História I'll Never Be The Same Again - River Of Tears l Rio de Lágrimas

POV Camila

Lost in the tide, I can't keep my pillows dry

Perdida na maré, não consigo manter meu travesseiro seco

Like there's a sea in my eyes

Como se tivesse um oceano nos meus olhos

I realize that sometimes

Eu percebo que às vezes

Love brings you flowers then it builds you coffins

O amor te traz flores e então te constrói caixões

And far too often

E por muitas vezes

We end up falling to our demise

Nós acabamos caindo em nossa morte

Novamente na companhia da minha nova amiga íntima, a tequila, e com o som ligado. Realmente, tem um rio nos meus olhos. Muito obrigada, Alessia! Me segurei ao máximo para não chorar enquanto ela estava bem ali na minha frente. Por que eu fui me... Não. Chega! Passado é passado. Vida que segue! Você quer enganar quem? CAI FORA!

Por que a gente... Não! Não pensa. E como eu faço isso? Já disse, não pensa. Ah, vai embora! Me deixa em paz. Não posso.

-- Ahhhh! – berrei sozinha em meu apartamento e atirei a garrafa que tinha em minha mão contra a parede, transformando-a em milhões de pedaços, para logo em seguida cair no chão com um rio de lágrimas saindo de mim.

Olha só o que você fez!

Cai fora!

Eu já disse que...

-- Sai daquiiiiiii! Me deixa em paz, pelo menos hoje. Por favor!

Certo.

Permito-me chorar até perder o fôlego, como nunca fiz antes. Deixo toda a dor sair de dentro de mim e mesmo assim parece que ela nunca vai conseguir sair de verdade. Por que a gente não pode simplesmente escolher de quem gostar ou não? Por que é o coração quem manda na gente? Por que... Por que eu nasci? Não aguento mais isso. E se eu não tivesse nascido? Será que o mundo seria diferente? Não fala besteira. Você nascendo ou não, ele ainda seria o mesmo. E daí? Pouco me importa. Se e não tivesse nascido, agora não estaria aqui, sofrendo por algo que não posso mudar. Claro que pode. Mas é claro que não. Eu... Eu tenho medo. Eu sei disso. Sabe nada. Claro que sei, esqueceu que também sou você? E eu com isso? Você não me ajuda em nada. Só fica na minha cabeça me enchendo. Não, eu fico tentando te trazer de volta à realidade. Mas eu não quero voltar. Você precisa. Por favor, me deixa te ajudar. NAAAAAAÃO! Por favor! CAI FORA! POR...

-- FOOOOOORA! – berro sozinha para a voz na minha cabeça, tampando meus ouvidos com as mãos e balançando meu corpo.

Chega! Chega disso. Não vou mais te ouvir. Não vou mais ouvir ninguém hoje. Levanto subitamente do chão ainda cambaleante pela dor em minha alma, e pela bebida, e começo a perambular pelo apartamento sem enxergar direito, sob o efeito do álcool e pelas lágrimas que não cessam um segundo sequer. Cadê aquela garrafa?

POV Lauren

Ela mudou. Isso não é difícil de perceber, basta olhar para ela. Suas feições antes meigas estão mais... duras agora. Será que eu fui a responsável por essa mudança nela? Não, não pode ser. Ou pode?

-- Lo... Lauren! Tudo bem? – ouço sua voz me chamando, o que me tira de meus pensamentos.

-- É, sim. Eu só... Só estava pensando. – dou outro gole em meu suco.

-- Certo. – ela pareceu um pouco, sei lá, decepcionada.

-- Sabe, você mudou. – tento puxar algum assunto.

-- Em quê?

-- Acho que tudo. Você não parece mais a mesma.

-- Talvez eu não seja. – ela bebe sua água assim que fala.

-- É, talvez não seja. – abaixo minha cabeça. Por que ela está assim? Será só comigo?

-- Desculpa. – uma longa pausa se faz presente entre nós. Ela parece pensar em algo. -- É que... É que eu não esperava que você ainda quisesse me ver.

-- Sei como é isso. Eu... Eu também não tinha certeza se você queria me ver, sabe, depois de tudo.

-- Depois de tudo. – novamente senti uma leve decepção em sua voz e a vi balançar a cabeça.

-- Eu... Eu sinto sua falta. – falei de súbito, sem que eu pudesse frear minha boca.

-- Sente? – ela arqueou uma sobrancelha. Ela está brava?

-- Sinto. Você sabe que sinto. – praticamente sussurrei.

-- Eu... Eu também. – ela parece hesitar antes de falar.

-- O que a gente faz? Eu quero... Muito... Ficar com você.

-- Eu não sei. Eu realmente não sei. Eu também quero... Nossa... AMIZADE de volta.

-- Amizade? – perguntei perdida.

-- Sim. – ela desviou o olhar. -- Por enquanto é só dela que sinto falta. – falou ainda sem me olhar.

-- Você... Certo. – Abaixei meu olhar. Amizade?

O clima ficou estranho entre a gente. AMIZADE? Tá, eu sei que foi tudo muito rápido e ainda tem a porcaria da mídia e todo o resto, mas AMIZADE? E você queria o quê? Não sei, a gente de volta, talvez. E como? Não foi você mesma quem disse que um relacionamento no meio artístico está fadado ao fracasso? Não, não foi bem assim. Foi... Foi assim sim e dê-se por satisfeita por ela ainda parecer querer falar com você.

-- Lo... Lauren! – a vi recuando a mão. Ela me tocou?

-- Oi. – falei meio abobalhada .

-- Acho que... – ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Bem, já está na hora, não é?

-- Hora?

-- Sim. Vocês têm um show mais tarde, lembra?

-- Tinha esquecido. Eu... Eu posso te ligar mais tarde? – Por favor, diz que sim.

-- Hum... Pode. – ela pareceu relutar. Por favor, vai! Por favor! 

-- Jura? – quase gritei, mas consegui me conter.

-- De dedinho, lembra? – ela fez o gesto, o que me fez rir.

Nunca pensei que fosse ficar tão feliz com essa promessa. Retribuo seu gesto e ficamos as duas rindo. Como eu senti falta disso! Afasto nossos dedinhos e termino de beber meu suco, ainda sob risos. É, talvez voltemos a ser amigas. Pelo menos já é alguma coisa. Não é?