Tremia como nunca tinha acontecido antes, Peter Pan era somente um conto de fadas e eu tinha certeza de que era impossível dele existir, não existem fadas, nem magia. Eu desacreditei em tudo quando completei onze anos e presenciei uma cena horrível; Meu pai, o golpista bêbado da cidade tinha chegado da rua mais uma vez, seus olhos vermelhos e uma garrafa de whisky na mão já eram comuns, mas aquela noite foi diferente, ele não foi para o banheiro e vomitou toda aquela desgraça que ele causava a nossa família, não, ele jogou a garrafa em minha mãe e sem poder fazer nada, ela apanhou do meu pai, jogada no chão, ilesa. E eu, não fiz nada, só chorei.
-Garoto? -Peter atrapalhou meus pensamentos com um leve tapa em meu ombro
-Isso é só um sonho. Não existe Terra do nunca -Olhei para Peter e ele me olhava como se eu fosse um enorme pedaço de carne que ele adoraria devorar de uma só vez
-Então que não acredite, vem comigo, preciso te contar uma história -Ele deu um sorriso simpático e pegou minha mão, me ajudando a levantar
-Eu não vou - Soltei nossas mãos e dei dois passos para trás -Você quer me matar, garoto. Não acredito em contos de fada.
-Fadas?. Você está vendo alguma por aqui?. É um mundo real, querido garoto. -Ele disse suavemente enquanto se aproximava de mim
-Eu não sei oque é real. Só quero saber como vim parar aqui. E onde estão meus amigos? -Estava assustado e tinha pela primeira vez uma sensação de medo
-Todas as repostas que necessita eu te darei, se vier comigo
-Por que deveria acreditar em você? -Olhei para ele
-Você está no meio da floresta amazônica, prefere acreditar em alguém que quer te ajudar ou morrer de fome? -Peter mudou o tom de voz
Não disse nada, somente fui até ele e fomos até uma espécie de cabana, na porta existiam pedaços de ossos humanos, aquilo sim era assustador. Quando Peter abriu a porta, encontrei um lugar semelhante com os detalhes da história de Peter Pan. Uma pequena casa com grande iluminação e alguns objetos estranhos. Nenhuma cama, televisão, geladeira, nada comum.
-Sente-se por favor -No canto da casa existia um tronco de árvore quebrado, aquilo era o sofá dele?
Fui até lá com certo medo de existir alguma armadilha no caminho e observava cada coisa, cada detalhe da casa, ainda não acreditava que estava realmente acreditando em alguém desconhecido.
-Vou te contar uma história, você conhece os Deuses gregos? -Peter sentou-se ao meu lado e olhava para mim do mesmo jeito de antes
-Deuses não existem!
-Você não acredita em nada, garoto?. Deveria ser mais crédulo -Ele riu educadamente
-Só acredito no real…
-Segura a minha mão -Ele entrelaçou nossos dedos e deu beliscou a palma da minha mão
-Ai!. Tá maluco? -Olhei para ele
-Você sentiu isso, não foi?. Se eu sou capaz de te machucar, eu sou real
Ele sempre conseguia ter razão e me manipular, eu odiava isso, porém, não tinha escolha.
-Tá...pode contar a história agora -Soltei nossas mãos e desviei o olhar
-Deusa Nyx e Deus Pã... são nossos protetores, todo garoto perdido que aqui chega e abençoado pela personificação da noite, Nyx. E protegido pelo Deus dos campos e florestas, Pã. “Lá também está a melancólica casa da Noite;
Nuvens pálidas a envolvem na escuridão; Antes delas, Atlas se porta, ereto, e sobre sua cabeça, com seus braços incansáveis, sustenta firmemente o amplo céu, onde a Noite e o Dia cruzam um patamar de bronze e então aproximam-se um do outro.” Nunca esqueça isso
-Você é estranho, Peter. Só não me chama de garoto, eu tenho nome
-Me diga seu nome -Ele virou meu rosto fazendo nossos olhares se cruzarem
-Pietro, me chama só de Pietro.
-Ok, Pietro. Me chama só de Peter então -Ele sorriu
-Onde estão meus amigos? -Perguntei mudando de assunto
Nesse momento ouvi uma voz grossa e trêmula chamando por Peter na porta. Ele foi até lá e abriu a mesma. Era um garoto, maior que Peter, loiro, rosto fino e cabelo longo, uma franja bagunçada jogada para frente e um machado que segurava com a mão direita e apoiava no ombro
-Peter, eu achei os garotos -Ele disse ligeiramente no meio de um sorriso longo
-Parabéns, Félix! -Peter deu um abraço nele -Vem Pietro, você fez a pergunta na hora certa
Levantei e fui até lá. Peter começou a andar e sussurrava bem baixinho com Félix, eu seguia os dois. Chegando no lugar onde Guto e Marcos estavam, eles estavam presos a uma cadeira e amordaçados. Uma mesa longa separava eles de uma outra cadeira, e no meio da mesa, uma pistola. Félix me jogou na cadeira e me prendeu. Peter subiu na mesa e começou a andar de um lado para o outro falando:
-Para você se tornar um garoto perdido, precisa matar alguém do seu passado e depois beber seu sangue. Você pode escolher, Pietro. Marcos ou Guto? -Ele correu até mim e pulou da mesa
-Eu não sou um garoto perdido! -Gritei
-Você vai se tornar, não tem escolha. Eu volto já, Félix vai cuidar de vocês, escolha ou eu escolherei por você -Ele deu um gargalhada e começou a correr entre as árvores
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