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História Ilha da Liberdade - Dissimulada


Escrita por: LyhChee

Capítulo 5 - Dissimulada


Lindsay

 

- E então? – sorri quando vi a imagem de meu pai surgir na tela de meu iPad, sua expressão indicando o mesmo ânimo que sempre tinha quando falava comigo. – Como vai a faculdade, docinho?

- Tudo tranquilo até agora – respondi, ajeitando melhor os fones de ouvido e aumentando um pouco o som do aparelho para que eu pudesse ouví-lo melhor. Meu pai costumava falar longe do microfone conectado em seu computador.

- Eu não te disse que é a melhor faculdade? – gabou-se, e me peguei rindo. – O que está achando do curso?

Ajeitei-me em minha cama, para que minha coluna não ficasse torta, e apoiei o iPad em meus joelhos, discretamente olhando minha face refletida na tela para conferir se minha maquiagem permanecia intacta.

- Os professores parecem bons, e tenho aprendido muito. Mas duas semanas não é muito para saber ao certo – dei de ombros, tentando observar melhor as feições de meu pai. Ele parecia menos preocupado, mais relaxado.

- E está tendo aulas com o Gil? – perguntou-me.

- Não, ele dá aula de administração. Eu estou cursando enfermagem, lembra? – sorri. Com tudo o que vinha acontecendo, não seria justo exigir que ele lembrasse de cada detalhe de minha vida.

- Enfermagem? – arqueou uma sobrancelha. – Bom, se você está gostando... – deu de ombros, seus lábios curvando-se em um sorriso incentivador. – Antes que eu me esqueça, você está extremamente linda, como sempre.

- Obrigada, papai. E como as coisas vão por aí? – perguntei, e bem na hora vi Amy entrar em nosso quarto compartilhado. Ela deu um pequeno sorriso forçado como cumprimento, mas a ignorei.

- Ah, está uma bagunça – meu pai riu. – Jay está ficando maluco aqui, e Jennie realmente sente falta de sua ajuda.

Limitei-me a apenas sorrir ao ouvir o nome de meu irmão mais velho e sua noiva. Não queria mostrar o quanto eu sentia falta deles, nem queria que Amy descobrisse mais que o necessário sobre minha vida pessoal.

- Fale para Jennie que, se precisar, basta me mandar um e-mail ou me ligar que eu ainda estou disposta a ajudá-la com os preparativos finais.

- Ela vai ficar contente em saber disso – notei que seus olhos pararam em algum ponto à esquerda de sua câmera, e só pude imaginar que ele encarava aquele porta retrato que possuía, com a foto de nossa família: meu pai, minha mãe, Jay, Harry e eu. Tínhamos viajado em família e fomos esquiar, cinco anos atrás; a foto tinha sido tirada pouco depois de nos trocarmos, então estávamos todos bem apresentáveis.

Eu sabia o quanto meu pai gostava daquela foto.

- A data está cada vez mais próxima, eles devem estar ficando bem ansiosos – comentei, olhando discretamente para o calendário de gatinhos pregado ao lado do minha cama. O casamento deles seria uma semana após o Dia de Ação de Graças.

- Você não faz ideia – ele riu. – Ainda ontem estávamos vendo fotos de quando eles começaram a ficar juntos. Sabia que eles tem muitas fotos no campus?

- Ah, sim – sorri. – Jennie me pediu ajuda para escolher a foto do convite, eles realmente tem muitas fotos no campus da faculdade, mas muito mais daquela viagem que fizeram juntos a Paris – revirei os olhos de forma brincalhona, o que arrancou mais risadas dele. Tinha sido a viagem onde Jay pedira a mão de Jennie em casamento.

- Eu sei que você não está procurando nenhum namorado, e que você tem Luke, mas…

- Pai, eu e Luke somos só amigos – falei em um sussurro assim que Amy entrou no banheiro.

- Eu sei, eu sei! – ele levantou as mãos como se rendesse. – O que eu quero dizer é que na universidade de Nova York, pode acontecer de você encontrar alguém. Foi onde eu e sua mãe nos conhecemos, e como Jay e Jennie…

- Eu sei, pai – cortei-o da forma mais delicada que consegui. – Mas não foi o que aconteceu com Harry, e você sabe que a minha ideia é estudar para te ajudar no trabalho futuramente.

- Docinho, não perca tempo pensando tanto no futuro agora. Você é jovem, tem que aproveitar a juventude, sabe? E Harry não vem ao caso. Ele não tem tido muito interesse em mulheres ultimamente – forcei uma risada. De fato era engraçado meu pai me pedir para "aproveitar a juventude", e seria muito mais engraçado se ele não usasse esta mesma desculpa sempre que nossa conversa estivesse chegando ao assunto "trabalho".

- Pai, quando Jay tinha a minha idade você já discutia sobre o trabalho com ele, e com Harry também – murmurei e, notando que a porta do banheiro fora aberta, me endireitei e controlei minha expressão facial para não demonstrar o que eu sentia perante Amy.

Meu pai abriu a boca para retrucar uma de suas respostas prontas, mas o telefone ao seu lado tocou. Reprimi um resmungo ou reclamação, e mantive minha postura: obviamente era algo relacionado ao seu trabalho. Gerenciar sete grandes hospitais não era fácil, e eu sabia disso, mas às vezes eu gostaria que ele tirasse férias ou alguns dias de folga como antigamente.

Ou que ele discutisse comigo sobre seu trabalho.

- Sinto muito, docinho, preciso atender – disse após atender o telefone e suspirar.

- Sem problemas. Conversamos outro dia – sorri, escondendo toda a frustração que senti.

- Até mais então. Te amo – então piscou para mim, como costumava fazer, mas antes que eu pudesse despedir-me, a tela de meu iPad voltou à inicial do Skype, indicando que a ligação havia terminado.

Sabendo que Amy me olhava com o canto dos olhos de sua cama, onde lia um livro, mantive meus movimentos calmos, e um sorriso no canto de meus lábios.

- Eu vou sair – anunciei, notando a dúvida em seus olhos quando peguei meu casaco e calcei um Louboutin para combinar com meu novo vestido de outono da Gucci.

Então sem aguardar sua resposta, retirei-me do quarto.

Eu precisava falar com Luke.

 

Bati na porta à minha frente, respirando fundo para recuperar a postura. Ajeitei os cachos loiros do modo que me agradava e aguardei. Era bom Luke não me fazer esperar muito.

Mas então quem abriu a porta não foi Luke. Foi um garoto oriental, que seria um pouco mais alto que eu se não fosse levada em conta a altura do meu salto alto; seus cabelos estavam bagunçados e eu não sabia dizer se era proposital ou não.

- Você deve ser Yukio – comentei, imaginando se as roupas folgadas que usava eram apenas para dormir (pareciam confortáveis) ou se o garoto apenas tinha mal gosto. Luke havia comentado comigo algumas vezes sobre seu colega de quarto.

Seus olhos demoraram um pouco para me analisar, e era perceptível que ele gostava do que via – Yukio me encarava como quase todos os homens o faziam.

- Lindsay, imagino – um sorriso surgiu no canto de seus lábios. – Já estava achando que você era uma amiga imaginária de Luke – ele riu, ao que arqueei uma sobrancelha. – Ele fala muito sobre você.

Fingi um sorriso, sem realmente me importar com o que ele dizia, e entrei no quarto quando Yukio deu um passo para trás, em um claro convite para que eu o fizesse.

Pela primeira vez desde que chegamos, pude observar o interior do quarto de Luke, e reprimi um comentário sobre como o quarto ainda não estava tão bagunçado quanto achei que fosse estar.

Claro que era possível saber qual era a cama e a escrivaninha de Luke: eram as únicas bagunçadas; seu colega de quarto parecia ser extremamente organizado.

Notando que os olhos de Yukio ainda me observavam, mesmo que tentasse disfarçar, caminhei até o criado-mudo que ficava ao lado da cama de Luke e, colocando minha bolsa nele, peguei o único porta retrato que estava ali.

Era uma foto de alguns anos atrás, após o último jogo de futebol americano em nosso primeiro ano no high school, na Califórnia. Luke havia sido nomeado capitão do time para o próximo ano, e eu já era a líder das líderes de torcida da escola. Foi também o primeiro jogo que Harry foi nos assistir, e ele tirou essa foto no momento em que Luke me abraçou; o jogo havia acabado e nossa escola foi considerada vitoriosa.

- Então… Capitão do time de futebol e líder de torcida. Vocês parecem formar um belo casal – Yukio comentou, provavelmente notando o pequeno sorriso que se formou em meus lábios. Adotei uma expressão séria e arqueei uma sobrancelha de forma desafiadora. – Eu só estou tentando puxar papo – encolheu os ombros, sentando-se em sua cama. – Luke já deve chegar. Disse que ia na cafeteria comprar algo para beber.

- Ok – murmurei, observando os detalhes daquela foto que eu gostava tanto. Nossa felicidade estava estampada em nossos sorrisos e olhos, Luke havia me abraçado tão forte que meus pés nem tocavam o chão.

Sempre admirei muito o talento de Harry com a fotografia; ele sempre conseguia captar os momentos certos, e suas fotos sempre saíam perfeitas.

- Então me diga, o que tem de errado em Luke para não ter dado certo entre vocês? – o oriental perguntou como quem não quer nada. – Ou em você, mas acho isso mais difícil – murmurou, um sorriso brincalhão em seus lábios.

- Eu e Luke somos só amigos – falei, observando-o, mantendo minha postura superior.

- Eu sei, ele namora a tal da Amy, que começo a achar que talvez seja uma namorada imaginária, já que eu nunca a vi – ele riu, seus olhos parecendo analisar-me.

- Ela existe, acredite – revirei os olhos, e o vi arquear uma sobrancelha. – Mas talvez o problema seja você – provoquei-o, um sorriso vitorioso em meus lábios. – Se Luke não quer apresentar as amigas ou namoradas.

- Ei, não tem nada de errado comigo – Yukio riu, levantando-se para pegar a mochila que estava na cabeceira de sua cama. – E não é minha culpa se ele tem namorada.

Ri com a insinuação que estava tão acostumada a ouvir.

- Eu e Luke nunca daríamos certo como namorados – comentei, observando-o guardar a mochila em seu armário, que também encontrava-se perfeitamente organizado.

- Se você diz… – sorriu, fechando o armário e apoiando suas costas na parede.

- De qualquer forma, por que você precisa que eu lhe garanta que não tenho nada com Luke? – encarei-o, colocando uma das mãos em minha cintura.

- Eu não estou fazendo isso, você que está – fingiu dar de ombros, mas notei que não parava de lançar olhares furtivos em minha direção. – Está interessada em mim?

- Bem que você queria – ri. – Talvez você queira abrir um pouco mais os olhos ou comprar um óculos, sua visão não está muito boa.

- Ah, a velha piada dos olhos orientais – ele forçou uma risada, mas era perceptível que não ficara chateado ou irritado.

- A cafeteria estava fechando, mas consegui comprar duas Coca-Colas – com o canto dos olhos, vi Luke entrar no quarto, segurando duas garrafas pet. Notei Yukio me indicar com o olhar, e então aquele par de olhos castanhos claros parou em mim. – Lindy? O que…?

- Eu só não estava a fim de ficar em meu quarto – fingi dar de ombros, depositando o porta retrato ao lugar que estava, no criado-mudo. Yukio agradeceu ao recém-chegado e, pegando uma das Cocas de sua mão, retirou-se do quarto. Não sem antes piscar para mim e dizer:

- Nos vemos por aí, Lindsay.

-  Ele vai sair assim mesmo? – indaguei, pensando nas roupas que usava.

- Precisamos de bebidas mais fortes, né? – ele perguntou, olhando para a garrafa pet que ainda segurava. Concordei com a cabeça, eu não conseguia esconder minha irritação ou preocupação de Luke, ele sempre sabia quando algo estava errado para mim. – A cafeteria já está fechada, mas talvez seja hora de conhecer algum bar de Nova York.

- Por favor – brinquei, pegando minha bolsa de volta.

Quando saímos, Yukio estava parado no fim do corredor, de pijama, bebendo sua Coca-Cola como se fosse a coisa mais normal do mundo. Apesar do péssimo gosto para roupas – mesmo que fosse apenas para dormir –, algo nele me atraiu e eu precisei reprimir um sorriso quando passamos por ele.

- Luke, não esqueça suas chaves dessa vez. Se você me acordar essa madrugada, não ficarei feliz – comentou como quem não quer nada, mas pude ver a ponta de um sorriso.

- Não se preocupe, dessa vez eu estou levando – Luke riu ao meu lado, tirando do bolso um chaveiro.

- Dessa vez? – perguntei, arqueando uma sobrancelha, quando estávamos longe o suficiente para que Yukio não nos ouvisse.

- Ah, ontem uns caras da minha sala quiseram sair um pouco para conhecer A Cidade Que Nunca Dorme – ele sorriu. – Então fomos conhecer os arredores, mas perdemos a hora e voltamos muito tarde. Acredite, Yukio não curtiu muito ser acordado porque eu não levei a chave. Muito menos sendo sexta-feira.

- Ele parece encantador – comentei, arrancando uma risada de meu amigo.

 

- Parece um lugar legal – Luke sorriu quando se sentou em uma das cadeiras do balcão. Estávamos em uma festa bem movimentada, o som de uma música eletrônica tocava em um volume bem alto e muitas pessoas dançavam na pista improvisada. A luz do ambiente variava entre diferentes cores e tudo parecia bem agitado.

- Você sabe escolher uma boa festa – comentei, permanecendo de pé, ignorando os olhares que caíam sobre mim. Havíamos entrado em um táxi e pedido ao motorista que nos levasse na melhor festa da noite, e fora aqui que paramos. A entrada era bem limitada, mas eu e Luke sempre conseguíamos entrar nos locais sem problemas.

- Aqui – ele me ofereceu um copinho de vidro cheio de um líquido transparente. – Acho que nós precisamos.

Sorri para ele, aceitando, e juntos viramos o shot. Senti todo o líquido descer queimando em minha garganta.

- Por que você precisaria? – arqueei uma sobrancelha.

- Bom, digamos que minha melhor amiga e minha namorada não estão se dando tão bem quanto eu gostaria – sorriu de forma provocativa antes de pegar mais dois shots.

- Não é minha culpa se você não sabe escolher as namoradas – dei de ombros, virando a tacinha que me fora dada e puxando-o para a pista de dança.

- Ou as amigas – brincou. – Como nos velhos tempos, huh? – Luke sorriu.

Retribuí um sorriso.

- Mais ou menos – comentei, olhando de relance para meu vestido. – Eu gostaria de estar vestida de modo mais apropriado para a ocasião – resmunguei.

- Você está perfeita como sempre – disse, claramente se divertindo com a batida da música.

- Claro que não. Eu devia estar com o último vestido da Dior que comprei – falei, dando um jeito de pegar mais bebida alcoólica. – Não com um vestido de dia-a-dia da Gucci. Quero dizer, tem uns homens interessantes por aqui – comentei, observando as pessoas à nossa volta.

Na multidão, eu havia encontrado pelo menos duas pessoas cujo porte físico me atraía.

- Não! – ele riu. – Você não me arrastou até aqui para ficar de graça com outros homens.

- Não é minha culpa se você está namorando – lancei-lhe um olhar cético.

- Não não, hoje você é só minha – brincou, segurando meu pulso quando dei a impressão de retirar-me de sua presença.

Ri de sua expressão antes de arranjar mais álcool.

Depois de mais alguns shots e doses e sei lá o que mais, tudo começou a girar e ficar divertido. A música melhorava conforme o tempo ia passando, o ambiente não parecia mais tão quente, não me importei mais se meu vestido ou minha maquiagem não eram apropriados, e todas as piadas ruins de Luke pareciam boas e me faziam rir.

Mas então veio a dor de cabeça e eu não queria abrir os olhos nem me mexer. Tudo o que eu sabia era que eu estava deitada em algum colchão bem melhor que o do dormitório da faculdade, e um cobertor razoavelmente grosso e com cheiro de novo me cobria. Mexi os dedos de meus pés para descobrir que estava descalça, e minha mente tentava, sem sucesso, lembrar do que acontecera.

Eu lembrava de álcool, música alta e do sorriso de Luke, mas isso era tudo.

Ouvi o barulho de alguma porta abrir e fechar e decidi que era hora de descobrir onde eu estava. Sem pressa alguma e com cautela, abri meus olhos e, sem fazer esforço para me levantar, observei o teto e a cortina grossa que provavelmente escondia uma janela.

Com certeza era o quarto de algum hotel muito bem cuidado.

- Olha quem resolveu acordar! – ouvi alguém exclamar em algum lugar, e minha cabeça protestou com o som.

- Shhh – resmunguei, ainda sem me mexer.

- Desculpe – Luke sussurrou, aparecendo em meu campo de visão. – Eu pedi o serviço de quarto para trazer café da manhã para você. Acabou de chegar.

- Café da manhã?

- É quase meio dia, mas sei que você prefere tomar um bom café da manhã antes do almoço.

Permaneci algum tempo encarando-o. Como o tempo havia passado tão rápido?

- O que aconteceu? – perguntei, imaginando se deveria mudar de posição ou permanecia assim mesmo. Estava tão confortável.

- Bom, pode-se dizer que ontem à noite houve uma inversão de papéis – Luke sorriu, sentando-se na beirada da cama, à minha esquerda. – Você ficou bem bêbada e eu que cuidei de você – gabou-se, ainda se preocupando em falar baixo.

- Você está de ressaca também?

- Não. Quando vi que você estava bebendo bem mais que o costume, não exagerei e fiquei de olho em você o tempo todo.

Resmunguei, sem realmente querer saber os detalhes da noite anterior, e notei uma ponta de preocupação nos olhos de Luke, aparente mesmo através do sorriso estampado em seus lábios.

- Você sabe que precisamos conversar – ele murmurou. – Fazia tempo que você não fazia isso.

- Eu sei – suspirei.

- Você conversou com seu pai ontem, antes de me ver, né? – fiz que sim com a cabeça, mas o movimento pareceu piorar muito minha condição.

- Depois a gente conversa – falei em um sussurro. – Eu preciso tomar café da manhã, aspirina e um bom banho.

Luke me ajudou a sentar e vi que em em uma de suas mãos estava o remédio para ressaca e na outra, um copo de água. Um carrinho com café da manhã caprichado estava encostado à parede do quarto que, agora que eu via melhor, era grande e me parecia o The Plaza. Com certeza era a suíte principal do hotel.

Mas então vi que ainda estava vestindo a mesma roupa de ontem e torci o nariz.

- Em qual hotel estamos? – perguntei, ciente de que precisava de roupas novas e limpas.

- The Plaza – respondeu, e agradeci internamente por não estarmos em um hotel qualquer.

- Tem uma loja da Louis Vuitton aqui perto. Pode pegar meu cartão na bolsa e comprar uma roupa decente para mim, por favor? – pedi, sem saber onde indicar minha bolsa.

- Claro – sorriu, a preocupação ainda aparente em sua voz. – Eu já volto – disse antes de depositar um beijo em minha testa, trazer o carrinho para perto da cama e retirar-se com meu cartão.

Reprimi um sorriso ao observá-lo desaparecer pela porta. Para mim, Luke era meu terceiro irmão, e o mais próximo. Quero dizer, Jay e Harry eram ótimos irmãos, mas a diferença de idade entre nós era bem grande, e o fato de eu ser a única mulher e de meu pai mudar de assunto toda vez que eu tentava discutir sobre as questões administrativas de seu trabalho, faziam com que nossos assuntos em comum fossem escassos.

Tomei o remédio com o copo de água que repousava no criado mudo ao lado da cama king-size em que estava e peguei o prato de omelete entre os vários pratos que compunham meu café da manhã.

Senti um aperto no coração quando minha mente vagou para a conversa que tive com meu pai no dia anterior. Ele ainda não acreditava em mim nem para discutir ou partilhar sua opinião sobre o que seria meu trabalho no futuro. Sabendo que após um bom banho eu provavelmente conversaria por um bom tempo com Luke, tentei afastar aqueles pensamentos de que talvez meu pai nunca fosse confiar em mim, que dividiria seus cargos de chefia nos hospitais com Jay e Harry apenas, e tentei aproveitar e saborear um pouco de cada prato que Luke havia pedido para mim.

Apesar de tudo, aquele pensamento de que eu era a filha de Joseph Winarski martelava em minha cabeça. Meu pai não podia ignorar meu sobrenome, nem tirar meus direitos. Um dia ele veria como eu podia ser bem melhor que meus irmãos, e veria como quase todas as decisões de minha vida eram feitas para que eu estivesse preparada para assumir meu papel em sua carreira profissional.



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