História Ilusionist- Norminah - Nineteen

Dinah POV

Eu deveria estar descansando ou fazendo algo para esquecer dos problemas na delegacia, mas eu estava fazendo exatamente o contrário. Já haviam passado três horas que eu estava lendo e relendo alguns relatórios e documentos dos casos que eu era responsável. Normani viria me buscar depois que saísse da delegacia, pois combinamos de sair, então eu precisava me arrumar. Decidi ir tomar banho, me despi e fui para o banheiro, depois de alguns minutos eu estava escolhendo uma roupa.

Vesti uma calça jeans, uma blusa vermelha, um sapato qualquer, deixei os cabelos soltos e uma maquiagem leve. Ouvi um barulho na sala, mas resolvi ignorar, depois de alguns segundos ouvi outro barulho e no mesmo instante Nick entrou em meu quarto chorando.

- O que você esta fazendo aqui? – Eu perguntei fervendo de raiva.

- Pelo amor de Deus... Diz que é mentira. – Ele passou as mãos nos cabelos, em sinal de nervosismo.

- O que é mentira? – Eu falei um pouco mais calma.

- Você... E a Kordei... É com ela que você... – Ele fez uma cara de nojo. – Vocês estão transando?

- O que você tem a ver com isso? – Eu respirei fundo. – Sai daqui.

- Me fala que é mentira. – Ele se aproximou de mim.

- Não chega perto. – Eu praticamente gritei, ainda tinha medo dele.

- Eu não vou fazer nada com você... – Ele parecia triste. – Eu só quero saber se é verdade.

- Quem falou isso pra você? – Eu sentei na minha cama e ele sentou ao meu lado.

- Foi a Jilly. – Ele deu de ombros.

- Maldita. – Eu sussurrei.

- Então é verdade? – Ele levantou e se afastou de mim.

- Sim, é verdade! Agora você já pode ir embora. – Empurrei o homem de leve.

- Você só pode estar de brincadeira... É sapatão agora? – Ele riu sem humor.

- Você não tem nada a ver com a minha vida, Nick... Por favor, vai embora.

- Você será minha novamente, nem que pra isso eu precise matar alguém.

O homem falou isso e simplesmente saiu, eu fiquei parada e chocada com as palavras dele, esse homem não era o Nick... Não podia ser, ele esta tão diferente. Peguei meu celular para ligar pra Normani e havia uma mensagem da mesma.

“Dinah, não vou poder encontrar você... Desculpa, eu te ligo mais tarde ok? Eu tenho algumas coisas urgentes para resolver, beijo.”

Bufei e me joguei na cama, eu não estava acreditando que ela havia me deixado na mão. Não acredito que vou ficar em casa, depois de tudo isso...

Normani POV

Mandei uma mensagem para Dinah avisando a ela que não poderíamos sair essa noite e a mesma nem me respondeu, bufei por ter que mentir para ela de novo, mas era preciso.

- A Dinah ficou brava por você não sair com ela hoje né? – Ally disse se aproximando e se sentando ao meu lado.

- Provavelmente. – Suspirei. – Mas é preciso não é?

- Não, e você sabe disso Mani. – A mais baixa me encarou.

- Ally... Eu sei.

- Você acha que precisa disso para ser feliz. – A baixinha disse.

- É eu preciso disso, eu quero aquele homem morto. – Eu falei indignada. – Eu não te entendo, você já matou alguém antes, por que isso agora?

- Por que eu sei exatamente como você vai se sentir, matar alguém exige muita coisa, sem falar nas consequências.

- Já está decidido ok? E você prometeu estar comigo Ally, eu já errei muito nessa vida não vai fazer diferença eu errar de novo. Minha vida não vai ficar pior do que já está. – Eu disse já sentindo meus olhos arderem pelas lágrimas.

- Shhhh Mani, calma, vamos esquecer isso, e fazer logo o que tem que ser feito.

Eu apenas assenti e me deitei em seu colo, Ally é como uma mãe para mim, tenho muita sorte de ter ela em minha vida.

- Cheguei. – Jilly falou entrando na sala. – Consegui o endereço do hospital e também algumas coisas para conseguirmos entrar no quarto onde o velho está.

- Como conseguiu? – Perguntei me levantando do colo de Ally.

- Vamos dizer que... Eu contratei um hacker para entrar no computador do Nick, onde tem uns emails do hospital onde o pai dele está hospedado.

- Wow Jilly é você mesma? Finalmente uma ideia boa. – Ally disse rindo e eu acompanhei.

- Muito engraçado Ally, no circo lá do centro ainda tem vaga, você quer?

- Meninas vamos logo, temos uma noite longa, e sem briguinhas, por favor.

Depois de uma hora mais ou menos, estávamos entrando no hospital, meu coração estava acelerado, minhas mãos estavam trêmulas, mas eu tinha certeza que precisava fazer isso. Jilly estava ao meu lado direito, ela carregava uma bolsa que havia algumas roupas e o meu principal aliado, o calmante, que iria me ajudar a matar aquele velho nojento. Ally estava com duas armas nos coldres que estavam em suas coxas, por baixo do vestido solto que usava.

Estávamos nos arriscando muito, mas era por algo maior... Eu realmente precisava me libertar desse passado, que cada dia me corrói mais e mais. Respirei fundo quando chegamos ao balcão onde estava uma moça com os cabelos presos e um uniforme.

Ela sorriu para nós e perguntou o que queríamos.

- Nós somos agentes do FBI. – Jilly falou sorrindo. – Estamos resolvendo um caso e precisamos conversar com algumas pessoas que estão internadas aqui.

- Ah... Só um minuto. – A mulher levou a mão até o telefone, mas Ally a impediu.

- Nós já temos a autorização. – A mulher sorriu.

- Eu posso ver? – Estendeu a mão para o papel que Ally segurava.

Jilly havia pensado nisso, então o hacker havia feito um papel com todas as informações e como se fosse uma autorização verdadeira do hospital.

- Ok, podem ir... – A mulher entregou o papel novamente. – Ah... Vocês querem que eu acompanhe vocês até os quartos?

- Não precisa... – Eu pisquei para a mesma que corou. – Obrigada.

Senti a adrenalina tomar conta do meu corpo, cada passo que eu dava o sorriso crescia em meus lábios, eu não estava acreditando que em alguns minutos minha vingança estaria concluída.

- Mani você tem certeza? – Jilly perguntou assim que paramos em frente à porta do quarto do homem.

- Sim, eu tenho. – Respirei fundo.

Andei dois passos para o lado até chegar à janela de vidro que havia ali para olhar o quarto, e lá estava ele... Dormindo, sereno... Como se fosse um anjo. As lembranças daquela noite trágica vieram em minha mente, senti meu corpo fraco, as lágrimas rolaram pelo meu rosto sem controle, senti minhas amigas segurando meu corpo para eu não cair, havia alguns bancos por ali e elas me ajudaram a sentar.

- Você não esta preparada para isso Normani. – Ally falava enquanto estava com os braços ao redor do meu corpo.

- Mani, a Ally esta certa... Vamos embora. – Foi a vez de Jilly falar.

- Não, por favor... Eu só preciso respirar um pouco... – Eu disse fechando os olhos e respirando fundo. – As lembranças vieram á tona, me desculpem, só preciso de alguns minutos.

 - Ok. – Ally murmurou.

Enquanto eu me recuperava, Jilly bateu na porta do quarto, uma senhora abriu e sorriu para ela, provavelmente seria a mãe do Nick, então Jilly fez o que havíamos combinado, ela tiraria o acompanhante do quarto, com a desculpa de que era do FBI e precisava de algumas informações, então eu e Ally entraríamos e faríamos nosso serviço.

Quando a senhora passou com minha amiga em direção ao elevador, Ally apertou firme minha mão e eu assenti. Caminhamos lentamente até a porta e entramos, o homem ainda dormia. Eu queria acordá-lo e falar várias verdades pra ele, mas seria pior, pois o homem gritaria por socorro, então seria melhor seguir o conselho de Ally, ela queria apenas que eu colocasse todo o vidro do calmante no seu soro e fossemos embora.

- Aqui está Mani... – Ally disse me entregando a seringa que havia o calmante.

- Quer eu faça isso? – A baixinha perguntou, percebendo o meu nervosismo.

- Não Ally, eu quero ter esse prazer.

Fitei a seringa em minhas mãos e as lembranças daquele maldito dia invadiram minha mente de novo, eu podia ouvir meus próprios gritos, aquele desespero cresceu em meu peito novamente, eu não pude fazer nada para salvar minha família, e a culpa é desse homem, uma raiva descomunal tomou conta de mim, senti meu corpo esquentar... Esse monstro merece morrer, ele acabou com a minha vida.

Abri os olhos e um sorriso diabólico pousou em meus lábios. Sem esperar mais nem um segundo, injetei todo o líquido em seu soro, iria entrar aos poucos em seu corpo, ele morreria lentamente. Assim que deve ser. Ally começou a passar um pano, onde nós havíamos tocado para limpar nossas digitais, enquanto eu fechava a bolsa para irmos embora, derrubei meu celular e homem acordou em um sobressalto.

- Quem... – Ele puxou o ar com força. – São vocês? Ele me fitava, e eu estava paralisada, eu queria socar a cara dele, Ally parou ao meu lado e pediu para eu manter a calma.

- Preciso de ar... – Ele arregalou os olhos. – Tudo... está girando. – Ele começou a se debater. – Preciso de ar...

- Vamos Mani. – Ally me empurrou de leve. – Se ficarmos mais tempo aqui, vão nos pegar.

- Me ajudem... – O homem me fitava, em nenhum momento ele olhou para Ally.

Senti aos mãos pequenas da minha amiga me puxando para fora do quarto, eu estava praticamente em choque, não tinha reação, ele iria morrer, ótimo, mas porque eu já estou me sentindo culpada.... Ele mereceu isso... Ás lágrimas novamente rolaram pelo meu rosto, mas dessa vez eu não conseguia me mexer, Ally me empurrou até a cadeira e ali eu fiquei, senti meu corpo pesar e apaguei. Acordei horas depois, já estava em casa, Jilly, Ally e Josh estavam me encarando. As lembranças das últimas horas me atingiram em cheio...

- O QUE EU FIZ... – Eu gritei e todos se assustaram. – O QUE EU FIZ? – Eu levantei da cama desesperada e Jilly me abraçou tentando me acalmar.

Nick POV

Eu estava surpreso e não queria acreditar no que Dinah havia dito, isso era demais para mim, eu a amo, e ela vai lá, em 5 minutos me troca, e ainda por uma mulher? E não basta ser uma mulher ainda tem que ser a que eu mais odeio. Me lamentar agora não adiantaria, eu e Jilly temos que agir em quanto há tempo. Saí dos meus pensamentos quando senti meu celular tocar, me apresso para atender.

Ligação on

- Alô. – Estranhei os barulhos de choro do outro lado da linha. – Quem é?

- Filho... Sou eu... Vem para o hospital agora, por favor.

- Mãe o que aconteceu? Que número é esse?

- Nick não interessa, vem logo para cá é melhor conversarmos pessoalmente.

- Ok, já estou indo, fica calma.

Ligação off

Saí imediatamente em direção ao hospital, meu pai deve ter piorado para ela estar assim. Demorou 50 minutos para eu chegar ao hospital, o trânsito estava horrível, estacionei meu carro e fui em direção á entrada do local. Entrei na recepção do hospital e encontrei minha mãe assinando alguns papéis, fui até ela para saber o que eram aqueles papéis.

- Mãe o que você esta assinando? – Perguntei a mesma que me encarou com os olhos cheios de lágrimas.

- Meu filho seu pai...

- O meu pai o que? – Senti meu coração apertar. Eu sabia o que era... Mas não poderia ser verdade.

- Ele faleceu meu filho. – A mais velha disse me envolvendo em um abraço forte.

- O que? Mãe... A senhora só pode estar brincando comigo... Fala para mim que é mentira... Por favor.

- Não meu filho, não é mentira. – Ela respirou fundo. – Ele morreu.

- Não... – Eu neguei com a cabeça. – Ele estava bem, os médicos disseram.

- Eu não sei meu filho, eu saí para conversar com uma moça e quando eu voltei ele estava gritando e se debatendo, foi horrível. Não respondi minha mãe, fui andando em direção ao quarto do meu pai, isso era mentira eu não poderia acreditar que ele estava morto.

Dinah POV

Depois de ligar mais de dez vezes para Normani, e ela não atender nenhuma, eu resolvi descansar e assistir algum filme, havia tempo que eu não fazia isso e isso me relaxava. Fui até a cozinha fazer pipoca e aproveitei para responder a mensagem de Camila, a mesma estava perguntando se eu poderia dar carona á ela no dia seguinte. Quando a pipoca ficou pronta, e eu estava indo em direção ao meu quarto, meu celular tocou. Sorri, pois pensei que era Normani. Atendi rapidamente e sem olhar quem era.

Ligação on

- Oi. – Eu falei, com uma felicidade anormal na minha voz.

- Dinah... – Era Nick.

- Você esta chorando? – Eu perguntei um pouco assustada.

- Meu pai... – O homem soluçava. – Morreu... Ele morreu Dinah...

- O que? – Puxei o ar com força. – Nick... Eu sinto muito.

- Você pode vir aqui? – Ele perguntou em meio ao choro.

- Sim, onde você esta? – Naquele momento eu estava com pena do homem, e acabei esquecendo o que ele já havia feito pra mim.

- Estou no hospital, preciso resolver algumas coisas ainda, por favor, não me deixa sozinho. – Ele pediu com a voz trêmula.

- Estou indo aí. – Encerrei a ligação.

Ligação off

No caminho até o hospital, meus pensamentos me maltratavam, não sabia se era certo ir até lá, mas não poderia deixar o homem sozinho em um momento desses. Ok, eu nem conhecia sua família, mas todos sabiam do nosso relacionamento. Senti um frio na barriga quando desci do carro, comecei a caminhar até a entrada do local, meu celular tocou novamente e eu atendi.

Ligação on

- Onde você esta? – Dessa vez era Normani.

- Estou chegando ao hospital. – Respondi simplesmente, pois estava chateada.

- Aconteceu alguma coisa? – Ouvi mais algumas vozes ao fundo.

- O pai do Nick faleceu. – Eu disse entrando no hospital.

- Oh... Eu sinto muito. – Normani disse e alguém sussurrou algo.

- Tem alguém com você? – Eu perguntei intrigada.

- É a Jilly. – Ela suspirou. – Você ainda está próxima do Nick...

- Eu não posso deixar ele sozinho em um momento assim. – Ela ia falar algo, mas eu a cortei. – Eu preciso desligar. – Nick caminhava em minha direção. – Até mais Normani.

Ligação off

- Obrigada por vir. – Ele sussurrou no meu ouvido enquanto eu o envolvia em um abraço.

- Não precisa agradecer. – Eu sorri fraco. – Eu sinto muito.

- Obrigada... Você quer tomar um café? – Nick perguntou apontando para a cafeteria. – Eu preciso me distrair um pouquinho.

 - Eu aceito. – Eu assenti.

- Eu preciso assinar mais alguns papéis e resolver algumas coisas sobre o velório, você me acompanha? – O homem falou enquanto caminhávamos até lá.

- Claro que sim.

E assim eu fiz, passei a noite com ele, resolvendo o que era preciso, não poderia deixá-lo sozinho, Nick estava amoroso, me tratando bem, apesar de estar triste, e aquilo de alguma maneira mexeu comigo.