HERMIONE
Visto um vestido de algodão e minhas sapatilhas pretas coloco também um cachecol lilás pálido e desso devagar as escadas tendo cuidado para não fazer barulho. Olho para entrada da casa e acho melhor ir pelos fundos assim não corro risco de esbarrar em nenhum convidado. Os fundos da casa dão para o jardim e só agora percebo que nunca estive aqui. Lindo penso olhando para as rosas brancas e vermelhas que parecem dançar com o toque da brisa... Sinto meus olhos arderem antes de minha visão ficar levemente embaraçada
°°°
-Rosas, o que vem a sua cabeça quando olha para elas? Mamãe me perguntava enquanto olhava para o jardim da varanda de casa.
-são perfeitas. Murmuro olhando para elas
-ate a rosa mais bela contem espinhos. Olho para ela confusa
-o que quer dizer mãe? Ela sorri e desvia os olhos do jardim para me fitar
-que nada é perfeito. Abro a boca para falar mas a fecho outra vez e volto a encarar o jardim
-Ei, não fica assim, afinal uma vida perfeita seria muito chata! Ela rir alto passando as mãos pelos meus cabelos. Olho para ela com seus olhos castanhos brilhantes e seu grande sorriso e penso: A vida é sim perfeita.
°°°
Sinto alguem me cutucar me fazendo voltar a realidade. Olho para trás e sorriu
"big Z! O que esta fazendo aqui?" ele sorri envergonhado
"meus pais foram convidados para o jantar e me trouxeram. Estava andando por ai e vi você. Você também foi convidada?"
"não, eu estou morando aqui por enquanto. Eu ia sair agora para comprar alguma coisa pra comer." ele franze a testa
"mas por que não vem jantar com a gente?"
"acho melhor não... Não me sinto a vontade." e também não fui convidada penso
"também não quero estar la dentro. Posso ficar aqui com você?" ele pergunta e parece sem graça
"claro! vamos esperar eles estarem ocupados e vamos pegar alguns doces!"digo sorrindo e ele rir sem emitir som
"acho que nesses jantares eles não servem doces"
"que pena."digo e ele balança a cabeça concordando.
"ei! Se você mora aqui então seu violino também esta aqui! Pode tocar?"ele me pergunta animado
"tocar agora? é melhor não..." mordo o lábio no jantar e não querendo atrapalhar
"porfavor, só uma, umazinha e eu não paro de te encher" ele faz um bico e sorriu.
"apenas uma." ele bate palmas sorrindo
"me espere aqui." digo e caminho novamente em direção a casa
°°°
Olho para o jardim procurando Z. Seguro meu violino e agradeço outra vez por ninguém ter me visto. Z levanta de um dos bancos do jardim e sorri acenando quando me ver. Aceno de volta e vou em sua direção
"pensei que não fosse mais voltar"
"não seja abusado moleque" digo antes de bagunçar seus cabelos
"ei, não danifique a mercadoria"ele diz fingindo uma carranca. Sorriu revirando os olhos.
"começa professora" ele me olha empolgado. Olho para a lua tão brilhante e grandiosa cercada pela imensidão escura do céu e lembro de minha avó que sempre estava sorrindo mesmo quando sentindo dor... Sinto tanta falta dela... E de repente sei o que tocar. Apoio meu violino e fecho os olhos. Minhas mãos agem sozinhas como se encantadas... Me sinto leve ao mesmo tempo que meu coração bate rápido.
Tristesse Étude de chopin ecoa pela noite me levando a lembranças que jamais se a pagarão. A dor da perda e a esperança do reencontro se mesclam as notas melancólicas de chopin. No final da música uma brisa acaricia meu rosto e sorriu ainda de olhos fechados. Abro os olhos lentamente com o coração leve e a mente em paz e me deparo com um par de olhos cinza que me fitam não com irritação ou mesmo surpresa mas sim com algo parecido com... Fascinação...
Continua...
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