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História Ilha do amor sangrento - Nunca diga que não é possível piorar


Escrita por: Hank_Castin

Notas do Autor


Então, vamos aos avisos:
1- Ficou grande pelo fato que serão apenas dois capítulos (Sim, esse e mais um).
2- O motivo do nome da história só fica claro bem mais pra frente, então tenham paciência.
3- É a primeira vez que escrevo Lemon, me perdoem pelo sangue em seus olhos.
4- Boa leitura e espero que gostem.

Capítulo 1 - Nunca diga que não é possível piorar


Nossas respirações estavam em perfeita harmonia, nossos corpos nus colados e suados após um momento intenso de amor. Eu acariciava seus cabelos castanhos avermelhados enquanto viajava no azul de seus olhos. Ele sorria para mim enquanto respirava de maneira profunda. 

 - Isso que eu chamo de aniversário de namoro - falei rindo um pouco. 

 - O melhor momento é sempre com você - ele passou a mão pelo meu rosto, afastando meu cabelo negro molhado do meu rosto. Em seguida, meu deu um selinho. - Podemos ir tomar banho? A banheira nos espera. 

 - Ainda precisa perguntar? - Ele levantou da cama num pulo, deu a volta e me pegou no colo. - Vou ser levado como uma princesa? 

 - Você merece um tratamento real, Noah - ele me carregou em passos lentos até o banheiro, apenas para poder aproveitar mais aquele nosso momento curto. Não era sempre que os pais dele viajavam final de semana e o deixavam ficar em casa. 

 Ele me colocou sentado no meio da banheira e ficou atrás de mim, passando suas pernas ao redor do meu corpo. Pude sentir seu membro roçando em minhas costas. 

 Rich me abraçou e beijou meu pescoço, sua mão foi deslizando de meu abdômen até a cintura. 

 - Você ainda tem fogo para isso? - Eu o encarei pelo canto do olho, mas ele não respondeu, apenas abriu um sorriso malicioso e mordeu minha orelha. Acabei soltando um gemido baixo, sua boca foi baixando até meu pescoço em pequenos beijos e mordiscadas. Eu podia sentir cada parte do meu corpo entrando em colapso, eu queria mais. Ele mexia em meus mamilos com uma das mãos, a outra apertava minha cintura. Inspirei fundo, tentando controlar minha respiração, não queria que ele achasse que tinha todo o controle. Cada vez mais eu esperava Rich ir além das provocações, mas o idiota estava se divertindo. Suas mãos foram até minhas coxas, ele as apertou um pouco. 

 - Está resistindo bem - seu sussurro ao meu ouvido foi a gota d'água. Virei-me para ele e ataquei seus lábios com ferocidade. Eu sentia que poderia esquentar a água da banheira apenas com o atrito de nossos corpos. Separei nosso beijo para respirar, joguei a cabeça para trás e peguei fôlego, quando me virei para ele, o menino mordia o lábio inferior, podia perceber o brilho em seus olhos.  

 Richard segurou bem minhas pernas e me levantou, as cruzei ao redor de seu tronco e passei meus braços por seu pescoço. Senti seu membro quente me preenchendo aos poucos, suprimi um gritinho de dor misturado a surpresa, as peças finalmente estavam se encaixando, mesmo que de forma violenta, ele mostrava um apetite insaciável. Arranhei suas costas, pois era o único lugar que minhas mãos alcançavam, a boca do menino traçava uma linha de guerra do meu ombro até os lábios, os quais ele mordeu com vontade, então tudo ficou mais rápido e eu escondi meu rosto em seu ombro.  

 Mas eu não aguentava o olhar e não fazer nada. Juntei mais uma vez nossas bocas. A velocidade inconstante de Rich, entre um médio e rápido, mostrava sua capacidade de tomar cuidado comigo e saciar sua vontade. 

 Minha mente estava desligada e desfocada, por uns segundos tinha esquecido onde estava. Separei nosso beijo e mordi seu lábio. Ofegante, encarei bem Richard, seu olhar meigo e calmo tinha sido substituído por algo vago, mas tive certeza que ele entendeu meu recado quando eu tomei a dianteira e comecei a cavalgar devagar em seu membro. 

 Eu queria conseguir seguir o ritmo dele, mas aquela era a segunda vez do dia e eu realmente estava cansado, mas a adrenalina do momento me impulsionava para continuar. Ele me virou contra a borda da banheira e me segurou com força, seus movimentos cada vez mais rápidos e mais fortes. 

 - Eu vou... - interrompi sua fala selando nossos lábios. Pude sentir seu sêmen fazendo parte do meu corpo e esquentando ainda mais a cavidade. Ele saiu devagar, seus olhos trilhando meu corpo, e então, me abraçou com força. 

 - Não quero uma terceira vez -senti meu corpo amolecer e apenas fiquei encostado nele. 

 - É o nosso aniversário, mereço um pouco de diversão -Rich fez a cara de um cachorro pidão. 

 Deslizei o dedo indicador pelo seu rosto. - Quando você souber a dificuldade de ser passivo, nós conversamos. Até lá, você não terá sua terceira vez - ele me passou a esponja e eu comecei a esfregar seu peito. -Você não é cachorro para eu ficar te dando banho. 

 - Mas eu sou o seu bebezinho. 

 - Você é mais alto e mais velho do que eu! O único bebê nessa casa, sou euzinho!  

 - Eu só quero acabar esse banho logo para deitarmos e apreciarmos um bom momento de sono juntos - Rich colocou as duas mãos em meu rosto de forma carinhosa. - Eu te amo, sabe disso, não é?  

 - Por que está falando isso? Estamos juntos, não estamos? É óbvio que nos amamos. Caso contrário eu não deixaria você enfiar isso aí em mim - ele me soltou e começou a rir. - Agora deixa eu terminar o serviço.  

 Eu estava deitado na cama vendo memes aleatórios no celular e lendo notícias, Richard estava sentado e vendo algo no notebook, seus olhos se mexiam com velocidade por trás dos oclinhos retangulares, notei um sorriso se ponta a ponta se formando ao em seu rosto. 

 - O que foi? - Perguntei bocejando e ajeitando minha cabeça em seu peito. 

 - Eu tenho um presente para você - ele colocou o computador na cabeceira da cama. - Lembra daquele sorteio que eu participei? - Minha cara confusa fez ele suspirar e afagar minha cabeça. - Da ilha... 

 - Ah - demorou um tempo para minha ficha cair. - Peraí, você - não queria ser esperançoso demais, então queria ouvir da boca dele. 

 - Ganhei! - Eu gritei de felicidade e o abracei com força quando ele terminou de falar. 

 - Nós vamos viajar - fiquei repetindo em forma de música enquanto pulava na cama.  

 - Isso se sua mãe deixar - ele comentou de forma pensativa, o que me veio como um soco na cara. Toda animação sumiu da mesma forma que veio, de forma instantânea. - Desculpa, amor. Mas você sabe que ela não gosta muito de mim. 

 Suspirei frustrado, pois era verdade. - Eu dou meu jeito. Fiz 18 semana retrasada, ela me deve um favor de todo jeito. 

 - E vamos faltar a semana de aula toda?  

 - Você... Sempre preocupado com os estudos - dei dois tapinhas leves em seu rosto. - É período de recuperação. Nem tem aula direito - cheguei perto do seu ouvido, sussurrando. -Tem certeza que não quer viajar com seu namorado? Adoro ficar nu em quartos de hotel e talvez - fiz uma pausa apenas para o provocar, -a gente poderá fazer quantas vezes você quiser. 

 Ele se arrepiou ao meu lado, beijei sua bochecha e voltei a deitar ao seu lado. Deslizei o dedo pelos gomos de seu abdômen de forma distraída. Ele se ajeitou ao meu lado e passou o braço ao redor do meu pescoço, posicionei a cabeça sobre seu peito e fechei os olhos. 

 - Boa noite, esquentadinho, tenha bons sonhos - ele beijou minha testa ao fim de sua frase. 

 Dois dias já tinham se passado, eu me preparava para a viagem escondido de minha mãe. Ela andava meio estressada no trabalho e eu não queria incomodá-la, ainda. Debrucei no parapeito da janela e inspirei o ar das rosas que tínhamos plantadas no jardim, acenei para a Dona Margarida, minha vizinha maluca que criava todo tipo de bicho naquela casa, pombos, esquilos, gatos, cachorros, coelhos e muitos mais. Era um bom jeito de gastar o dinheiro do falecido marido. Dei de ombros com meu próprio pensamento, vesti uma calça moletom e saí do quarto. Ainda no corredor, pude escutar os gritos da minha mãe ao telefone. 

- Eu não me importo! Não farei essa cirurgia, eu já disse que é arriscada demais para meu paciente, o trate da forma que eu falei e ponto final - ela fez uma pausa, pude escutar as batidas de unhas impacientes na mesa. - Jack, sinceramente? Foda-se o que você acha. Eu sou a neurocirurgiã e médica principal do caso e digo que não podemos tratar aquele tumor sem deixá-la paraplégica - novamente ela se aquietou. - Tudo bem, façamos o seguinte, você me mostra os planos, se eles forem bons, ajudarei você de bom grado, se forem um completo desperdício do meu tempo, eu tiro você desse caso - escutei o barulho do telefone desligando. 

- Me esgueirei até a cozinha. - Bom dia, mãe - sentei na cadeira à sua frente, peguei uma torrada e comecei a comer. A mulher não me respondeu, mas eu precisava perguntar hoje sobre o assunto. -O Rich ganhou duas passagens para um viagem a uma ilha de férias - eu fiz uma pausa breve, esperando sua reação, minha mãe fitou seus olhos verde musgos, como os meus, em mim. Apoiou seus cotovelos da mesa, mostrando sua total atenção ao que era dito. - Eu já passei em todas as matérias e essa semana agora é a de recuperação, ou seja, quase não tem aula - ela continuava inexpressiva. - Eu gostaria de saber se posso ir, como já fiz dezoito e você disse que eu poderia escolher meu presente eu... - ela levantou a mão, dizendo para eu parar de falar. Respirou fundo e endireitou a postura. 

 - Preciso mesmo responder? -Balancei a cabeça positivamente. - Você sabe que não gosto desse – ela gesticulou, como se tentasse lembrar a palavra, - namorado - ela disse como se estivesse enjoada. 

 -A senhora não gosta dele por ser meu namorado ou pela pessoa que é? 

 - Por Deus, Noah – ela prendeu o cabelo negro num coque. - Já conversamos sobre isso, não quero falar sobre o mesmo assunto de novo - ela suspirou de forma cansada. - A resposta é não, tudo bem? 

 - Não está nada bem, mãe. Eu vivo e respiro para você, quando eu peço uma única coisa, tudo que a senhora faz é negar. Tenho certeza que papai deixaria - disparei. 

- É, você pode pedir para o fantasma dele - ela colocou um sorriso irônico no rosto. 

 - É incapaz até de respeitar a memória dele? Eu odeio você - falei baixo num resmungo. 

 Ela revirou os olhos e fechou a cara, falando devagar cada palavra. - Se está insatisfeito, meninão de dezoito, saia da minha casa. 

 - Está me expulsando, Rose?  

 -Eu não diria isso. Apenas dei uma sugestão - ela abriu um sorriso forçado e levantou, pegando suas coisas. - Quer saber? Faça como quiser, a vida é sua. Mas se algo der errado - ela fez uma pausa e me olhou friamente -, não venha correr para baixo da minha saia - a mulher virou-se bruscamente e saiu de casa em passos largos. 

 Terminei meu café da manhã e limpei a mesa. Fui até meu quarto e peguei meu celular, discando o número do meu namorado. Tentei me acalmar depois da discussão de agora pouco, não queria o preocupar. 

- Alô? - Ele bocejou do outro lado da linha. - O que houve querido, está tudo bem?  

 - Bem, se uma viagem confirmada não for motivo para você pular de felicidade agora, eu não sei de mais nada - esperei uns segundos até ele processar tudo. 

 - Estressadinho, não está brincando comigo, certo? - Tinha uma certa cautela na sua entonação. 

  - Negativo, meu caro senhor. 

 - Uau. Era só isso que tinha para me falar? - A animação em sua voz era zero, isso me irritou profundamente. 

 - Sim, apenas isso - respondi tão seco quanto ele. 

 - Sendo assim, poderia vir aqui para minha casa essa noite e nós poderíamos... 

 - Não vamos fazer nada, mas eu irei aí - disse cortando sua fala anterior. - Se quiser me comunicar algo mais, me ligue. Beijos e até mais tarde - não esperei Rich se despedir, apenas desliguei a droga do telefone. 

 Eu havia acabado de acordar, não era possível que o universo já tinha se revoltado contra minha pessoa. Irritado, peguei as primeiras roupas que achei e prossegui para o banho. Chegando ao banheiro, retirei minhas vestes e encarei meu corpo definido, mas pálido, no espelho, prendi meu cabelo num coque e fui em direção ao chuveiro. Liguei o aparelho, a água gelada desceu da minha cabeça até os dedos do pé, comecei a me sentir mais leve e tranquilo, como se não apenas a sujeira, mas o mal-estar, estivessem sendo levados pelo ralo. 

 Meus pensamentos se incendiaram com o rosto de Richard. Eu odiava pensar tanto sobre aquele idiota, eu nunca fui tão dependente de alguém na minha vida, nem da minha mãe. Essa mistura de amor e ódio momentâneo fez com que eu me lembrasse de como nos conhecemos. 

 

//Passado 

 Eu estava dançando no meio da multidão, havia perdido a conta de quantos meninos já tinham passado a mão e a boca em mim. Tinha bebido mais do que deveria e não lembrava bem do que acontecia ao meu redor, entre apagões, eu aproveitava a festa. Após um tempo, comecei a me cansar e fui até os fundos da casa, estava mais tranquilo que o restante, minha amiga me chamou, a morena estava sentada embaixo de uma árvore. Ela podia ser mais nova que eu, porém já tinha minha estatura, os cabelos cacheados desciam até a bunda, usava um óculos redondo e possuía pele escura. 

 - Me lembre mais uma vez, por quê diabos de motivo eu vim? - Sam perguntou enquanto eu caía do seu lado. Demorei um pouco para processar o que ela havia dito, minha mente estava trabalhando de forma lenta. 

 - Eu precisava que você me impedisse de ir para cama com um garoto e pegasse AIDS – ela revirou os olhos e me fitou séria. 

- Qual seu problema em comer algo e não ficar bêbado? - Ela tentou colocar um salgado na minha boca, mas eu virei a cara. - Sério, Noah? Foda-se, desisto disso. 

 - Não faz isso comigo – esfreguei a cabeça no ombro dela, da mesma forma que um cachorro faria. Eu continuaria se não tivesse visto um garoto de cabelos castanhos avermelhados, dançando. - Eu já volto – num aceno breve para minha amiga, saí em direção ao menino. 

 E antes que algo acontecesse, outro apagão. Quando recobrei a consciência, estava deitado no chão sobre o peito nu do menino, ele acariciava minha nuca enquanto a música alta me trazia dor de cabeça. 

 - E então ele deitou aqui e ficou parado olhando para o alto – era o garoto que falava, com alguém que não consegui ver quem era. Tudo girava e meu estômago estava embrulhado, senti enjoo e a vontade de vomitar finalmente apareceu.  Eu tentei levantar, mas estava tonto demais e acabei caindo no chão, então apenas ajoelhei e vomitei num gnomo de jardim. - Ei, você está bem? - Ele perguntou quando eu tinha acabado meu show humilhante. 

 - Nem um pouco, mas obrigado pela preocupação - fui sentar e quase caí no chão, mas o menino me segurou. - Obrigado – esfreguei meus olhos, como se isso fosse mudar algo em meu estado de embriaguez. - Posso saber seu nome? Me chamo Noah. 

 - Richard – o encarei por um tempo. - O que foi? 

 - Você é muito bonito, Rich. E também - as palavras não formulavam adequadamente na minha cabeça -, muito gentil, tenho sorte por te namorar. 

 Ele deu uma boa gargalhada. - Realmente não está bem. Vem – Richard me pegou no colo. - Vou te colocar num carro para sua casa. 

 - Não podemos dormir na sua? 

- Isso é o álcool falando por você, não iria querer isso. 

- Eu te beijaria se não tivesse vomitado, aí você veria que estou ótimo para tomar decisões -fechei a cara para ele. 

- Isso me fez lembrar que – Rich entrou na frente de um garçom. - Pegue algo para beber, de preferência, água - meu olhar foi dele para a bandeja, onde peguei um copo de plástico com H2O e bebi tudo. - Pronto, aos poucos irá melhorar, Noah. 

- Quem? - Fiz uma pausa reflexiva. - Ah, sim, eu – Richard riu da minha situação. -Era pra eu dormir na casa da minha amiga, mas ela sumiu. Não estou com as chaves de casa e meus pais estão em viagem. Como faz? 

- O dono da festa... O conhece, certo?  - Balancei a cabeça de forma negativa. - Não me diga que você é penetra – acho que meu sorriso idiota me entregou. Ele suspirou. - Então acho que vou te levar para minha casa – dei um gritinho de comemoração e me ajeitei mais em seu peito. 

Infelizmente, eu não sei como cheguei na residência de Rich, e sim, eu apaguei de novo. 

Acordei com o sol iluminando meu rosto, ao meu lado, o garoto ainda cochilava, minha cabeça latejava e eu ainda me sentia enjoado, mexi no meu telefone e pude ver diversas mensagens. 

"Cadê seu pai e sua mãe? Eles sumiram desde ontem à tarde." 

"Filho, estamos no hospital, sofremos um acidente, por favor, venha e avise a família." 

"Noah, sua mãe lhe mandou notícias?" 

"NOAH, CADÊ VOCÊ E SEUS PAIS?! ESTAMOS PREOCUPADOS" 

 

//Presente 

 Meus pensamentos foram interrompidos quando meu telefone começou a tocar. Falando no diabo... 

 - Alô, o que quer? - Perguntei de forma um pouco agressiva. 

 - Mudança de planos, quero que... 

- Ei, ei! Espera aí. Você está terminando comigo e cancelando nossa viagem? - O tom da minha voz saiu esganiçado e eu atropelei as palavras. 

 - O que? Andou bebendo novamente? - Ele parecia preocupado, mas estava animado demais. - Estou indo te buscar, peguei o carro da minha mãe, chego aí em dez minutos. Te amo, e nunca, jamais, te largaria, meu estressadinho. 

 - Eu não sou estressado – suspirei. - Se chegar rápido o suficiente pode me pegar no banheiro ainda. 

- Garoto, não me atiça que o coração é fraco – nós dois rimos. - Beijos, fique bem – ele desligou o celular. 

 Coloquei um pijama, ele era até que simples, um short azul claro e curto e uma camiseta regata de mesma cor, tudo num tecido leve. Desci todas as malas para a sala e me joguei na poltrona, esperando ansiosamente pelo meu namorado. Na televisão não passava nada de bom, apenas esportes e coisas de agricultura. Sinceramente? Televisão aos sábados de manhã é algo horrível. Após algum tempo aprendendo sobre plantações de arroz, a campainha tocou, eu atendi a porta e Rich entrou tão veloz que quase não o reconheci, fechou a porta com um dos pés e me jogou contra a parede. Me atacando com beijos intensos, ele me levantou pelas coxas e eu passei as pernas ao redor do seu corpo. 

 - O que deu em você? - Perguntei quando separamos nossos lábios para pegar fôlego. 

 - Noah – seu peito subia e descia rapidamente. - Você parecia estar meio chateado pelo telefone, então pensei em te alegrar e olha, está usando a roupa certa para o momento. 

 - Mas que mer... - uma terceira voz se fez presente no cômodo. 

 Richard me colocou no chão rapidamente. - Mãe, por qual motivo está em casa? 

 - Eu saio para trabalhar e você traz putas para minha casa? - Ela trovejou. 

- Rich é meu namorado e não um qualquer! - Eu rebati, com um tom raivoso na voz. O garoto pôs a mão no meu ombro tentando me acalmar. 

 - Cale a boca e não me responda – a mulher disse de forma ríspida. - Era só o que me faltava, você esperar eu sair e transar debaixo do meu teto. 

 - Eu odeio você! - Gritei com todo fôlego que tinha. - Aceite, eu amo garotos e isso não vai mudar. Não pode me aceitar como o papai fazia? 

- Pelo amor de Deus, Noah, se quisesse que seu pai estivesse vivo, tivesse atendido nossas ligações naquele dia. Ele ficou tão preocupado, mas o filhinho estava transando por aí com uma puta qualquer, essa que está do seu lado agora – o tom de deboche em sua voz me fez tremer de raiva. - Se ele está morto a culpa é apenas sua – ela berrou, as lágrimas rolando pelo rosto. 

Aquelas palavras vieram como uma faca em meu peito. - Eu – estava nervoso demais, mal conseguia respirar, o som da minha voz era baixo e vazio, - não... matei... meu... PAI, SUA DESGRAÇADA - eu explodi em raiva, me soltei de Richard e pulei para cima de minha mãe, a derrubando no chão, mas o garoto foi mais rápido do que minha mão na cara dela e me puxou pela cintura antes que eu pudesse fazer algo. - Nunca mais, NUNCA MAIS, fale comigo na sua vida, eu estou fora – cuspi na cara dela enquanto meu namorado me puxava para fora, ele me colocou no carro, minha mãe apareceu à porta, jogando minhas malas na calçada de casa e se trancando do lado de dentro. 

Fiquei parado e quieto olhando pela janela durante toda a viagem até a casa de Richard. Chegando lá, subi até seu quarto, deitei na cama e fiquei de costas para a porta dele. Minha mãe estava certa, a culpa havia sido minha, eu tinha matado meu pai, não ela. No mesmo dia que eu conheci o amor da minha vida, assassinei meu pai e me doía demais. 

 

//Passado 

 Deixei meu número num bloco de notas do menino. Não tive tempo de me despedir e agradecer, não sabia sequer se tínhamos transado. Mas tinha coisas maiores para me preocupar. Minha mãe tinha mandado o endereço do hospital que por sorte minha, era na nossa cidade. Chamei um uber e esperei impacientemente, meu coração estava acelerado e eu tremia bastante.  

 - O senhor está bem? - Perguntou o motorista. - Eu tenho água e bala, caso queira. 

 - Não precisa, obrigado. Só - minhas ideias estavam desorganizadas em meu cérebro -, preciso chegar do hospital – ao final de minha frase, ele acelerou um pouco mais o carro. 

 - Jasmine, preciso ver minha mãe - falei impaciente para a recepcionista. 

 - Eu sei Noah, mas preciso da liberação de seu padrinho, ele é o cirurgião geral responsável pela sua mãe, aguarde ele um pouco. 

 Frustrado, cedi ao pedido da mulher e sentei num banco de espera. Não demorou muito para um homem alto e musculoso dar alguns tapinhas em meu ombro. Ele tinha um cabelo loiro curto e barba rala, seus olhos azuis me fitavam e ele tinha um sorriso simpático no rosto. 

- Desculpe a demora, estava nas rondas matinais com meus estudantes – eu levantei e o abracei. - Não se preocupe, ela está bem e lhe contará tudo. 

 - Tu-tudo bem – falei gaguejando um pouco.  

 Eu o segui pelo hospital, passamos por diversos quartos e corredores e quanto mais eu me aproximava, mais meu peito parecia doer. Encontrei-a com pernas e um braço enfaixado, tinha alguns cortes no rosto, que estava um pouco inchado, estava deitada na cama com diversos aparelhos ligados ao corpo, mas não precisava de nenhum para respirar. Quando me viu, seus olhos se arregalaram. 

 - Onde você estava? - Sua voz estava rouca. - Nós estávamos preocupados. 

 - Eu estava onde disse que estaria antes de vocês viajarem, na festa. 

 - Então foi isso que ele esqueceu – ela fez uma pausa. - Tudo que precisava fazer era atender o celular e não estaríamos aqui e... 

 - Mãe? - Então as máquinas enlouqueceram e apitaram, eu reconhecia o som, parada cardíaca. Abri caminho para os médicos enquanto uma enfermeira me tirava do local. 

 - Espere aqui – ela disse para mim num tom gentil. - Eles irão cuidar da Dra. Rose. 
 

//Presente 

- Ei, não gosto de te ver assim – o garoto tirou-me de minhas lembranças. - Por favor, me desculpa pelo que fiz? 

 - Rich, nunca mais se desculpe pelas loucuras daquela mulher, entendeu? - Segurei seu rosto e o obriguei a me encarar nos olhos. -Eu permiti que você fizesse aquilo, a culpa é minha. 

 Ele beijou minha testa e me abraçou. Como o garoto estava no chão, abri espaço na cama para que o mesmo pudesse deitar ao meu lado, e assim o fez. 

- Amor, amanhã vamos viajar juntos pela primeira vez e eu prometo que farei de tudo para serem os melhores dias da sua vida – nunca o tinha visto tão sentimental daquele jeito e tão carinhoso, e eu parecia tão frio e distante. 

 - Façamos um trato – eu disse enquanto acariciava seu rosto. - Você não me irrita na viagem e eu te dou uma recompensa – bati de leve com meu indicador em seu nariz e ele riu.  

 - Espero que seja o que estou pensando – ele fez uma pausa e suspirou com um sorriso no rosto enquanto olhava para meu rosto. O idiota estava pensando em mim e ficava com aquela cara de bobo. - A comida está pronta, imagino que esteja com fome. 

 - O mais adequado seria se perguntar quando eu não estou com fome – dou um selinho nele e levanto da cama, puxando o garoto pelo braço. - Anda, vamos logo. 

 - Ei, calma! - Ele falou rindo enquanto tentava seguir meus passos apressados. 

 O restando do meu dia foi demasiado tranquilo. Nós assistimos filmes e comemos pipoca, parei de pensar sobre meus problemas do passado e foquei no meu futuro ao lado do garoto. Estávamos agora, nos preparando para dormir, mas como sempre, Rich tinha que tentar fazer algo. 

 - O que eu lhe disse hoje? Não é não. Só na viagem e ponto final – bati o pé no chão, mostrando o fim do assunto. 

 - Nem se eu pedir com jeitinho? 

 - Nem se você cobrir esse seu brinquedo com açaí - ele suspirou, triste. 

 - Mas... - ele se deu por vencido e levantou as mãos em rendição. - Tudo bem. 

 Apertei seu rosto e ele me abraçou, girando-me na cama e ficando por cima de mim. - O que vai fazer? - Ele começou um ataque de cócegas. - Não faça isso – falei entre os risos, que claramente eram de desespero. -Eu odeio você - tentava afastá-lo de mim, mas estava sem forças para isso. 

 - Esse é o troco – ele comentou rindo da minha situação. Quando abri a boca para pegar fôlego, ele enfiou sua língua em minha boca, mas eu me assustei e joguei ele para fora da cama. - Ai! - Ele levantou do chão e ficou sentado, os cabelos completamente desgrenhados. - Era só um beijo. 

 - Richard Pelorry, você mereceu isso – comentei com um ar convencido. - No final, eu sempre ganho. 

 - Abaixe o ego, meu amorzinho, pois nunca me vencerá nos jogos – ele coçou o queixo desprovido de pelos e eu bati nele com um travesseiro. 

 - Ousas duvidar de minhas habilidades gamers? Mero mortal, o que fazes a um ano, eu nasci fazendo – ele apoiou os braços na cama e se inclinou para perto de mim. 

 - Oh, sábio mestre de RPG'S, grande mago de Bacia dos mortos flamejantes, diga-me tu: como és capaz de ser um deus para muitos e ainda ser amante de um mero cavaleiro do reino das pulgas? 

 - É um trabalho árduo, devo dizer, mas vem com ótimas e grandes recompensas, vale mais do que qualquer ouro ou glória -aproximo meu rosto do dele. 

 - E por qual motivo você sabe disso, algum oráculo lhe contou? - Ele se aproximou mais e pude sentir sua respiração se fundir a minha. 

 - Eu descobri por mim mesmo, da melhor forma possível - fiz uma pausa e encarei seu sorriso idiota. - Conversei com ele e vi o universo em seus olhos azuis. 

 Ficamos um tempo parados, apenas respirando e observando o rosto um do outro, com toda cautela do mundo, nos aproximamos mais, um beijo selou aquele momento, algo lento e calmo. Rich passou as mãos pelo meu cabelo enquanto separava nossos lábios, mas não disse nada, apenas encostou nossas testas. 

   

O despertador tocou mais alto do que eu gostaria, sem abrir os olhos, fui batendo pela cabeceira da cama, até que achei o maldito fazedor de barulho e consegui o desligar. Me aproximei do rosto dele. 

 - Acorda, garotão - falei baixo em seu ouvido, os olhos dele abriram devagar, tinha um sorriso sonolento estampado no rosto. -O que acha de um banho na sua banheira? 

 - Tudo bem – ele bocejou e se espreguiçou. -Pode preparar tudo? - Beijei sua testa e saí. 

 Me ajoelhei no chão e abri a torneira, a água quente caía de forma rápida no local, peguei meu roupão rosa que ficava num armário dali e o pendurei num canto, coloquei nossas toalhas na beira da pia, perto da banheira. Quando tudo finalmente estava pronto, tirei minhas roupas e as joguei no cesto de roupa suja, quando mergulhei meu corpo na água, gritei por Rich, que demorou uns minutos para entrar no banheiro. Seu rosto ainda estava amassado, as pálpebras se fechavam toda hora, ele foi cambaleando até a borda da banheira, tirou a roupa e entrou, ficando na outra ponta e cobrindo o corpo. Como não tinha muito espaço, recolhi um pouco minhas pernas e meus joelhos pegaram a brisa que vinha pela janela aberta. A obra prima em minha frente mergulhou a cabeça e ficou um tempo prendendo a respiração.  

 - Sabe de uma coisa? - Ele disse depois de emergir. - Nós estamos mais velhos, você não está se dando com sua mãe, escreve histórias famosinhas por esses sites da vida – ele fez uma pausa, tentando achar as palavras que melhor se encaixassem com seus pensamentos. - O que acha de publicar um livro? Ou dar algum cursinho de arte? Eu poderia dar aulas de futebol ou Karatê.  

 - Quando? - Perguntei curioso pelos planos do mais velho. 

 - Ano que vem, quando acabarmos o Ensino Médio, faltam apenas três meses – ergui uma sobrancelha. - Eu sei que vai ser difícil, mas teremos um ao outro e poderemos morar juntos, começar uma vida. 

 Eu amava aquele garoto, sentia vontade de chorar toda vez que ele falava de planos, eu nunca imaginei que teria algo assim tão intenso com alguém. Jamais pensaria que uma pessoa pudesse querer estar junto de mim da forma que ele queria. - Eu posso ver o que podemos fazer. 

 - Não é isso que quero ouvir – Rich falou me encarando. 

 - Idiota, é óbvio que eu quero passar o resto da minha vida ao seu lado, reclamar bastante enquanto estiver velho e bater bengalas na cabeça de nossos netos – ele riu. - Não me imagino fazendo isso com mais ninguém além de você. 

 - Eu quero que fale pelo seu lado lógico. 

 Revirei os olhos e suspirei. - Está tentando me irritar antes da nossa viagem? - Rich abriu um sorriso bobo. - Quando eu falo que você é idiota, estou falando sério, Richard! - Ele veio da ponta da banheira até meu lado e se deitou de costas sobre meu peito. Mexi com calma e delicadeza em seu cabelo molhado. 

 - É por isso que eu digo que você é estressado. 

 - Sou sentimental, é diferente – indaguei. 

 - Realmente é uma ideia divergente, pois o que acabou de dizer, bem – ele fez uma pausa breve e olhou para meu rosto. – Não faz o mínimo sentido – empurrei a cabeça do garoto para baixo d'agua e contei até sete, o puxando pelos cabelos. – Você quer que eu faça um boquete subaquático? 

 - Eu vou dar é um bofete na sua cara se não deixar eu terminar meu banho – falei de maneira ríspida. 

 - Vai ser rápido, eu prometo – encarei os olhos de cachorro pidão. 

 - Pode ir – ele abaixou a cabeça mas eu o puxei de volta. – Pode ir pro inferno – lhe lancei um sorriso irônico. 

 - Eu não creio que fez isso comigo! Isso não é justo! - Ele sentou de frente para mim e cruzou os braços, ficando emburrado. 

 - A vida não é justa, se acostume – o puxei para um beijo que foi correspondido. – Agora, se me der licença, preciso sair – levantei e fui me enxugar, ele ficou agachado, me olhando como um animal faminto atrás de comida. Coloquei o roupão e me virei uma última vez para Rich. - Acabe logo, não quero me atrasar. 

  

A viagem estava sendo mais demorada do que eu gostaria. Enquanto estávamos no aeroporto, teve diversos problemas com um passageiro e maconha na mala dele, isso atrasou demais, o trânsito também estava insuportável de grande, mas tudo bem, o importante é que a gente chegou seguro e bem. No avião, foi tudo tranquilo, eu dormi durante todo o percurso de quatro horas e Richard disse que viu dois filmes e fez amizade com uma senhora que ia para o mesmo lugar que nós. Agora eu estava parado num cais, esperando nosso barco chegar e nos levar a ilha, admito que estava ansioso demais e acabei por ficar inquieto, andando de um lado para o outro, ou batendo o pé. Simplesmente estava impossível ficar parado um segundo que fosse. 

 Notei alguns cardumes pequenos de peixe passando por baixo de nós, a madeira estalava sob nossos pés, as docas atrás da gente estavam repletas de turistas e pescadores, mas o cheiro era agradável demais, o céu tinha algumas poucas nuvens e podia-se perceber diversas gaivotas. Rich conversava com a senhora que conhecera no avião, eu por outro lado, estava sentado num canto, balançando minhas pernas no ar por cima da água. A brisa estava boa, o cheiro de maresia empesteava meu nariz, o sol queimava de leve minha pele e o barulho de pássaros, motores e pessoas conversando acabavam por dar um clima bonito ao local. 

 Na distância, notei um grande barco se aproximar. Ele era branco com linhas azuis detalhando o casco, a parte de trás era grande, dava para acomodar todas as pessoas, e acima da cabine do capitão, tinha um lugarzinho para ficar também. Ele foi se aproximando e as pessoas se aglomerando numa fila, preparadas para o último passeio antes da chegada ao destino final. Levantei devagar e fui andando até Richard, abracei ele pelas costas e não disse nada, apenas deixei ele terminar a conversa com sua nova amiga. Eu estava cansado, não sabia bem o porquê. Um cara começou a distribuir coletes laranjas e todos começaram a os colocar, o nosso veículo parou. 

 Um homem alto e negro saiu da cabine do capitão. Ele tinha os cabelos Dreads presos numa espécie de rabo de cavalo, usava uma camisa social florida e um short cinza. Tinha no rosto um óculos redondo de armação vinho, seus olhos castanhos iam de passageiro a passageiro, tinha um sorriso gentil no rosto, o corpo era de porte atlético. Possuía um relógio de ouro no braço esquerdo e um anel prateado no dedo anelar direito. Dava para ver uma tatuagem em faixas com as cores vermelha, amarela e verde saindo pela blusa da manga, claramente uma analogia à Bob Marley, o que achei interessante. 

 - Olá, meus belos turistas. Espero que tenham tido uma viagem tranquila. Eu serei seu piloto de hoje, levarei vocês numa viagem de uma hora e meia até a Ilha Grumbet. Então, caso enjoem em barco, recomendo que tomem seus remédios e se mantenham calmos, pois tentarei fazer uma trajetória tranquila. Quando chegarmos, deixarei todos com o nosso guia, Tedd. Caso precisem falar comigo, me chamo Zaki – Ele fez uma pausa breve para respirar. – Podem entrar e aproveitem o passeio –ele deu um aceno breve para todos e prosseguiu para sua cabine. 

 - Ele é legal – Rich comentou e eu apenas concordei com a cabeça. Conforme nos aproximamos, pude notar o fundo de vidro, meu namorado me olhou com um sorriso ao ver minha expressão de descrença, ele sabia que eu sempre quis andar num barco assim. Quando chegou nossa vez, Richard ajudou a senhora a entrar no barco e ela sentou ao lado dele. 

 - Vocês são um casal muito fofo – ela disse com um sorriso gentil no rosto pouco enrugado. 

 Era uma senhora curiosa, eu daria 56 anos para ela, mas Rich disse que eu havia invertido o número. O cabelo loiro e platinado estava num coque preso por um rachi. Era um pouco rechonchuda e miúda, usava um óculos retangular com armação de onça. Usava um vestido amarelo com uma estampa florida e tinha um chapéu de praia encima do colo. 

 - Obrigado – acabamos respondendo em uníssono. 

 - Estão juntos há quanto tempo? 

 - Três anos – falei, tapando a boca de Rich para não falarmos juntos novamente. - Temos 18 agora. 

 -Isso me lembra que conheci o pai dos meus filhos com a idade que se conheceram. 50 anos ao lado de alguém - ela fez uma pausa e suspirou, - é difícil mas uma boa experiência. 

 - E – eu não sabia se devia perguntar, mas prossegui, com medo de ser indelicado -, cadê o sortudo? 

 Ela ficou um tempo quieta. -Morreu, faz pouco tempo, uns dois meses. 

 - Meus pêsames - Rich e eu dissemos.  

 - Obrigada. Mas não se preocupem, ele queria muito que eu viesse. Expliquei para a empresa de viagem o que houve, eles devolveram o dinheiro e eu pude cremá-lo. Ele amava muito essa ilha, veio aos 19 anos com sua mãe, infelizmente não pude vir, mas ele gostou tanto – ela sorriu enquanto se lembrava. -Mas tivemos filhos, trabalho demais e muitos fatores que não nos deixavam vir, mas conseguimos nos aposentar e estávamos nos preparando para a viagem, mas a doença veio e o levou – ela fazia breve pausas enquanto falava. - Rodrick  dizia que eu devia ir, mesmo que ele morresse, eu precisava conhecer esse lugar, então estou aqui, vim conhecer o lugar que mesmo após anos, ele continuou amando. Trouxe suas cinzas e prometi a mim mesma que iria as espalhar na montanha mais alta do lugar. 

 - É algo realmente lindo de se pensar, você irá realizar tudo que ele sempre quis – abracei mais forte o braço de Richard, a ideia de o perder passou pela minha cabeça, mas eu não queria isso, de forma alguma. Eu sei que ficar mais próximo não mudaria nada, mas foi o jeito que achei de me confortar. - Se a senhora precisar de alguma coisa, até companhia ou visitar algum lugar, nos chame, ele – apertei uma bochecha do garoto - sabe dirigir. 

 - Oh... Vocês são pessoas tão boas. Sou grata por conhecer um casal tão simpático como vocês. Disponham da minha ajuda caso precisem de algo também, posso ser velha mas sou sábia. 

 - Agradecemos por nos oferecer seu conhecimento, provavelmente vamos precisar deles quando esse idiota ficar queimado de sol – eu respondi e ela sorriu. 

 - Chegaremos em breve. Temos Wi-fi no hotel e apenas lá, alguns pontos tem um pouco de sinal, mas é difícil acha-los, por isso temos disponibilizados telefones fixos por diversos pontos da ilha e também uma estação de rádio para comunicação, de lá vem toda a nossa fonte de sinal, então, se precisarem de ajuda quanto a isso, podem ir lá quando quiserem, alguns estagiários os ajudaram – o som saiu por um autofalante que eu não soube identificar em que local estava, mas ficou clara que era a voz do capitão. 

 Encarei o vidro sob nossos pés. A cada peixe que passava pelo local, mais vontade de mergulhar eu sentia, queria estar com minha câmera para tirar foto, mas infelizmente as malas iam num barco diferente e depois de o guia nos explicar algumas coisas, nós poderíamos prosseguir até o hotel, onde nossas coisas estariam nos esperando. Após alguns minutos, pude notar a costa do lugar em que passaríamos a semana. 

 A praia se estendia por uma dimensão maior do que imaginávamos, algumas casas de madeira se encontravam espalhadas pelo local, seguindo pela esquerda, era possível ver um píer, além de pessoas tirando foto, tinham também pescadores. Para a direita, o posto de salva vidas que ficava no alto de um pequeno morro, era possível ver uma entrada pela praia, algumas escadas que prosseguiam até os fundos do lugar, umas grades com arame farpado impediam a entrada de qualquer um. Conforme avançávamos, notei no topo de uma montanha, mais ao fundo seguindo pela esquerda, uma torre enorme, ali deveria ser a estação de rádio. Localizado mais ao centro da ilha, o hotel. Era branco e tão grande quanto eu podia imaginar, cada quarto tinha uma sacada, e tenho certeza que não importa o lado para o qual ficasse, praia ou não, a vista seria linda de qualquer jeito. 

 O barco prosseguiu dando a volta pelo posto de salva-vidas, era um local corpulento e com diversas janelas, pude notar alguns telescópios posicionados em diversos pontos, havia um local para se andar ao redor do prédio deles, assim a circulação para ver a praia era ainda melhor. Mesmo não estando no centro do local, eu duvidava muito que não pudessem ver cada ponto da ilha. E se alguém pensasse o contrário, eles tinham três andares de equipamentos para te mostrar o contrário. Chegávamos ao nosso destino e pudemos observar alguns palanques de madeiras que se estendiam sobre a água, logicamente era ali que desceríamos. Um homem de cabelo loiro curto e uma blusa de manga vermelha nos esperava. Era branco como a lua e tinha olhos acinzentados cintilantes. 

 - Bem vindos à Ilha Grumbet! Espero que tenham tido uma boa viagem com Zaki, mas agora irei guiar-lhes pelo local - podíamos ver uma estrada com alguns carros, ali tinha apenas árvores e uma cabana. Ou seja, sem muito para ver. - Para todos, os que irão ficar no hotel, as informações sobre café, almoço e janta serão disponibilizadas lá. Ao final de tudo, irão ganhar um mapa e um boletim informativo. Irei apenas os levar até o hotel, principal ponto de referência do nosso local, pois em breve precisarei voltar para aqui. Irei lhes explicar algumas coisas pelo caminho. Agora – ele fez uma pausa -, vamos aos carros. 

 A animação do homem era estupenda. Os carros eram jipes, muito parecido com aqueles de savanas. Sentei atrás com Richard e a senhora que por algum motivo, eu havia esquecido de perguntar o nome. Quando os carros começaram a andar em fila, o guia pegou um megafone e recomeçou a falar. 

 - Sabemos que Grumbet é um lugar enorme, por isso disponibilizamos alguns jipes e motos para nossos turistas, a reserva deve ser feita na nossa oficina que estará localizada no mapa. Mas para aqueles que não dirigem, não se preocupem, temos vans que lhes levarão para vários lugares, os pontos são sinalizados por placas e adivinhem... também estará em seu mapa! - Algumas pessoas riram, inclusive meu namorado. -Dentro dos locais de espera, terão os horários com os diversos destinos da ilha. Lembrando que temos teatro, zoológico, aquário, museu, parque, praias, observatório e mais algumas atrações. Essa noite, na praia principal, a que vocês viram enquanto vinham para cá, teremos um show, e devo dizer, será de matar! Agora, caso tenham alguma dúvida, me perguntem. 

 Eu estava prestando tanta atenção no que ele dizia que nem percebi o hotel ao nosso lado. Parecia ainda maior quando se olhava de perto. A rua do local era um círculo ao redor de uma fonte com a imagem de Poseidon esculpida a mármore, ele nos olhava de cima, seu tridente apontando em direção a quem passasse em sua frente. Já estava ficando tarde, o sol estava se pondo e o céu estava laranja. 

 O saguão do local era enorme, com algumas plantas dentro de potes, um teto abobado e bem iluminado, o chão era espelhado e o branco contornado de preto dava um tom mais moderno num teto tão rústico. Existiam algumas poltronas de couro branco pelo lugar. Pude ver diversos caminhos, um levava até uma sala de jogos, mais a frente à cozinha, ao lado da recepção, escadas e elevadores. Era tudo sinalizado com placas de vidro grudadas as paredes. 

 Pegamos nossas malas e subimos não sei quantos andares até nosso quarto. A porta funcionava por um cartão, tanto Rich quanto eu, ganhamos um. Entramos diretamente numa cozinha, não era enorme, mas completa, desde micro-ondas até fogão. Os armários eram de madeira branca e estavam suspensos acima da pia, tinha uma mesa num canto, era feita de vidro preto e tinha duas cadeias de metal. Andamos um pouco mais, abrimos a porta e demos diretamente no nosso quarto, o espaço era enorme, a cama estava posicionada no centro da parede direita que tinha um quadro psicodélico, repleto de cores claras e escuras. Alguns passos mais adiante, uma porta de vidro que dava para a sacada. Do lado contrário a cama, um armário com porta de correr, estava aberto e pude ver um cofre lá dentro, um pouco ao lado, uma porta que creio eu, levava ao banheiro. O chão era formado por piso xadrez.  

 Colocamos nossas malas num canto, de repente, Richard ficou na minha frente e me levantou pelas coxas, selando nossos lábios, foi andando comigo até a cama e se jogou nela. Levantei a barra de sua blusa, quando ficamos sem fôlego e tivemos que separar o beijo, aproveitamos para tirar nossas blusas. 

 - Eu amo você, demais – Rich mordeu minha orelha e desabotoou minha calça, sua mão foi para dentro de minha cueca, soltei um gemido entre os beijos e comecei a tirar o short do menino, mas ele usou a mão livre para segurar as minhas. -Hoje eu mando. Você... Quieto. 

 Mordi o lábio inferior após o comentário do garoto. Ele tirou minha roupa íntima com os dentes, agarrando meu membro e o colocando em sua boca quente. A sensação de sua língua rodeando minha glande era boa, meu peito subia e descia. Quando eu achei que ele não podia melhorar, começou a masturbar meu pênis ereto. 

 - Caralho, me lembre de deixar você assumir o controle mais vezes – falei enquanto encarava o teto branco do hotel. 

 - Posso? - Só agora tinha notado que ele estava nu, com o membro rijo e me olhando com brilho nos olhos. 

 Apoiei minhas mãos na cama e sentei, fui andando de quatro até ele, quando cheguei perto o suficiente, segurei a base de seu pênis. Comecei com leves lambidas ao redor de seu membro até o colocar na boca. A cada movimento de vai e vem, eu o colocava mais fundo em minha garganta, como não queria que ele pudesse se gabar por me fazer engasgar, preferi começar de forma tranquila, aproveitando bem o objeto cilíndrico, e isso teria dado certo caso ele não tivesse segurado meus cabelos e assumisse a dianteira. Como estava acostumado com o seu pacote, isso não foi grande desafio para mim. Os seus fios de cabelo suados estavam grudados em seu rosto, sendo difícil encarar seus olhos, seu pênis deslizava pela minha boca com enorme velocidade, eu mantinha a língua trabalhando, mas meu maxilar começava a doer, cada estocada me tirava um pouco do ar. Ele me segurou com um pouco mais de violência, me levando até sua base e permanecendo lá. Mais rápido do que pude pensar, senti o líquido com um gosto incomum tomar conta do meu paladar, o engoli sem pestanejar. 

 - Desculpa - ele afastou o cabelo do rosto e sorriu para mim. 

 - Você ainda não acabou o serviço. Ainda não fui violado o suficiente - deitei na cama e coloquei uma de minhas pernas pelo seu ombro. - Meu corpo é todo seu, me use como se eu fosse seu brinquedo preferido. 

 Ele enfiou o primeiro dedo, soltei um leve gemido e mordi o lábio, então o segundo, segurei com força os lençóis da cama enquanto ele alargava minha entrada, seus dedos deslizavam com suavidade e ele mantinha movimentos de tesoura. Eu queria mais do que aquilo, queria senti-lo em mim, e cada segundo mais sem essa sensação me deixava com mais vontade. Então ele parou, se erguendo como um monumento, ajeitou o membro na minha entrada, a rodeando com a glande. 

 - Qual seu problema? Me fode logo! - Ele abriu um pequeno sorriso para mim e iniciou a penetração, não doeu. Eu admito que estava desligado demais pra saber quando ele passou lubrificante, mas a entrada de seu membro foi rápida, suas estocadas eram lentas, porém certeiras. Eu sentia meu corpo entrando num colapso. Ele se inclinou por cima de mim e eu o puxei para um beijo. Nossas línguas travavam uma batalha silenciosa por espaço na boca um do outro, minhas pernas tremiam um pouco e meu fôlego parecia cada vez menor. A velocidade e distância diminuiu entre nós, agarrei suas costas, as arranhando, nossos gemidos e o balançar da cama eram os únicos barulhos que se escutava no cômodo e talvez, andar no andar inteiro. 

 Richard passou os braços pelo meu tronco e me puxou para perto dele, me abraçando enquanto sentava a nós dois, as estocadas ficaram violentas e eu apenas fechei os olhos e tentei me agarrar nele com todas minhas forças, sentia minha unha deslizar por seu corpo enquanto o membro dele ajudava a subir o meu.  

 - Eu te amo, não esqueça disso, nunca - a voz dele estava rouca e carregada de desejo. Ele nos girou na cama e me deixou por cima enquanto estava deitado e me encarando. - Sua vez de brincar comigo. 

 Me inclinei até seu rosto e selei o momento com um beijo rápido, ele veio seguindo meu rosto, querendo mais, porém o empurrei. - Deitado. Eu mando agora. Apoiei as mãos em sua cintura e rebolei em seu membro - Posso? - Eu estava tentando o provocar, mas ele me deu uma estocada, fazendo com que eu gemesse um pouco. Vi que ele não estava brincando.  

 - Se você não começar, eu começo. 

 - Calado - ele abriu um sorriso de canto, comecei as cavalgadas, senti-lo era bom e relaxante, coisa que eu não achava que seria possível. Mesmo depois de várias transas, ele não cansava de estar comigo e eu tocar todo aquele volume. As moléculas do meu corpo pareciam estar se separando. - Okay, hora de terminar, temos compromisso -ele levantou, me abraçando e se pondo por cima de mim, eu não tive tempo para raciocinar tudo, apenas agarrei os edredons enquanto as suas estocadas violentas me dividiam. 

 Atingimos nosso limite juntos e isso fez uma sujeira enorme de líquidos na cama e entre minhas coxas, por onde o sêmen vazava vagarosamente. Meu namorado deitou sobre mim, ficamos ali parados, nossos peitos subindo e descendo. Rich afagou meu cabelo e beijou minha testa, comecei a rir, mas de felicidade, ele me encarou, abrindo um sorriso, minha gargalhada tomando conta do local, o dando mais vida. 

 - Você é minha vida, meu universo, o ar que respiro, o chão que piso, a cama que eu durmo e o edredom que me aquece. Você é a luz da minha vida e eu amo você, mais do que achei que era possível amar alguém - conforme as palavras saíam da minha boca, ele aproximava o ouvido de meus lábios. - Espero que tenha escutado cada palavra, e as tenha entendido bem, pois não vou repetir nada. Agora saia de mim, você é pesado. 

 Ele começou a rir. - Você é impossível - ele levantou da cama e me pegou no colo. - Quer brincar mais no chuveiro? 

 - Só quando voltarmos do evento na praia, e como conheço esses lugares, vai ser um luau - ele me carregou até o banheiro, que tinha azulejos brancos, o box era de vidro e a pia negra como carvão.  

 Quando a água bateu em minhas costas, estava gelada como gelo, mas não liguei, aproveitei cada gota enquanto Richard passava o sabonete por todo meu corpo. Esfreguei o shampoo em meu cabelo e o idiota pegou um pouco da espuma e bateu em minha bunda, espalhando-a por todo o lugar. Qual era a necessidade dele fazer isso? Exatamente, nenhuma. Era apenas desculpa para ele mexer naquela região. Canalha, isso que era. Ele apertou a área com força e eu soltei um gritinho, me virando para bater em Rich em seguida. 

 - Me respeita! - Falei balançando o punho no ar, e ele riu da minha cara. - Sério? - Apertei suas bolas. - Peça desculpas. 

 Pude ver o ar faltando em seus pulmões. - Desculpa - a palavra quase não saiu. 

 - Não escutei - abri um sorriso convencido. 

 - Desculpa - ele gritou, a voz afinando, o soltei e ele respirou fundo, protegendo as partes com as duas mãos. - Você sabe que se isso quebrar quem perde é você, né? 

 - Tem muitos brinquedos por aí. Agora, saia logo, preciso terminar de tirar tudo isso do meu cabelo - o empurrei pelas costas para fora do box, ele comprimiu os lábios e fechou a cara. 

 - Você não manda em mim - ele se apoiou na parede. 

 - Vamos mesmo fazer isso -nossos olhares mortíferos se cruzaram de forma mortífera. - Eu mando, você sai, simples. 

 - Noah, você me machucou - ele disse lentamente, como se eu fosse algum tipo de retardado. 

 - Oras, senhor Richard, devo dizer que não é por nós namorarmos que quando eu disser “Não me toque”, você pode me tocar. Não aprendeu nada na escola? -ele revirou os olhos. 

 - Ganhou essa rodada - o segurei pelo braço.  

 - Sabe que eu não sou tão ligado a esse tipo de coisa -nossas briguinhas realmente me abalavam. - Mas faço isso tudo por você. Por favor entenda meu lado. 

 - Eu tenho uma surpresa para ti, então saia logo desse banho - Rich me deu um selinho e saiu. 

 Terminei de fazer tudo que precisava. Amarrei meu cabelo num coque, mas prendendo apenas o topo, o restante dos fios ainda desciam até perto do ombro. Quando cheguei no quarto, Richard segurava um violão preto, uma melodia encantava meus ouvidos num timbre calmo e sinuoso como a brisa do verão. Ele me encarou sorrindo e apontou a cama com o queixo. 

 - Eu estou fazendo isso tem um tempo.  Estou tentando colocar nosso amor num papel, mas o máximo que consegui até agora... bem, foi isso. 

 O som do violão e sua paz interior era algo reconfortante. Aquele garoto me surpreendia cada dia mais e isso estava me deixando sufocado de amores por eles. Com o instrumento apoiado no joelho, ele prosseguiu, a voz terna saindo como um beijo numa tarde de primavera. 

 - Hey... garoto do meu coração 

 que me enche cada dia mais... com paixão 

 Vinde a mim, seja livre, saia do chão  

preencha o vazio da alma, 

 bebendo a agua desse rio que acalma...  

 a confusão que eu chamo de amor,  

e cada dia mais me causa dor... 

 Mas seja o que for 

 Me abrace me beijando 

 Pois eu vou andando, 

 Ao seu lado te adorando  

 E cada dia mais me orgulhando 

 Desse amor que te dei 

 Quando pela primeira vez te chamei 

 E o seu nome eu não usei. 

 Mas estou aqui pro que der 

 Pois independente do que vier 

 Eu serei o que você quiser. 

 Fiquei estupefato com sua canção, tudo que eu queria era correr até seus braços e não o soltar mais, e quando estava prestes a fazer isso, notei pela janela atrás de Rich, pessoas despencando para a morte certa. Gritos começaram a fazer parte do ambiente, tiros e explosões também. Corremos até a sacada, observando a praia. Homens de terno atiravam em todos que encontravam, turistas morriam aos montes enquanto a areia era manchada de vermelho. Nossa porta fez um estrondo, medo preencheu meu peito, eu não sabia o que fazer. 

 - Fique atrás de mim - Richard segurou o violão como um taco. – Eu protejo você.  


Notas Finais


Avisos pt2:
1- Não me matem
2- O próximo capítulo só sai ano que vem, em algum dia pro final de janeiro.


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