História I'll save you (Yoonmin) - Venha comigo.

-Sim – Confirmei escondendo o rosto em seu ombro. Depois disso, nenhum de nós disse mais nada. Eu tive que fazer um esforço enorme para conseguir parar de chorar. Yoongi não me consolou nem nada, apenas ficou bebendo enquanto esperava meu choro sessar. E apesar de mal conhecê-lo, sua presença me acalmava. Era uma sensação estranha de conforto.

Senti-me um pouco envergonhado por estar chorando apoiado em um estranho, mas ele não pareceu se incomodar.

- Desculpe por isso – Falei referindo-me ao choro. Funguei mais uma vez e sequei o rosto com as mãos. Ele assentiu como se dissesse que entendia. – E obrigado por me amparar. –Agradeci levantando-me – Acho melhor eu voltar para casa. –Disse com desânimo. A ideia de voltar para casa sem a omma era dolorosa.

- Só não invente de passar por atalhos novamente. –Advertiu.

- Claro. –Disse com um sorriso de canto.

Fiquei um tempo olhando para a rua sem saber o que fazer. Eu tinha que retornar para casa, mas não tinha vontade nenhuma de fazê-lo. Eu sabia muito bem que quando chegasse teria que ligar para Jungkook e contar tudo. E o que eu menos queria fazer naquele momento era isso. Minha única vontade era me jogar na minha cama e sumir.

Vi Yoongi jogar a garrafa vazia em qualquer canto e levantar-se. Ele coçou a cabeça e pareceu ponderar sobre algo.

-O que foi? –Perguntei.

-Hm... Não é nada. –Ele suspirou. Fitei-o esperando que dissesse mais alguma coisa, mas o mesmo calou-se. Isso me fez pensar... Ele não tinha lugar para dormir, não é? Se ele vivia mesmo na rua, então não tinha para onde ir. Diferente de mim, ele não tinha para onde retornar ou para quem ligar.

Novamente o sentimento de ter que “cumprir um dever” me tomou. Eu não podia deixa-lo sozinho, eu tinha que fazer algo...

-Yoongi –chamei, ele me olhou de relance- você não tem onde ficar, tem? –Perguntei ainda indeciso sobre fazer aquilo ou não. Talvez eu me arrependesse, mas... – Se quiser, pode ficar na minha casa. –Ele arqueou as sobrancelhas em sinal de surpresa.

- Eu já tenho para onde ir. –Era mentira. Eu soube assim que olhei em seus olhos. Talvez fosse orgulhoso demais para admitir ou não quisesse que eu sentisse pena dele.

-Por favor, não minta para mim. Eu quero te ajudar.

-Você tem que parar com isso –disse de forma irritada- Eu já disse que não quero ajuda. –Suspirei.

-E por quê? –Questionei- É orgulhoso demais para aceitar?

-Isso não tem nada a ver com orgulho... –Respondeu desviando o olhar- Já experimentei muito da falsa bondade dos outros. Eles te ajudam, mas sempre esperam algo em troca. –Falou amargamente, como se aquilo o remete-se a memórias ruins. Fiquei sem saber o que dizer. Eu não queria nada em troca, até porque eu sabia que ele não tinha. Mas como explicaria isso? Como explicar que eu me sentia culpado quando não conseguia ajudar as pessoas?

-Então... não encare isso como ajuda ou como um ato de pena. –Falei me aproximando dele- Veja isso como um agradecimento, por ter me ajudado hoje.

-Agradecimento? –Indagou. Assenti com firmeza. – Eu não acho que eu tenha feito algo digno de agradecimento... –Respondeu com incerteza.

-Você fez. –Confirmei- Venha comigo.

-Digamos que eu aceite... –ponderou- Eu posso até lhe dar um voto de confiança, mas como você vai conseguir confiar em mim? Não tem medo de levar um desconhecido qualquer para sua casa? E sua família?

-É difícil explicar –Respondi- Mas você me parece uma pessoa sincera, e se me disser que não tem más intenções, eu acredito em você. E sobre a minha família... Minha mãe está internada, e o resto da minha família está em Busan. Moro sozinho. –Conclui.

-Garoto ingênuo. –Murmurou balançando a cabeça. Ele me deu um meio sorriso triste e voltou o olhar perdido para o nada. –Você realmente parece uma pessoa bem intencionada, Jimin. Mas...

-Apenas aceite. –O interrompi com impaciência. Yoongi deu um longo suspiro.

-Está bem então. –Eu sorri. De certa forma estava feliz com aquilo. Seria bom ter companhia.

-Mas sabe, Yoongi? –Comentei enquanto andávamos pelas ruas desertas do centro- Uma pessoa com más intenções não teria se dado ao trabalho de dizer tudo isso. –Ele analisou-me.

-É... Pode ser. –Respondeu de forma vaga.

-Você não é má pessoa, Yoongi, o mundo que não foi bom com você. –Yoongi me encarou parecendo verdadeiramente encabulado.

-Não diga esse tipo de coisa para quem mal conhece. –Resmungou evitando contato visual. Tive o rápido vislumbre de seu rosto vermelho antes dele colocar o capuz.

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Quando finalmente chegamos já passava de meia noite. Fiquei feliz por ter arrumado a casa antes, já que não sabia que teria um hospede.

-Pode tomar banho primeiro. –Disse lhe entregando uma toalha- Jogue minha blusa na roupa suja. E sobre suas roupas... Eu irei lhe emprestar as minhas, então pode descartá-las.

-Você quer que eu jogue minhas roupas fora? –Perguntou franzindo as sobrancelhas.

-É melhor. –Respondi. Yoongi não contestou, apenas deu de ombros. – O banheiro é na primeira porta do andar de cima. –Avisei apontando para as escadas. Ele assentiu e logo subiu para o segundo andar.

Joguei-me no sofá e senti grande alivio ao poder finalmente descansar as pernas. Eu tinha corrido muito hoje.

Disquei o número do Jungkook e esperei o mesmo atender.

-Alô?

-Oi, Kookie. Eu liguei só para avisar que eu já cheguei. Não precisa ficar preocupado, tá? Eu tô bem. Amanhã te conto o que aconteceu.

-Aqui é o Jin, Jimin. Estou com o celular do Jungkook, ele deixou comigo para o caso do appa ligar. Ele foi dormir na casa do Tae.

-E seus pais deixaram? –Perguntei confuso- Como assim no caso do seu pai ligar?

-Só a omma sabe que o Kookie foi dormir lá. O appa teve que sair de última hora e disse que volta só amanhã de tarde, por isso Tae convidou Jungkook para dormir lá.

-Dormir lá? Como assim dormir? –Perguntei preocupado. Jin bufou.

- “Como assim dormir?” Dormir, Jimin! Dormir! Sabe quando você fecha os olhos e cai em um estado de relaxamento profundo? –Respondeu com ironia- Então! É esse tipo de dormir. Aliás, é exatamente isso que eu estou querendo fazer agora.

-Tá, tá já entendi. Eu só fiquei preocupado...

-Com o quê? Os pais do Taehyung estão em casa.

-Não é com os pais dele que eu me preocupo... –Resmunguei.

-Mano, o máximo que eles podem fazer é se pegar –Quase engasguei quando ele disse isso- Nada, além disso, vai acontecer. Então relaxa! Jungkook também não é nenhum idiota, ele sabe muito bem o que pode ou não fazer.

- “Se pegar”?! Eles não são amigos?

-São, ué. Mas idaí se eles quiserem se pegar? Até eu queria dar uns pegas no Taehyung. –Falou como se aquilo não fizesse diferença.

-Seokjin, seu pedófilo. –O acusei fazendo cara de pasmo.

-É o caralho! Se dá pé na pia já tá liberado. Tem pedófilo aqui não. –Rebateu.

-Você não presta. –Falei rindo.

-Por que você acha que o Namjoon me quer? –Se gabou.

-Quê?

-Nada não, Jimin. Tchau. –Falou desligando na minha cara. Bufei jogando a cabeça para trás. Jin era mesmo um idiota. Como ele podia não estar preocupado? Aliás, por que eu estava preocupado? Jungkook não era nenhuma criança. Sim, eu o considerava meu irmão mais novo, e estava sempre protegendo-o, mas não havia razão para ficar tão alarmado.

Talvez eu só estivesse com inveja do Tae, por ele estar recebendo toda a atenção que deveria ser dada para mim. –Estava mais que obvio que era por isso, mas eu me recusava a acreditar que tudo não passava de ciúmes do meu melhor amigo.

-Talvez ele nem me considere seu melhor amigo... Afinal, ele tem o Taehyung. –Falei revirando os olhos. Senti água pingar em meu rosto e olhei para cima dando de cara com Yoongi me observando. Ele ainda estava bem molhado e segurava a toalha com a mão direita. Pude sentir o cheiro do meu sabonete em sua pele. Era estranho sentir um cheiro tão familiar vindo de uma pessoa praticamente desconhecida.

-As roupas. –Falou antes que eu tivesse que perguntar.

-C-Certo. –Disse levantando-me. Subi para o meu quarto de modo apressado. Fui direto para o guarda-roupa e selecionei um pijama em bom estado. Dei uma rápida olhada no espelho e percebi que meu rosto estava vermelho. Minha pulsação também estava meio descompassada.

Deus, o que estava acontecendo? Talvez, fosse pelo fato de eu não estar acostumado com caras andando de toalha pela minha casa. Fora que ele havia aparecido do nada.

Balancei a cabeça espantando minhas perguntas e desci com as roupas. Yoongi estava de braços cruzados, seus olhos passeavam pela casa de modo curioso.

-Aqui – Estendi as roupas evitando olhar muito para ele.

-Obrigado. –Agradeceu dirigindo-se ao andar de cima.

- Yoongi – Falei olhando-o de lado- Por favor, não fique andando de toalha por ai. –Ele encarou-me e depois disfarçou um riso ao perceber que eu estava envergonhado.

-Foi mal. – Desculpou-se.

Esperei que o mesmo terminasse de se trocar, mostrei-lhe o quarto onde iria ficar e fui tomar meu banho. Eu estava exausto de todas as formas possíveis. Normalmente, eu teria preguiça de tomar banho num frio daqueles, mas a água quente me ajudava a relaxar.

Após me trocar chequei o quarto onde Yoongi estava e constatei que ele já havia dormido. O quarto que ocupava, era o antigo quarto da omma. Mas já fazia muito tempo que não era usado. O sentimento de ter alguém ocupando o quarto dela era esquisito, e ao mesmo tempo, preenchia um vazio que eu nem sabia que existia.

Esvaziei a cabeça de todas as preocupações e me permiti ter pelo menos uma boa noite de sono em muito tempo. Peguei no sono sem nem perceber.

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Acordei com o barulho incessante da campainha. Mas quem seria uma hora dessas?

Peguei o celular e vi que já passava das dez horas. Okay, não era tão cedo assim, mas eu estava planejando dormir até duas e meia da tarde. Arrastei-me para fora da cama e não me dei nem ao trabalho de trocar de roupa ou lavar o rosto, qualquer que fosse a pessoa lá fora, teria que lidar com a minha cara inchada.

A campainha continuou tocando e eu desci as escadas correndo. Olhei pelo olho-mágico da porta e logo meu desanimo foi todo embora.

-Hobi! –Gritei abrindo a porta e me pendurando em seu pescoço. O mesmo pareceu surpreso e me abraçou forte.

-Estranho você estar de bom humor logo de manhã. –Eu ri o puxando para dentro de casa. Fazia meses desde a última vez que eu o vira.

O arrastei para a cozinha e liguei a cafeteira. Servi duas xícaras imensas de cappuccino para nós e sentei-me na mesa.

-Já passou na casa do Kookie, ou a minha foi a primeira? –Perguntei bebericando o cappuccino.

-Eu ia passar lá, mas mandei mensagem para o Jin e ele disse que Jungkookie não estava em casa. Então vou pra lá mais tarde. –Respondeu passando a mão no cabelo escuro. Da última vez que eu o vi, seu cabelo estava tingido de ruivo. – Mas eu quero saber sobre você, Jimin. Como estão as coisas? –Perguntou com um quê de preocupação na voz.

-Ah... Normais. –Suspirei. Eu não podia ficar ocultando tudo de ruim que acontecia na minha vida. Acabei contando o que tinha ocorrido com a omma. Sabe, depois de tanto repetir as mesmas coisas, o assunto começava a não doer tanto.

-Pode ficar tranquilo, ChimChim. Eu posso não estar aqui sempre, mas tenho certeza que Jin, Nam e Jungkook vão cuidar muito bem de você. –Tranquilizou-me sorrindo. Hoseok era outro que eu considerava um irmão. Estava sempre ali, com seu jeito meio desajeitado tentando me fazer rir.

-É, eu sei disso. –Falei retribuindo o sorriso- Mas e a academia? Anda tendo muitos clientes? Aposto que sim, com um professor bonitão desses. –Ele riu.

- Verdade. Não posso negar que minha beleza e sensualidade atraem as pessoas. –Respondeu fazendo cara de convencido. – Mas, tipo... –Ele interrompeu-se e se concentrou em algo atrás de mim. Parecia meio pasmo com o que quer que estivesse vendo.

-O que foi?

-Quem é ele? –Indagou. Virei-me para trás e vi Yoongi entrando na cozinha só de cueca. Mas o que esse filho da puta tem na cabeça?!

-O que tem pra beber? –Perguntou como se nem tivesse percebido a presença de Hoseok na cozinha.

                           Continua...