História I'm Not Sorry - You can't leave me

O resto do dia passou monótono. Era noite já e Taehyung ainda não tinha aparecido. Depois de ficar horas relembrando a conversa anterior, percebi que tinha sido demasiado duro com ele. A culpa não era sua e sim do seu pai, ele apenas tentou ajudar. No calor do momento disse coisas que me arrependia agora, e precisava que ele chegasse o mais rápido possível para me desculpar devidamente.

"Taehyung, precisamos de falar." - 11:21 PM

"Volta para casa o mais rápido possível, por favor." - 11:21 PM

"Não quero que você durma fora de casa." - 11:22 PM

Já tinha na minha cabeça decorado o que iria dizer quando o moreno chegasse. Ia correr bem.

Fiquei na sala vendo um filme esperando Taehyung chegar, mas depois de algumas horas meu corpo cedeu ao sono e acabei adormecendo.

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Acordei com uma dor enorme nas costas devido à posição que tinha dormido. Lembrei dos acontecimentos do dia passado e corri até ao quarto na busca de Taehyung, mas a cama estava feita, sem ninguém nela. Entrei em pânico e disquei o número de Seokjin o mais rápido que consegui. Depois de tocar algumas vezes ele atendeu.

— Você sabe que horas são Jeon? — Pelo tom da sua voz ele tinha acabado de acordar.

— Não e nem me importo. O Tae passou por ai? Vocês falaram ontem ou assim? Tem notícias dele?

— Não, porquê? O que aconteceu?

— Ele saiu ontem depois de termos uma discussão e até agora não voltou. — Ficou silêncio durante uns segundos.

— O que aconteceu?

— Foi uma briga besta. Eu posso ter dito coisas fortes demais, ele saiu quando eu ordenei que ele o fizesse.

— Que merda, Jeongguk! Ele disse para onde ia?

— Se tivesse dito eu não estaria aqui, ligando para você.

— Tá, vou mandar um endereço para você, me encontra lá em duas horas. Vamos procurar por ele.

— Ok. — Acabei a ligação e suspirei tenso. Me vesti, peguei nas minhas coisas e fui em direção ao endereço marcado no meu celular.

Eu andava numa velocidade incrível, suando devido ao calor e à preocupação que tomava conta de mim.

Cheguei uma hora e meia antes do horário marcado, quando precebi que tinha basicamente corrido até lá. Me apoiei com as mãos nas coxas e tentei regular a minha respiração. Comecei a andar lentamente em volta do lugar procurando por algo que indicasse que o moreno tinha passado por ali.

— TAEHYUNG!

Tentei chamar por ele esperando receber alguma resposta, mas a única coisa que recebi foi completo silêncio. Estranhei ao não ver ninguém na rua, nem ninguém trabalhando nas lojas, tudo estava completamente deserto. Verifiquei a morada no meu celular mais uma vez e reparei que estava no lugar errado. De alguma maneira tinha me desviado um pouco. Tendo ainda um pouco de tempo, respirei fundo e me preparei para me dirigir ao local certo, quando uma dor aguda atingiu minha cabeça e eu desmaiei instantaneamente, sem ter tempo de raciocinar.

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Abri os olhos lentamente, me acostumado às luzes flurescentes que rodeavam o lugar. Uma dor enorme se instalou na parte de trás da minha cabeça e tentei pressionar o local com a minha mão. Senti um metal frio rodear meus pulsos. Tentei me libertar do aperto, puxando várias vezes, dando conta que eram pequenas correntes apertadas com força contra eles, visível pelo vermelho presente na minha pele.

Olhei em redor e vi um piso branco, semelhante  dos banheiros, bastante sujo, com sangue espalhado por toda a parte. As paredes lembravam um material parecido com metal, deixando o ambiente extremamente assustador.

Olhei para o outro lado e vi um corpo sentado no chão, encostado contra a parede, e com correntes semelhantes às minhas. Taehyung. Seu corpo estava coberto com sangue e as roupas rasgadas, resultantes provavelmente de uma luta. Arregalei os olhos. Tentei puxar com ainda mais força as correntes, mas ao deixar de sentir os pulsos, parei. Ouvi barulhos vindo de trás de uma porta de metal na parede paralela a mim.

— Taehyung? TAEHYUNG? — Sussurei com mais intensidade.

O corpo dele se mexeu e suspirei aliviado pelo moreno estar vivo. Ele apertou os olhos com força, até depositar o olhar em mim. Arregalou os olhos o máximo que pode. — Minimamente, devido aos machucados na sua cara.

— Jeongguk? O que você esta fazendo aqui? Você precisa ir embora, agora.

— Não tem muito o que eu possa fazer. — Levantei as mãos com as correntes presas nelas. O seu olhar transbordava preocupação. — O que aconteceu?

Ele pressionou os lábios e desviou o olhar.

— Depois da nossa... Conversa, eu saí e fui andando por ai, sem rumo. Só queria desanuviar as ideias. Parei num lugar onde não tinha muitas pessoas e fiquei lá, só apreciando a vista. Eles me bateram e me trouxeram para aqui, não sei como. Me espancaram.

— Quem são "eles"? — Dei ênfase na última palavra.

— Membros da sua antiga empresa. — Engoli seco. — Eles sabem que eu matei o Jackson. Ou pelo menos desconfiam entre você e eu. Querem vingança.

Um silêncio incómodo se instalou e a única coisa que conseguia ouvir era as nossas respirações pesadas.

— Tae–

— Eu sei. — Interrompeu. — Me desculpa, de verdade. Não sei o que eu faria se estivesse no seu lugar, não consigo nem imaginar o que você possa estar sentindo agora, mas eu realmente sinto muito.

Lágrimas ameaçavam cair pelo meu rosto, mas consegui as conter.

— Eu te perdoo. — A expressão de Taehyung imediatamente passou de tristeza a surpresa. — Você lidou com a situação numa maneira que poucas pessoas o fariam, você me protegeu, não tem mais nada que eu esperaria de você. Você fez mais que o suficiente por mim e mesmo assim eu te desprezei por ser demasiado cabeça dura e não querer enxergar o que estava acontecendo. Eu que peço desculpas, e espero um dia ser perdoado. Você não fez nada de errado.

Taehyung já tinha desistido de segurar suas lágrimas. Suspirou algumas vezes e conseguiu formular uma frase.

— Eu te perdoo.

Nosso momento foi interrompido por quatro indivíduos abrindo a porta com agressividade, fazendo o som ecoar. Reconheci o que vinha na frente deles. Shin Won Ho. Ele sempre me odiou pelo fato de eu ser melhor que ele em relação a tudo, sempre tentou estragar tudo o que eu fazia, sem sucesso.

— Olha só o que temos aqui. — Riu. — O acha que sabe tudo e o namorado do acha que sabe tudo.

— O que você quer? Namjoon nunca te vai perdoar.

Riu de uma maneira histérica.

— Estou pouco me fudendo para o que o Namjoon vai fazer. Esse momento é meu, o momento que eu tanto esperava, que eu tanto sonhei. Você está abaixo de mim. — Sempre com um sorriso sarcástico no rosto. — Jackson era o meu melhor amigo, e um de vocês filhos da puta o matou. Agora tenho motivo e oportunidade para fazer o que quer que eu queira com vocês. Ironia do destino.

Andou de um lado para o outro enquanto tirava uma faca afiada do bolso.

— Vocês vão dizer quem foi, ou vou ter de vos fazer implorar.

Eu e Taehyung nos olhamos e ele balançou a cabeça em negação, indicando que eu não falasse nada.

— Tudo bem, eu consigo ser paciente. — Apontou a faca para mim. — Talvez só precisam de um pouco de incentivo. — Engoli seco. — Vamos jogar um jogo. Que tal: Quantas facadas eu consigo dar no seu namorado até você falar? Me parece uma boa ideia, o que vocês acham rapazes?

Os três concordaram e ele deu mais um dos seus sorrisos que me enjoavam. Dois deles foram em direção a Taehyung e num momento de desespero e medo me pronunciei.

— FUI EU! — Todos me olharam. — Eu matei o Jackson, e adivinha? — Agora me olhava com raiva. — Soube melhor que qualquer pessoa que já assassinei.

A tentativa de atrair a atenção dele para mim tinha dado certo, mas agora teria de lidar com o que ele fizesse comigo.

— Soltem-no. — Os homens perto de Taehyung retiraram as suas correntes e o seguraram, um em cada braço. — Acho que vamos ter de torturar o outro namorado. — Taehyung tentava se soltar, mas estava fraco o suficiente. O homem que restava me segurou em pé e agarrou minhas mãos atrás das costas para eu não poder fugir. Shin se posicionou na minha frente com um olhar de ódio e diversão ao mesmo tempo. — Isso é por você Jackson.

— NÃO!

Tudo aconteceu muito rápido. Estava me preparando para receber minha punição quando Taehyung conseguiu socar ambos os homens nas suas partes e correu em minha direção. Eles ficaram atordoados, sem ter tempo de o segurar e ouvi um barulho conhecido. Olhei para minhas roupas, mas estavam limpas.

Na minha frente, Taehyung estava parado e nas suas costas uma faca o atravessava por inteiro. As portas da sala se abriram e o som de tiros preencheu o lugar. Todos os homens caíram e deixaram eu e Taehyung em pé. Não consegui me concentrar no que estava acontecendo, sem ser na cena que acontecia na minha frente. Taehyung se virou para mim e caiu nos meus braços enquanto eu pressionava o lugar antes preenchido pelo metal. Estava chorando descontroladamente enquanto o moreno lentamente coloca a sua mão na minha bochecha limpando a água que caía pelos meus olhos.

— Não, não, não, não faz isso comigo, tenta respirar. — Falava rápido demais, devido ao nervosismo.

— V-vai… Tudo… F-ficar b-bem. — Tentava formular uma frase. Sangue escorria da sua boca sem parar enquanto eu segurava sua mão. — Eu te… a-amo, n-nunca… e-esq-queças. — Arregalei os olhos.

— Você vai ficar bem, só previsa aguentar mais um pouquinho, ok? — Tentava parecer calmo, mas as lágrimas correndo e os soluços me denunciavam.

Fez um movimento para eu me aproximar e sussurrou suas ultimas palavras no meu ouvido antes de apagar completamente.

E eu não acreditava no que tinha ouvido, me desmanchando em lágrimas.