarto e a sacada, pode ver sua majestade suando frio, como se estivesse com medo de algo fictício. Mas sabia que aquilo era consequência de outra coisa.

-Onde eu estou…? - Sonic se perguntou, baixinho, observando o quarto ao seu redor. Embora o pé direito parecesse alto, o cômodo se mostrava pequeno. Mas talvez era por causa de toda a bagunça espalhada por todo lugar. De comidas estragadas até utensílios de luta, como espadas e arcos se encontravam ali. Ao lado da cama, havia uma enorme porta, da qual dava ao que parecia ser a sacada. E nesta, lá estava o seu herói por acaso, olhando para si, com a mesma expressão da qual olhava para a morcego albina.

-Você está no meu quarto, caso não tenha percebido. - respondeu grosseiramente a figura negra, observando-o pelo canto dos olhos - Eu o trouxe aqui. - e virou-se de costas, observando atentamente a lua, que estava quase tocando o horizonte, dando espaço para o majestoso sol entrasse em seu lugar e iluminasse o novo dia. Com isso, Sonic pode observar o outro ouriço mais atentamente, já que a escuridão já não era mais problema. Seus olhos avermelhados era o que lhe mais chamava atenção, ainda mais que, agora, com a luz cintilante da lua, se mostrava numa cor muito mais viva, parecendo que estes foram criados a partir das rosas mais raras e chamativas do mundo. Shadow por sua vez, percebeu o ouriço azulado o observando e se constrangeu rapidamente - Por que está me olhando? Perdeu algo por aqui?

-N-não, não… - respondeu, gaguejando um pouco, e sentindo suas bochechas começarem a queimar. Desviou o olhar logo em seguida, a fim de esconder sua expressão envergonhada. Porém, ao fazê-lo, percebeu a falta de um determinado objeto que na realidade não vale quase nada em quesito de capital, mas em outro quesito ainda mais significativo - Meu… Cachecol! - exclamou, tateando seu peito, na região do pescoço e sentindo nada além de seu próprio pelo azulado.

-Você foi sequestrado pela maior e mais eficiente ladra que existe. Esperava que iria sair com tudo o que tinha de lá? - perguntou o negro ironicamente, revirando os olhos em seguida, ainda sem retirar sua expressão de poucos amigos de sua face - E não foi só seu “cachecolzinho” que foi roubado.

-Eu preciso dele... de volta! - exclamou o azulado e logo tentou sentar-se na beirada oposta da cama, se preparando para levantar. Porém, ao forçar seu abdômen para tal feito, sentiu a região doer profundamente e instantemente soltou um berro de dor.

-Não faça isso. É pior. - indagou indiferente o negro, encostando na grade de ferro da sacada a sua frente e fechando seus olhos, calmamente.

-O que ela fez comigo!? - perguntou o azulado desesperado, se jogando de volta à cama para relaxar a área dolorida e examinando-a logo em seguida, tentando achar uma cicatriz ou algo do tipo.

-Veneno de cobra. - respondeu vagarosamente Shadow, respirando fundo logo após o ouriço mostrar um desespero ainda maior devido à informação. Ficou em silêncio e esperou pacientemente sua majestade se acalmar. Ao fazê-lo, prosseguiu - Mas não se preocupe. Eu já consegui retirá-la totalmente de ti, já não corre mais perigo de morte.

-Como…? - com os olhos arregalados de surpresa, Sonic não pode conter sua curiosidade, já que o veneno de cobra normalmente é tão potente que não há cura.

-Isso já não te interessa. - respondeu o outro ouriço, voltando a sua típica grosseria - Mas a propósito, isso não vale teu esforço. É só um cachecol velho e alguns rings, coisa que você pode facilmente conseguir de volta.

-Não é uma peça de roupa qualquer! Ela… é importante pra mim. - resmungou Sonic, revirando os olhos logo após, envergonhado por ter dito algo tão infantil em sua visão.

Shadow nada respondeu, apenas abriu seus olhos e encarou a figura a sua frente. Percebeu seu rosto um pouco avermelhado, cujo motivo ainda não sabia, e a sua previsível expressão de dor recente, além de suas olheiras de cansaço de uma noite inteira em claro. Foi então que percebeu alguns raios de sol espiões, já avisando que a manhã está por vir.

-Você precisa ir. - afirmou o ouriço negro, caminhando em direção a figura deitada acima da cama, cuja a bagunça de edredons avermelhados era sua única “decoração” - Já irá amanhecer e necessita estar em seu dormitório em seu castelo antes que alguém note sua falta. - ao afirmar isso, o pegou cuidadosamente no colo, fazendo o azulado sentir suas bochechas queimarem mais do que nunca e seu corpo congelar - Apenas relaxe. Não vai doer. - avisou Shadow, percebendo o comportamento do outro ouriço.

No mesmo instante, Sonic se esforçou para relaxar seus músculos e não fazer um papel de idiota, todo envergonhado. Porém, para ele, era um tanto quanto difícil. Ora, ele estava sendo carregado pelo mesmo cara da qual acabara de agredir brutalmente uma dama. Aquilo era covardia na certa, embora ela fosse uma delinquente e sequestradora também. Seja como for, tê-lo carregando-o era estranho. Não só pelo já citado medo, mas por um outro sentimento  profundo e inexplicável por ele. Não demorou muito para que, com ele ainda nos braços, pegasse uma grande esmeralda da qual esbanjava com orgulho sua cintilante formação cristalina. Em mãos, Shadow pronunciou duas palavras que Sonic nunca poderia esquecer.

-Chaos Control! - a voz do negro ecoou na mente do azulado como dentro de um comprido túnel, uma vez que sabia exatamente o que tal frase significava.

Após ele pronunciar a frase, uma luz os envolveu, fazendo Sonic fechar seus olhos rapidamente, tanto para não cegar-se quanto devido ao medo do desconhecido. Quando tal luz diminuiu e revelou o ambiente ao seu redor, ele chocou ao perceber onde se encontrava. Sim, estava em seu dormitório, de onde inicialmente havia saído.

-Mas c-como…? - perguntou o azulado, gaguejando um pouco devido a inesperada surpresa, enquanto era posto em sua enorme cama, delicadamente - Você possui uma Esmeralda do Caos!

-Sim… acho que isso já ficou meio óbvio. - afirmou com uma pitada de grosseria, Shadow, o cobrindo com um cobertor azul marinho ali perto.

-Você participou daquele assalto do ano passado! - culpou-o Sonic sem pensar duas vezes.

-Não! Todos pensam isso, mas eu não participei! Esta esmeralda eu tenho desde que era um filhote, ganhei da minha melhor amiga! Você não tem o direito de me culpar dessa forma, devia é perseguir quem realmente se envolveu! - respondeu em tom alto o negro, visivelmente irritado por ter sido culpado injustamente. Tal coisa era o que tirava do sério mais facilmente. Respirou fundo para acalmar-se, virou-se para o lado oposto do azulado e completou - Rouge The Bat e seus capangas. Eles sim são quem merecem tua atenção. - ao terminar, andou em direção ao centro do cômodo, com esmeralda na mão, pronto para teletransportar-se novamente.

-Shadow… - Sonic o chamou pelo nome, o fazendo parar na hora e causando certo estranhamento ao ouriço negro, uma vez que ele nunca passara qualquer informação sobre si ao azulado. Porém, antes de qualquer pergunta por parte dele, Sonic completou - Obrigado!

Shadow, inicialmente, o observou pelo canto do olho. Em seguida, balançou a cabeça, num “de nada” não dito e mostrou um raro sorriso de canto. Raro sim, pois há tempos, desde a morte de sua querida amiga, ele não o fazia, até para si mesmo, e mostrá-lo para outra pessoa foi uma conquista e tanto. Assim como antes, pronunciou as palavras e sumiu, sem deixar rastros.

To be continued...