História ILYMTICES (2 temporada) - Por que arrumou suas coisas?

NO CAPÍTULO ANTERIOR: Eu juro que se aceitar eu nunca vou te deixar na mão, vamos ficar juntos para sempre e eu vou te ajudar em tudo que precisar- Eu estava ansioso por sua resposta, mas aquela proposta não era para uma coisa simples e pela sua expressão eu podia ter certeza de que sua resposta também não seria das mais simples...

Continuando...

-... E sabe, eu me sinto muito bem, feliz e amada em saber que pensou em tudo isso e que está disposto a me ajudar em um momento tão complicado como esse e com coisas tão difíceis assim, que... Digamos assim que eram responsabilidades da minha mãe, mas enfim... – Quando você quer muito uma resposta e ela já começa bem, pode ter certeza que dificilmente vai terminar do mesmo jeito, principalmente se tem um “mas” no meio (até porque essa que é a função dessa palavra né, mas não vou dar aulas de português aqui...)- Mesmo me sentindo assim, mesmo querendo tudo isso que me “ofereceu”- sim, todas as vezes que eu coloco aspas em uma fala, é porque fizemos com os dedos ou usamos uma entonação diferente que dava para entender essa intenção (eu to muito explicativo hoje...)- mais do que tudo e mesmo confiando completamente em você, eu infelizmente tenho consciência de que nem eu e nem você, mesmo com a melhor das intenções, não podemos prever o futuro- Eu já sabia exatamente que rumo aquela sua resposta tomaria e tentei acelerar isso, não precisava ouvir aquelas palavras saindo de sua boca e ficar triste.

-Bom, eu acho que já sei o reto, então... Só me diz como vamos ficar agora- Eu pedi e já havia desistido do meu sorvete.

-Calma, eu não disse que não aceito, eu estou tentando dizer que como é uma decisão muito arriscada, eu preciso de um pouco de tempo para pensar direito- Ela me respondeu calma enquanto pegava de leve nas minhas mãos que estavam em cima da pequena mesa redonda e me olhava nos olhos, fazendo com que eu me sentisse como uma criança imatura (consequentemente né) que não consegue entender as coisas e acha que tudo tem que ser do jeito que imaginou ser bom... Deu para entender né, ok...

-Tudo bem, eu te entendo e sei que está certa- Sim, eu sabia- Você tem o tempo que precisar para pensar, eu que... Estava ansioso de mais, mas não quero que se sinta pressionada, me desculpa- Mas não era como se eu estivesse feliz com aquilo, logo eu teria que voltar para o Brasil (até porque o país lá não parou pelo simples fato de eu ter viajado, não é mesmo?) e eu queria que já fosse acompanhado dela.

-Não precisa se desculpar, eu sei como está se sentindo e, acredite, eu também estou assim, só o que me impede de comprar uma passagem só de ida para o Brasil agora é o medo de nada dar certo e eu perder tudo que já tenho aqui, que por sinal, já é bem pouco. Então só preciso desse te4mpo mesmo para pensar com um pouco mais de calma, fazer mais planos... Você sabe, espero que me entenda e que não desista de mim e nem de nada do que me disse agora por causa disso- Não senti necessidade de respondê-la, eu já havia falado que entendia ela sim e ela sabia, com certeza que eu nunca desistiria dela, a não ser que ela mesma me pedisse que fizesse isso, que não era o caso, lógico.

Ficamos de pé e nos abraçamos antes de voltarmos andando para a casa, chegamos lá e sem me falar muita coisa a respeito, ela trocou de roupa e novamente vestiu seu uniforme, me disse que voltaria no final da tarde e que eu não precisaria me preocupar em conversar com seu chefe ou algo do tipo. Pra falar a verdade, eu fiquei ainda pior em saber que ela não passaria meu último dia na Alemanha comigo e sim trabalhando (talvez ela ainda não tivesse percebido que eu teria de ir embora no dia seguinte, mas eu deixei para que ela descobrisse isso sozinha), nos despedimos, ela foi trabalhar e eu simplesmente me joguei no sofá sem ter a mínima ideia do que fazer, bom... Na verdade eu tinha sim ideia do que fazer, comprar uma passagem para o Brasil e ajeitar minha mochila de roupas, porém só de me imaginar fazendo isso completamente sozinho, eu já começava a sentir aquela dor horrível que ainda não sei definir se é no estomago ou no peito...

Acredito que tenha cochilado durante umas três ou quatro horas porque depois de ficar pensando sobre o que fazer, só me lembro de ter me assustado com barulhos altos do lado de fora e então “voltado a realidade” (sim, pelo menos tenho consciência de que fiquei inconsciente durante um tempo). Me levantei daquele sofá e ouvi claramente meu estômago reclamar de algo, só não sei se era dor ou fome, talvez os dois... Mas não tinha vontade nenhuma de comer, então apenas bebi um copo de água e fui procurar uma roupa menos quente porque o dia já não estava tão frio quanto de manhã. O quarto estava uma zona, e pelo menos 90% das coisas que contribuíam para isso eram minhas, achei uma camiseta jogada em um dos cantos das paredes, vesti e continuei com a mesma calça, afinal de contas, o dia não estava tão frio, mas também não estava fazendo calor (ou estava, mas como sou acostumado com o calor do Brasil...) e mesmo que sem a intenção, acabei “fazendo as malas” naquela hora mesmo porque não podia deixar minhas coisas tão desorganizadas como estavam.

Quando estava tudo completamente organizado, tirei meus tênis (porque desde que coloquei não havia tirado ainda) e me deitei novamente, porém dessa vez na cama que não era muito confortável e com certeza eu preferia a minha, sinceramente... Eu estava começando a sentir falta da minha vida há alguns dias atrás, era simples e eu não me sentia mal assim há algum tempo... Dessa vez eu tenho certeza que dormi e só acordei com Nicka se sentando ao meu lado na cama.

-Oi- Ela disse quando viu meus olhos abertos e voltou sua atenção ao salto que estava tirando do pé, antes que eu pudesse raciocinar direito para respondê-la, ela já começou com as perguntas- Como está se sentindo?- Eu não sabia exatamente o que responder, não estava bem, mas... Também não diria que não me sentia tão mal assim desde que ela foi embora do Brasil.

-Acho que... Normal e você- Acho que ela não gostou muito da minha resposta porque me olhou com uma expressão um pouco preocupada, mas... Fazer o que? Era melhor do que falar a verdade nua e crua ou... Mentir.

-Estou cansada, ficou fazendo o que enquanto eu não estava? Comeu algo? Eu trouxe uns lanches- Ela parecia preocupada e sem saber como puxar assunto, sei lá, mas eu também não estava muito afim de conversar, não com ela e não naquela hora...

-Não comi nada, estava sem vontade- Além da falta de vontade, não tinha muito o que falar também, então eu apenas respondia e quando dava, devolvia a pergunta... Ficamos assim durante um tempo até ela perceber algo...

-Hey Andy, por que arrumou todas as suas coisas?- Ela disse saindo do banheiro, tinha ido tirar sua maquiagem, trocar sua roupa (acho que não se sentiu muito confortável em se trocar perto de mim visto pelo jeito que eu estava) e prender o cabelo- Nem sua toalha ou shampoo estão no banheiro- Para as roupas eu até poderia dar a desculpa de que era porque estavam muito desorganizadas (que acho que é o que eu fiz comigo mesmo), mas para a toalha e shampoo... Acho que eu teria que falar a verdade mesmo.

-Preferi arrumar hoje, pretendo sair bem cedo amanhã e acho que não seria bom esquecer algo importante na Alemanha- Juro que foi o jeito menos “direto” de responder sua pergunta e deixá-la sabendo daquilo, ela me olhou com o rosto triste e um pouco retorcido como se fosse chorar e se sentou na beirada da cama, dessa vez longe e de costas para mim...