História Imagine eu e você... - Não guarde mágoas

-Maxon! - Marlee exclama. Ele está deitado na cama do hospital, tão fraco que nem parece o Maxon de sempre. Marlee nunca o viu assim. - Como você está?
-Melhorando. - diz, e Marlee pega sua mão com cuidado, sorrindo.
-Aprontou de novo? - Carter ri, debochado. Ele não está tão preocupado quanto Marlee, conhece Maxon desde sempre e sabe que o amigo sempre apronta alguma coisa. 
-Foi um erro, só isso.
-Que tipo de erro? - Marlee pergunta, já que tanto ela quando Carter não sabiam o que havia acontecido.
-Bebi um pouco demais.
-E dirigiu depois? - Marlee o repreende. Carter sabe que ela está certa, mas ele mesmo já dirigiu bêbado. Não que Marlee soubesse.
-Eu… conversei com América hoje.
-Ela não te perdoou, não é? - Marlee diz, triste.
-Cara, isso não é motivo pra você beber todas e depois nos matar de preocupação. - Carter diz, porque ele não consegue entender o relacionamento de Maxon e América. Ele não ama Kriss? 
-Desculpa. Não sei o que deu em mim.
O silêncio chega a ficar constrangedor. 
-Tá bom, já chega de acusações. O importante é que você está bem e logo vai se recuperar.
Maxon aperta a mão de Marlee um pouco mais forte em gratidão. Ela sempre sabia como aliviar o clima.
-Você vai pode ir pra casa logo?
-Amanhã ou depois.
Nesse momento, todos os olhares do quarto se voltam para a porta. América entra, e parece tão pequena, frágil e abalada que dá até dó.
-Acho que eu e Carter vamos tomar um café. - Marlee diz, arrastando Carter pra fora dali. Eles precisavam de privacidade.
 -Oi. - América diz, parando ao lado de Maxon.
-Oi. - Maxon não consegue parar de pensar em como América parece abatida. - Está tudo bem?
-Eu que deveria fazer essa pergunta. - diz, sorrindo. - Mas não, não está.
-O que aconteceu? - Maxon diz, preocupado.
-Nós dois acontecemos. 
Maxon não diz nada. Está confuso demais para dizer alguma coisa.
-Eu te perdôo, Maxon. 
-Assim, do nada?
-Sabe, hoje, quando Marlee me disse que você tinha sofrido um acidente, eu não pude evitar pensar que se você tivesse morrido, eu estaria brigada com você. Eu sei que é um pensamento horrível, mas sabe, me fez ver que eu não conseguiria viver sem você na minha vida. Então eu vi o que estava fazendo. Eu estava te afastando, e não é isso que eu quero. Então eu te perdôo. Vamos seguir em frente. Posso até fazer um esforcinho em relação a Kriss.
-Eu amo você, Ames. Somos amigos de novo?
-Amigos. 
América sorri. Se sente completa. Não tem Maxon, mas está com a história resolvida. O perdoou, de verdade.
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-Você vai querer ficar aqui com ele? - Marlee pergunta enquanto Carter paga os cafés.
-Acho que sim. Pelo menos até os pais dele chegarem.
-Se você não se importa, eu vou pra casa.
Marlee está tendo arrepios com cada canto daquele hospital. O soro, as pessoas, o cheiro. É tudo como ela se lembra, e cada vez que anda por um novo cômodo é como cortar mais um pouco da ferida. 
-Não quer mesmo ficar?
-Não. Tenho um trabalho pra amanhã que eu nem comecei. - mente. Só quer sair dali o mais rápido possível.
-Tudo bem.
Os dois sentam em silêncio enquanto tomam a bebida. Marlee observa o corredor familiar, até perceber uma coisa que nem lembrava: o quarto número 13. Tudo vem a tona. As lembranças a atingem com um baque.
Lágrimas silenciosas começam a cair do seu rosto.
-Marlee, o que aconteceu? - Carter diz, do jeito de sempre, como se pudesse a proteger do mundo. Mas ele não pode. Não pode protegê-la das suas próprias lembranças.
-Eu… - diz, limpando as lágrimas. Não quer conversar. - Tenho que ir.
Levanta e sai rápido do hospital, sem olhar para aquela porta novamente. Respira fundo dentro do táxi. 
Como o passado pode machucar tanto?
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Carter perde Marlee de vista. Ele a procura por todos os cantos, então deduz que ela foi mesmo embora. Tenta ligar para o celular dela, mas Marlee não atende. Ele nunca tinha a visto assim, tão triste. Estava entrando em pânico por nao saber o que aconteceu com ela. Sempre queria protegê-la. Doía quando não podia.
Resolve voltar, e encontra uma cena incomum: América e Maxon conversando normalmente. Pareciam até felizes.
-Ames, você vai ficar aqui?
-Acho que sim.
-Então eu vou pra casa trocar de roupa e volto depois. - Carter se vira para sair.
-A Marlee está bem?
Carter a encara, perplexo. Como ela podia saber?
-Porque não estaria?
-É que ela odeia esse hospital. Era aqui que a irmã dela era tratada.
Então um clique ecoa na cabeça de Carter. É claro! Como pôde ser tão insensível e esquecer disso?
-Na verdade, ela não está. Acho que ela precisa de e você, América. Saiu daqui desolada.
América olha para Maxon, que apenas afirma com a cabeça para ela ir. América sai rápido do quarto indo procurar pela amiga.
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-Marlee? - América chama, sua voz ecoando pelo parque. Aqui é o lugar preferido de Marlee. América a encontra em um banco, chorando tanto que até soluça.
-Calma. - diz, sentando do seu lado e a abraçando. Elas ficam longos minutos assim.
-Eu odeio aquela droga de hospital. - diz, tentando se controlar e parar de chorar.
-Eu sei, May. Também lembro dela quando estou lá.
-O pior de tudo, é que eu quero culpar aquele hospital pela morte dela. Mas sei que a culpa foi dela. Ela se matou com aquela porcaria de droga. 
-Ela não quis se matar, May. Ela amava você e a sua mãe. Amava demais para não se preocupar. Mas ela era humana. Cometeu erros.
-Porque, Ames? Porque teve que ser ela? Kitty não era uma pessoa ruim. Ela era doce. Era inteligente. Tinha planos pro futuro. E tudo isso foi arrancado dela. Foi arrancado de mim.
-May, você tem que parar de procurar um porquê. Não existe explicação pras tragédias da vida. Você tem que deixar ela ir, de uma vez por todas. Ela não ia querer ver você tao triste, guardando tanto mágoa por causa dela. Lembra de como ela tinha dificuldade em guardar mágoa das pessoas? 
Marlee assente.
-Então. Imagina se ela ia querer que você guardasse por causa dela!
Marlee para de chorar. 
-Eu a amava demais.
-Eu sei. Mas existem outras pessoas pra se amar agora, aqui. Eu amo você.
-Eu também amo você, Ames.
E, por segundos de loucura, as duas se beijam como se isso não fosse errado. Com desejo, com saudade. A única coisa que América consegue pensar é que nenhum beijo nunca, jamais se compararia ao de Marlee.
As duas tinham uma certeza quase palpável de que eram uma da outra. Como se destino, regras e consequências fossem apenas um jogo. Palavras sem sentido perto do amor e do desejo que sentiam.