Acordei com alguém me balançando freneticamente, e cara, se eu não tivesse dado de cara com um Taehyung sorrindo como uma criancinha, eu teria socado alguém.
Acho que estou apaixonado.
— Boa tarde, dorminhoco — disse sorrindo.
Ele estava sentado na beirada da cama com os cabelos molhados e aquele sorriso lindo dançando nos lábios.
Engoli em seco.
— Oi, Tae... — comecei, mas minha atenção foi toda por água abaixo quando ele umedeceu os lábios de uma maneira muito sexy, me fazendo desviar os olhos e minhas bochechas esquentarem.
— Que bonitinho, Hobi! — o garoto ria da minha desgraça.
Ele fez de propósito.
— Eu sou hétero, Taehyung! — falei alto o que seria a pior mentira dos próximos vinte anos.
— Claro. — e sorriu aquele sorriso cafajeste que me dava vontade de atacá-lo ali mesmo.
Credo, pareço aquelas meninas apaixonadas.
— Preciso ir — avisei, lembrando-me dos avisos, vulgo ameaças, que minha mãe me fizera antes de sair de casa.
— Dá um “oi” para a minha mãe antes porque ela não para de perguntar do meu novo namoradinho — falou sorrindo de um jeito bobo.
Depois de falar um pouco com a senhora Kim e ouvir uns dez “usem camisinha!”, negar umas quinhentas vezes de que “não, não precisa me acompanhar até em casa!” para Taehyung, fui embora.
— Oi, Yoongi está? – sim, minha gente, eu fui à casa dele. Por quê? Porque sou um trouxa.
— Não, querido — era Jiwoo, uma das mães do Yoon. Ela era tão amorzinho comigo. — Ele simplesmente saiu, nem disse para onde ia, ‘credita? Eu não digo que a Ayumi o mima demais? — dizia brava e eu concordava com “Uhuns”, “Sim”, “Sério?”, enquanto ela contava as “Últimas do Yoongi”. —... Mas ele estava tristinho, então não vou pôr ele de castigo... — Jiwoo que me desculpe, mas quando ela disse que o Yoon ‘tava triste senti meu coração apertar.
Meu Yoongi estava triste.
— Tia, preciso ir. — e corri às pressas, recebendo um olhar de confusão. — Depois eu volto aqui. Tchau!
Quando cheguei ao parque que sempre íamos quando crianças, vi uma cena que, sinceramente, queria nunca ter visto.
— Ah, Hoseok! Isso não vale, você ‘tá roubando! — disse sentando-se no chão, emburrado e fazendo bico.
Estávamos brincando de esconde-esconde e era a minha vez de “contar”, e talvez, só talvez, eu tenha espiado onde Yoongi havia se escondido.
— Parei de brincar, gente! — gritou para os outros que também estavam na brincadeira.
Logo, todos saíram de seus esconderijos e foram até onde o garoto fazia seu drama.
— Ah, Yoongi, não tem graça brincar com você. — era Namjoon, com sua altura e voz de um garoto de dezesseis anos. — O Hobi não roubou, você que não sabe se esconder — falou recebendo como resposta um “Cale a boca” e uma língua de fora do menino.
— Não briguem, gente — Jin interveio antes que rolasse agressão, sempre com seu jeito pacífico e amoroso de ser, o mesmo que mantém até hoje em dia. — Eu conto agora, Yoon, mas não para de brincar, ‘tá bom? — e sorriu.
O Min ainda continuava com um bico nos lábios e não queria ceder alegando que “Quem deveria contar era o Hoseok, porque quem não sabia brincar era o Hoseok!”
— Por Kami, minha gente, ‘cês ainda tão nisso?
— Não se meta nos assuntos dos hyungs, Jimin! — Kookie repreendeu o mais velho, que logo fez uma expressão de quem ia chorar e respondeu com um “Eu só quero brincar logo!”
— Ah, Jimin, não chora. — Taehyung abaixou-se e abraçou o menor, recebendo um olhar mortal de Yoongi. O garoto só mostrou a língua e apertou ainda mais o menor.
É, parece que eles nunca se deram bem.
— Vocês são muito chatos! — resolvi me pronunciar, afinal de contas toda aquela confusão era minha culpa — Vou pra casa, já ‘tá tarde.
Recebi vários “‘Tá cedo ainda, Hobi” e um “Vamos logo” do Min.
A verdade era que Yoongi não via a hora de sairmos do parque e chegarmos logo em casa para jogarmos video-game sem os outros.
— Eu gosto muito deles, Hobi, mas você é o meu melhor amigo — dizia toda vez que eu lhe acusava de egoísmo nas voltas para casa.
E quando eu insistia que deveria parar com os ciúmes, ele apenas assentia e sorria de um jeito doce.
— Sou muito ciumento com as coisas que eu gosto.
Yoongi estava sentado no gramado do parque, e de longe pude ver que chorava.
Corri até ele.
— Tudo bem? — perguntei, e logo após senti vontade de me socar.
Claro que não estava, né, Hoseok.
— Pensei que estava com Taehyung — falou sério e logo soube que a culpa era minha.
— Prendam Jung Hoseok, esse destruidor de corações! — brinquei, logo recebendo um sorriso fraco.
Doía muito vê-lo assim, triste, meu coração se despedaçava.
E saber que a culpa era minha não ajudava em nada.
Sentei-me ao seu lado e o abracei, ele não negou, apenas se aconchegou em meu peito; seus soluços cessando e a respiração menos pesada.
— Lembra de quando a gente brincava aqui?
Assenti.
— Sim, você não aceitava ser um perdedor e choramingava. — sorri, lembrando-me dos dramas do garoto. — Você era e é um péssimo perdedor. — ele riu.
Aquele sorriso lindo que eu tanto amava.
Os dentes alinhados, a gengiva rosada igual às bochechas, os olhos fechados, os lábios convidativos...
Eu amava o sorriso do Taetae, mas praticamente idolatrava o do Yoongi.
— Me diga o que realmente houve, docinho — disse suavemente enquanto acariciava seus cabelos.
Ele suspirou.
— Quando pretendia me contar que era gay e estava namorando o Kim Irritante Taehyung? — perguntou ainda de olhos fechado e eu senti meu chão indo embora.
Como assim eu estava namorando o Taehyung?
— Desculpa, mas eu não ‘tô sabendo de namoro nenhum. Vai ver a gente casou e ele se esqueceu de me avisar — disse irônico.
— Não minta pra mim, Hoseok — falou sério me fazendo ficar tenso.
— É mentira. — abriu um sorriso irônico — Não estou namorando ninguém, muito menos o Taetae.
— “Taetae” — imitou minha voz — Eu vi como vocês estavam no cinema! — desvencilhou-se do abraço para me encarar.
O sangue me subiu à cabeça.
— Ah, é? — endireitei-me para encará-lo também. — Eu vi foi você engolindo uma piranha qualquer quando deveria estar com seus amigos! — disse sem pensar e o moreno me encarou com um olhar bravo.
— Não teria feito isso se você não estivesse deixando o Taehyung quase te comer lá!
— Mas o que tem isso, porra? — gritei. — Nós não temos nada, não te devo satisfações!
Ele sorriu.
— Tem razão — falou calmo — Quer saber? Sabe por que não temos e nem vamos ter nada? — seu sorriso aumentou. — Porque eu não sou gay, e nunca, escute bem, nunca seria, ainda mais por você.
Lágrimas já manchavam meu rosto e minha respiração já pesava.
Como ele pôde dizer uma coisa dessas?
— Quer saber? — usei o mesmo tom que ele. — Você é um idiota. — dei um sorriso grande. — Eu te odeio, Min Yoongi. — meu coração se despedaçou ainda mais quando vi seu olhar triste, mas o ar de ironia ainda o rodeava. — Não quero nunca mais te ver. Tchau.
Simplesmente me virei e fui para qualquer lugar longe dali.
Ele não fez nem menção de me seguir, nem mais uma palavra fora pronunciada, simplesmente o silêncio e uma certeza: era o fim da nossa amizade.
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