História I'm a mess || T3ddy - O evento (parte 2)

P.O.V T3DDY

Desde que ela entrou, eu senti que a conhecia, mas nunca tinha visto seu rosto. Seu cheiro doce era familiar, mas não reconhecia de lugar nenhum. Quando a abracei, uma luz se acendeu na minha cabeça: a menina daquele dia tinha cabelo azul. Sim, eu sei que muita gente hoje em dia tem, mas eu ando tão desesperado pra descobrir o que aconteceu naquele dia que a única coisa que me passava pela cabeça era a possibilidade dela estar bem à minha frente.

– O que foi? – Ela me pergunta um tempo depois de sair do abraço, me olhando confusa.

– N-nada. – Balanço a cabeça pra sair dos meus pensamentos e sorrio. – Vamo começar?

– Aham.

(...)

Arrumo a câmera com o enquadramento certo e sento no sofá. Ela se senta à minha frente e coloca o gravador no meio de nós, logo aperta o botão dele e começa a gravar. Ligo a câmera e ela pega seu celular.

– Bom, vamos começar com a pergunta da Beatriz: pra qual lugar você tem vontade de viajar?

– Pra New York, de novo. Amei aquele lugar. – Sorrio ao lembrar.

– E aqui no Brasil?

– Pro Sul. Tenho muita vontade de conhecer os B3ars de lá.

– O sul é legal. – Ela sorri. – A próxima é da Giulia: Qual sua meta de vida?

– Ser um ator da malhação. – Falo sério e ela me olha com a sobrancelha arqueada. – Mentira! – Rio. – Minha meta é ficar fazendo vídeos pra vocês por um bom tempo ainda, porque é o que eu amo.

– Todos nós amamos, na verdade. – Ela sorri. – Agora a última é da Melissa: Do jeito que você costuma ir pra muitas festas e esvaziar com um monte de menina, já teve alguma que você bebeu tanto que não se lembra de nada? – Ela percebe o que falou, me olha e eu faço uma cara brava. – Foi o que ela falou, ué. – Ela ri.

– Ó, o pessoal vai ter uma visão errada de mim, Mel! – Falo olhando pra câmera e rio. – Já. Não foi exatamente uma festa, mas já. Acho que todo mundo já fez isso pelo menos uma vez na vida.

Impossível não lembrar. Todos os dias eu lembrava, na verdade. Era como uma incógnita na minha vida que talvez eu nunca descobrisse. Daria de tudo pra saber o que aconteceu – cada detalhe sórdido daquele dia. Por mais que eu tenha saído um pouco sóbrio da casa daquela menina no dia seguinte, ainda estava com uma ressaca fodida pra me lembrar como aquela maldita praça era.

– Eu nunca fiz. – Ariel sorri e faz uma auréola em cima da cabeça com as mãos.

– Ih, alá a anjinha! – Rimos.

Ela me faz mais algumas perguntas e depois de alguns minutos, estava finalizado.

– Pronto. – ela sorri e desliga a câmera e o gravador. – Agora eu tenho que ir.

– E eu?

– Ué, Lucas. Você vai se arrumar pra conhecer alguns B3ars novos. – Ela levanta e me olha.

– É verdade. To nervoso. – Mordo o lábio. – To com medo de pagar algum micão na frente deles.

– Você sempre paga micão. – Faço um bico triste e ela me olha. – Mentira! – A menina me abraça e ri. – Só as vezes.

Rio e alguém bate na porta.

– Viu? Deve ser a Anne, to ferrada. Já devia ter ido embora.

– Calma. – Falo baixo pra ela e rio baixo.

Vou até a porta e a abro.

– Ah, é você. – Reviro os olhos ao ver Luba.

– Vim ver o meu ursinho! – Ele sorri e me abraça apertado, retribuo.

Depois de alguns segundos, olho pra Ariel e ela estava totalmente paralisada.

– E quem é você, menina? – Luba diz docemente, indo até Ariel.

– A-ariel. – Ela gagueja e ele ri, a abraçando.

– Que fofa! Você tá nervosa?

Ariel afirma com a cabeça, o que passa quase despercebido pelo fato de seu rosto estar afundado no moletom de Pikachu do Luba. Limpo minha garganta pra chamar atenção e eles me olham.

– E eu? To com ciúme. – Eles riem e Luba me puxa, formando um abraço em três.

– Você é trouxa demais, T3ddy! – Ariel exclama, rindo.

Nós ficamos uns minutos conversando, tiramos várias fotos pra Ariel e Luba gravou alguns snaps.

– Agora eu preciso ir. – Ela levanta e nos olha, tristinha.

– Por quê? – Pergunto.

– A Anne vai me mat...

Ouvimos três batidinhas rápidas na porta e logo ela se abre, sem nem esperar eu mesmo abrir.

– Ariel, já terminou? – Anne surge com seus cabelos escuros.

– Já, eu só fiquei um tempinho conversando. Desculpa. – Sua voz soava nervosa.

– Não tem problema! – Ela ri. – É normal jogar conversa fora de vez em quando. – Ariel suspira aliviada e ri fraco, assentindo. – E você, Luba, o que faz aqui?

– Vim dar um oi pro Lucas. – Ele sorri.

– Você tem que estar no camarim agora, sua responsável já tá chegando.

Não aguento a risada. "Responsável"? Que palavra engraçada que encontraram pra falar da menina que ia o entrevistar.

– Responsável. – Ariel sussurra pra mim, rindo.

– Também te chamaram assim? – Ela murmura um "aham" e nós rimos.

– Eu já tô indo. – Luba responde Anne e ela sorri, saindo da porta.

– Não demorem! – A morena grita de longe.

Luba se despede e Ariel também. Os dois saem e eu sento no sofá. Percebo que a dos cabelos azuis deixou sua mochila. Lembro daquela mochila também. Era idêntica a que eu vi do lado do sofá aquele dia.

Devia parar de pensar nisso senão acabaria louco.

P.O.V ARIEL

Saio da sala com a sensação de que esqueci alguma coisa, acho que era porque deixei o gravador e a câmera no camarim (o pessoal ia pegar depois, então as instruções eram deixa-las lá mesmo). Ainda não acreditava no que tinha acontecido. Luba e T3ddy conversando comigo, como amigos! Estava tão extasiada e emocionada que nem percebi alguém chamar meu nome.

– Ariel! – A voz chega mais perto e alguém toca meu ombro.

Limpo as lágrimas rapidamente e me viro. Era Lucas.

– Você esqueceu a mochila lá. – Ele estica a mão pra entregar a mochila. – Só não esquece a cabeça porque ela tá grudad... – Ele me olha. – Tava chorando?

– Não. – Sorrio. – Brigada por me entregar a mochila, tem coisa importante aqui. – Pego a mesma da mão dele, sorrio maliciosa e ele ri.

– Droga! Devia ter aberto pra ver. – Ele bufa e depois ri. – Vou voltar, ainda preciso me arrumar.

– Vai lá. – Nos abraçamos e ele sai. Volto a andar até um canto do salão e fico lá sentada mexendo no celular, esperando o pessoal entrar e o evento começar.