História Ilusões - Capítulo XIV - Homens de ternos caros

SEGUNDA-FEIRA, 07:00 AM; INDÚSTRIAS MALIK

Uma tempestade começara segundos depois que Zayn entrou na recepção. Seu terno e ele mal foram atingidos pela chuva, mas mesmo assim, uma mulher loira, que o aguardava com uma postura impecável e um sorriso no rosto, lhe ofereceu uma toalha e, como de costume, acompanhou o homem vestido com um caro terno italiano até o seu escritório quando o mesmo disse para ela não se preocupar com tal banalidade.

— O senhor Payne está aguardando.

— Está lá dentro? — Ele perguntou e a bela mulher só assentiu, saindo com a permissão do homem em seguida.

Ao entrar, Zayn viu o colega de trabalho, vestindo um terno tão caro quanto o seu, sentado na grande mesa de vidro que ocupava a sala, brincando com uma de suas canetas.

— Sempre pontual. — Disse o homem, encarando pela primeira vez no dia o Malik.

— E mesmo assim, você chegou cedo só para ter o deleite de me ver chegar atrasado.

— Não leve pro pessoal. — Os dois sorriram.

— O que você precisava falar comigo? O Styles estava me perturbando há dias.

— Ele voltou para a cidade. — Payne se afastou da mesa, encarando agora a bela vista que o escritório de Zayn proporcionava. — Você sabe que é questão de tempo até ele chegar até você.

— Achei que ele tinha aprendido com o meu último alerta. — Zayn esconde as mãos nos bolsos e caminha, parando ao lado do outro homem. — Deixei claro que podia destruir cada funcionário dele, que podia desmoronar toda a organização dele pedaço por pedaço.

— Róger não levou pro pessoal você ter torturado o braço direito dele... — Suspirou, sem tirar os olhos da janela. — Muito menos o que você fez com a filha dele. Na verdade, ele achou criativo o que você fez. E pretende fazer o mesmo. — Liam olhou para o colega, e Zayn jurava ter visto preocupação nos olhos dele.

— Não tenho contato com ninguém além de vocês. — Justificou.

— Nem mesmo a morena com quem você tem andado ultimamente?

Zayn olhou surpreso para Liam no mesmo tempo em que fechou os punhos, mas não fez nada além de suspirar, e passar seguidamente a mão nos cabelos.

— Vou matar o Styles.

— Quando pretendia me contar? — Liam sorriu, olhando para ele.

— Não pretendia. Não é nada sério, tá?

— Ele pode ser o que for, Zayn, mas se Róger achar que ela é importante pra você... Vai desejar que ele só a mate.

Surge um silêncio. Zayn sabia os inimigos que arranjara nos últimos anos, mas nenhum se comparava a Róger. Era mais imaturo que um adolescente normal, mas, ao contrário do que as pessoas podiam imaginar, isso o tornava mais forte... Mais insano. E agora, Zayn podia estar ameaçando a saúde de Sophie se ele não se afastasse ou demonstrasse que ela era insignificante.

— É a tal da Lucy? — Liam perguntou, com uma das sobrancelhas erguidas.

Zayn soltou uma breve gargalhada antes de responder:

— Era um jogo. Você sabe bem disso.

— E essa Blãe também é? — Payne se arrependeu do que disse no instante em que viu os punhos de Malik se fecharem e tremerem numa tentativa de se controlar. 

— Mais alguma coisa pra dizer, Liam?

O homem suspirou, talvez aliviado por Zayn não pular em seu pescoço só por seu ego ser questionado.

— Preciso da pasta dos códigos. Vai ajudar a haquear o sistema do Róger e assim eu descubro o que fez ele voltar pra cidade. 

— Seria útil. — Comenta. — Bem, vou pedir pro Harry buscar. — Zayn pega o celular e após digitar uma mensagem, desliga a tela e volta a guardar o aparelho no bolso.

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Batidas na porta são escutadas antes de Zayn permitir que a mesma loira de horas atrás entrasse em seu escritório.

— Senhor Malik — Ela começou, com um habitual sorriso no rosto. — O senhor Styles me pediu para te entregar essa pasta. — Ela mostrou uma pasta de cor vermelha para o homem, que permitiu que ela entrasse.

— Ele não pôde ficar. — Ela completou, depositando o material na mesa perfeitamente organizada de seu chefe. 

— Obrigado, Eve. — Ele diz, sem tirar os olhos dos papéis que estava lendo.

Quando percebe que a mulher continua ali, finalmente tira os olhos do material em sua mesa para encarar a loira.

— Mais alguma coisa?

— Está tudo bem com o senhor? Parece estressado. 

— Está tudo bem sim, Carla. Obrigado. — Malik curva os lábios e a mulher dá um pequeno sorriso retributivo antes de se retirar.

Assim que a porta se fecha, o moreno larga a caneta e vai até a janela, pensativo.

“Ele pode ser o que for, Zayn, mas se Róger achar que ela é importante pra você... Vai desejar que ele só a mate.” Liam dissera, e Zayn sabia muito bem que ele não estava errado. E mesmo assim, sentia que não conseguiria ficar tanto tempo distante daquela garota, mas não sabia o porquê. Pretendia mantê-la por perto a qualquer custo, mesmo que não pudesse tocá-la mais.

E protegeria Sophie custe o que custar. Ele não perderia outra pessoa com quem se importava para um velho imaturo e doente igual o Róger. Não mais.