História Ignore. - O dia que você não existir mais.

E eu vou ouvir sua música até que eu não me encolha mais de dor, lembrando de você cantando. E eu vou tomar um milk-shake de menta, sem pensar que é o seu favorito. E vou fumar sem pensar em como tem seu cheiro. E vou andar em calçadas vermelhas, sem lembrar que você sempre dizia que eram "vermelhas demais". Vou mexer em outros cabelos, sem compará-los aos seus. Vou beijar outras bocas, sem lembrar da textura dos seus lábios. E eu vou ler os livros, sem associar os protagonistas à você. E vou parar de me lembrar de você quando ler "i miss you" em alguma foto idiota no Tumblr. Eu vou parar de escrever sobre você. Eu vou parar de revirar nossas memórias. E eu vou assistir aos filmes que assistimos juntos, sem calafrios, e aflição. Um dia eu não vou lembrar que você existe. E vamos passar na rua um do lado do outro, como completos desconhecidos. Não vamos olhar duas vezes, ou reconhecer o perfume. Só passar. Como deve ser. E nesse dia, se eu por acidente lembrar de você, eu não vou sentir nada, nadinha. Eu nunca gostei de esquecer as coisas e pessoas, como se não tivesse sido nada. Mas eu sinceramente aguardo o dia em que vamos ser só memórias distantes. E vai parecer como um romance fictício clichê, com humor adolescente e drama barato, como a gente sempre foi. Enquanto esse dia não chega ainda me encolho de dor ouvindo sua música, ainda penso em você e eu, e nós. E eu. E você. E eu só quero que acabe. Mais uma madrugada em que o consciente insiste em ser um tóxico autodestrutivo. Eu não penso em você sempre. Mas ainda penso. Só quero que acabe nas minhas memórias também como acabou realmente. É exaustivo. Eu só queria não ser tão intensa, não ter sido tão tanto, em você que é tão pouco.