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História Long Fic Jungkook - Paper Hearts - Não se sinta obrigada a nada...


Escrita por: Vaahlerinha

Notas do Autor


SURPRISE MOTHAFOCA! HAHA

Cheguei antes do previsto de novo... Hahaha
Obrigado pelos favoritos <3
Se preparem, pois o capitulo esta tenso... Não me matem! haha
Espero que gostem... <3

Capítulo 23 - Não se sinta obrigada a nada...


Fanfic / Fanfiction Long Fic Jungkook - Paper Hearts - Não se sinta obrigada a nada...

- ... não sei, hyung. Ela simplesmente surtou.

- Igual ao Jin na primeira vez em que ficamos presos numa multidão de fãs?

Lentamente as vozes distantes começaram a penetrar no cérebro sonolento de Valéria.

- Não. Quem dera tivesse sido assim. Pelo menos eu saberia o que fazer. Foi muito pior.

- Como assim muito pior? Você tem noção do que eu passei naquele dia?

- Claro que ele tem, Jin. Todos nós passamos por aquilo e todos estavam lá. Mas o que você quer dizer com muito pior, Jungkook?

Valéria abriu os olhos e constatou que estava deitada no sofá da sala, as luzes apagadas. Levantou devagar, alcançou as muletas que estavam ali perto e foi, o mais silenciosamente possível, para porta da cozinha, de onde vinham as vozes. Pode ver quatro dos sete garotos do grupo. Jimin e Jin estavam de costas para ela, mas podia ver Hoseok e Jungkook. Eles estavam sentados envolta da ilha e nenhum tinha visto ela ali na porta.

- E-eu... – Jungkook gaguejou, depois passou as mãos sobre o rosto, aparentemente cansado – Ela só ficou lá... parada enquanto aqueles desgraçados a cercaram.

- Talvez ela só tenha entrado em choque. – Jin abaixou a taça de vinho que estava tomando e olhou atentamente para o amigo - Aconteceu o mesmo com Hoseok, lembra? Ela ficou com aquela cara esquisita e-

- Ou a Yezi! Nossa.... Ela ficou furiosa. – Jimin completou risonho, a expressão distante como quando se está recordando de algo.

- Exatamente! – Jungkook interrompeu, seu tom enfático e mais agudo do que o normal – Ela ficou com medo, ficou ansiosa... sei lá. Ela teve uma reação! A noona só ficou lá... parada. O rosto dela estava liso. – Ele puxou o cabelo, frustrado – Parecia uma boneca. Foi horrível.

Valéria forçou-se a engolir o bolo que havia se formado em sua garganta. Não queria escutar mais nada. Não queria que eles pensassem que ela era uma pirralha que precisava de supervisão constante. E, principalmente, não queria que Jungkook se sentisse obrigado a ser sua babá. Talvez um pouco de distância fizesse bem. Ela afastou-se um pouco da porta e depois fez bastante barulho, fingindo estar chegando àquele cômodo pela primeira vez depois que acordara.

Dessa vez, ao aparecer no portal da cozinha, todos olhavam para ela, um silêncio mortal presente. Sério que era assim que eles disfarçavam alguma coisa? Era quase como se eles tivessem pulando e gritando coisas do tipo “estávamos falando de você agora mesmo, mas vamos fingir que não porque você não pode saber sobre o que falávamos”. Sorte deles por serem cantores e não atores porque senão iriam morrer de fome. Ok. As qualidades de atuação dos garotos eram não-existentes, mas era hora de Valéria testar as suas. Forçou um sorriso e fingiu que não tinha notado o que era impossível de passar despercebido.

- Ah! Oi, garotos. Vocês estão aqui! – Valéria forçou um sorriso.

Ninguém respondeu. Eles estavam a olhando como se esperassem que a qualquer momento elas fosse se jogar no chão e começar a chorar copiosamente. E Valéria odiava aquilo. Odiava aqueles olhares que eram uma mistura de pena e apreensão. Era humilhante.

Agarrando a única opção que tinha, voltou a se fazer de idiota:

- E então? Vocês estão com fome? – Ela chegou mais perto deles, sem nunca apagar o sorriso falso – Aliás, que horas são?

Jin limpou a garganta antes de responder.

- São sete e meia da noite.

- Nossa! Dormi bastante. Acho que a faculdade está me esgotando.

Os meninos ainda a olhavam, agora mais confusos do que apreensivos.

- Ok... Eu vou comer alguns beliscões. – Ela disse e se virou para o balcão onde tinha deixado os potes com os biscoitos – Alguém quer?

- Eu quero, Vaah linda. Eu quero! – Jimin já gritava animadamente, uma das mãos levantadas, como quando um aluno queria fazer uma pergunta.

- Você fez biscoitos? – Hoseok perguntou.

- Os melhores que já experimentei. – Jin respondeu – E olha que tenho bastante experiência com isso, se é que você me entende. – Deu uma piscadinha, as sobrancelhas arqueadas e uma pose de ator pornô.

E, simples assim, toda a tensão se dissolveu.

- Deixa que eu pego. – Jungkook se levantou – Por que você não se senta?

Lá estava ele outra vez, bancando a babá. Valéria não precisava de sua ajuda, podia fazer aquilo sozinha. Mordeu o lábio inferior, segurando a resposta dentro da boca e foi se sentar junto com eles, mas tomou o cuidado de evitar o banco ao lado do Maknae e escolheu aquele próximo de Hoseok. O problema foi que, quando Jungkook colocou os potes sobre a ilha e voltou a se sentar, Valéria percebeu que o lugar dele era diretamente em frente ao dela. Puxou um dos potes para si e viu que Jimin fazia o mesmo com o outro. Não querendo cair no silêncio constrangedor outra vez, virou um pouco para o lado – numa tentativa de evitar os belos olhos de Jungkook – e falou:

- E então? Vocês vão viajar também nessas pequenas férias? – Ela pegou um biscoito

- E- vofaçarcêecook.

- Ah, Jimin! – Valéria franziu o cenho - De novo? Quantas vezes vou ter que te falar para mastigar de boca fechada?

- Desculpa, Vaah. – Jimin falou, nem um pouco arrependido e logo encheu a mão de cookies e colocou na boca outra vez.

A garota revirou os olhos.

- Eu não. Preciso arrumar algumas coisas no meu quarto. - Hoseok também se serviu de alguns biscoitos – Redecorar, sabe? Você pode me ajudar, né, Vaah!? – Ele começou a mastigar uns biscoitos – Nossa! Isso aqui está muito bom.

- Obrigada. – Valéria sorriu.

- Está gostoso mesmo. – Foi a vez de Jin elogiar.

- Eu disse, não disse?

- Jimin, tá bom já, né? – Valéria puxou o pote que ele monopolizava para longe de suas mãos – Você levou um só pra você e já comeu muito hoje. Vai ter uma crise de açúcar ou qualquer coisa assim.

- Mas, Vaah...

- Já disse que não. – Ele estreitou os olhos, sentindo vontade de rir – Agora responda a minha pergunta.

- Mas eu já respondi que também não vou e que por isso você podia cozinhar pra mim.

- Ah! Então foi isso que você grunhiu?!

Ele fez uma careta de falso ofendido, colocando a mão sobre o peito.

- Assim você me ofende! Só te perdoo se você me der mais alguns desses.

- Boa tentativa, mas não. Sem mais beliscões pra você.

- Não se pode dizer que não tentei – Jimin deu de ombros – Mas isso não significa que você não vai cozinhar para mim, não é, Vaah linda? – Ele piscou fazendo uma expressão que deveria ser sexy, mas conseguiu apenas ser muito engraçada.

- Ok, eu pos...

- Não se sinta obrigada a nada. – Jungkook interrompeu a fala de Valéria, falando pela primeira vez desde que voltara a se sentar – Você não precisar cozinhar para ninguém.

Valéria franziu o cenho novamente. Sabia que ele não tinha a intenção de ofende-la e queria lhe poupar de tarefas da casa, mas ela não pode evitar sentir uma pontinha de raiva ao vê-lo, mais uma vez, agindo como se tivesse obrigação de cuidar dela.

- Tudo bem. Eu não me importo. – Ela falou, mais seca do que pretendia.

Valéria pode ver os olhos dele se arregalarem de surpresa antes de ela voltar sua atenção para Hoseok:

- Mas o que você disse sobre redecorar seu quarto?

- É que ele é o mesmo desde que nos mudamos para cá e, agora que finalmente temos uma folguinha, estava a fim de mudar as coisas. Deixar mais a minha cara, sabe?

Valéria balançou a cabeça concordando.

- Queria poder ajudar, mas não tenho nenhum senso de decoração e estilo. Talvez você possa pedir para o Taehyung, afinal ele é seu colega de quarto.

- Mas eu não sei se ele vai demorar pra voltar e eu queria fazer isso ainda essa semana – Ele falou formando nos lábios um biquinho adorável.

Valéria soltou uma risada.

- Miane, Hope. – Ela apertou a bochecha dele, rindo. – Talvez da próxima vez.

- Hey! Hoseok, você pode chamar a Yezi para te ajudar! – Jin interrompeu a conversa que estava tendo com o outro amigo para dar a sugestão.

Jimin soltou uma gargalhada que logo se tornou em uma expressão pensativa, a qual, por sua vez, transformou-se em um sorrisinho malvado.

- Essa vai ser ótima! Quer apostar quanto tempo eles passam junto sem se matarem? Aposto que não dura dois dias! – Jimin estendeu a mão para o mais velho.

- Dois dias? Eles se matam em menos de duas horas. – Jin fez menção de apertar a mão do amigo, mas Hoseok deu um tapa nela, afastando-a para o lado.

- HAHAHA – J-Hope fez uma careta – Vocês são tão engraçadinhos. Uma comédia. Deviam largar o grupo e trabalhar com comédia.

- Ah... Ficou nervosinho, foi? – Jin mexeu no cabelo dele, rindo.

- Ah, bebê. – Jimin, também rindo, se esticou para apertar a bochecha do amigo – Você não gosta quando falamos de vocês dois, né? Só porque todo mundo sabe que essas brigas que existem entre vocês é tudo tensão sexual reprimida.

A careta indignada de Hoseok foi tão engraçada que Valéria teve que se reprimir para não fazer o mesmo que Jimin e Jin e rolar no chão de tanto rir.

- Idiotas. – Hoseok bufou e depois tomou um longo gole de Soju – Vocês não sabem o que dizem. Nós nos odiamos.

- O que vocês odeiam é o fato de que não conseguiram se pegar direito ainda.

- É verdade. – Jimin balançava a cabeça várias vezes, concordando – Você tá precisando pegar ela de jeito e...

Jungkook se esticou para dar um tapa na cabeça do amigo.

- É da minha melhor amiga que vocês estão falando. Não quero ter essas imagens mentais.

- Não querendo interromper o papo de meninos de vocês, mas quem é Yezi?

Jin olhou pra Valéria e piscou os olhos devagar como se tivesse esquecido que ela também estava ali.

- Esqueci que você ainda não conhece a Yezi, Vaah. – Ele deu uma risadinha sem graça.

Valéria arqueou a sobrancelha, ainda esperando a resposta para sua pergunta.

- Ah, sim! Yezi é uma amiga de infância do Jungkook. Ela se mudou pro Japão junto com a família mais ou menos um ano antes de debutarmos. Yezi acompanhou o nosso Maknae aqui durante o treinamento e ele nos apresentou. Depois disso ela virou nossa melhor amiga.

- De todos nós. – Jimin concordou – Apesar do fato do Jungkook ter uns momentos de posse e achar que é só melhor amiga dele. – Ele bebeu um pouco da própria taça.

Valéria sentiu uma pontada esquisita no peito e olhou de esguelha para Jungkook, que olhava para o amigo com o cenho franzido.

- Ela não é minha melhor amiga. – Hoseok resmungou, segurando a dose de Soju perto da boca – Eu nem gosto dela.

Jimin fingiu uma tosse que soou estranhamente como as palavras “frustração sexual”. Hoseok lançou um olhar assassino ao amigo, mas não falou nada.

- Eu achei que eu fosse sua melhor amiga, Jimin. – Ela disse e fingiu uma careta de tristeza.

- Sabe o que é, Vaah? É que a Yezi me dá biscoitos.

- Que ela compra, né? – Jungkook interveio - Porque ela tem um dom bem limitado para culinária.

- Você é estraga prazeres, Kookie! Eu estava quase conseguindo mais um biscoito.

- Não estava não. – Valéria soltou uma risadinha – Esses aqui são dos outros meninos.

- Isso é tão injusto! – Ele protestou fazendo biquinho.

[...] Quebra de Tempo [...]

A viagem de carro para a faculdade de manhã foi repleta por um silêncio constrangedor, o mesmo silêncio que tinha caído entre Jungkook e Valéria depois que os meninos tinham ido embora para seus quartos e os dois ficaram sozinhos. Era pesado, sufocante e Valéria tinha vontade de rompê-lo. Não queria aqueles olhares furtivos que ambos trocavam e aquela expressão interrogativa no belo rosto dele. Também não queria que ele ficasse mordendo o lábio inferior enquanto a olhava daquele jeito que alguém te olha quando quer falar alguma coisa. Era horrível. Sabia que Jungkook não entendia a situação em que estavam e Valéria tinha vontade de explicar, mas ao mesmo tempo percebia que isso faria com que parecesse uma menininha mimada. Ele estava a ajudando e ela ficava reclamando? Não era muito justo. Aliás, aquilo tudo era injusto e um tanto quanto patético. Precisava arrumar um jeito de consertar as coisas. Um jeito que envolvesse uma retomada à normalidade de seu “relacionamento” com Jungkook, mas também impedisse que ele se preocupasse tanto com os seus problemas. Assim que encontrasse uma solução que abarcasse esses dois itens, iria trabalhar na coragem para falar com ele sobre isso. Nesse meio tempo, os dois teriam que suportar aquele clima esquisito.

Valéria praticamente pulou para fora do carro assim que ele estacionou.

- E-eu... huuum... Obrigada. – Falou, olhando para a porta fechada ao invés de para ele – A gente se vê depois.

Ela se virou e começou a caminhar o mais rápido possível para longe dali. Não estava muito longe da entrada do prédio quando Milena apareceu do nada na frente dela.

- Mas que porra?! – Valéria gritou, parando no último segundo para não bater nela – Ficou maluca? Já é difícil andar com isso aqui sem você surgindo do além para atrapalhar meu caminho.

- Precisamos conversar. – Milena estava mortalmente séria.

- Milena, por mais que eu ame muito você e tal, eu tenho aula agora e tenho certeza que o Miguel não está te traindo com a vadia da sala dele. Isso é só a sua imaginação fértil te pregando uma peça.

Milena sacudiu a cabeça e olhou a amiga com uma expressão incrédula.

- O quê?

- Não é sobre isso que você quer conversar?

- Claro que não. Você sabe que faz tempo que não tenho o que você gosta de chamar de “ataque ridículos e infundados de ciúmes”

- Bom, isso é verdade. – Valéria concordou depois de analisar os fatos passados. – Então sobre o que você quer falar?

- É uma coisa muito importante.

- E não dá pra esperar até depois das aulas?

- Não. – O tom dela não deixava espaço para discussões.

- Ok. Você venceu. Vamos à Starbucks, então.

- Não. – Milena apressou-se em dizer quando viu que Valéria tentava dar a volta nela. – Vamos ali do lado.

- Ok. – Valéria suspirou – Tanto faz.

Milena foi na frente e as duas amigas acabaram sentadas em um banco mais afastado do prédio principal da faculdade. Valéria olhou para a amiga, arqueando a sobrancelha enquanto ela ficava lá, parada e em silêncio. Aquilo estava muito esquisito para os parâmetros dela.

- Vaah, eu... e-eu não sei como falar sobre isso... – Milena abaixou a cabeça e brincou com os dedos como se fossem as coisas mais interessantes.

Valéria arregalou os olhos quando percebeu o que acontecia.

- OH, MEU DEUS! VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA! – Valéria apontou para ela, chocada.

- É o quê? – Milena a olhou, incrédula – Gráv.... Claro que não! – Ela sacudiu a cabeça - Ficou maluca?

Valéria suspirou, aliviada.

- Mas se não é isso, por que você está agindo toda esquisita e parece tão preocupada desde ontem?

Milena respirou fundo.

- Eu estou preocupada com você!

Valéria franziu o cenho, confusa.

- O quê? Preocupada comigo? Por quê?

- Vaah, você tem dado uma olhada no twitter? Ou mesmo na internet em geral?

Valéria pensou por um momento.

- Bom, eu postei uma foto ontem. Isso conta?

- É. Eu vi a foto. Eu, seus trezentos mil seguidores e todo o resto do mundo adolescente.

- Trezentos mil? – Valéria arregalou os olhos, seu queixo foi para o chão.

- É. Trezentos mil ontem antes de você postar aquela foto. Agora deve estar chegando a meio milhão e subindo.

- Mas... por quê? Só porque eu sou amiga dos meninos?

- Claro que sim, Vaah. Eles querem saber tudo sobre você. Estão escavando tudo que encontram sobre você. Eu vi informações sobre as suas aulas, sobre sua cidade no Brasil e até sobre Miguel e eu eles estão falando.

- Você e Miguel? E-eu sinto muito. Não pensei sobre como isso afetaria voc...

- Deixe de bobeira. Nós não nos importamos com isso. – Milena interrompeu.

- Mas não foi por isso que vocês brigaram ontem?

- Brigamos ontem?

- É! Quando eu estava indo embora você queria falar sobre a briga de vocês. – Valéria apontou o óbvio.

- Ah, isso! Não. Claro que não, né, Vaah. Nós não brigamos por isso. Nós tivemos um desentendimento sobre como falar sobre isso com você. Eu queria uma abordagem mais direta.

“Como a que você estava fazendo agora”, Valéria pensou.

- E ele queria ser mais suave e chamar você pra jantar e delicadamente falar sobre isso. O que não faria o problema desaparecer. Mas nem precisava falar sobre briga nenhuma. Queria conversar sobre o que estamos falando agora, mas você estava tão alheia ao assunto que resolvi deixar pra depois. Sabe que por um momento até achei que você estava em negação.

- Em negação?

- É. Fingindo que o problema não existia, sabe?

- Fingindo?

Milena a ignorou e continuou falando.

- Mas percebi que você realmente não sabia sobre como a internet estava pegando fogo por sua causa.

- Pegando fo...

- Cala boca e me deixa falar. – Milena interrompeu Valéria novamente.

Valéria levantou um pouco as mãos em sinal de rendimento. Ela passou as próprias mãos sobre o rosto e soltou um suspiro.

- O que eu estou tentando dizer é que acho que subestimamos o quão “famosa” – Milena fez o sinal de aspas com os dedos – você se tornaria. Pensei que você fosse aparecer em algumas revistas, teria alguma coisa na internet também, porque eles são famosos, mas isso já está ficando ridículo! As redes sociais tão inundadas com informações sobre você. Aquelas fãs meio malucas deles só falam sobre você.

Valéria mordeu o lábio inferior.

- Fazer o que neah... – Ela deu de ombros.

- “Fazer o quê?” – Milena a olhou, incrédula. – Você tem noção de que isso só vai crescer mais e mais, né? Eu vi algumas malucas fazendo ameaças de morte!

- O quê? Que ridículo! Quantos anos elas têm?

- Isso não importa. O que eu quero é que você entenda o tamanho dessa situação. Não é uma coisinha que vai sumir com o tempo. Eles vão continuar falando e falando sobre você e vão inventar coisas. Não quero que isso afete seu psicológico e sei lá... você comece a tomar antidepressivos ou alguma coisa assim.

- Não vou tomar antidepressivos!

- Você sabe que não estou exagerando. Há milhares de celebridades que surtam por causa de toda a atenção.

- A diferença é que não sou famosa. – Valéria argumentou.

E diante disso Milena ficou exasperada.

- Abre os olhos, Valéria. Você é famosa, sim. Famosa por tabela, que seja! – Ela fez um gesto com as mãos em sinal de impaciência – Ou você já se esqueceu de todos aqueles paparazzi de ontem? Por que se você esqueceu, há centenas de fotos na internet sobre isso!

- Ah, você viu aquilo... – Valéria olhou para o chão.

- Eu e o resto do planeta, né? Vaah – Milena suavizou o tom – Você parecia uma boneca lá parada, sem reação.

Valéria tentou não se encolher como se tivesse levado um tapa ao ouvi-la dizer o mesmo que Jungkook.

- Eu sei. Reagi mal àquela situação, mas foi porque não estava prepara.

Milena respirou fundo, parecendo procurar por paciência.

- Ok. E quanto às meninas que agora te odeiam porque pensam que você tá pegando o amor da vida delas? – O rosto dela se contraiu em uma careta de desprezo.

- Vai ficar tudo bem. Não é como se elas tivessem do meu lado.

- Você é idiota ou o quê? – Milena literalmente bufou – Volta para realidade. – Ela estalou os dedos na frente do rosto de Valéria várias vezes – É exatamente como se eles estivessem ao seu lado. Cada segundo da sua vida vai ser observado e julgado.

Valéria engoliu em seco.

- Ok. Talvez seja um pouco pior do que imaginei...

- Só talvez? – Milena perguntou com uma risadinha irônica.

- Será que dá pra parar? Não é como se eu tivesse escolhido tudo isso. Não pulei na frente do carro para chamar atenção.

Milena mordeu o lábio inferior, como se controlasse a si mesma para não falar mais.

- Certo. Desculpe. Você tem razão. – A mais nova apertou com o indicador e o dedão a ponte de seu nariz e olhou para o céu por um momento – Preciso te contar mais uma coisa, Vaah.

Valéria esperou por uns segundos até que Milena voltou a olhar para ela e, com um suspiro, falou:

- Todo mundo aqui está falando sobre você.

- Como assim?

Milena passou a mão na testa e fechou os olhos por uns segundos.

- Toda universidade está falando sobre você, Vaah. Ao que parece todos aqui sabem quem você é e só falam sobre isso. E eles não estão falando bem, amiga.

E foi como num filme. Cenas de ontem relampejaram na frente dos olhos de Valéria. Aquelas duas ordinárias que quase a derrubaram e Sun Hae, que, Valéria percebia agora, tinha realmente a reconhecido.

“É quase um mistério, garota”... Mistério... Garota... Mistery Girl... Misterious Bangtan Girl.

E a compreensão acertou Valéria como se tivesse ela levado uma martelada na cabeça. Apoiou os cotovelos sobre as coxas e depois abaixou a cabeça entre as mãos.

Era por isso que as vacas tinham esbarrado nela e era por isso que a ruiva tinha a reconhecido. Por que elas sabiam quem ela era.

E agora Valéria estava cheia de perguntas. Queria saber, por exemplo, se Sun Hae tinha se fingido de legal ou o que todos estavam falando. Perguntava-me também quais rumores estavam sendo espalhados e quanto mais de falsidade ainda teria que aturar. Valéria, porém, estava mais preocupada em saber que a partir de agora teria que tomar cuidado redobrado porque algumas pessoas queriam – literalmente – lhe jogar de cara no chão. Era tanta coisa zunindo em seu cérebro que precisou respirar fundo algumas vezes e levantar as mãos para massagear as laterais de sua cabeça.

E então, recorrendo a todo o controle que construiu ao longo do tempo. Ela empurrou todos esses pensamentos caóticos para o fundo do seu cérebro para analisá-los com mais calma depois. Sozinha.

E, quando ergueu a cabeça para encarar sua amiga outra vez, já tinha reprimido todas as dúvidas e preocupações que tinha.

- Acho que vou ter que lidar com isso então. – Valéria deu de ombros.

- É isso? É só isso que você vai falar? – Milena perguntou, os olhos arregalados com incredulidade.

- E o que exatamente você quer que eu faça, Milena? – Valéria tinha noção de que seu tom era mais agressivo do que o necessário – Hum? Qual a brilhante ideia que você tem? Quer que eu pare de conversar com os meninos que se tornaram meus amigos porque um bando de gente que não conheço me aterrorizou até esse ponto?

- “Seus amigos”? Vaah, você não passou nem uma semana com eles!

- E você não passou nem um dia horas, então não me venha falando se devo ou não ser amiga deles. Não sou criança. E já tomei minha decisão.

Valéria viu sua amiga abrir a boca para discutir ou talvez para mandar uma resposta do tipo “faz o que você quiser então”, mas, pela primeira vez em muito tempo, ela assistiu Milena resistir ao impulso de dizer o que pensava. Milena fechou os olhos e Valéria quase podia ouvi-la contar mentalmente até 10.

Milena soltou o ar pesadamente antes de voltar a encarar a mais velha.

- Ok, então. Você tem razão. Não é criança e é inteligente o suficiente para tomar as próprias decisões. Mas ainda preciso perguntar. Você tem certeza de que é isso que quer? Você não está tão envolvida com eles. Ainda dá pra te tirar dessa.

Valéria suavizou seus dentes cerrados, afinal, Milena só estava preocupada.

- Sim, amiga, eu tenho certeza do que estou fazendo. Além do mais, você sabe que não fujo das coisas. E um bando de adolescentes não vai me impedir de falar com meus novos amigos. Não vou mudar minha vida por elas ou pela mídia. Já tive que me adaptar a diversas situações, essa é só mais uma delas.

Milena lançou na direção de Valéria um olhar superior, de quem sabia muito na vida, contudo, não disse nada.

- Bom... – Milena suspirou de novo – Se é isso que você quer, então eu vou estar aqui com você.

Valéria concordou com a cabeça, agradecida, e sentiu um pequeno sorriso crescer. Milena retribuiu.

- Nossa... Acho que foi tanta emoção fluindo hoje que nem vou dormir. – Milena disse, soltando um leve gargalhar forçado, numa tentativa de desanuviar o clima.

Valéria tentou rir também, mas decidiu mudar de assunto.

 - Eu contei pra minha mãe.

- E como foi que ela reagiu? Não consigo imaginar sua mãe concordando com essa história maluca de você morar com um desconhecido. Ela te ameaçou te trazer de volta de novo?

Valéria assentiu com a cabeça.

- Mas não foi tão ruim assim.

Milena arqueou a sobrancelha.

- Talvez porque eu não tenha contado a verdade inteira.

- Como assi... Espera ai! Você mentiu para sua mãe?

- Não menti, eu... Tá bom, eu menti. – Valéria riu levemente.

[...] Quebra de Tempo [...]

- Fala de uma vez, Hoseok. – Valéria falou, decidida, virando um pouco o corpo para o lado a fim de olhar para o garoto.

- Hein? – J-Hope olhou para ela, a expressão distante, antes de se voltar para estrada.

- Não sou a pessoa mais perceptiva do mundo, mas até eu sei quando alguém está aéreo porque tem coisas demais na cabeça. Você quer falar sobre isso?

Ele franziu o cenho, ainda olhando para frente.

- Não é nada importante. Mas eu tenho uma pergunta para você.

Valéria notou sua não tão suave mudança de assunto, mas fingiu que não.

- Manda. – Valéria brincou, batendo a mão de leve sobre o painel à minha frente e no ritmo divertido que tocava no rádio.

- Por que você está saindo mais cedo? E, você sabe que não me importo de te dar carona sempre que precisar, mas estou curioso para saber por que você não ligou para o Jungkook?

A mão dela parou, suspensa sobre o painel, sem voltar ao batuque que antes fazia.

- Milena precisava conversar e perdemos a noção do tempo. Perdi a primeira aula e o começo da segunda. Então preferi vir embora. – Valéria contou a verdade, não entrando em detalhes.

- E quanto à segunda pergunta?

Valéria soltou um suspiro. Pelo visto, seu proposital esquecimento não havia matado aquela questão.

- Acho que já estou incomodando Jungkook o suficiente. – Valéria deu de ombros, virando para janela.

Sua voz saiu mais amarga do que o normal, mas felizmente Hoseok parecia estar preocupado com outra coisa e não notou.

- O quê? Você não está incomodando ninguém. – Mesmo ao tentar “consolar” Valéria, ele soava distante.

Valéria franziu o cenho e, outra vez, virou-se para olhá-lo. Hoseok mantinha seu olhar na rua em que o carro seguia e seus movimentos eram automáticos.

- Hope? Hey, J-Hope? Hoseok!

- Oi! Que foi?

- Por que você está no mundo da lua hoje?

- Eu nã...

- Ah, Hope! Não me diga que não é nada. Nos conhecemos há pouco tempo, mas até eu posso dizer que tem alguma coisa errada.

Ele sacudiu a cabeça e passou uma mão pelo rosto.

- Não é nada importante. É só uma coisa que o Jimin me falou hoje.

- E o que seria isso?

Valéria não queria ser irritante, mas estava ficando preocupada. Ele parecia cada vez mais tenso.

- Não é nada, sério. Ele me disse que tem uma surpresa para mim, mas estou com um mau pressentimento.

Valéria arqueou a sobrancelha em um pedido mudo por mais informações.

- Agora não. – Ele respondeu, apertando o controle remoto para abrir o portão da garagem – Já chegamos. Depois a gente conversa mais.

Valéria parou de insistir. Ele iria falar se quisesse. Talvez durante o percurso ele lhe contasse.

Ele não falou uma palavra. Então Valéria fez uma última tentativa:

- Vamos lá Hoseok. – Valéria chamou enquanto ele abria a porta da casa – Eu vou te fazer um chá e um café pra mim e podemos conversar. Não precisa ser nada importante. Vamos falar sobre temas neutros. Você pode me contar sobre como vai o grupo e eu te falo sobre meu país. Acho que nós dois precisamos de uma conversa.

Ele abriu um sorriso cansado.

- É uma ótima ideia.

Valéria sorriu em resposta e ele começou a murmurar algumas coisas sobre os shows que eles tinham feito. O clima estava bem mais agradável. Isso durou até chegarem à sala. Hoseok parou de falar no mesmo minuto em que nos deparamos com a cena que ali se passava.

Jungkook estava sentado sobre a barriga de uma menina, uma perna de cada lado da cintura dela enquanto a prendia em cima do tapete na frente da televisão. Ele fazia cócegas na barriga dela e ela respondia tentando inutilmente empurrar o tórax dele com as duas mãos. As gargalhadas de ambos enchiam o cômodo.

O barulho das chaves de Hoseok caindo no chão foi o que atraiu a atenção deles para os dois. Jungkook arregalou os olhos e logo se levantou, estendendo a mão para que a garota fizesse o mesmo. Agora podia observá-la melhor e notar o rosto fino emoldurado pelos cabelos castanhos com mechas loiras. Ela vestia um short jeans, botas sem salto na cor preta e uma blusa branca por baixo da jaqueta preta desabotoada. Seus olhos castanhos quase parcialmente cobertos por uma franja de lado analisavam Valéria atentamente e a boca perfeitamente desenhada se curvou em um sorriso esperto de lado quando sua análise pousou sobre a sua perna engessada. Aquela avaliação a qual Valéria foi submetida não durou mais do que alguns segundos depois dos quais a garota se virou para Jungkook e eles trocaram um olhar em que, visivelmente, muito se foi dito sem que fosse preciso uma única palavra – coisas das quais qualquer outra pessoa além deles nunca teria acesso.

Valéria não gostou nem um pouco do sentimento que surgiu nela e fez meu estômago revirar ao presenciar aquele grau de intimidade. Sentiu suas bochechas esquentarem enquanto uma raiva estranha e inexplicável borbulhava em seu peito. Não sabia o porquê daquilo, mas a proximidade deles a desagradava terrivelmente. Foi puxada para fora dos seus pensamentos confusos quando ouviu a voz tensa de Hoseok latir:

- O que diabos você está fazendo aqui? 


Notas Finais


É isso, espero que tenham gostado... ><

E atenção, pois tenho mais uma surpresa... Hoje vai ter dobradinha...
Sim! eu irei postar mais um capitulo, daqui a pouco... >< ME AMEM!!! <3
Até mais...


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