História I'm here. - Aceitação

- Gente, eu consigo andar, calma. – Igor disse após se levantar da cama, e caminhar até o banheiro  do quarto para se trocar para irem embora.

-  Filho, por favor, se troque aqui. – Dona Lucia diz ao perceber para onde o filho ia, e o puxou para que ele se sentasse na cama. – Diz pra ele doutor. – Ela olhou de uma forma suplicante para o doutor Mendez.

- Senhora, eu sei que faz tempo que ele não mexe os membros inferiores, então eu recomendo que ele se esforce. – Igor olhou para a mão com uma cara de “ Eu te falei” – Mas isso não significa que sua mãe não pode te ajudar Igor, deixe ela ajudar você, afinal o filho dela de uma certa maneira ressuscitou. – Mendez continuou, enquanto olhava para o nada, como se estivesse se recordando de algo. – Eu vou lá fora avisar pro Júlio e para sua irmã que daqui pouco vocês já vão. – Ele se despediu dos dois e saiu do quarto.

- Igor. – Dona Lucia segurou a mão do filho. – Você e o Júlio estão muito grudados ultimamente. – Ela segurou o rosto do filho com as mãos. – Você é gay filho?

Gay.

Se fizessem uma pergunta a um tempo atrás ele certamente diria que não, que só dava selinhos nos amigos de broderagem(?)  

Mas hoje, depois de tudo o que ele passou ao lado de Júlio, mesmo que fossem meses, pareciam anos, uma vida.

Igor se assumiria gay, ele havia feito uma promessa para Júlio que se sobrevivesse a operação se casaria com Júlio..

Mas se ele não tinha nem coragem de assumir para a própria mãe que era gay, como poderia se casar com Júlio?

Ele respirou fundo, e colocou uma de suas mãos sobre a mão de sua mãe.

- Sim mãe, eu sou gay,  e eu vou me casar com Júlio.

- N-Não acredito nisso! – Ela tirou as mãos do rosto do filho, e o olhou com uma mistura de raiva. – Como você pode fazer isso comigo Igor? Logo eu que sou sua mãe e te carreguei por nove meses na barriga!

- Independente do que você me disser não vou me separar do Júlio! Eu não me importo se eu sou uma vergonha pra você por ser gay, mas é assim que eu me sinto bem! – Ele disse sentindo as lágrimas descendo.

Tudo o que ele precisava nesse momento era de um abraço para se sentir bem.

- Por que tá chorando? – Lúcia se aproximou de Igor, que estremeceu com o toque da mãe. – Igor você entendeu tudo errado..eu não estou brava por você ser gay filho..

- Não?

- Não Igor. – Ela beijou a testa do filho. – Estou brava porque você não me disse que iria casar..como pode?

- Mãe.. – Ele a abraçou e começou a chorar. – Obrigado por me apoiar. – Ele disse entre alguns soluços.

- Eu sempre estarei aqui por você meu filhote. – Ela olhou para ele limpando suas lágrimas. – Meu gordinho da mamãe, meu pequeno botijão de gás.

- Mãe! – Igor ralhou enquanto ria.

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- Esse apartamento é grande em rapazes

- Por enquanto sogrinha, logo vamos nos mudar para uma casa gigante, para cuidas dos nossos filhos.

- Vocês tem que ter uma garotinha. – Isa agarrou o braço do cunhado. – Eu quero levar ela pra comprar vestidos, sapatos, tudo o que uma mocinha precisa.

- A gente ainda vai pensar nisso Isa. – Júlio a abraçou.  – Vamos aproveitar que estão todos aqui, e pedir várias pizzas! -  E um coro de gritos de felicidade foram ouvidos.

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- A noite -

Mendez agradeceu ao porteiro que o permitiu entrar, ele não gostava de visitar lugares assim, mas  ao ver a felicidade de Lucia ao se contentar em ver Igor vivo, o fez se lembrar da perda da pequena Júlia e de sua esposa.

Foi por isso que quis se tornar médico.

Depois que sofreu um acidente de carro onde ele, sua mulher e filha estavam, as duas morreram a caminho ao hospital e Mendez sobreviveu.

A chuva começou a cair conforme Mendez se aproximava do túmulo.

Lágrimas se misturavam as gotas de chuva.

Mendez parou em frente ao túmulo e recitou a promessa que havia feito no dia mais triste de sua vida.

- Farei o impossível para salvar pessoas, para salvar um desconhecido, para dar felicidade a seus entes queridos. - Um soluço o interrompeu. - Farei o impossível para dar vida a quem já a perdeu, farei o impossível pois me tornarei um médico e salvarei vidas. - Mendez se ajoelhou em frente ao túmulo enquanto chorava.

Um relâmpago cortou o céu.