História Illusion - Décimo Primeiro

Yoongi era simplesmente demais.

Jimin habia percebido isso no décimo minuto que passaram juntos: Ele era simplesmente o máximo. Não haviam palavras suficientes para descrevê-lo. Ele era louco, divertido, animado, agitado e tinha uma leve pitada de sensualidade, pela maneira que ele se movia e sorria. Sua personalidade também era um tanto quanto violenta, talvez meio psicopata, mas ele tinha que aceitar: Ninguém é perfeito, com Yoongi não seria diferente, obviamente. Mas uma coisa que realmente incomodava Jimin era o fato de Yoongi ser uma versão mais louca, divertida, ousada e impopular de Suho, o que não era lá a coisa mais legal do universo. Ele percebeu isso pela maneira que o garoto tratava os outros alunos, ou falava deles. Havia um garoto chamado Luhan, do qual Yoongi falava como se ele fosse um objeto.

Basicamente, ele havia ficado com Luhan havia alguns anos e o namoro não terminou muito bem. Agora ambos se odiavam, porém o ódio de Yoongi era desumano. Ele insistia em chamar Luhan de vadia, puta, cadela, vagabunda... enfim. Adjetivos femininos que davam a impressão de que Luhan era apenas um buraco no qual Yoongi podia colocar o pênis. E o pior era que Yoongi o perseguia; não da maneira stalker, ou algo parecido, mas como Suho perseguia Jimin. E isso fazia com que o ruivo se sentisse totalmente aborrecido. Ele havia sofrido bullying desde que se conhecia por gente, e sabia que aquilo não era legal. Não era prazeroso, não era gostoso, não era algo agradável. Era deprimente, enraivecedor e doía. A dor era o pior de tudo e, ao se colocar no lugar de Luhan, ficou embasbacado com o tanto de tristeza que ele devia sentir. O menino tinha o ex-namorado o incomodando e importunando constantemente. No ponto de vista de Jimin, aquilo era horrível. E Luhan era mais baixo que ele, então não tinha como se defender muito bem.

Aquilo simplesmente não parecia justo, mas Yoongi parecia não se importar muito com a justiça. Jimin perguntou a si mesmo se Suho era assim. Uma pessoa fascinante para seus amigos, e um monstro para as outras pessoas.

Jimin conhecia muito bem a parte monstruosa, mas não sabia nada sobre a personalidade de Yoongi, ou de seus amigos. Após pensar nisso, se deu conta de que, se ele andasse com Yoongi, talvez ele fosse considerado um capanga, até mesmo um idiota ou brutamonte. Aquilo parecia horrível. Mas sabia que não poderia evitar e todos já o viram andando com ele.  O bom disse era que ninguém mexeria com Jimin, visto que ele era "amigo" de Min Yoongi, o garoto que pichou as paredes da escola com pênis, palavrões e outras coisinhas à mais. Sim, ele havia feito isso. 

Esse era motivo de sua "condenação" ao grupo de anfitriões, ou "clube de boas-vindas". Na verdade, ele só teria que ficar por alguns meses, mas o fato de ter jogado ovos, cola e penas na sala do diretor, o rendeu mais meses e, ainda por cima, ele ter explodido uma bomba caseira na biblioteca o deu ainda mais meses, o que resultou em um ano de trabalho no grupo de anfitriões, juntamente com ter de fazer contribuições quinzenais para o jantar da escola, além de uma ficha na polícia local. Ele, com certeza, era um garoto problema. Basicamente uma lenda pela escola, e ele não parava. Ele havia relevado à Jimin alguns detalhes sobre um plano de distribuir nudes da filha do diretor, Hyun Taehyoon. Ele havia ficado com Taehyoon e ele havia permitido que ela tirasse algumas fotos para fazer "coisas de adolescentes". Yoongi perdeu aquelas fotos no ano retrasado, mas as recuperou fazia alguns meses.

Jimin o desejou boa sorte, mas deixou bem claro que não faria parte daquela operação perigosa. Ele era bem legal, mas o ruivo se recusava à distribuir fotos comprometedoras de uma garota que havia se apaixonado por ele. Não era certo, simples assim.

— Esse é um dos motivos do diretor me odiar. — Yoongi disse, com aquele sorriso malicioso e pretensioso no rosto. — Ele já me pegou comendo a filha dele, e sabe que aconteceu várias vezes.

— Nossa. — Foi a única coisa que conseguiu pronunciar no momento. Ele queria que o outro parasse de usar termos como esse, já que faziam com que a garota parecesse um brinquedo.

— Não ligo muito, já que nunca gostei das autoridades, de qualquer maneira. É ainda melhor quando elas não gostam de mim, assim não sinto culpa por espalhar os nudes das filhas delas. — Ele continuou, mas desta vez sem o sorriso no rosto. Agora ele parecia menos brincalhão, como se o assunto do qual tratasse fosse mais complicado e tivesse que ser tratado com mais seriedade.

— Sobre isso, eu tenho que repetir: Acho que essa não é uma boa ideia. De verdade. O que ela fez pra você? 

— Nada, o término foi até tranquilo.

Foi uma decisão mútua.

— Então pra que espalhar os nudes dela?

— Não quero atingi-la, quero atingir o diretor, sacou? Tudo o que eu faço, não é pra atingir os estudantes e afins, é a diretoria e a secretaria, entendeu?

— Mas você vai acabar atingindo a filha do diretor e você é inteligente o suficiente pra saber disso.

— Como eu disse, ela não é meu alvo. Nenhum estudante ou qualquer outra pessoa é meu alvo, mas se eu tiver que atingi-los pra conseguir o que eu quero, estou pouco me  fodendo. — Jimin ficou um pouco chocado com as palavras de Yoongi. Ele parecia algum tipo estranho de terrorista, ou agente matador, ao falar daquela maneira. 

— Se eu fosse você, eu não faria isso. Você vai acabar se fodendo de novo.

— Jimin, eu já estou todo fodido. 

Todos sabem disso, e acho bom você entender isso também, ok? Estou na merda da merda e se quiser ser meu amigo, vai ter que aceitar isso. Desculpa se estou sendo um pouco grosso, mas é importante eu te mandar a real. Não precisa me ajudar em nada, pra falar a verdade eu não quero que me ajude, porque você vai se foder por minha culpa. Mas é vital que você compreenda isso.

— Uh-h... — Estava completamente sem palavras. Aquele fora o discurso mais estranho que já havia ouvido em toda sua vida. Nunca havia ouvido nafa parecido com aquela louca, porém amigável explicação. — Tudo bem, Yoongi, sem problemas. Eu só.... — "Só queria te proteger". Era o que ele pensava em falar, mas o outro havia acabado de dar um mini discurso sobre aquilo. — nada, deixa quieto.

— Só queria meu bem, né? Tô ligado, mas não se pode desejar, nem fazer bem pra mim. É frustrante quando você tenta. — Ele soltou uma risada divertida no final da frase, muito provavelmente numa tentativa de amenizar tudo o que havia falado.

— Acho que seus ex-namorados e namoradas te desejaram bem. — Jimin disse, tentando consolá-lo.

— E todos estão frustrados. — Ele riu mais uma vez. — Inclusive meu atual..

— Você acha?

— Acho. Na verdade, tenho quase certeza. A gente briga feio, transa, passa uma semana bem, briga feio, transa, passa uma semana bem e por aí vai... só tô esperando ele terminar comigo.

— Você gosta dele?

— Muito. Eu o amo, mas... acho que ele está se cansando de mim. Qualquer um se cansaria.

— Acho que eu não vou me cansar de você. — Jimin abriu um sorriso amigável, que foi correspondido pelo primeiro sorriso não malicioso de Yoongi.

— Tomara.

                     ☆☆☆☆☆

— Então, Jiminnie, como é o Yoongi? — Jungkook perguntou, quando ele e Jimin saíram da sala do diretor. — Ele foi legal?

— Ah, sim, muito. Foi muito simpático e tudo mais. — O ruivo respondeu, com uma segurança espantosa na voz.

— Isso é ótimo. Ele... ele te tratou bem, então?

— Sim, muito bem.

— Bom, bom... você gostou dele? — Ele perguntou, com um tom talvez desconfiado na voz. Jimin não estava entendendo as expressões, nem o tom, nem o jeito de Jungkook. Ele parecia incomodado, talvez um pouco nervoso, mas não conseguia identificar nada além disso.

— Sim, achei ele legal.

— Sério?

— É. Ele é bem amigável. — Quando se encontraram já do lado de fora da escola, ambos se dirigiram para o carro de Jungkook.

— Saquei... ele... parece até que.. excêntrico. — Chegando no carro, Jungkook abriu as portas, permitindo que Jimin abrisse a porta, entrasse e se sentasse.

Em seguida, ele sentou-se ao lado do ruivo, e deu partida no carro com cuidado, já que ele e Jimin haviam tido uma séria conversa sobre o jeito de ele dirigir.

— Ele é, mesmo. — Jimin disse, com metade da atenção  focada na maneira que o outro manobrava.

— Você acha que ele é um possível amigo? — Jungkook perguntou, com seus olhos fixados no ruivinho. 

— Sim, acho. Olhos na rua Jeongguk, não em mim. 

— Desculpa. — Jungkook voltou a olhar para a rua, apesar de parecer incrivelmente incomodado com algo. —   Mas, voltando ao assunto original... você acha que ele pode ser... talvez mais do que um amigo? — Ele perguntou, e a maneira que falou transmitiu a mais profunda ansiedade, com uma pitada do -quase - sempre incômodo.

— Não, ele tem namorado.

— Isso nunca impediu ninguém. — O moreno retrucou ao Jimin terminar a frase, o que o fez levantar a sobrancelha, de maneira duvidosa.

— O que você está insinuando? — Jimin perguntou, ainda com a sobrancelha levantada.

— Nada, é só... não fui com a cara dele, só isso. Ele parece problema e não quero problemas perto de você,  Minnie. — Se fosse antes, ou com outra pessoa, Jimin ficaria enfurecido pela maneira que Jungkook estava julgando Yoongi, que havia se demonstrado simpático e bacana. Mas ele não ficou.

Não se enfureceu nem um pouco, já que Yoongi era problema certificado e carimbado, além do fato de não ter odiado o zelo e cuidado que Jungkook estava demonstrando. Meses atrás, Jimin diria "não enche", mas, naquele momento, ele podia dizer que era até mesmo interessante ver como o outro estava tomando conta de si. Jungkook deixara de ser intrometido e passou a ser.... fofo.

— Ah. — Disse, com a voz calma. — Não precisa de preocupar Jeongguk. — Ele continuou, dando um sorriso que fazia de seus olhos risquinhos pequenininhos.

— Certeza? Não quero que você se meta em problemas. 

— Tenho, tenho sim. Relaxa, eu nao sou do tipo que se deixa influenciar facilmente. 

— Acho que tudo bem, se for assim. Mas, eu tenho que perguntar: Ele tentou... uh, ficar com você ou até mesmo... — Jungkook engoliu seco, e seu ar de nervosismo e ansiedade aumentou drasticamente. — e etc? — Ele disse, pondo um fim na pergunta.

Jimin achou estranho, porém adorável,  a maneira que ele parecia estar se revirando de ciúmes por dentro. Ou pelo menos, era isso que parecia: Jungkook estava esperneando de ciúmes em seu interior. O ruivo não pôde se conter, e deu uma risadinha que saiu mais fofa que o planejado.

— Jungkook, não. Eu já disse, ele tem namorado e o ama muito. E, mesmo que ele tivesse tentado, nada teria acontecido, porque eu não tenho interesse amoroso algum no Yoongi. Entendeu?

— Sim, sim. Desculpe se eu... te ofendi ou qualquer coisa do gênero, é só... — Fez uma pausa para respirar fundo e engolir seco, que deixou Jimin numa pequena expectativa. — eu nao quero outros caras mexendo com você. — O ruivo se surpreendeu. Realmente, ficou surpreso. A maneira, e a frase que Jungkook falou... fez com que ele ficasse um tanto quanto... não havia palavras. Uma estranha mistura de surpresa, com segurança e um sentimento estranho; uma vontade desumana de apertar as bochechas de Jungkook e deixar claro como aquela demonstração de ciúmes era a coisa mais fofa que alguém já havia dito - e feito - por ele. Ele devia estar com raiva, sabia disso. Afinal, quem era Jeongguk para dizer com quem ele podia e não podia andar, quem podia e não podia mexer com ele? Ninguém, honestamente. Mas ele não estava. Ele nem "não-odiou". Ele gostou. Gostou tanto que abriu um sorriso de orelha à orelha por motivo nenhum.

— Eu vou ficar bem. E o Yoongi não quer nada comigo, certeza. Pode ficar tranquilo. — Ele disse, no intuito de tranquilizar Jungkook. 

— É bom ouvir isso.