P.O.V ARIEL
Algumas semanas se passaram e eu e o Lucas se víamos com uma frequência média. Nós estamos mais íntimos mas mesmo assim não contei sobre aquele dia com o Matheus. Não acho necessário contar pra ouvir que eu deveria terminar com ele, só pra variar. Nunca falei pra ninguém exatamente por esse motivo. O Matheus continua estranho, mas não fez mais aquilo, então tá tudo bem.
Passei as últimas horas fazendo trabalhos pro final do semestre da faculdade e eram quase cinco da tarde quando terminei tudo. Suspirei e fui fazer algo pra comer.
– Places, places, get in your places...
Cantava "Dollhouse" da Melanie enquanto procurava algo pra comer nos armários da cozinha quando ouvi três batidas leves na porta. Fui atender.
– Sabe, – Lucas entra sem esperar eu falar nada. – acho que tá na hora de eu confessar uma coisa pra você. Eu AMO misturar doce com salgado na hora de comer. Uma decepção. – Ele traz consigo duas sacolas.
– E o que cê trouxe aí nas sacolas?
– Sei lá, um monte de coisa doce e salgada pra gente misturar e ver se é bom. – O moreno ri.
Foi o que fizemos. No final disso não aguentava mais comer. Comemos coxinha com brigadeiro, pizza com molho barbecue, hamburger com leite condensado e mais umas coisas que tinham sabores indefinidos então não posso nem dizer o que era, só sei que não gostei da maioria.
– Quem mistura doce com salgado, Lucas? – Rio. – Isso é terrível, você é realmente uma decepção.
– Eu sei. – Ele limpa uma lágrima imaginária e ri.
Comemos fondue de chocolate com frutas no final disso, porque depois de todos os sabores esquisitos a gente merecia. Enquanto isso, víamos uns filmes que saíram na Netflix ultimamente e dava meu feedback quando ele acabava.
– Ariel, o que pode me dizer desse? – Lucas pegou o controle e colocou perto de minha boca, simulando um microfone.
– Bom, o que eu acho é que... – Ouvimos batidas na porta. Hesito por um segundo pra poder falar algo. – Quem é?
Ninguém respondeu. Mais batidas na porta. Repeti a pergunta.
– Quem é? – Falei mais alto dessa vez.
– Sou eu, garota! – A voz de Matheus do outro lado da porta fez meu corpo tremer. Lucas estava ali! O que ele ia pensar?
– Já vou, amor. Tô me trocando.
– Ah, Ariel! Pelo amor de Deus! – Ele ri, irritado. Essa foi a pior desculpa de todas.
Puxei Lucas pelo braço até o quarto de visitas e olhei em volta. Um guarda roupa! O abri, tava cheio. Ele nunca ia caber ali. Atrás da cômoda! Não, não é escondido. No meio das cobertas...?
– Ariel. – Lucas sussurra e eu murmuro um "shh". – Ariel! – Ele chama minha atenção novamente e eu me viro. Ele tinha sumido.
– Lucas! Não é hora pra brincadeira! – Falo irritada.
– Eu tô escondido, idiota! – Ele ri. – Embaixo da cama. Clichê? Sim, mas é funcional. Agora vai.
Olhei rapidamente embaixo da cama e conferi se ele tava ali. Ok.
Fechei a porta e fui até a porta da frente. Destranquei e o loiro abriu de imediato.
– Nossa, que demora Ariel. – Ele bufa e me sela. – Tô com fome.
Ele vai pra cozinha e eu vou atrás. Ao ver o fondue em cima do balcão e todas aquelas comidas abertas, se assusta.
– Fez uma festa aqui e não me avisou, por acaso? – Ele examina todas, como se fosse um investigador na procura de provas.
– N-não... – Gaguejo um pouco e tento pensar rapidamente em uma desculpa. – É que... A... Bia veio aqui agora há pouco! Isso!
– E qual o porquê de tanta comida? Qual é, vocês nem são tão gordas assim. – Ele ri.
– Nossa – Rio. – É que a gente queria experimentar umas coisas novas e tal.
– Entendi. – Ele vai até a geladeira e pega um pedaço de pizza que tinha lá.
Matheus vai até o microondas e esquenta a pizza. Enquanto ele espera seu pedaço, penso no que vou fazer com o Lucas. E agora? Como ele vai sair daqui?
– Tudo bem, amor? – Ele me tira do transe e eu sorrio.
– Tudo sim.
Ele vem até mim e puxa minha cintura. O mesmo começa a me beijar e me empurrar para o sofá, mas eu não queria. Além do Lucas estar lá, ultimamente era só nisso que ele pensava. Transar, transar e transar. Será que ele não percebia que me forçar tanto quando eu não queria tornava aquilo cansativo e ruim?
– Matheus... – Falo contra o beijo. – Hm... Não... – Empurro sua boca e o olho. – Não vamos fazer isso agora.
– Por que não?
Precisava pensar em como ia tirá-lo da sala pra tirar Lucas da minha casa.
– Porque... Porque a gente pode fazer isso no banho! Há quanto tempo não fazemos isso? – Sorrio maliciosa e ele assente.
Não queria. Nem um pouco. Mas era o único jeito, né?
– Então vem. – Ele sorri, puxa minha mão e eu solto.
– Vai indo e ligando o chuveiro que eu vou pegar uma coisa... – Sorrio como se fosse fazer uma surpresa. Ele murmura um "tá" e vai pro banheiro animado.
Logo que a porta do banheiro se fecha, corro até o quarto e puxo Lucas de debaixo da cama.
– Graças a Deus, já tava quase vomitando aqui. – Ele sussurra e ri.
– Vai dizer que você é virgem? Ele é um santinho! – Rimos fraco e vou até a porta com ele correndo.
Dou um abraço rápido, o agradeço por hoje e me despeço. Não queria que Matheus viesse agora, bem quando eu estava me divertindo com o Lucas. Tranco a porta e suspiro; a noite vai ser longa.
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