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História I'm a Hurricane - Dark Socks


Escrita por: okaynick

Notas do Autor


HEY PEOPLES DIGAM-ME O QUE ACHARAM POR FAVOR!

Capítulo 1 - Dark Socks


Fanfic / Fanfiction I'm a Hurricane - Dark Socks

 

 

" I want to swim away but don't know how. Sometimes it feels just like I'm falling in the ocean. Let the waves up take me down. Let the hurricane set in motion... Yeah, Let the rain of what I feel right now... Come down. Let the rain come down"

  - Blue October, Into The Ocean

 

 

            Quando a garota morena atravessou a sala, Nash pensou que finalmente teria alguma diversão naquele inferno.

            A noticia de que a Milton Institute se juntaria com a Dancy Academy correu mais rápido do que esperado. No inicio das aulas, todos já esperavam a chegada das garotas da Dancy, gerando certo tumulto masculino. Afinal, não é todos os dias que uma escola só de garotas – provavelmente sensuais e cheias de graças, perfeitas para um bote – iriam estudar com garotos tão psicologicamente complicados como os da Milton.

            Milton Institute era uma escola interna no interior da de Londres para garotos e garotas de sociedade, frutos de famílias riquíssimas, que os prepara para o mundo intelectual, assim como a Dancy, uma academia, desta vez, apenas para meninas, preparando as damas de alta classe. Todas provavelmente educadas, finas e delicadas, com cabelos arrumados, meias calças e uniformes com gravata, assim como os da Milton. Motivo por essa junção repentina? Parece que os donos das escolas decidiram que, se se casassem, seriam bem mais ricos. Como normalmente acontece.

            Senhorita Campbell fez uma palestra, massacrando os alunos mais ou menos umas duas horas e meia, explicando como eles deveriam se comportar em meio às senhoritas de alta sociedade da Dancy e outras coisas que eles provavelmente não deram à mínima. Nash só conseguia pensar que faltavam mais 173 dias para ele dar o fora de lá. 173 dias.

            Ele viera contando isso na parede de sua parte do quarto. A cada sete retas que ele desenhava na parede, uma semana se passara, e já havia uma dezena delas. Seus colegas de quarto até o caçoavam por isso, mas ele pouco se importava. Na verdade, nada se importava, só queria ir embora.

            E fazer o que lá fora? Essa ele também não sabia. Só queria ir. Deixar àquela droga de escola, a droga da família, a droga de Londres, a droga de tudo. Só ir.

            Só mais 173 dias.

            Até lá, só o que ele podia fazer era aproveitar o que dava para ser aproveitado, como cigarros e garotas.

            Olhando toda aquela monotonia ele teve uma psicopata vontade de botar fogo naquele salão. Como tinha sempre.

            – Está fazendo aquela cara de novo. – seu amigo Cameron lhe alertou. Ele, notando a loucura ardente de seus pensamentos, deu de ombros.

            – Isso aqui está de enlouquecer. – desconversou. 

            Cam sorriu de lado.

            – Está ansioso com a chegada das madames mirins?

            – Estou pouco me fodendo para essas dondocas. Mas confesso que novos pares de pernas andando por esses corredores não são má coisa.

            Cam sorriu, soltando uma piscadela enquanto mastigava seu chiclete.

            Então a Srta. Campbell anunciou a entrada das estudantes da Dancy, que começaram a entrar em filas perfeitas, sem ao menos olharem para o lado. Como previsto: mais ou menos quarenta alunas, com cabelos perfeitamente arrumados, uniforme passado cor azul e preto, com meias brancas. Faces rosadas, morenas, negras, todas muito bonitas que Nash até soltou um palavrão.

            – Acho que vai ser divertido. – Matthew disse ao seu lado.

            Nash negou.

            – Divertido não. Proveitoso.

            Até que a moreninha chegou.

         Um metro e sessenta e sete talvez? Sim, podia ser. Não era alta nem baixa. Cabelos castanhos provavelmente até final dos bustos. Não dava para ver, pois os lindos fios amadeira estavam presos em um rabo-de-cavalo todo emaranhado. A pele pálida lhe trazia um toque feroz, junto com seus olhos: verdes como o mar cáspio, debaixo de grossas sobrancelhas travessas. O uniforme estava amarrotado, com a gravata amarrado errado e a saia torta. Suas meias, diferente de todas, eram pretas, indo desde a metade da coxa até os tênis. E seus lábios, vermelhos como sangue, curvados em um sorriso irônico, indo de encontro com sua mão de unhas azuis-escuros, pressionando o cigarro entre seus dentes.

            Não demorou muito até que alguém da Dancy fosse até ela e a abrigasse jogar aquilo fora. E ela o fez de bom grado, achando até engraçado. Depois de um sermão silencioso, juntou-se a suas colegas no palco da Milton. Ninguém tirava os olhos dela.

            Uma menina loira pegou o microfone.

            – Muito boa tarde. Sou Barbara Fran-Evans, filha de Dave e Elle Fran-Evans, da imobiliária Fran-Evans, e em nome de todas as alunas da Dancy Dales Academy, venho fazer um discurso a respeito de quão honrada somos nós alunas por poder nos juntar a Milton Rollan Institute.

            E ela fez um longo discurso muito chato que deve ter levado umas duas semanas para decorar. Falou sobre a magnifica história das duas escolas, dos competentes administradores e a perfeita maneira de ensino. Depois incentivou-nos a aproveitar a junção e tirar máximo proveito.

            – Todos nós somos parte disso! – disse ela com um grande sorriso. Nash não pode tirar os olhos de suas pernas. – Agora, deixe que nós nos apresentemos para que depois, no comitê, seja mais simples a interação.

            Cada uma das garotas pegou o microfone, dizendo seus nomes e suas famílias, como de costume. Sempre que seu nome é relacionado com uma família de prestigio você é meio que forçado a falar mais dela. Quando chegou a vez da moreninha, Nash se pegou em um transe. Ela estava com uma cara sapeca, de quem estava prestes a aprontar. Ainda assim algo nela era implícito.

            Ele sentiu a tensão dos administradores da Dancy no momento em que ela pegou o microfone.

            – Eu falo meu nome primeiro ou o nome do meu pai? – ela olhou para a Barbara, arqueando a sobrancelha. Sua voz rouca e sotaque americano eram irresistíveis. – Do meu pai, não é? Vocês estão se ferrando pra mim. Bom, meu pai é Walter Vanderguest, ele... Eu não sei bem o que ele faz. Ele matou minha mãe, a propósito. O pessoal da Dancy não gosta que eu fique falando isso por que ele doa milhões para aqui só para eu não sair nunca! – ela falava rindo. – Encantador! Bom, eu sou Kate. Katherine, obviamente. Eu acho que eu deveria parar por hoje por que madame Elda está quase vindo aqui me dar uma surra.

            Madame Elda ficou vermelha de vergonha e de raiva.

            A morena endiabrada fez uma reverência, se juntando as suas amigas. Obviamente, tiraram ela do salão para um provável sermão.       

            – O que foi isso? – Sarah Parks, a garota que Nash estava tendo usuais noitadas, disse ao seu lado. – Ela veio pra cá?

            – O que tem ela? – ele perguntou curioso.

            Sarah riu como se fosse obvio.

            – Ela é doida! Culpa o pai pela morte da mãe. Passou anos morando nas ruas de Detroit até a imprensa saber. Então o pai a pôs uma clinica até ela ficar maluca.

            Nash arqueou a sobrancelha.

            – Maluca?

            Sarah assentiu.

            – Ela ficou internada nessa clinica psiquiátrica por seis meses. Diagnosticada como uma sociopata. Depois de alguns problemas o pai dela praticamente a deu para a Dancy. 

            Nash olhou para Sarah, desconfiado.

            – Como sabe tudo isso, Sarah?

            Ela pareceu tomar um susto. Pareceu perceber o infeliz deslize que deu.

            – Todos sabem disso. E além do mais eu sou informada, fofo.  – ela falou se fazendo de indiferente. Ele deu de ombros.

            Os alunos foram levados ao refeitório. Nash andou ao lado de Cameron e Jack G, que não tiravam os olhos das garotas. Felizmente, era lá que a moreninha estava levando sermão.

            Esparramada no sofá, revirando os olhos sem parar. Aqueles meias pretas contornavam suas pernas delicadamente. Toda vez que ela abria a boca para responder os adultos a sua volta só ficavam mais nervosos.

            Depois da sena, todos foram convidados a um banquete. A morena sentou-se com suas colegas na mesa.

            Nash sentou-se com seus colegas, ainda observando-a.

            – É cara, ela é gata. – falou Cameron, percebendo seus olhares. – Mas parece bem maluca. Você tem de aprender a mexer com esse tipo.

            Nash deu de ombros.

            – Não quero aprender porra nenhuma. Não é interesse, só me parece uma boa.

            Cameron riu enquanto deu alguns empurrões em seu amigo. A menina calculava tudo ao seu redor. Os lustres, as pessoas, as paredes, as vértices, tudo. Até que pegou Nash a fitando. Sustentou o olhar por um tempo, com os olhos cerrados, talvez tentando o reconhecer. O mesmo também sustentou o olhar. Não seria intimidado por uma demoninha. Ele mandava naquela escola. Então a menina soltou uma piscadela para ele. A cara de confusão de Nash fez a morena gargalhar alto, voltando para suas atividades. Ela era louca, por acaso?

            – Mas que porra? – perguntou ele. Ela ainda gargalhava. Parecia sadismo dos mais graves.

            Sarah Parks sentou ao seu lado. Os cabelos loiros perfeitamente enrolados. Seus dedos não paravam de enrolar uma mecha de cabelo.

            – Algum problema, benzinho? – ela disse, fazendo os garotos da mesa soltarem risos debochados.

            Pelo jeito Sarah era daquelas garotas que achava que beijos eram compromisso. Nash revirou os olhos, voltando a fitar a morena: esta agora estava furtando o frango do prato das amigas. Foi quando ela se voltou para Nash de novo, arregalando os olhos por um segundo, depois sorriu maliciosa.

            Então se levantou e começou a andar até a mesa dele. Ele pensou que ela aprontaria alguma com ele e, por Deus, ele queria que aprontasse. Chegando lá, a morena puxou uma cadeira e se sentou ao lado de Sarah, que arregalou os olhos ao vê-la. Ele ficou meio decepcionado, mas a proximidade dela era interessante de qualquer modo.

            – Kate? – perguntou Sarah quase gaguejando. Todos da mesa ficaram em silêncio. O sorriso de Kate era tão irônico que chegava a ser engraçado.

            – Sarah Parks. Ver você aqui, cara, tenho que dizer, eu estou desapontada, mas não surpresa. É claro que você iria estudar aqui, não é? Sempre quis fazer parte desse mundo.

            Sarah estava vermelha. Todos estavam sentindo o que estava prestes a acontecer.

            – A propósito, como vai a vadia da sua mãe?

            – Ela não é uma vadia! – Sarah protestou, mas parecia não ter força para soltar nenhuma palavra mais.

        – Ainda roubando muito dinheiro de idiotas? Ah, aquela lá não tem jeito! – ela falou entre risos, ignorando Sarah completamente.

            – Minha mãe não é uma vadia! Você que é uma vadia, Katherine!

           Katherine olhou para ela seria. Todos pensaram que ela surraria Sarah, mas ela apenas riu como se estivesse achando aquela situação deliciosa.

            – É. Eu sou. – disse e riu mais. – Eu me lembro de que fiz uma promessa pra sua mãe. Eu disse “Você vai pagar caro!” e ai ela me chutou minha bunda direto para a casa da minha avó em Detroit. Sua mãe é uma vadia das pesadas, Sarah, realmente...

            Ninguém entendia porque aquilo era tão engraçado para a morena.

            – Ela não é! Você é uma vadia pior, como pode querer falar dela?

            Kate sorriu.

            – Mas eu sou uma vadia com classe. Sua mãe só sabe roubar dinheiro e tentar se infiltrar em uma sociedade, que, na verdade, de tão vadia que ela é já deveria ter nascido nela. – falou, piscando com um sorriso maldoso. – Sabe, Sarah, se for seguir a caminho de sua mãe, eu sugiro que tente com aquele cara ali.

            Ela apontou para Aaron, que piscou algumas vezes, desorientado.

            – A família dele é tão rica que bancaria você e a vadia da sua mãe até engravidarem e morrerem. A propósito, tem muitos garotos aqui! Com quantos deles já dormiu? Cinco? Todos? – ela arqueou a sobrancelha e depois riu, indo ao ponto máximo da ironia. – Eu aposto na segunda opção.

            Sarah parecia querer enfiar a cara em um balde de gelo. Então depois de tanta humilhação, ela se levantou.

            – Oh, não, por favor, não saia. Eu saio. Não estou fazendo nada aqui mesmo. – Kate disse e se levantou, e quando ia ir embora, se voltou novamente, levantando um dedo, como se tivesse uma ideia. – Ah, já ia me esquecendo; eu prometi a sua mãe que ela iria pagar, então se você acordar com algum órgão faltando ou até pendurada em um balão no meio do mar, não é nada pessoal. Apenas negócios. De vadia para vadia.

            Piscou e saiu de lá. Nash definitivamente nunca tinha visto uma garota como aquela.

            Todos olharam embaraçados para Sarah, que se levantou e saiu correndo.

            – E com razão. Ela realmente tem classe. – disse Cam. – Cara, eu quero essa garota.

            Nash ainda observava ela sair. Ela se sentou com suas amigas como se nada tivesse acontecido.

            – Finalmente uma doidinha. – falou Matt. – As garotas aqui são certinhas demais.

            Nash continuou a observa-la, e seus olhares se cruzaram de novo. A menina sorriu maliciosa. O que ela queria, afinal? Deixa-lo intrigado ou excitado? Os dois ele já estava.

            – Acha que ela sabe que estão falando sobre ela? – perguntou Jack J.

            – Com certeza. – Cam disse.

            Eles todos a avaliavam.

            – E ela dá à mínima? – perguntou Jack J novamente.

            – Eu acho que não. – disse Nash.

            Depois de muita comida, as alunas foram deixadas livres para pura socialização. Milhões de pares de pernas receosas tentando fazer amigos. A garota morena andava de um lado para o outro, como uma barata tonta. Parecia procurar por algo. Então saiu sorrateiramente pela porta, sem que ninguém a notasse.

            O que ele fez?

            Seguiu ela, é claro, como um bom curioso.

            Dobrou os corredores, espiando a morena na estreita. Até ele se deu conta de quão psicopata estava sendo, mas ignorou sua consciência.

            No meio da caminhada, ela parou ainda de costas para ele, ficando imóvel.

            – Eu estou te sentindo, carinha dos olhos azuis. – ela falou. Sua voz rouca fazia tudo parecer uma piada. – São tão frios quanto a Antártida. Qual seu estado psicológico?

            Ela se virou, o fitando. Seus olhos pareciam mortos, mas estavam certamente vivos.

            Aquilo era uma pergunta que ele nunca ouvira.

            – Eu não sei. Não costumo checar meu estado psicológico.

            Ela encostou-se à parede mais próxima, sorrindo maldosa.

            – Ah, pois devia. Nós nunca percebemos nossa insanidade interior. Está aqui. – ela apontou para a própria cabeça. Depois puxou um cigarro do bolso e pôs na boca – mas só os outros percebem. Eu diagnosticaria você, baseado nessa perseguição sem motivo, com Transtorno de Personalidade Antissocial ou Psicopata. Ainda em estágios iniciais. Você não tem cara de que mataria alguém. – ela olhou para o cigarro, o acendendo. Depois olhou para Nash, arqueando a sobrancelha. – Mataria?

            Ele a fitou com fogo nos olhos.

            – Teste-me.

            Ela olhou para ele, parecendo ter achado uma mina de ouro. Ele não entendeu esse olhar, pois a mesma não falou a respeito. Só disse:

            – Por que estava me seguindo?

            Ele não sabia isso também.

            – Não pode sair da sala de jantar aqui na Milton sem alguém permitir.

            Ela gargalhou rapidamente, tragando o cigarro.

            – Um dos maiores prazeres dessa vida é fazer aquilo que eles te dizem para não fazer. Experimente isso, vai te fazer bem, já que está me parecendo meio... Travado.

            – Travado?

            Ela assentiu.

            – É. Travado. Pra mim todo mundo ou é travado ou não funciona, como uma maquina de porcaria. Veja: Eu gosto de pessoas loucas que não dão à mínima, funcionando, sabe? O resto? Travado ou não funcionam. Por sorte você está travado, só precisa de um empurrão.

            Nash não entendeu. E o que tinha ali para se entender?

            – Eu não entendi.

            Ela deu de ombros.

            – E não era para entender. Você é do tipo durão, eu não iria conseguir te convencer. “Se não consegue convence-los, confunda-os” – ela recitou.

            Ele segurou um sorriso. Ela era muito intrigante, falava divertido e a única coisa que nela era explícita era as segundas intenções.

            – Tudo bem, agora me diga o real motivo pelo qual estava me seguindo. – ela disse. – ficou me olhando no refeitório, agora me seguindo...

            Ele tentou formular uma resposta.

            Optou por soltar a verdade.

            – Te achei interessante, Katherine, mais que o comum. Todas essas vadias da Dancy até agora me pareceram meio monótonas, até você aparecer.

            Ela apontou para ele com um sorriso satisfeito, jogando o cigarro e pisando em cima.

            – Agora você falou a minha língua. – disse, se sentando no chão e batendo a mão ao lado dela, o convidando a se sentar. Ele o fez.  – A percepção que todas as pessoas em volta são idiotas é o inicio. Agora só falta desenvolver a vontade de mata-los.

            Ele riu.

            – Isso foi meio psicopata.

            – Eu prefiro criativo. – corrigiu ela. – você fuma?

            Ele assentiu. Ela sorriu, lhe oferecendo um. Ele acende, tragando.

            Ficaram um pouco em silencio.

            – Você morou mesmo nas ruas de Detroit? – ele teve de perguntar. Katherine era de uma família rica, isso simplesmente era ilógico.

            Ela riu, acendendo outro cigarro, pondo dois cigarros na boca. Ele não a entendia de maneira alguma.

            – Isso já está sendo comentado? – perguntou, olhando o teto – É. Eu vivi na rua por três anos. Melhores anos da minha vida. Aprendi a roubar e a sobreviver. A que você sobrevive?

            Ele pareceu pensar.

            – A isso tudo. Todos os dias a única coisa que eu penso que faltam 173 dias para eu sair daqui. E depois...

            – Não pense no depois. Não seja como os outros idiotas que passam a vida toda planejando o futuro. Quer dizer, não sabemos se estaremos vivos daqui a dois segundos e esses idiotas passam o agora pensando no depois. Nisso não tem o que entender.

            Ele a observou. Ela parecia calcular tudo a sua volta.

            – Sociopata? – ele perguntou. Ela riu como uma criança.

            – Você saiu por ai perguntando por mim ou o que?

            Ele negou a olhando.

            – Eles saíram por ai nos falando de você.

            Ela assentiu, olhando o teto.

            – Bem, ao invés do sociopata eu prefiro colocar “não vitima”.

            – Eu não entendi.

            – Eu não sou uma vitima. Não mais. Você ainda é, mas vamos dar um jeito nisso, certo?

            Ele arqueou a sobrancelha, a encarando. Tinha de olhar para baixo, já que era bem mais alto que ela.

            – Vitima de quê?

            Ela lhe apontou o cigarro.

            – Você é vitima das regras em que vive.

            Ele a observou. Kate era uma pessoa intensa.

            – Vitima dos seus sentimentos. Ah, esse é o pior. Eu não sou mais.

            Nash cerrou olhos.

            – Não é? Acho bem impossível de acreditar.

            Ela olhou nos olhos dele.

            – Posso te contar uma historia?

            Ele demorou a processar, depois deu de ombros.

            – Fique a vontade.

            Ela se ajeitou.

            – Bem, era uma vez uma menina que estava chorando muito porque ferraram com ela – ela foi bem direta –, e ela estava no quarto chorando mais do que se é possível chorar por razão alguma. Até que um lapso da evolução de pensamento passou pela sua cabeça e ela disse “Certo, se é para chorar, vou chorar o quanto eu puder, mas quando acabar me certificarei de que nunca mais irei chorar pelo mesmo motivo” e, de repente, ela não sentiu nada. Nunca mais. Não mais vitimizações.

            Ele a observou. Aquilo bateu fundo em sua cabeça. Obviamente ela estava referindo-se a si mesma, mas por que todo esse enigma?

            Os dois simultaneamente se encaram.

            – Então você não sente nada por ninguém?

            Ela cerrou os olhos.

            – Bem, apresso eu sinto. Como agora: eu estou gostando de você mais do que eu originalmente planejei.

            Aquilo era para ser bom?

            – Eu sei que você deve estar pensando que eu sou insana. – disse rindo. Ele negou.

            Insana ela? Insanos são os outros. Que se foda, aquela garota era intensa.

            – Não. – ele disse. – Está sendo a conversa mais agradável desde que eu cheguei neste inferno.

            Ela assentiu.

            – É reciproco, meu caro. Eu já considerei até suicídio na Dancy.

            Ele a olhou como quem dizia “e por que não o fez?”.

            Ela soltou uma risada cansada.

            – Suicídio. – a palavra escorregou da sua boca como se fosse um lugar tão distante quanto o final do arco-íris. – Alguns bastardos sortudos nascem corajosos o suficiente para isso.

            Naquele momento, madame Elda, acompanhada do professor de História Duck, chegaram ao  corredor, assumindo uma cara desgostosa a vê-los.  Kate no mesmo segundo apagou o seu cigarro e pulou, sentando-se no colo de Nash, começando a depositar beijos em seu pescoço e dar risadinhas. Ele não entendeu nada, obviamente, mas não iria mentir dizendo que não gostou da atitude dela. Os lábios de Katherine Vanderguest eram tão maravilhosos quanto pareciam. Também apagou seu cigarro.

            Madame Elda arrastou Kate para fora do colo de Nash Grier com um puxão de braço, berrando:

            – Outra vez só hoje, sua insolente? – falava vermelha de raiva.

            Kate retirou seu braço agressivamente da mão dela, assumindo logo em seguido sua postura irônica.

            – O que foi, Carmen?

            Ela pareceu ter uma convulsão no sistema nervoso.

            – Beijar aqui? Logo hoje?

            Kate arrumou sua gravata.

            – Ora, vocês nos mandaram socializar.

            – Não assim, senhorita!

            Ela deu de ombros.

            – Bem, pois assim sim. Na próxima nos informe melhor, não é? – ela perguntou a Nash. – francamente. Olhe, é cada vexame que vocês da diretoria nos fazem passar!

            Madame Elda estava quase a enforcando.

            – Para o salão, Vanderguest. – disse ela. – Você também, senhor Grier.

            Kate sorriu sádica.

            – Grier, é? – perguntou. – Bom, foi... Interessante.

            Nash se levantou, recebendo um beijo muito rápido de Katherine, que ao finalizar, sussurrou em seu ouvido:

            – Nesse mesmo lugar as nove. – ela disse, depois saiu correndo.

            Saiu correndo, apenas. Cruzando os corredores rapidamente com suas meias negras.           

 

 

 

 

 

           

 


Notas Finais


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