História I'll Never Leave You - Capítulo Único

—Tae, vem aqui— pedi. —Senta aqui do meu lado.

—Eu estou bem aqui HoSeok.— ele falou mexendo no celular.

—Por favor.

     Tae bufou e revirou os olhos, bloqueou o celular e se sentou ao meu lado, mas sem me olhar, o filme que passava na televisão parecia muito mais interessante.
     ​ Me aproximei de TaeHyung e passei um de meus braços por cima de seus ombros para abraça-lo, como fazíamos no começo de nosso namoro, mas antes que eu pudesse fazer alguma coisa o mesmo o tirou meu braço de seus ombros.

—HoSeok, não faz isso que eu to com calor...

     TaeHyung anda tão estranho ultimamente. Eu chegava perto, e ele se afastava; Eu tentava beija-lo, ele desviava; Ou quando o convidava para sair dava alguma desculpa, sinceramente não sei está acontecendo.

—Tae, você está bem?

—Estou ótimo, por quê?

—Você anda muito estranho comigo...

—Impressão sua.— falou ainda sem me olhar.

     Soltei um suspiro e voltei minha atenção para o filme.

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Um mês depois.

     Eu havia convidado TaeHyung para almoçar em minha casa hoje, mas o mesmo disse que estava doente e indisposto para sair de casa, então como um bom namorado decidi lhe fazer companhia e cuidar dele. Antes de ir para sua casa, passei em um café e comprei seu doce favorito, tenho certeza que vai adorar.

     Estava quase chegando, quando me deparei com um carro estacionado na frente da garagem de sua casa, estranhei, afinal os pais dele não moram por aqui e nenhum de nossos amigos tinha um carro como aquele.

     Fui andando até a porta e quando me aproximei pude ouvir a bela risada de TaeHyung, porém acompanhada de mais uma, a de outro homem. Após isso entrei na casa sem fazer barulho e pude ouvir a conversa de ambos.

—YoonGi só você pra conseguir melhorar meu humor esses dias.— disse TaeHyung rindo.

—Isso é bom, acho que mereço uma recompensa por isso, não?

—Uma não, várias.

     Em seguida tudo ficou em silêncio, mas por pouco tempo.

—Ahhh... YoonGi... Eu amo quando você me beija assim... Ahhh...

     Não aguentei mais ficar ali, assim como entrei sai, sem fazer barulho, larguei o doce na entrada da casa e corri em direção a minha casa.
Quando cheguei fui direto para o meu quarto, me atirei na cama e ali eu chorei, chorei como nunca tinha chorado em toda minha vida, até que peguei no sono sem perceber.

     No dia seguinte, acordei com uma puta dor de cabeça e logo me lembrei o motivo de estar assim. TaeHyung estava me traindo, por isso estava tão distante de mim; Por isso não largava aquele maldito celular, estava trocando mensagens com o amante.

     Definitivamente isso é demais pra mim, ficar sem TaeHyung é como parar de respirar. Ele era a única coisa que eu tinha nessa miserável vida e agora esse tal de YoonGi o tirou de mim.

—É Jung HoSeok, você nasceu só para se foder nessa vida. Primeiro a sua irmã se foi, depois os seus pais e agora TaeHyung — dei um riso nasal. —Você nasceu para ser um pobre coitado mesmo!

     Meu coração doía e novamente voltei a chorar.

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     Uma semana se passou e eu continuo jogado na minha cama. Meus amigos me ligavam e mandavam mensagens, mas apenas ignorava, não estava afim de fala com ninguém. Porém meus desejos não foram atendidos, escutei a porta da sala se abrindo e passos vindo em direção ao quarto.

—HoSeok?— era a voz dele —Você está ai?

     Em seguida a porta foi aberta e TaeHyung entrou.

—HoSeok?

     Eu estava completamente imóvel, soltei um longo suspiro sem me mover de onde estava.

—Seokkie... Está tudo bem?— perguntou se sentando na beira da cama —Nossos amigos estão preocupados com você. Faz uma semana que não aparece na faculdade.

     Nada respondi, apenas continuei encarando a parede a minha frente.

—Eu também fiquei preocupado... Você sempre me manda mensagens ao longo do dia e ultimamente não tenho recebido nenhuma.

     Eu deveria estar feliz com essas palavras, mas tudo o que eu consigo sentir é ódio. Escutar a voz de TaeHyung me fazia querer soca-lo até não poder mais, então para que isso não acontecesse segurei o lençol da cama o mais forte que pude.

—HoSeok fala comigo, por favor.— aquilo foi a gota d'agua para mim.

—Agora você quer conversar, né?— falei demonstrando claramente minha irritação.

—Do que você está falando?— perguntou assustado.

—Não se faça de trouxa, TaeHyung!— levantei-me da cama —Você sabe muito bem do que eu estou falando e antes de vir me dar desculpinhas, poupe-as e vá embora!

—Eu não estou te entendendo, HoSeok...

—Ah não?! Talvez se você perguntar para o YoonGi, ele possa te explicar.

     Os olhos de TaeHyung se arregalaram.

—HoSeok, eu posso te explicar...

—EU NÃO QUERO QUE VOCÊ ME EXPLIQUE NADA, SÓ VAI EMBORA E ESQUECE QUE UM DIA VOCÊ CONHECEU JUNG HOSEOK.

—Meu amor, por favor...

—NÃO ME CHAMA ASSIM, EU NÃO SOU MAIS NADA SEU! AGORA SAI DA MINHA CASA!

—HoSeok...— seus olhos, assim como os meus, estava marejados, mas isso não me comoveu nem um pouco.

—SOME DA MINHA VIDA, TAEHYUNG!— segurei um de seus braços, o arrastando pelo apartamento até a porta.

—HoSeok, você está me machucando...

—NÃO TE MACHUCANDO COMO VOCÊ ME MACHUCOU, TAEHYUNG...— parei —Você me destruiu mais do eu já estava...— falei derramando minhas lágrimas.

—HoSeok...— me chamou com a voz chorosa. —Eu sin...

—CHEGA! EU NÃO QUERO ESCUTAR AS SUAS MENTIRAS!— o interrompi.

     O puxei novamente até a entrada, abri a porta, e sem cuidado nenhum, o coloquei para fora de meu apartamento, ele acabou tropeçando e caiu no chão.

—Esqueça que um dia você me conheceu, TaeHyung. Eu te odeio!

     Antes que pudesse dizer qualquer coisa, fechei a porta e a tranquei no trinco.

—HOSEOK, POR FAVOR ABRE ESSA PORTA E VAMOS CONVERSAR! HOSEOK! HOSEOK!

     Ele batia na porta enquanto me chamava desesperadamente e chorava. Me doía o coração escuta-lo me chamar assim, apesar de tudo ainda o amo.

     Aquilo era muito, realmente demais para mim. Fui andando até a sala, ainda escutando os gritos de TaeHyung, me sentei no sofá e fiz o melhor que sabia fazer: chorar.

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     Três meses se passaram desde o meu término com TaeHyung. Parei de frequentar a faculdade, parei de ver meus amigos, parei de vê-lo. Sei que meus amigos se preocupam comigo, já que vivem me mandando mensagens ou ligando perguntando como estou, claro, sempre minto para não preocupa-los inda mais, só que a verdade é que minha situação vai de mal a pior.

     Se a três meses eu sobrevivia tomando um anti-depressivo por dia, a dois meses passaram a ser três por dia e agora... Eles já nem fazem mais efeito.

     Nesses últimos meses eu pensei muito no que fazer de agora em diante e finalmente me decidi, mas antes eu preciso falar com uma pessoa.

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     Eu encontrava parado na frente da casa de TaeHyun já tinha algum tempo, estava encostado no carro do tal YoonGi, completamente distraído chutando uma pedrinha, quando uma voz me trás de volta para o mundo real.

—Com licença, você poderia desencostar do meu carro?

     Olhei para cima e encontrei um homem loiro me encarando.

—Você é YoonGi?— perguntei.

—Sim, e você quem é?—  perguntou arqueando uma sobrancelha.

—Sou Jung HoSeok, ex-namorado de TaeHyung.— ele arregalou os olhos, mas logo voltou ao normal.

—Olha se você veio aqui para me ameaçar...

—Calma— o interrompi —Eu vim aqui conversar e te pedir algo.

—Me pedir o que?— arqueou a sobrancelha mais uma vez.

    Suspirei.

—Eu sempre tive uma vida difícil, sofri abusos e agressões de todos os tipos, mas sempre tive meus pais e minha irmã para me dar todo amor que eu precisava. Porém essa felicidade foi tirada de mim quando eu tinha 15 anos. Um ladrão invadiu minha casa, eu e minha irmã estávamos sozinhos, o ladrão logo a fez de refém e me mandou pegar tudo o que era de valor na casa e entregar a ele ou matava minha irmã. Obviamente obedeci, mas após lhe entregar todos os pertences de valor, ele sorriu maldoso pra mim e cortou a garganta de minha irmã e fugiu.— suspirei novamente, era difícil para mim relembrar aquilo. —O tempo passou e quando fiz 17 anos, foi a vez dos meu pais me deixarem. Fazia dois anos que a minha irmã havia morrido e meus pais e eu fomos visita-la no cemitério, na volta começou a cair uma tempestade, meu pai dirigia com cuidado e atenção enquanto minha mãe conversava comigo para me distrair e então aconteceu. Um carro fez uma ultrapassagem proibida e veio na direção do nosso carro, meu pai desviou, mas mesmo assim bateu na traseira do outro carro e derrapou pela pista indo em direção a um barranco, antes que o carro pudesse cair a porta de trás de carro se abriu e eu cai na estrada, já meus pais não tiveram a mesma sorte. O carro caiu no barranco e novamente eu vi pessoas importantes para mim morrerem na minha frente. Os anos foram se passando e cada vez mais eu perdia meu propósito de vida, até que conheci TaeHyung, viramos amigos e em alguns meses começamos a namorar. TaeHyung sempre me fez feliz, trouxe um novo significado a minha vida, um significado que só ele tem, mas ai... TaeHyung te conheceu e me abandou.— suspirei outra vez. —Porém não eu deixei de ama-lo...

—Eu não estou entendendo aonde você quer chegar com isso?— YoonGi me interrompeu.

—Eu só quero que entenda o quanto TaeHyung significa para mim...

—Eu consigo entender e o que você queria me pedir?

—Queria te pedir para que cuidasse bem de TaeHyung, ele é uma pessoa especial, diferente de qualquer um que conheça, então cuide bem dele. Não o afaste de você e o proteja.

—Claro, mas... Por que está me pedindo isso?

—Porque ele é tudo o que eu tenho, tudo. TaeHyung é minha vida e agora você está com a minha vida em suas mão, então cuide bem dele.

—Não se preocupe, eu irei.

     Eu sorri sem ânimo.

—Obrigado, YoonGi. Fico muito mais tranquilo com isso.

—Mas por que está me pedindo para cuidar dele?

—Vou embora e quero ter certeza de que ele ficará bem.— falei. —Bom era só isso que eu queria falar, mais uma vez obrigado! E adeus.

     Sai dali antes de ouvir qualquer resposta de YoonGi e fui andando sem rumo.

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     Já se passava da meia-noite e eu estava ali, debaixo da forte chuva, sentado no banco da praça onde pedi TaeHyung em namoro.

     Minhas lágrimas se camuflavam no meio da chuva e tudo o que queria fazer naquele momento era gritar o mais alto e forte que conseguisse e foi o que fiz. Gritei por todos os anos de sofrimento, por todas as minhas dores, por toda minha tristeza, por toda saudade que sinto daqueles que amo.

Autora pov's on

     Dois dias se passaram após a conversa de HoSeok com YoonGi.
 
   YoonGi por algum motivo desconhecido por ele, se comoveu com as palavras de HoSeok e prometeu em segredo que atenderia ao seu pedido.

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     Era uma sábado a noite e TaeHyung simplesmente não queria ficar em casa, chamou YoonGi para ir a uma balada qualquer, para se divertirem, o outro logo aceitou.

     Passaram horas dentro a boate dançando e se divertindo, porém o local ia ficando cada vez mais cheio e isso incomodava TaeHyung, e este então pediu para YoonGi para irem embora.

    Quando chegaram na entrada da boate, TaeHyung avistou HoSeok sentado no meio-fio do outro lado da rua, segurando uma garrafa de cerveja. Ele estava com um aspecto deplorável, a barba mal feita, grandes olheiras, uma expressão de cansaço. TaeHyung não soube explicar mas sentiu um forte aperto no peito, como se algo ruim fosse acontecer.

    HoSeok levantou seu olhar e viu TaeHyung olhando para si, ficou sustentando o olhar por um tempo, até que desviou e se levantou com dificuldade, pois já se encontrava bêbado, mas antes que pudesse se mover um carro desgovernado veio em sua direção, o atingindo logo em seguida.

—HOSEOK!— TaeHyung gritou se soltandando de YoonGi e correndo até HoSeok.

     HoSeok estava deitado de bruços e a sua volta tinha uma poça de sangue. TaeHyung se aproximou e com cuidado virou o corpo do outro deitando a cabeça em seu colo.

—HOSEOK, FALA COMIGO POR FAVOR!

     O garoto já se encontrava em prantos e tudo piorou ao ver que a garrafa que se encontrava nas mãos de HoSeok agora estava em seu peito, mas em forma de cacos. As pessoas já se aglomeravam em volta dos dois.

—ALGUÉM CHAMA UMA AMBULÂNCIA, RÁPIDO!

—TaeHyung...— HoSeok o chamou com dificuldades.

—HoSeok, Shh... Não fala nada, tudo bem?

—Meu peito dói... argh

—Shhh... Vai ficar tudo bem meu amor, não se preocupe.

—Não precisa mentir para mim... argh...

—Shh... HoSeok, não fala nada por favor.

—Sei que esse é o meu fim, TaeTae, eu sinto.— falou com dificuldade por conta da dor que sentia.

—Não diga isso HoSeok.— TaeHyung chorava enquanto acariciava os cabelos de HoSeok.

—Já chamei a ambulância.— falou YoonGi se aproximando dos dois.

—Obrigado, YoonGi.

—TaeHyung, eu queria te pedir uma última coisa antes de tudo chegar ao fim.— sua voz estava cada vez mais fraca.

—O que você quiser, meu anjo.

—Me dê um ultimo beijo.

     TaeHyung olhou para YoonGi, que apenas assentiu e sorriu, este sorriu de volta e se voltou para HoSeok descendo seus lábios aos semelhantes. De início foi apenas um roçar de lábios, mas aquilo não foi o suficiente para TaeHyung, então logo tratou de iniciar um beijo, pedindo passagem logo em seguida.

     Quando se separam TaeHyung sussurrou algo no ouvido de HoSeok.

—Eu também te amo muito TaeHyung, e sempre estarei por perto para te proteger de alguma forma.— HoSeok sussurrou de volta. —Me perdoe por não ter sido bom o suficiente para você.

—Não HoSeok, sou eu quem tem que te pedir perdão.

—Eu já te perdoei a muito tempo, meu anjo. - sorriu fraco.

     Todos escutaram as sirenes da ambulância.

—TaeHyung, nunca se esqueça o quanto eu te amo.— disse. —YoonGi cuide dele para mim.

—Não fala isso HoSeok.— TaeHyung pediu chorando. —A ambulância esta vindo...

—Não vai adiantar Tae.— HoSeok suspirou e por fim abriu um sorriso. —Eu te amo Kim TaeHyung.

—Eu também te amo, Jung HoSeok.— disse retribuindo o sorriso.

     Aos poucos HoSeok foi fechando os olhos, até que de repente seu último suspiro fora sentido por TaeHyung.

—NÃO!

     E assim HoSeok faleceu nos braços de TaeHyung.

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     Haviam se passado sete anos desde a morte de HoSeok e como em todos os anos ali estava TaeHyung e sua familia, rezando pela alma de HoSeok em frente ao seu túmulo.

—Omma— uma voz infantil chamou a atenção de TaeHyung. —Por que nós sempre temos que vir aqui na mesma data e em dias comemorativos?

—Para rezar pela alma de seu appa, meu anjo.

—O HoSeok appa deveria ser alguém bem especial, né omma?

—Ele era, filho.— falou YoonGi.

—Você conheceu ele appa?— o garotinho perguntou para YoonGi.

—Sim.

—Eu queria conhece-lo também.

—Ele iria adorar te conhecer.— TaeHyung falou. —HoSeok era muito especial.

—Por isso que eu tenho o nome dele, Jung HoSeok?

—Sim, porque você é tão especial quanto o seu pai.

    O garotinho sorriu e voltou sua atenção para a foto que estava no túmulo do pai

—TaeHyung, já está tarde. Vamos?— YoonGi se pronunciou.

—Vamos sim. HoSeok, vamos embora.

—Tudo bem. Tchau appa, até a próxima.— disse o garotinho sorrindo.

    YoonGi estendeu a mão para HoSeok, que a segurou e começou a seguir para a saída do cemitério.

    TaeHyung ia logo atrás deles, mas uma sensação o fez parar. Ele olhou para trás, em direção ao túmulo, e lá estava ele encostado em sua lápide sorrindo, o sorriso que TaeHyung tanto adorava. Sorriu de volta e por breves segundos e fechou os olhos, quando os abriu HoSeok já não se encontrava ali, mas isso não fez com que seu sorriso desaparecesse.

    A brisa soprou forte e nela TaeHyung sentiu o cheiro de HoSeok. Fechou os olhos mais uma vez.

—Obrigado por não ter me abandonado, HoSeok. Eu te amo.