P.O.V LUCAS
Depois de ligar pra Ariel, fui me arrumar. Tomei um banho rápido, coloquei uma jeans qualquer e uma camiseta preta e passei o meu perfume. Arrumei o cabelo do jeito de sempre e coloquei meu tênis. Estava pronto. Era 07:28h e eu tava atrasado (pra variar). Desci, andei um pouco e logo cheguei, porque a rua era pertinho.
Sentei e olhei no relógio: 07:34h. Olhei pros lados.
– A Ariel ainda não chegou? Sabia. – Falo pra mim mesmo e rio fraquinho.
Do nada, sinto alguém praticamente pular nas minhas costas. Levo um susto e dou um grito.
– Pra falar a verdade... Eu tava aqui desde às 07:32h. Nenhum minuto a mais e nenhum a menos. – A mesma senta do meu lado. – Você é gay demais! Que gritinho, hein. – Ela ri.
– Você me assustou! – Me justifico e rio. – Como cê tá?
– Ah, eu tô bem! – Ela sorri, bem falsamente por sinal. – E você? Como ta sua vida? Porque pra me chamar a essa hora, o negócio tá tenso! – Ela ri.
– Eu queria sair com você faz tempo, e agora foi a hora que eu não tava ocupado. – Coloco a mão na nuca e sorrio sem graça. – Sou uma pessoa ocupada demais, muitos assuntos do canal. – Rio.
– Entendi. – Ela ri.
Fiquei algum tempo a olhando. Seu cabelo em contraposição com o sol destacava a cor – já um pouco desbotada – do azul em seus fios bagunçados. Era incrível como tudo nela se tornava lindo, mas seu rosto não expressava mais a mesma calma e a ternura. Ela parecia tão desanimada que seus olhos nem tinham mais o brilho de sempre.
– O que aconteceu?
– Por quê? – Ela se desliga de algum tipo de transe e me olha.
– Você ta estranha, triste. Sei lá.
– Eu tô normal. – Seu sorriso falso mais uma vez.
– Me conta. Quero te ajudar. – Vou com a mão em seu ombro, mas a mesma desvia rápida e bruscamente. – Ai, desculpa!
– Não, desculpa eu. – Sua postura suaviza e ela volta a posição de antes. – Só estou... Cansada. – A menina olha para o chão. – Mas o que você veio me falar?
– Nada, por quê? – Falo, me fazendo de sonso.
– E o assunto do canal?
– Então... Não tinha! Era só pra você vir mesmo! – Rio.
– Você não tem jeito, né? – Ela ri.
(...) Ficamos por um tempinho conversando, depois vamos para uma sorveteria ali perto.
– Eu quero maracujá com uva! – A menina pede ao balconista.
– E eu quero chocolate. – Peço em seguida.
Sentamos em uma mesa fora da sorveteria: era em um lugar com bastante grama e flores; árvores também. Observo algumas crianças correndo por ali e me atento em uma especialmente. Um menininho de uns seis anos agachado nas flores coloridas pegando algumas. Sua mãe surge na janela e dá um grito: 'Pare, Bryan! Não pode tirar essas flores daí'. Na mesma velocidade que ela deu a bronca, o menino correu para uma menina de uns seis anos também, que estava sentada embaixo de uma árvore, cabisbaixa. Ele a chamou. A menina de cabelos negros olhou surpresa para as florzinhas e as pegou. Os dois sorriram e o menino corou quando ela o convidou a sentar-se junto a ela, mas mesmo assim o fez.
Olhei pros dois sentados juntos conversando e não pude conter o sorriso; Ariel também não.
– Tão bonitinhos! – A menina dos cabelos azuis fala com um tom de animação.
– Sim! Nessa idade eles fazem as coisas tão sem maldade, né? – Quando termino de falar, seu sorriso some imediatamente.
– O amor é tão puro... – Ela olha pra baixo.
– Ei! – Coloco a mão em seu queixo e a faço olhar pra mim. – Quer me contar alguma coisa? – Ela apenas nega com a cabeça e suspira. – Eu tô aqui por você, tá bom? Quero que saiba que eu vou estar do seu lado em tudo que fizer.
Ariel assente, sorri e sussurra um "obrigada", seguido de uma tentativa de conter as lágrimas. Depois disso, o balconista traz os sorvetes. Agradeço e começamos a comer.
Novamente começo a fazer piadas e o clima pesado some. Terminamos de comer e até a hora do almoço ficamos andando por um parque que tinha ali perto. Percebo sua feição se transformando aos poucos. A Ariel que eu tanto gosto estava de volta.
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