História I'll hold your hand II - Susto

[…]

–Appa..– TaeJoon entrou no quarto dos pais, onde JongHyun estava deitado, assistindo tv. 
–Oi, Joon.– JongHyun disse simples, sem tirar os olhos da tela. 
–Posso ficar aqui?– O menor disse um tanto hesitante. 
–Pode..deita aí.– TaeJoon assentiu e engatinhou sob o colchão até ficar ao lado do pai. Em seguida chacoalhou a cabeça, rindo baixo.–Tá rindo de quê?–
–O senhor ainda assiste One Piece.–
–Claro que assisto, é meu anime favorito.–
–É.. Ah, ShinWoo disse tchau..–
–Tá bem.–

Depois disso, o silêncio predominou o ambiente, exceto pelo som que vinha da televisão. TaeJoon ainda hesitava, mas queria muito saber o que BaekHyun tinha falado à JongHyun para deixá-lo tão abalado. 
–Posso fazer uma pergunta?–
–Sim, o Ace morreu.– JongHyun disse tentando conter as lágrimas. Seus olhos brilhavam ao transbordarem.
–Não é sobre o anime, appa.–
–Então o que é?– 
–Quero saber o que BaekHyun te disse.–
–Nada, esqueça isso, esqueça esse moleque.– Disse atropelado, chacoalhando a mão aberta. Jonghyun não conseguiu mais prestar atenção na tv, mas fingia que sim. Não queria falar sobre aquilo, estava sendo difícil esquecer e não pensar na possibilidade de BaekHyun ter feito algo enquanto ele não estava. Sabia que TaeJoon jamais admitiria. 
–Estou tentando, tá bom?!– Disse sério. Jonghyun levou os olhos de encontro aos dele.–Estou tentando.– O garoto mantinha o olhar firme. O que quer que JongHyun estivesse pensando…estava errado.
–Olha, Joon, eu…aquele moleque..ele..–Hesitou, bagunçando os próprios cabelos. 
–BaekHyun não me tocou! Eu já disse!– JongHyun olhava o filho dentro dos olhos, e enfim pôde ver que ele estava bem, estava tudo bem.

Toda aquela bagunça dentro dele começava a se acalmar aos poucos, logo que puxou TaeJoon pelos ombros e o envolveu num abraço apertado. 
–Eu só queria te guardar dentro de uma bolha, Kim TaeJoon, pra ninguém chegar perto de você.–
–Sabe que não pode fazer isso, appa…–
–É..não posso. Podemos assistir agora?–
–Nae.–

[…]

No dia seguinte, o interfone tocou e TaeJoon foi atender um tanto sem vontade, DongHae, sua unica companhia no momento, estava se arrumando pra ir trabalhar.
“–Yeoboseyo?–”
“–Bom dia, senhor Kim. Estou ligando para que alguém venha receber a encomenda que chegou.–”
“–Encomenda?–”
“–Nae. É TaeJoon, não é? O senhor está bem?–”
“–Sim, estou bem. Por quê?–”
“–É que houve um pequeno conflito entre o senhor Kim e o garoto que veio lhe ver, senhor.–”
“–Ah, está tudo bem. Logo meu irmão sairá para trabalhar e então ele recebe a encomenda.–” Desligou. TaeJoon não queria continuar falando daquilo, sequer queria pensar naquilo outra vez. 

DongHae saiu para trabalhar, mas teve de voltar para casa, a caixa entregue era bem grande, ele não poderia levá-la consigo nem se quisesse, tivera ainda muita dificuldade para conseguir carregá-la. 
–O que é isso?– TaeJoon perguntou do sofá, onde estava esparramado. 
–Não sei, não fui eu quem pediu. Vou deixar aqui mesmo, estou atrasado.–
–Até mais tarde.–

DongHae fechou a porta e TaeJoon ficou sozinho outra vez, nem tão sozinho, agora sempre se lembrava de JiMin, agora gostava de tê-la só para si, senti-la. 
Queria saber o que havia dentro da caixa, mas a preguiça ainda era pouco maior que a curiosidade. 

Logo TaeJoon se cansou de apenas olhar a caixa, levantou-se um pouco desajeitado e caminhou até ela em passos lentos. 
Rasgou a embalagem de fora, exibindo o desenho carimbado no papelão, havia um berço desenhado na caixa e então já se sabia o que era. O garoto sorriu por dentro e por fora, não estava sabendo que aquilo fora comprado. 
–Seu berço, Jiminnie..– Riu sozinho.–Quer montar com o umma?–

TaeJoon torceu o nariz enquanto olhava para a caixa, teria de empurrá-la até o quarto, mas parecia um tanto pesada. Decidiu tentar mesmo assim. 
–Aigoo..é pesada. Será que conseguimos? Eu quero muito montar isso.–
Depois de algum esforço, TaeJoon finalmente chegou ao quarto, estava ofegante e uma gota de suor descia por sua testa. 

Abriu a caixa e então olhou as peças que precisavam ser montadas, poderia perfeitamente esperar alguém chegar para ajudá-lo, mas TaeJoon queria fazê-lo por si mesmo.
O móvel tinha um design bem peculiar, era um “diferente” que significava bonito e estiloso, como se tivesse sido feito por KiBum. Segundo o manual de instruções, era bem fácil de ser montado, e foi. Em pouco mais de meia hora, TaeJoon já o olhava com orgulho de si mesmo, ele conseguia fazer as coisas sozinho, afinal. 
–E não é que conseguimos, JiMinnie?– Sorriu confortante, acariciando a própria barriga.–É aqui que você vai dormir.–

E foi então que uma dor atroz lhe tomou conta do ventre, fazendo-o apertar os olhos com força e segurar a barriga com as duas mãos antes de grunhir arrastado. O que está havendo?

TaeJoon olhou para baixo e seus olhos saltaram ao ver o sangue se esvair por entre suas pernas, aquilo não deveria acontecer, ele só tinha pouco mais de seis meses de gestação, ainda não era a hora certa. Só o que se passava por sua cabeça era que estava sozinho em casa, o que faria? 

Assim que suas pernas lhe permitiram, TaeJoon caminhou até o interfone que ficava na cozinha, discando o número do apartamento de cima, suplicando internamente para alguém atender logo. 
“–Yeoboseyo?–” A voz de MinWoo ditou do outro lado da linha. 
“–MinWoo-ah…ajuda…agora.–” Ofegou se apoiando na parede. 
“–O que houve?–”
“–S-sangue.–”
Foi a última coisa que o moreninho pôde dizer antes de ver tudo girar e ficar escuro diante de si. 

[…]

–Ele está acordando!–
–Graças à Kami Sama…–
–Saiam de cima dele, deixem-no respirar!–
–Joon! Você está ouvindo?–

TaeJoon apertou os olhos e os abriu lentamente, piscando algumas vezes em seguida. Estava num quarto de paredes brancas, TaeMin, JongHyun e MinWoo estavam ao redor da cama na qual ele estava deitado. 
–O-o que aconteceu?– Antes mesmo que alguém pudesse responder, TaeJoon se lembrou por si mesmo do que acontecera e só queria saber se tudo estava bem. –Jimin está bem??–
Tentou se sentar rápido e afobado, mas foi impedido por JongHyun. 
–Yah! Você não pode se esforçar assim, acalme-se. Por sorte Jimin está bem. Espere um pouco.–

TaeMin disse preocupado e pressionou um botão que ficava na parede, perto da cama, alguns minutos depois, MinHo entrou no quarto. 
–Ah, ele acordou. O que aconteceu, Joon?–
–Não sei, não fiz nada de errado…inclusive eu estava montando um berço.–
–Sozinho?–
–Sim, mas..–
–E aposto que carregou a caixa por si mesmo..–
–Só da sala até o quarto, na verdade eu empurrei, mas…–
–Encontramos o problema. Repouso absoluto, TaeJoon. Eu avisei que sua placenta está baixa, eu disse que você não pode fazer esforço. Se você tiver um aborto espontâneo, não haverá nada que eu possa fazer.– MinHo o encarava sério. A situação era séria. Se MinWoo não estivesse em casa, talvez ele não tivesse tanta sorte.
–Arayo*.. (Entendi*)–
–Você terá de ficar aqui em observação.–
–Quanto tempo?–
–Não se preocupe com isso, até eu achar que você pode ir embora.–

–Berço?– JongHyun perguntou sem entender.
–Nae, não foi um de vocês que me deu?–
–Eu que não fui. Foi você, Tae?–
–Aniya, foi seu hallabeojee.–

[…]

Era fim de tarde, Taemin tinha voltado para casa para buscar algumas roupas de TaeJoon, este estava na companhia de JongHyun, que o encarava ainda preocupado. TaeJoon era frágil. 
–Appa…–
–Huh? Tá sentindo alguma coisa?–
–Não, eu queria seu celular emprestado.–
–Pra quê?–
–Pra ligar pro vô JinKi.–
–Ah, gwen chan-ah.– JongHyun assentiu e tirou o aparelho do bolso, entregando-o ao filho.

TaeJoon selecionou o contato de "Sogro" na agenda de JongHyun e aproximou o celular ao ouvido. A chamada tocou cerca de três vezes antes de ser atendida. 
“–Diga, vovô vamp.–”
“–Hallabeojee?–”
“–Joonie?–”
“–Nae, estou ligando para agradecer pelo presente.–”
“–Não há de quê, na verdade, foi KiBum quem escolheu, eu só encomendei.–Riu.–Você gostou?–”
“–Gostei muito, gomawo.–”
“–Fico feliz. O que está fazendo? Quer vir dormir aqui?–” 
“–Acho que não posso ir, vovô. Estou no hospital.–”
“–O que houve??–”
“–É que eu deveria ficar sossegado, mas achei que conseguia montar seu presente por mim mesmo. Parece que foi um pouco de esforço.–”
“–Aigoo, TaeJoon…tome cuidado, está tudo bem agora?–”
“–Está sim.–”
“–Daqui a pouco passo aí pra te ver.–”
“–Certo, vou esperar.–"

[...]