História I'll save you (Yoonmin) - Omma Jin.

- QUE PORRA É ESSA AÍ JIMIN? –Gritou o infeliz do Jin chutando a porta. Eu deveria começar a trancá-la...

Ele riu ao ver nossas caras de espanto e logo veio ao nosso encontro, jogando-se encima de nós.

- Puta merda! –Exclamou Jungkook que estava suportando o peso de nós dois juntos. Jin pulou com mais força me fazendo ficar sem ar.

-Olha aqui moleque, eu não te deixo vir na casa do vizinho pra tu ficar usando esse tipo de linguajar. – Censurou o mais velho dando um tapa no ombro do irmão.

- Seokjin, se você quebrar o meu sofá... –Ameacei- Eu dou seus Marios de comida pro cachorro da vizinha! –Ele imediatamente levantou-se.

-Eu em, sabe nem brincar. –Resmungou. Eu ri levantando-me também. Jungkook continuou lá, falecido no sofá. Pobre homem.

- É, hoje minha casa está bem movimentada. –Comentei indo para a cozinha. Apesar de serem dois folgados eu gostava da companhia deles.

-Se tá incomodado, manda embora de uma vez. –Gritou Jungkook- Eu não tenho tempo pra ficar adivinhando indireta.

- Cala a boca, bolacha. –Escutei Jin dizer. Ele chamava Jungkook de “bolacha” quando queria provocar. Bem coisa de irmão mesmo. – Não tá vendo que o menino Jimin está preparando humildemente nossa refeição? -Falou mandando o garoto arredar para ele poder sentar.

- E você só vem na minha casa pra comer, né? –Disse trazendo pacotes de salgadinho e refrigerantes.

- Mais respeito com o hyung, por favor? Essas crianças de hoje em dia... –Respondeu balançando a cabeça, como se nós fossemos uma geração perdida. Ele logo tomou o pacote da minha mão. Joguei o outro pacote para Jungkook e coloquei as latinhas na mesa de centro.

- Diz isso o cara que invade a casa dos outros. –Resmunguei enchendo a mão de salgadinho. Ele não respondeu apenas me deu aquela encarada que queria dizer “Se eu não estivesse de boca cheia, te daria uns tapas”. Sim, a hora da refeição era muito importante para Seokjin.

Ele terminou de comer e passou a mão na boca. Deixou o pacote encima da mesa, e encarou-me.

-Mas hoje eu não vim apenas para me aproveitar da sua boa vontade –Falou com um sorriso de canto- Jungkook me enviou uma mensagem assim que saí da faculdade, ele disse que era para eu vir direto para cá. –Afirmou de modo sério. Fitei o mais novo que também havia parado de comer e encarava o irmão. – Eu fiquei sabendo sobre o que aconteceu com a sua mãe, Jimin... –Falou de forma desconfortável.

Não que eu achasse ruim que Kookie tivesse contando ao Jin, mas era meio incômodo que todos soubessem de algo tão particular.

Balancei a cabeça para que ele prosseguisse:

- Eu realmente sinto muito. – Aquela frase geralmente era dita quando as pessoas perdiam os entes queridos. Engoli em seco, tentando não pensar na possibilidade de algo acontecer com a omma.- Mas eu não quero que você fique aqui se remoendo, achando que poderia ter feito mais, porque não é culpa sua. –Suspirei assentindo.

-Eu agradeço pela preocupação. –Forcei um sorriso- Mas agora está tudo bem. Eu já me sinto melhor.

-Isso é ótimo. –retribuiu o sorriso- E para garantir que você não volte a sentir tristeza, hoje vamos todos sair juntos. –Falou como se já estivesse tudo decidido. Encarei-o meio sem saber como rejeitar o “convite” que na verdade nem tinha sido feito.

-Eu estou incluso nesse “todos juntos”? –Perguntou Jungkook com desanimo.

- Óbvio. Foi você que pediu para eu vir, em primeiro lugar.

- Olha, eu acho que não tem necessidade... –Jin interrompeu-me.

-Não aceito não como resposta! Hoje você sai dessa casa nem que seja amarrado. –Falou sorrindo como se aquilo não fosse um tipo de ameaça. –Eu já combinei tudo com o Namjoon. – Okay, aquilo com certeza não era um convite, era um intimado!

- Você não pode me obrigar a... –Jin interrompeu-me pela segunda vez.

- Sim, você vai. –Disse cerrando os olhos – Esteja pronto ás 19h30min em ponto. –Avisou levantando-se. Comecei a choramingar para ver se ele mudava de ideia, mas Jin apenas ignorou minhas lamentações. – Vamos embora Jungkook, eu ainda tenho que ajudar a omma com o jantar antes de sairmos.

- Tá. –Falou comendo o resto do salgadinho. Jin foi à frente enquanto Jungkook despedia-se de mim. –Espero que não tenha ficado bravo comigo... Eu meio que não sabia o que fazer, por isso mandei mensagem pro Jin. Só que eu não imaginei que ele ia te obrigar á sair conosco. –Explicou sem graça.

-Nossa, falando assim parece até que eu não gosto de vocês. – Ri – Eu não estou muito animado mesmo, mas eu gosto da companhia de vocês. E eu sei que o hyung só quer me fazer sentir melhor. –Tranquilizei-o.

- Sim, ele também se importa com você. E de repente, pode até ser legal sair um pouco. - Sorri em concordância. Kookie despediu-se de mim e foi embora levando o resto da sua latinha de refrigerante.

Eu queria dormir mais um pouco, mas tinha que esvaziar a mala e dar uma arrumada na casa. E foi isso mesmo que fiz, arrumei as coisas e logo fui tomar banho. Arrumei-me rápido para poder ficar mais um tempo deitado. Normalmente eu era bem disposto, mas depois de tudo que aconteceu, eu estava acabado.

Jin foi bem pontual. Bateu na minha porta exatamente na hora marcada.

- Nós vamos no carro do Namjoon. –Avisou me puxando pra fora. Jungkook já estava no carro e acenou quando me viu. Percebi alguém sentado ao lado dele, a pessoa inclinou a cabeça para ver quem estava vindo.

Entrei no carro cumprimentando Namjoon e sentei-me no banco de trás junto com Jungkook e o outro garoto.

-Esse é o Taehyung. Mas pode chamá-lo de Tae. –Apresentou o garoto. Ele me observou por um tempo e depois sorriu.

-Park Jimin. –Estendi a mão. Ele franziu o cenho, mas acabou apertando.

-O Jimin é meu vizinho. –Explicou.

-Ah, então é ele –Disse parecendo mais interessado na minha presença- Jungkookie vive falando de você. –Kookie arregalou os olhos e murmurou “Não é bem assim...”.

- Sério? –Sorri vendo como Jungkook havia ficado envergonhado- Esse garoto me ama desde que eu mudei para cá. -Brinquei. Tae riu balançando a cabeça. Jungkook encolheu-se no banco com o rosto vermelho.

-Calem a boca. –Falou batendo em nossos ombros.

- Calma Kookie, eu tava zoando. –Disse dando tapinhas na cabeça dele, como se fosse um cachorrinho- Eu sei que você me ama da mesma forma que eu. –Ele pareceu perder o ar por alguns momentos. Jungkook abaixou o olhar por um tempo e sorriu. Mas não da forma usual, de um jeito pesaroso, como se doesse. O tipo de sorriso que eu tinha que forçar quando perguntavam se a omma estava bem. Taehyung fechou a cara subitamente. Como se soubesse o que se passava pela cabeça do menor.

-Como irmãos, né? –Perguntou em tom de confirmação.

-Sim. –Sorri. Mas percebi que ele não parecia muito feliz com a resposta. Taehyung olhou para o amigo e depois para mim. Lançou-me um olhar seco.

- Esse tipo de coisa machuca, sabia? –Murmurou. Eu não entendi o que ele tinha dito, pois sua voz saiu muito baixa. Mas sabia que tinha sido para mim.

- Quê? – Indaguei. Ele apenas abanou a mão como se dissesse para eu deixar para lá. Olhei uma última vez para Jungkook que parecia perdido em pensamentos, e recostei-me no banco observando a janela.

Namjoon e Jin conversaram o percurso inteiro, o que era bom, já que preenchia o estranho silêncio que se formou entre nós três.

- Para onde vamos, hyung? –Perguntei para Jin.

- Para um restaurante temático no centro. –Foi Namjoon que respondeu. Fiquei meio desapontado, pois achei que iriamos para algum lugar mais animado.

-Quando você disse que iriamos sair, pensei que fosse nos levar para um bar, ou uma casa de shows. –Jin encarou-me como se eu fosse um idiota.

- Jimin, os únicos que tem idade para beber aqui somos eu, você e o Namjoon. E nesses tipos de lugares que você citou, é difícil controlar a venda de bebida para menores. Fora, que mesmo com supervisão meus pais não me deixariam levar o Jungkook. Já foi difícil esconder o fato de que o Tae viria junto, eu não podia ocultar isso também. –Explicou.

-Tae conhece o Jungkook de onde? Do colégio? –Perguntei repentinamente olhando de Jin para Taehuyng. O mesmo me olhou torto, como se não gostasse que eu usasse seu apelido. Que mudança drástica de humor... Nem parecia que estávamos rindo minutos atrás.

-Sim. Conheço o TaeTae desde o fundamental. – Respondeu Jungkook. Taehyung sorriu e passou o braço sobre o ombro do amigo. Dessa eu não sabia. Se bem que não tinha como eu saber, já que nenhum amigo do Jungkook podia ir á casa dele...

-Tempos terríveis. –Comentou Jin balançando a cabeça, ele se abraçou como se estivesse com calafrios- Ás vezes ele pegava carona com a omma, e eu tinha que sentar lá atrás junto com os dois. –Isso foi na época em que o incidente do parque ainda não tinha acontecido, presumo- Tae não parava quieto um minuto, ficava me enchendo de perguntas estranhas e me cutucava toda hora. Era um inferno. – Lamentou. Os três riram e começaram a comentar casos da época do fundamental.

Eu não participei disso, pois eu ainda morava em Busan. Só mudei-me para cá ao final do ensino médio, quando meus pais separaram-se. Foi bem tranquilo, mas logo quando entrei na faculdade, os surtos da omma começaram. Nós já sabíamos que ela tinha uma tendência genética muito forte, por isso a omma vivia fazendo exames. Esquizofrenia é uma doença que pode vir a atingir uma pessoa tardiamente, ou talvez com muita sorte, nem chegar a manifestar-se. Mas a tendência da omma é realmente muito grande, já que minha avó sofria da doença e algumas tias da minha omma também apresentavam sinais de esquizofrenia.

Foi questão de tempo. E aí eu tranquei a faculdade, e me dispus a cuidar da omma. No início, ela não precisava ser internada com tanta frequência, mas seu estado passou a piorar cada vez mais, e não teve jeito. “Meu Deus, mas seu pai deixou você sozinho cuidando de uma pessoa doente?” Eu disse para ele que queria fazer isso, porque era o único maior de idade que ainda não trabalhava. As únicas opções eram: eu trancar a faculdade ou meu pai largar o restaurante e mudar-se com meu irmão mais novo para cá. Então a escolha foi bem óbvia. Eu não queria atrapalhar a vida deles. (Não que eu considere a omma um problema).

-Tae era uma criança muito esquisita mesmo. –Comentou Jin rindo. Percebi que falava comigo e sorri fingindo que estava prestando atenção desde o começo.

- Nossa, hyung, assim você me magoa. –Brincou fazendo cara de ofendido- Eu sempre fui totalmente normal.  

-Claro, claro, a gente finge que acredita, Taehyung. –Rebateu Jungkook em tom de provocação. Tae sorriu dando um cascudo no amigo. Era estranho vê-lo tratando de modo tão íntimo alguém além de mim. Acho que fui meio convencido pensando que era o único amigo do Kookie...

O carro parou de andar e percebi que havíamos chegado. Olhei pela janela, e vi o restaurante onde iríamos jantar. Era bonito, todo iluminado com luzes Neon, a entrada estava decorada com o que parecia ser o tema da noite –Que eu não conseguia identificar muito bem qual era, mas a decoração era bonita. O nome do restaurante “Denyon” piscava no alto do prédio.

-Vamos. –Disse Namjoon nos apressando. Ele e Jin entraram lado a lado, destoavam bastante um do outro. Jin com seu moletom largo cor-de-rosa –Que ele insistia ser cor de salmão, mas eu sinceramente não sabia a diferença- e Namjoon com um casaco cinza longo. Jin andava de modo elegante e Namjoon emanava confiança, como se sentisse os olhares vindos em sua direção, mas não ligasse. E se estivessem com os braços enroscados até pareceriam um casal, mas não me atrevi a fazer esse comentário, já que esse era um assunto tabu na casa de Jungkook.

Entramos e escolhemos uma mesa perto da janela. Um garçom veio nos atender e eu fiquei um bom tempo tentando escolher algo, já que tudo parecia maravilhoso. Mas eu não podia esperar menos do Jin, se havia alguém que conhecia bons restaurantes, com certeza era ele. Escolhi uma carne cujo nome eu não conseguia pronunciar, uma porção de arroz e um pouco de salada.

Uma música animada tocava no ambiente, e unida à voz de estranhos conversando, trazia uma estranha sensação de bem-estar. Naquele momento, eu me senti agradecido por Jin ter me convidado.

- E então, Kookie –Falei puxando assunto- já terminou de pintar aquele quadro que tinha comentado? Você ainda não me mostrou ele. –Sorri. Jungkook pareceu meio desconfortável ao olhar para mim, mas respondeu-me normalmente.

- Terminei. Depois você pode passar lá pra ver –Respondeu- Eu já até comecei outro. –Ele deu um pequeno sorriso, como se estivesse comentando um segredo.

- Oh, eu também quero ir. –Exclamou Tae. –Você nunca me deixou ver suas pinturas, Jungkookie. –Reclamou com a voz manhosa. Jungkook riu.

-Isso porque da última vez que eu tentei te levar à uma galeria, você se entediou em menos de dois minutos e começou a fazer gracinha com os quadros. –Tae riu parecendo lembrar-se da ocasião.

-Mas aquelas pinturas eram chatas –Falou com descaso- As suas devem ser muito melhores. –Jungkook sorriu com o elogio.

- Jungkook é um artista nato –confirmou Jin com orgulho- Tenho certeza que puxou o irmão. –Namjoon começou a rir com sarcasmo.

-Só se ele for adotado. Porque sejamos realistas, você não sabe desenhar nem palitinhos. –Com isso todos nós rimos e Jin beliscou Namjoon, apesar de também ter achado engraçado. – Ainda bem que você vai virar médico, Jin, porque se fosse viver de arte, passaria fome. –Zombou rindo. Jin cerrou os olhos.

- Que criança abusada. –Falou apertando as bochechas do amigo com força. Namjoon fez uma careta de dor. Ele era mais novo que Jin, mas ás vezes parecia regular idade com o mesmo por conta da altura.

- Tão bonitinhos, até parecem um casal. –Tae zoou. Jin continuou apertando uma das bochechas de Namjoon, que estavam praticamente roxas, e com a mão livre jogou um dos pãezinhos postos na mesa na cara de Taehyung.

-Que agressão meu jovem. –Falou Tae passando a mão no rosto.

-Isso é pra você aprender a respeitar seus superiores, Taehyung. –Rebateu Jin soltando a bochecha de Namjoon, que devia estar bem dolorida. Eu apenas os observei rindo. Jin realmente não pareceu incomodar-se com a insinuação de Tae sobre ele e Namjoon serem um casal. Senti-me de certa forma feliz, por saber que Jin não compartilhava das ideias do pai.

-Mas sabe que ele tem razão? –Falei ainda rindo- Jin às vezes parece uma omma.

-E se eles fossem um casal, o Nam seria o appa. –Completou Jungkook lendo meus pensamentos. Nos três rimos enquanto Jin pegava outro pão em sinal de alerta. Abafei o riso, pois não queria levar pão na cara.

- Você está muito estressada –Falou Tae segurando o riso- omma Jin. –Namjoon rendeu-se e começou a gargalhar também. Jin riu forçadamente, seu semblante mostrava irritação. Ele pegou a cestinha de pão e terminou de jogar em nós. Paramos de rir e vimos que todo o restaurante o estava encarando. Jin ficou vermelho de vergonha e sentou-se novamente. O garçom chegou com a comida e encarou o mais velho com irritação dizendo que se ele fizesse aquilo de novo, nos expulsaria do restaurante. Foi só o homem se afastar que explodimos em gargalhadas novamente. –Inclusive Jin.

Nós conversamos e rimos muito. A comida estava uma delícia, e eu havia até conseguido esquecer dos problemas. Mas não durou muito, já que no meio do jantar meu telefone tocou:

-Desculpem. –Falei levantando-me para ir atender do lado de fora- Alô?

- O senhor é filho da senhora Park, certo? –Perguntou alguém do outro lado da linha. Meu Deus, será que era da clínica?

-Sou, sou sim. –Respondi tenso.

- O médico precisa falar urgente com o senhor.

- Por quê? O que aconteceu? –Perguntei suando frio.

-Parece que o estado da senhora Park piorou. –Respondeu brevemente- É melhor vir à clínica o mais rápido possível. –Ela não precisou dizer mais nada. Sai correndo para o restaurante de forma afobada.

                           Continua...