História ILYMTICES (2 temporada) - Nossa música

NO CAPÍTULO ANTERIOR: Era obvio que eu não tinha talento nenhum para cantar e muito menos para escrever músicas, mas suas palavras ficaram bem grudadas em minha cabeça, talvez depois de uns meses, quando tudo em minha vida estivesse já estabilizado, digamos assim, eu poderia ligar para ele...

Continuando...

Nicka estava realmente demorando, então decidi levantar minha bunda daquela cadeira e ir pelo menos perto da área onde ficava os banheiros para conferir se estava tudo bem com ela, não queria parecer louco por tentar acompanhá-la até no banheiro, mas estava um pouco preocupado, pensar no que Gustavo me disse aparentemente me deixou um pouco mais sóbrio, e também sem vontade de beber mais. Antes mesmo que eu chegasse perto da parede que dividia os banheiros masculino e feminino do resto do bar, Nicka saiu de trás da mesma ajeitando sua roupa e respirando fundo como se não estivesse se sentindo muito bem. Alguns segundo depois já estávamos perto o suficiente para conversarmos sem ter que gritar muito por conta do som alto.

-Hey, o que faz aqui?- Comecei a pensar em algo que não fosse “ah, você estava demorando de mais então resolvi ver se estava viva”.

-Vim comprar uma água ali no caixa e lhe perguntar se já podemos pedir a conta, perdi a vontade de beber e Gustavo foi embora agora a pouco- Ela esticou um pouco o pescoço, olhando para a mesa em que estávamos sentados antes, como se tivesse conferindo se nosso amigo tinha mesmo ido embora, mas eu sabia que não era por desconfiar em mim, é só algo de costume dela.

-Ah sim, pode sim amor. Na verdade eu também estou um pouco cansada- Espero que aquela cara estranha que eu percebi quando a vi saindo do banheiro seja só cansaço mesmo.

Enfim, paguei a nossa conta sem pedir nada pra ela porque, né... Seria bem deselegante e, sem contar que ela estava sem dinheiro nenhum no momento, o único dinheiro que ela tinha estava no banco e eu acho que ele teria compromisso depois que eu fizesse uma proposta a ela. Chamamos novamente um táxi e por incrível que pareça, foi o mesmo motorista que veio nos buscar, ele sorriu ao nos ver, a maioria das pessoas naquele lugar pareciam felizes ao nos verem juntos, como se fossemos aquele casal perfeito que você só vê em filmes sabe... Demoramos ainda menos para chegar em casa porque dessa vez não tinha praticamente ninguém na rua, devia ser um pouco mais das três da manhã e a viagem, por mais curta que tenha sido, me ajudou a ficar ainda mais sóbrio. Chegamos na casa de Nicka e depois que o taxista foi embora, nós entramos em casa e nos sentamos juntos no sofá apertado da sala.

-Eu não quis te falar sobre isso lá- Nicka começou algum assunto me despertando de meus pensamentos, minha cabeça estava viajando no dia de amanhã, tinha muita coisa pra acontecer naquela segunda feira- Mas... Lembra quando eu tive aquele problema e você foi até a minha casa me ajudar?- Sim, eu me lembrava perfeitamente daquele dia, ela não precisava nem especificar... Foi um dia em que estávamos... Brigados, digamos assim e ela “acidentalmente” me mandou uma foto de um braço cheio de cortes junto com uma outra que era um desenho feito por ela. Eu fiquei desesperado e no outro dia fui parar em sua casa já que ela não apareceu na escola, mas ela ainda assim insistiu em dizer que aquele braço não era dela.

Flashback:

-Mas... Se as duas fotos estavam uma ao lado da outra... Elas estavam no mesmo álbum, e se estavam no mesmo álbum, que seria o da câmera já que você que tirou a foto do desenho, tecnicamente você que tirou a foto daquele braço também, to errado?
-Não precisa ficar triste e nem preocupada comigo e é claro que eu te desculpo, acredito sim que tenha mandado sem querer, mas... Eu posso ver seu bracinho princesa?- Ela abaixou a cabeça novamente e segurou as mangas da blusa nas pontas, é claro que ela não deixaria tão fácil assim, mas não custa tentar né- Já disse que pode confiar em mim, eu não vou fazer nada se tiver algo aí, eu só quero ver e conversar, quero te ajudar pequena.
Abri os olhos e os seus estavam fechados, porém ela sorria minimamente então finalmente comecei a beijá-la, o mais lento e delicado possível, até que comecei a passar minha mão sobre seu braço esquerdo por baixo da blusa e acredito que tenha sentido várias daquelas elevações que tinha visto e parecia que ela não percebeu minha mão ali, ou pelo menos tenha entendido que pode sim confiar em mim... Eu amo essa garota...

Fim do flashback

Enfim, eu me lembrava sim, exatamente de cada detalhe daquele dia que começou ruim, mas até que terminou bem melhor do que eu imaginava, respondi sua pergunta e então ela continuou.

-Então... Nesse mesmo dia eu te contei sobre um menino que sempre visitava meus sonhos, quer dizer, desde que eu passei a estudar em nossa antiga escola e também te contei que ele sempre cantava uma música para mim enquanto a tocava no violão, também se lembra disso?- Sim, mas não me lembrava muito da parte da música, me lembrava mais do tal menino porque ela o desenhou e foi justamente uma foto desse desenho que ela me mandou junto com aquela outra, o menino se parecia muito comigo e há alguns meses atrás, quando ela foi embora, eu tive certeza quando ela o jogou em mim antes de sair de casa.

Flashback:

-Bom... Tinha um desenho, certo? –Perguntei olhando para seus olhos, ainda estavam um pouquinho molhados, então os sequei com meu dedão.
-Sim, tinha. Gostou dele?- Balancei a cabeça dizendo que sim e dei um sorriso antes de perguntar quem era no desenho- Bom, eu não sei direito. É uma pessoa que sempre visita meus sonhos, não sei de seu nome... Só sei que é um homem bem alto e com a voz bem grave, ele sempre canta pra mim uma música perfeita, porém eu nunca a encontrei em lugar nenhum- Ela terminou de dizer como se estivesse um pouco triste por nunca ter achado a música fora de seus sonhos.
-Como é? Vocês cantam juntos e ele toca o violão? –Ela balançou a cabeça positivamente, não estava indo com muita pressa ao assunto dos cortes porque aparentemente ela estava bem, pelo menos fisicamente- Ah... Entendi, mas ainda acho que mais tarde você pode cantar ela pra mim e então a gente tenta colocar o violão no meio...

Fim do flashback

-Claro que sim, me lembro de tudo isso. Apesar da situação, esse dia foi muito bom e importante pra gente- Quis dizer que foi muito importante para o nosso relacionamento, depois desse dia passamos a ficar muito mais juntos e ligados do que antes.

-Então... Acredito que já saiba que o tal menino do desenho e também dos meus sonhos seja você, certo?- Sim, eu já tinha uma idéia disso mesmo antes dela ir embora, como eu disse- Mas, acho que não fazia idéia que eu conhecia cada palavra da música que você cantou pra mim hoje- Então na verdade ela já existia sim?- Você já havia cantado ela pra mim muito antes e várias vezes nos meus sonhos- Espera... Então quer dizer que a música que ela havia me contado sobre há meses atrás era a mesma música que não saia da minha cabeça e que eu cantei para ela hoje?- Sim, é exatamente isso que você está pensando e eu sei que é praticamente impossível, mas pra te provar isso quero que cante até a parte que sabe e me deixa continuar- Ela parecia bem animada com aquilo e eu estava muito curioso, como aquilo era possível?

Mesmo sem entender muito bem o que estava acontecendo, comecei a cantar a música, sem violão mesmo e um pouco mais envergonhado do que quando estávamos no bar, porque... Estávamos tão perto, podíamos ver os olhos do outro e a única coisa que ela ouvia era minha voz e mais nada. As vezes eu atropelava alguma palavra ou me esquecia da entonação perfeita que havia achado algumas horas atrás, mas mesmo assim consegui chegar até o final da música, ou... Pelo menos até onde eu conhecia aquela música que aparentemente não era só minha...

-Prometi que eu vou te ver
Você disse que me amava quando me deixou
Lamentos ainda assombram sua cabeça triste mas eu
prometi que eu vou te ver
Reservamos o nosso vôo aqueles anos atrás
Eu disse que te amava quando te deixei
Não há mais lamentos na minha cabeça
Eu prometi a você e agora eu estou em casa novamente, novamente, novamente

Eu estou em casa novamente

Nicka cantou essa parte (lembrando que cantamos em inglês, isso é só uma tradução para ficar mais fácil a compreensão) que não fazia parte da música que eu havia cantado no bar, mas que incrivelmente se encaixava de maneira perfeita na mesma e ajudava para que ela não acabasse tão de repente como sempre acontecia comigo. Preciso dizer o quanto eu a acho perfeita?