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História Long Fic Jungkook - Paper Hearts - O jantar e o Ataque


Escrita por: Vaahlerinha

Notas do Autor


Hello people...
Cheguei (finalmente) com mais um capitulo pra vocês...
Primeiro quero agradecer a todos os comentários e favoritos... Nos últimos capítulos eles tem me feito muito feliz! <3

Segundo, gostaria de me desculpar com vocês... eu havia dito que postaria o capitulo na sexta, porém ao chegar da faculdade estava sem internet em casa, e ela só foi restabelecida ontem e por isso não consegui postar antes... Mas hoje o capitulo está ai...

Terceiro... Esse capitulo esta um pouquinho diferente...
Eu pensei um pouquinho e decidi tentar uma coisa diferente... esse capitulo esta escrito na primeira pessoa e não na terceira como nos outros... Eu achei que tornaria as coisas um pouquinho mais vividas e quis tentar assim, espero que vocês gostem, mas se não gostarem, eu posso voltar a fazer como antes, mas eu achei bem legal o resultado...
E por ultimo, pra compensar vocês que esperaram pelo capitulo, gostaria de dizer que ele ficou bem grande. São sete mil palavrinhas pra vocês... <3
Enfim... espero que gostem...
Boa leitura... ><

Capítulo 31 - O jantar e o Ataque


Fanfic / Fanfiction Long Fic Jungkook - Paper Hearts - O jantar e o Ataque

A batida na porta do quarto fez com que eu desviasse a atenção das linhas de Psicometria. Estiquei os músculos cansados e resmunguei uma autorização para pessoa entrar.

- Vaah? Está ocupada? – Perguntou, encostando-se no batente.

- Mais ou menos.

- Ah! Eu volto depois então – Jungkook começou já saindo.

Soltei uma risadinha, ainda olhando por sobre o ombro.

- Jungkook, se você for esperar eu terminar Psicometria, nós só vamos conversar daqui alguns anos.

Ele abriu um sorrisinho de lado e entrou no quarto, fechando a porta.

- Não gosto muito da ideia. Na verdade, algumas horas sem falar com você já me soa ruim.

- Sei disso – Sorri, convencida, girando a cadeira para ficar de frente para ele.

- Ah é? Por quê?

- Porque eu sou legal assim mesmo.

Jungkook arqueou a sobrancelha, rindo.

- Se eu concordar com você, ganho um beijo?

- Você se vende por pouco, sabia?

- Pouco? Não – Ele abaixou-se, colocando uma mão em cada descanso de mão da minha cadeira e se inclinando em minha direção. – Um beijo seu é muito.

Não pude evitar uma risada.

- Bobo – Sussurrei, puxando-o para um beijo.

Quando nos separamos, Jungkook se endireitou.

- Já percebeu que você adora me chamar de bobo? – Ele sussurrou, apertando meu nariz.

- Já percebeu que você adora apertar meu nariz?

Jungkook arqueou a sobrancelha e me lançou um olhar curioso.

- Eu não faço isso – Ele cruzou os braços.

- Claro que não – Revirei os olhos. – Onde você estava?

- Nós já estamos nessa fase? – Jungkook fingiu surpresa, colocando a mão sobre a boca.

- Fase? Que fase?

- Você sabe. Um ficar querendo saber onde o outro está.

Fui obrigada a rir.

- Depois não quer que eu te chame de bobo.

Ele deu um sorrisinho.

- Estávamos vendo umas coisas das gravações. Vamos começar as gravações na próxima semana.

- Ah! É verdade – assenti. - Taehyung me falou alguma coisa sobre isso ontem. E como foi lá?

- Entediante. Como foi sua aula?

- Interessante – Respondi no mesmo tom que ele.

- Você está me imitando?

- Talvez.

- Eu não gosto disso – Jungkook brincou.

- É? E o que vai fazer a respeito então? – Eu ri.

- Cócegas! – Jungkook anunciou, já entrando em ação.

Nem tive tempo de reagir antes de me encontrar em um ataque de risos. Inutilmente tentava empurrar as mãos dele para longe da minha barriga. Ainda estava nessa luta inglória quando uma voz na porta nos interrompeu:

- Vocês são ou não adoráveis?

Nós dois estacamos no lugar - minhas mãos sobre o tórax de Jungkook, as mãos dele sobre minha barriga enquanto se inclinava em minha direção e eu fazia o mesmo só que em direção oposta – e viramos a cabeça para encará-lo. Taehyung tinha um sorrisinho esperto no rosto, os braços cruzados enquanto se encostava no batente da porta. Durante alguns segundos nós três ficamos em silêncio, um olhando para o outro até que a mais nova pessoa no cômodo resolveu se manifestar:

- Vejo que o relacionamento evoluiu esses dias. Não é mesmo, senhores?!

A pergunta foi tão inesperada que só pude responder:

- O quê?

- Não se faça de boba, noona. Eu sei de tudo.

Por um momento pensei que Jungkook tinha estragado nosso pequeno estratagema de enganá-lo mais um pouco para não alimentar o seu já superdesenvolvido ego. Uma rápida olhada para Jungkook, contudo, e percebi que Tae estava blefando.

- Claro que sabe, senhor Vidente – revirei os olhos. – Até pediria para você ler a minha mão se eu acreditasse nesse tipo de bobagem.

Desencostou-se da porta.

- Digo duas coisas para você, senhorita pouco crédula – levantou dois dedos. – Um: Destino não é besteira – abaixou um dedo.

Por que todo mundo ficava falando essa bobeira de Destino hoje?!

- Dois: Se vocês não estão num relacionamento, por que não se afastaram até agora?!

Eu queria dizer alguma coisa para apagar o ar de riso em seu rosto, mas notei que ele tinha razão porque Jungkook e eu não havíamos nos movido desde que ele entrou no quarto. Depois de uma troca de olhares constrangedora, nós nos separamos rapidamente. E claro que Taehyung usou isso contra nós.

- AHÁ! É disso que estou falando. Quem não tem culpa não se comporta assim – Ele gesticulou para nós dois.

- Claro, claro. Você tem toda razão – revirei os olhos. - Nós dois estamos abusando da nossa vida sexual muito ativa.

- Eca, noona. Eu não quero saber os detalhes. Isso é nojento! – Taehyung fez uma careta. – Só quero a confirmação de que eu tenho razão, como sempre – terminou, convencido.

E era exatamente por isso que não contamos para ele. Provavelmente seria ainda pior quando ele descobrisse, mas, nesse meio tempo, ainda era divertido deixá-lo no escuro.

- Já entendemos, Taehyung. Você prevê o futuro e está sempre certo. Vou votar em você para Presidência. – Jungkook zombou. – Agora o que você veio fazer aqui?

- Procurar você, é claro! Você disse “vou perguntar se a Vaah quer comer alguma coisa também” – Tae arranhou a garganta para imitar a voz rouca de Jungkook – e não voltou mais. Eu e Jin estamos esperando faz uns dez minutos.

- Nossa! Que eternidade – ironizei.

- Eu tô com fome!

- Taehyung, eu não queria ter que ser eu a te falar isso, mas, cara, você precisa aprender a cozinhar – Ri.

- Nem tente, noona. Faz anos que digo isso a ele e não adianta nada.

- Estou sentindo um complô aqui. E vocês nem são oficiais ainda.

- Exatamente, Taehyung. Nós planejamos nossa vida pensando em você! – revirei os olhos.

- AHÁ! Já estão usando o plural.

Joguei as mãos para o alto em um gesto de desistência. Não é possível ganhar uma discussão desse homem.

- Agora que já estabelecemos que vocês dois estão mentindo para mim ao negar o relacionamento que têm. Será que você pode ir ajudar o Jin com nossos lanches, Jungkook?

- Tanto faz. – Jungkook deu de ombros e foi em direção à porta.

Taehyung, contentando-se com a resposta que obteve e provavelmente com fome demais para exigir alguma coisa mais educada, sorriu e desapareceu pelo corredor. Assim que teve a certeza de que o amigo tinha saído, Jungkook virou-se de novo e disse:

- Você aceita um lanche também, Vaah? Eu posso trazer aqui para você ou te chamar quando estiver pronto.

Um cavalheiro nato. Meu coração derreteu um pouquinho mais.

- Muito obrigada, mas não. Não estou com fome.

- Ok – sorriu e me deu uma piscadinha antes de voltar a andar para a porta.

Foi quando me lembrei.

- Kookie – chamei quando ele já estava entrando no corredor.

Jungkook voltou a se virar, apoiando uma mão sobre a maçaneta da porta ao olhar para mim, esperando.

- Eu convidei Milena e Miguel para jantarem aqui em casa. Tem algum problema?

Não houve resposta, ele se limitou a ficar ali me olhando com um sorriso enorme. Esperei alguns segundos antes de chamar:

- Jungkook? Que foi?

- Nada. É só que eu adoro o jeito como você se diz “aqui em casa”. Me faz pensar em... – suas palavras foram diminuindo de volume até sumirem.

Minhas bochechas se avermelharam e minha garganta arranhou um pouco quando perguntei:

- Faz você pensar em quê?

- Nada.

Acompanhei com o olhar sua língua seguir o contorno de seus lábios. Dessa vez era eu quem perdia o foco.

- Você disse que convidou quem?

Sacudi a cabeça para me concentrar.

- Conv- Milena! Convidei Milena e Miguel para jantar hoje. Tudo bem?

- Claro. Tudo certo.

- Pode avisar ao Jin e aos meninos, por favor?

- Sim. Claro.

- E tem mais uma coisa. Eu talvez... talvez não... tenha falado para ela que ele faria Bulgogi – completei, um tanto quanto embaraçada.

- Quanto a isso... – Jungkook coçou a nuca, procurando as palavras certas. – Digamos que o Bulgogi é guardado para ocasiões muito especiais. Será que poderia ser outra coisa?

- Oh! Entendo. Claro que sim. Qualquer coisa está ótimo. Só queria que eles viessem conhecer aqui e que vocês se conhecessem melhor.

- Certo. Vou pedir ao Jin para cozinhar alguma coisa então.

- Quer ajuda?

- Não, obrigado. Mas aceito uma recompensa mais tarde – Jungkook lançou-me um olhar malicioso e um sorrisinho safado.

Sacudi a cabeça, rindo.

- Vou pensar no seu caso.

- Pense com carinho.

- Sempre penso assim.

Deu mais uma piscadinha antes de sair e fechar a porta. Girei a cadeira de volta para mesa e recomecei meus estudos.

 

[...] Quebra de Tempo [...]

 

Terminei de digitar a resposta para minha amiga e coloquei o celular de volta no bolso do casaco.

- Eles estão no elevador – murmurei.

Instantes depois a campainha soou. Miguel e Milena estavam lá. Um contraste interessante entre o vestido e sapatos de salto totalmente pretos dela e a camisa azul e a calça jeans dele.

- Vaah! – Miguel se apressou em me abraçar. – Estava com saudades.

- Também estava.

Minha amiga e eu também nos cumprimentamos antes de eu convidá-los para entrar. Fechei a porta e me virei para ser mergulhada diretamente no clima constrangedor onde o casal, ainda parado muito perto da porta, encarava os meninos que estavam na sala e Jungkook que vinha da cozinha junto com Jin, que saíra da mesma enxugando as mãos.

- Okaay... – limpei a garganta. – Meninos, vocês certamente se lembram de Milena e Miguel.

Ninguém se mexeu. Lancei um olhar de súplica para Jungkook. Ele soltou o ar pesadamente e caminhou até ficar de frente para os dois.

- Claro que lembramos. Como vai? – Ele estendeu a mão para Miguel.

- Muito bem. E você? – O mesmo aceitou o cumprimento.

- Bem também – sorriu e virou-se para minha amiga, repetindo o cumprimento. – Milena.

- Jungkook – ela respondeu, sorrindo.

Esse foi o gatilho para que um por um os meninos fossem se aproximando para comprimentar Milena e Miguel. Ao fim dos comprimentos e antes que outro silêncio esquisito baixasse no cômodo, Jin anunciou:

- O jantar está servido. Vamos nos sentar? – Ele deu um sorriso e caminhou até Taehyung, colocando as mãos sobre os ombros dele a fim de empurrá-lo em direção a cozinha.

Miguel logo seguiu os outros meninos, mas Milena ficou para trás para me acompanhar. Andamos a passos lentos.

- Então... Eu contei errado ou tem membro a menos aqui?

- Namjoon não pode vir, foi jantar com os pais. – dei de ombros, conformada.

- Ah...

- Ele queria aproveitar os últimos dias de férias.

Ao entramos na cozinha Jin já se encontrava sentado na cabeceira, Jimin de frente para Hoseok, Yoongi de frente para V e Jungkook estava de frente para Miguel e cada um dos dois tinha uma cadeira vazia ao seu lado. Nós nos sentamos onde seria esperado.

- Ah! Que delícia. – Milena olhou para a refeição a sua frente e depois levantou a vista para mim, sorriu sugestivamente. – Fish and chips (*N.A. : Peixe e Batatas*).

Depois virou para sussurrar não tão discretamente para o namorado:

- Sabia que aquela história de Bulgogi era balela.

Revirei os olhos.

- Não é balela. Você que não merece comer Bulgogi – respondi, ardida.

- Merecer? Tá falando sério? – Milena riu.

- Esquece – sacudi a cabeça, decidindo abandonar o assunto. – Vamos jantar.

Todos concordaram com essa sugestão – provavelmente porque nos daria uma desculpa para não ter que manter um diálogo – e logo estávamos com os pratos cheios. Alguns segundos de paz reinaram. Isso, claro, até Taehyung resolver começar um assunto:

- Então, Miguel, o que você estuda? – perguntou entre uma garfada e outra.

- Automação Industrial. Robótica.

- Ah! Interessante. – Yoongi também se envolveu. – E o que você pretende fazer quando terminar a faculdade?

- Pretendo continuar no escritório onde trabalho agora. É muito bom.

Minha amiga sorriu e colocou a mão sobre o ombro dele.

- Nem todos nós podemos nos tornar cantores ricos – murmurou, provavelmente para si mesma, mas todos ouviram.

- Mile...

- Concordo, Milena. – Taehyung me interrompeu, o tom cínico. – E nem todos tem o dom pra psicologar. Então, diga-nos, onde você busca inspiração? Freud? Poesia? Natureza? Forças ocultas?

Houve várias reações diferentes a sua pergunta. Eu balancei a cabeça em incredulidade, Jungkook tentou não rir, Miguel parecia entediado e Milena o fulminou com os olhos antes de responder:

- Em vários lugares, mas recentemente tenho buscado novas fontes. Talvez você possa me ajudar, V. Pessoas como você sempre fornecem bom material para estudo. Sabe o que dizem... O fracasso de um é o sucesso de outros – piscou os olhos inocentemente.

Esfreguei uma mão sobre o rosto. Isso estava desmoronando mais rápido do que eu imaginava ser possível.

- Amor... – Miguel murmurou, em tom de aviso.

Contudo, pela expressão de ultraje de Kim Taehyung, a discussão estava longe de acabar. E o clima estava cada vez mais pesado.

- Claro, claro. Se com pessoas como você quiser dizer, rico, bonito e talentoso, é claro que sou eu...

Milena apertou a mão sobre o garfo que segurava.

- Eu estava pensando mais em alienígena insano e esquis...

- CHEGA! – bati a mão sobre a mesa. – Eu convidei vocês para um jantar para se conhecerem melhor porque vocês são partes importantes da minha vida. E o que fizeram?! Hein?! – meu tom automaticamente aumentava um pouco a cada palavra. – Se comportaram como crianças! Transformaram uma refeição em um campo de batalha! – levantei-me, puxando as muletas de qualquer jeito para me equilibrar.

Respirei fundo e olhei para o teto por um segundo antes de voltar a encará-los.

- Quer saber?! Esqueçam! Essa foi uma péssima ideia. Melhor ir cada um para o seu canto.

E, com o máximo de dignidade possível, andei para fora do cômodo, ignorando os chamados dos dois. Fiz questão de bater a porta com força ao entrar em meu quarto. Sentei na cama e joguei as muletas no chão de qualquer jeito.

Francamente. Que desastre! E pensar que achei que era possível que eles se comportassem de acordo com a idade que tinham. Perdi até o apetite, o que era o mais desagradável, pois aquele peixe muito bom.

Soltei um suspiro pesado e apoiei os cotovelos sobre as coxas, massageando as têmporas. Uma pontada de dor começava a surgir na minha nuca. Maravilha. Era só o que me faltava. A porcaria de uma dor de cabeça. Ela até já começava a martelar.

- Vaah?

Sacudi a cabeça, percebendo que, na verdade, as marteladas não eram efeitos da dor, mas sim batidas na porta do quarto.

- Vaah. É o Jungkook. Posso entrar?

Resmunguei qualquer coisa inteligível, mas que ele deve ter interpretado como uma autorização porque logo depois a porta abriu.

- Hey, noona. Como você está? – Jungkook perguntou, fechando a porta outra vez.

- Com dor de cabeça – coloquei a mão no pescoço e girei a cabeça para tentar aliviar a pressão do estresse sobre aqueles músculos.

Ele tinha uma expressão compreensiva, aquela que as pessoas usam quando são simpáticas aos sentimentos alheios, ao se aproximar e sentar-se ao meu lado. Lentamente Jungkook empurrou minhas mãos para longe e as substituiu pelas suas, massageando devagar os nós que ali estavam e que causavam o incômodo. Um gemido quase escapou.

Aquilo era tão bom.

Sentia a tensão abandonando meu corpo.

- E as crianças? – Perguntei de má vontade.

- Depois de tentarem discutir de quem era a culpa e chegarem a conclusão de que era do outro, Miguel levou Milena embora e Taehyung foi para o quarto. Eles até queriam vir aqui conversar com você. E discutiram sobre isso também. Mas consegui convencê-los a deixar que eu viesse.

- Ah! Você é um anjo. Muito obrigada.

- Por nada, linda – parou a massagem por um segundo para dar um beijo casto em meu pescoço.

Arrepios desceram pelo meu pescoço. E a vontade de gemer tornou-se ainda mais intensa.

- Você foi ótimo hoje, Jungkook. Desculpe por ter estragado o jantar que Jin e você tiveram tanto trabalho para fazer.

Ele voltou à massagem, mas dessa vez se concentrou em meu pescoço.

- Engraçado. Do jeito que eu lembro não foi você que começou uma discussão idiota.

- Mas foi a minha ideia idiota que tornou possível a discussão idiota.

- E se a mãe de Hitler não tivesse nascido, a II Guerra não teria acontecido, não é mesmo?! A culpa não foi sua, mas se você ainda insistir nisso, posso pensar em uma ou duas maneiras de você me recompensar.

Outro beijo, dessa vez embaixo da orelha. E mais outro. Jungkook parou totalmente a massagem e começou a distribuir beijos por meu pescoço. Fechei os olhos, aproveitando as sensações deliciosas.

- Ah é? Recompensas? Os outros meninos também se comportaram bem. Vou ter que recompensá-los tamb-Ah!

Nem tive tempo de terminar a brincadeira porque logo me encontrei com as costas sobre o colchão e o rosto bravo de Jungkook a poucos centímetros do meu.

Soltei uma risadinha.

- Não tem graça – resmungou.

- Bobo – respondi, colocando as mãos sobre seu pescoço e o puxei para baixo, colando nossos lábios.

Jungkook apoiou o peso sobre o cotovelo ao lado do meu rosto e passou a mão sobre meu cabelo. Ele me beijava devagar, paciente, carinhoso. Passeei uma mão por suas costas enquanto a outra continuava acariciando aqueles maravilhosos cabelos dele. Sugou meu lábio inferior e o mordeu, puxando-o devagar.

Arrepios e mais arrepios. E meu coração não poderia se acelerar mais. Ou era isso que eu pensava até que ele se levantou um pouco, colocou uma mexa do meu cabelo atrás de minha orelha e sussurrou:

- Linda.

E aí o tum-tum-tum retumbou com tanta força contra meu peito que pensei que Taehyung, no outro cômodo, poderia ouvir. Fiquei tão derretida com o jeito que ele me olhou e a maneira como disse aquele elogio que não reagi. Só fiquei ali, meu olhar preso no dele enquanto o ar parecia se magnetizar ao nosso redor. Jungkook se abaixou outra vez e acreditei que iria ganhar outro beijo, mas ele afundou o rosto na curva do meu pescoço. Respirou fundo. Ficamos abraçados assim por um tempo.

- Preciso ir – sua voz saiu abafada.

- Já? – sussurrei.

- Prometi ao Taehyung que depois de falar com você iria falar com ele. Se demorar muito, ele pode desconfiar.

Sentia seu hálito de menta bater em minha nuca e em meu cabelo.

- Acho que vamos ter que contar para ele. Por mais divertido que seja assistir ele tentar nos pegar no flagra, é inconveniente ter que ficar se escondendo na própria casa.

- Concordo.

- Mas não hoje. Hoje ele não merece.

Ele sacudiu um pouco em mais uma risada rouca. Ele me deu mais um selinho de despedida. Depois que Jungkook saiu do quarto, me aprontei e fui dormir, o que, surpreendentemente, não demorou muito para acontecer. Tudo graças a Jungkook. Ele me acalmava. Dormi tão bem que só acordei com o segundo despertador programado. E isso acabou me atrasando totalmente. Namjoon foi quem me levou a faculdade.

Caminhava distraidamente pelos corredores vazios, debatendo se deveria entrar atrasada na primeira aula ou se era melhor ir para a biblioteca, quando senti alguém me empurrar contra a parede. O impacto contra o concreto fez com que a muleta direita escorregasse de minha mão. Apoiei uma mão na parede e segurei firme na outra muleta para me virar e ver o que diabos tinha acontecido. Encontrei uma garota com os braços cruzados e que me lançava um olhar extremamente raivoso.

- Sua vadia! – sibilou.

- Como é? Querida, eu nem conheço você!

Para falar a verdade, ela até me parecia familiar.

- Não mude de assunto! Eu conheço você!

- Ah! É verdade. Você é uma das imbecis que me empurrou semana passada. Veio pedir desculpas? Ou veio explicar que você tem um problema irritante de controle que te impulsiona a empurrar pessoas aleatórias nos corredores?

Deu alguns passos na minha direção. Ela estava com ainda mais raiva.

- Pare de falar. Você vai ouvir. Eu quero você longe do meu Jungkook, ouviu?! Ele é meu. Você já deu um jeito de morar com ele, mas não vai se envolver com ele. Entendeu, biscate? Eu vi as fotos de vocês abraçados. Acho bom você parar com isso se sabe o que é bom para você.

Aquela situação era tão ridícula, tão coisa de novela brasileira, que não pude evitar a risada que explodiu em minha boca. O problema é que não medi as consequências dessa reação. Agora a maluca estava furiosa e descontrolada. A risada morreu em meus lábios enquanto eu assistia com horror ela levantar a mão para me esbofetear.

Senti-me uma total e completa idiota enquanto assistia, imóvel e com os olhos arregalados, a mão daquela maluca se aproximar mais e mais do meu rosto. Estava a centímetros do alvo quando uma outra mão surgiu pela direita e interceptou a dela. Foi tão rápido que nem vi direito o que aconteceu. Só sabia que em um instante estava prestes a levar um tapa no rosto e no seguinte minha quase agressora se encontrava com frente de seu corpo totalmente pressionada conta a parede enquanto uma Milena Teixeira furiosa torcia o braço com que ela tentou me agredir contra as costas da garota.

- O que você pensa que está fazendo? – o sussurro de Milena contra o ouvido da garota foi muito baixo, tanto que se não estivesse tão perto não teria ouvido.

- AI. AI. SUA MALUCA. ME SOLT...

Ela se interrompeu para soltar um gemido de dor quando Milena, girou o braço dela um pouco mais. A garota se jogava contra a parede, a mão livre socando o concreto enquanto tenta se afastar o máximo possível de minha amiga.

- Não foi isso que perguntei. Responda a pergunta.

O tom dela era tão frio que até eu me arrepiei de medo. A garota deve ter percebido que o melhor era cooperar e, com a voz tremida, respondeu:

- E-eu... eu só queria que a brasileirinha de merda deixasse o meu homem em paz. M-minhas amigas e eu sabemos que ela não é boa para ele.

- É mesmo? E para isso você pretendia bater nela? – Milena usou o mesmo tom gelado. – Para que ela deixasse o seu homem em paz? Alguém com quem você provavelmente nunca falou?! Você é patética, garota, mas eu vou te fazer um favor e te deixar ir embora sem arranhões hoje. Mas eu tenho um recado para você e que você precisa transmitir para essas suas chamadas amiguinhas. Você vai prestar atenção no recado e vai repassá-lo à suas amigas? – sussurrou, tão fria que queimava. - Vai? – voltou a forçar um pouco mais o braço dela quando a garota voltou a responder.

- SIM. Sim, eu vou. Por favor, me solte.

- É o seguinte, garota. Se você ou qualquer outra pessoa levantar a mão contra minha amiga outra vez, vão ter que se entender comigo. Vão ter que passar por mim. Como já disse, dessa vez vai passar, mas se tentar agredi-la outra vez e, ainda por cima, por causa de um motivo tão ridículo quanto o que você alegou, eu vou quebrar o seu braço. E não vai ter médico nesse planeta que coloque ele no lugar. Pelo menos não do jeito que era antes – soltou uma risadinha cruel antes de finalmente soltá-la.

A garota cambaleou uns dois passos, batendo na parede e, quando conseguiu voltar a se equilibrar, correu por alguns metros antes de se virar, segurando o pulso dolorido na mão. Agora que estava em uma distância segura de Milena, a ousadia parecida ter retornado porque ela cuspiu, tremendo de raiva:

- Eu vou te processar por agressão, sua maluca. Meu pai é advogado.

Suas palavras me tiraram do estado de estarrecimento.

- Vá em frente, e eu alego agressão a alguém incapaz de se defender totalmente e legitima defesa – assisti ela empalidecer, o que foi resposta suficiente. – e eu tenho certeza que as câmeras no corredor irão comprovar que você atacou primeiro e com isso eu e qualquer advogadinho iremos triturar você e seu papai no tribunal. Entendeu, garota?

Mesmo de longe pude ver o lábio dela tremer como se quisesse falar algo, mas, se fosse esse o caso, ela desistiu, deu a volta e correu para longe. Assim que ela virou para a direita, sumindo das nossas vistas, voltei-me para minha melhor amiga.

- Isso realmente aconteceu? – sussurrei, um tanto quanto perdida.

- Aconteceu sim – sua voz voltara ao tom de sempre. – E eu sabia que alguma coisa assim aconteceria mais cedo ou mais tarde.

- O que você quer dizer com isso?

- Vaah, seu namorado t...

- Ele não é meu namorado.

- Tanto faz – Milena fez um gesto de descaso com a mão. - Como estava dizendo, Jungkook e os meninos têm, literalmente, milhões de fãs e, vamos encarar a realidade aqui, algumas delas são completamente malucas – apontou para o espaço vazio por onde aquela garota tinha sumido. – Quanto tempo achou que demoraria até um membro do grupo Louca Obsessão viesse atrás de você?

- E-eu...

- Ok. Vou te dar um desconto nessa. Nem mesmo eu pensei que elas viriam fisicamente atrás de vocês. Muitos xingamentos no twitter sim, mas te atacar no meio do dia e no lugar onde você estuda? Isso não é coragem. É estupidez pura.

Sacudi a cabeça, respirando fundo. As coisas que ela dizia faziam muito sentido. Só uma coisa não se encaixava.

- Como você surgiu aqui bem na hora? Você tem aula agora!

Não que eu estivesse reclamando, afinal, queria aquelas unhas compridas dela bem longe de mim.

- Obrigada pela informação relevante – Milena zombou. – E, respondendo a sua pergunta, eu estava te esperando.

- Me esperando? – franzi o cenho. - Por quê?

Milena soltou um suspiro e olhou para o teto. Depois de alguns segundos, nos quais ela provavelmente estava engolindo o orgulho, respondeu:

- Depois de irmos embora da sua casa, Miguel me fez ver que ontem à noite eu talvez tenha me comportado de maneira pouco adequada.

Sabia que tinha a intervenção de Miguel nessas desculpas. Meu amigo era muito mais racional que a namorada.

- “Pouco adequada”? – arqueei a sobrancelha, incrédula. – É assim que você chama a palhaçada que fez ontem? – tentei cruzar os braços da melhor maneira possível.

Ela revirou os olhos.

- Ok, ok. Tudo bem. Eu não deveria ter começado uma discussão.

- E?

Lançou-me um olhar impaciente, mas eu não tinha qualquer intenção de facilitar as coisas para ela.

- Também não deveria ter falado aquelas coisas para o V.

- E?

- Nem ter caído nas provocações dele e ter continuado a briguinha infantil, como Miguel chamou.

- E?

Tentei soar séria, mas já estava com vontade de rir. Contudo, não podia perder a oportunidade, afinal, ver Milena constrangida por algo e se desculpando era um fato raro.

- Tá bom, né!? – Milena bufou. - Você já entendeu que eu sinto muito por ter contribuído para estragar o jantar, por ter desrespeitado você e os meninos, por ter envergonhado o Miguel e por fazer pouco caso da sua tentativa de fazer com que nos conhecêssemos melhor – falou de uma vez. – E é isso. Se quiser aceitar as desculpas, tudo bem. Se não quiser, tudo bem também – deu de ombros e olhou para o lado, tentando parecer indiferente. Mas eu conhecia bem minha melhor amiga, sabia que ela tentava salvar um pouco do orgulho que perdeu ao assumir que estava errada. Por isso, apesar de ela merecer sofrer um pouquinho mais, engoli o riso em minha garganta e falei:

- É. Tanto faz.

Ela voltou sua atenção para mm, os olhos faiscando de indignação e o queixo caído. Provavelmente esperava uma resposta mais delicada ao seu pedido de desculpas. Milena abriu a boca e ensaiou algumas palavras de reclamação, mas rapidamente voltou a cerrar os lábios. Sabia que eu estava sendo bem generosa em desculpá-la tão facilmente. Não querendo abusar da sorte, ela respirou fundo e falou, adocicando o tom:

- Estou perdoada, então?

Esperei mais uns segundinhos.

- É. Está sim – sorri de lado.

- Bom, é o mínimo que você pode fazer, né!? Afinal, eu acabei de salvar a sua vida.

Soltei uma risada. E aí estava de novo a melhor amiga que eu amava. Milena no modo culpado era divertido, mas meio esquisito.

- Salvar minha vida? Por favor! Eu teria me virado muito bem sem você – provoquei.

- Sério? – arqueou a sobrancelha. – Porque não era isso que parecia. Aliás, do meu ponto de vista, você estava prestes a levar um de direita muito bom antes de eu aparecer e salvar o dia.

- Eu iria reagir. Só fiquei surpresa. Nunca pensei que seria atacada pela fã de alguém.

Nem por paparazzi.

- Ahan. Sei. Você estava é congelada de susto.

- Eu fiquei surpresa, não assustada e estou com a perna quebrada, gênio. Sem contar que esse foi o meu primeiro “ataque” – fiz o sinal de aspas com as mãos. – Tenho certeza de que você também não foi um Jackie Chan na primeira vez que entrou em uma briga.

- Isso não é desculpa. A questão é que você deveria ter alguma reação à ameaça eminente – continuou, ignorando totalmente meu último argumento.

Resmunguei baixinho coisas ininteligíveis ao pensar que o mais desagradável é que não poderia fugir delas porque, se Milena tivesse mesmo razão, outras malucas poderiam vir atrás de mim e eu precisava me defender.

- O que você está resmungando aí?

- Nada. Nada não – desconversei.

- Acho bom mesmo.

Olhei no meu relógio de pulso.

- Nós ainda temos uma hora antes da próxima aula. Tá a fim de ir à Starbucks?

- Boa ideia.

Estávamos quase chegando à porta de saída quando Milena parou de andar de repente e se virou para mim.

- Você fez V se desculpar também, né? – perguntou, muito séria.

Aquele era o tipo de pergunta que só havia uma resposta certa e ela era “sim”, mas isso seria uma mentira. Então optei pela verdade, mesmo essa não sendo exatamente o que minha amiga queria ouvir:

- Eu farei. Não se preocupe.

Voltamos a andar.

- Promete que vai fazer ele se rastejar?

- Milena!

Passamos pela porta.

- Que foi?! Ele merece! Ele foi muito pior do que eu.

- Tenho certeza de que vocês empataram nesse quesito.

- Óbvio que não! Deveria ter deixado a maluca ter te de dado uns tapinhas. Você tá merecendo.

Dei um tapa ardido em seu ombro. Ela nem se piscou.

- Viu?! Era algo assim que você deveria ter dado na garota.

[...] Quebra de Tempo [...]

- Então, Vaah linda, por que você não me conta o que aconteceu ontem à noite? – Namjoon perguntou imediatamente depois de nos cumprimentarmos e assim que entrei no carro dele.

- Quê?

- Então – girou o volante para fazer uma curva. – Quando cheguei em casa, Taehyung estava sentado de cabeça baixa no sofá enquanto Jin e Jungkook, que estavam em pé, passavam um sermão daqueles nele. Até saí de fininho. Não queria que sobrasse para mim também. E fiquei curioso até agora para saber o que aconteceu.

- Por que você não perguntou enquanto me levava para faculdade?

- Você já estava resmungando porque estava atrasada e parecia preocupada com outras coisas. Não queria ficar te enchendo de perguntas – O líder deu de ombros.

- Ahh! Você é tão fofinho, Namjoon – apertei sua bochecha.

Ficou corado e estapeou minha mão para longe. Não pude evitar uma risada.

- Deixa de enrolar e responde minha pergunta.

- Você sabe que eu convidei Milena e Miguel para jantar, certo?

- Ahan. Dessa parte eu fiquei sabendo. Taehyung apareceu lá no estúdio para resmungar sobre isso porque, segundo ele, não poderia falar sobre isso com você por razões óbvias e também não podia reclamar para o Jungkook já que Jungkook estava do seu lado porque vocês estão se pegando.

- Nós nã...

- Sério que você vai mentir na minha cara, Vaah? – Namjoon me interrompeu, rindo.

- Eu não... – sacudi a cabeça. – Como é que você...?

- Como eu sei? Sério, Vaah? Você e o Jungkook são péssimos em disfarçar as coisas. Quase dá para ver os coraçõezinhos flutuando ao redor de vocês.

- Pare de exagerar! Nós não somos tão melosos assim.

- Não. Na verdade vocês são sim – paramos em um semáforo e ele olhou para mim com um sorriso esperto. – E você está confessando então? Que vocês dois são um item agora.

Não tínhamos certeza se éramos um “item”. Definitivamente não éramos oficiais. Pensei por um segundo antes de responder:

- É. Nós estamos... juntos.

- SABIA! – bateu a mão no volante, rindo. - Yoongi me deve 50 pratas.

- Vocês apostaram se Jungkook e eu iríamos ficar?

- Claro que não, Vaah. Isso já era óbvio. Nós apostamos se demoraria mais de um mês.

Senti-me ofendida.

- Vocês acham que eu sou fácil?

Sua expressão se fechou no mesmo instante em que aquelas palavras deixaram minha boca.

- Acho que essa foi uma das maiores besteiras que já ouvi. Nós apostamos porque, como já disse, a química entre vocês é muito visível. Dá para perceber de longe.

Fiquei bem mais aliviada com aquela explicação.

- Hmm. Entendi.

- E vocês formam um casal bonitinho. Meloso, mas bonitinho – deu uma piscadinha.

Bati minha mão em seu ombro, sorrindo.

- Vira para frente e dirige porque o semáforo já está verde.

Ele obedeceu, mas claro que tinha que fazer mais um comentário espertinho:

- Você é mandona assim com o teu homem?

- Vai a merda.

- Ok. Ok – gargalhou outra vez.

Os poucos segundos de silêncio confortável foram quebrados por Namjoon:

- Vaah?

- Oi?

- Será que dá para você terminar a história antes de chegarmos em casa?

- Ah! Verdade. Tinha esquecido.

- Porque não é você que está curioso.

Ignorei seu resmungo infantil e contei o que tinha acontecido ontem.

- Acredita?! – perguntei ao terminar meu relato. – Foi como entrar direto em uma briguinha de jardim de infância.

- Isso explica porque Jin e Jungkook estavam tão bravos.

- Falando em Jungkook, por que ele não veio me buscar hoje?

- Por que, Vaah? Eu não sirvo mais? – O garoto fingiu-se de ofendido. – Não esperava isso de você! Arrumou um cara e esqueceu-se dos amigos.

- Limite-se a responder a pergunta, Namjoon – ri.

- Nós estamos finalizando as últimas reuniões para começar as gravações mais cedo. Os meninos e ele estão lá agora.

- E vocês estão animados para gravar?

- Muito. Estamos tendo várias ideias para umas músicas novas.

Namjoon virou a última esquina antes do nosso prédio.

- Isso é ótimo.

- Seu querido está participando muito desse processo.

- Sério? Que bom!

Namjoon abriu a garagem do prédio e colocou o carro na vaga.

- Está cheio de inspiração e de tes...

Dei um tapa em sua nuca antes que ele terminasse a frase.

- Cadê o respeito?

- Desculpe, Vaah – passou a mão pelo cabelo, um sorrisinho envergonhado. – Estou passando tempo demais com Taehyung e Jimin.

- Percebo.

Namjoon me ajudou a sair do carro e me acompanhou até em casa, mas recusou o meu convite para me fazer companhia porque precisava resolver algumas coisas do grupo. Ao abrir a porta, quase perdi o equilíbrio quando Taehyung pulou na minha frente, me assustando.

- Mas que porra foi essa? Quer me matar?

Essa parecia estar sendo a ideia do dia.

- Noona! Foi mal. Foi péssimo. Desculpe. Eu não tive a intenção – ele falava bem rápido. – Eu só queria...

- Calma! – Interrompi seu discurso afobado. – Respire fundo e comece de novo.

- Certo - inspirou uma lufada de ar. – Como foi seu dia? – Taehyung abriu um sorriso de falsa inocência.

- Sério? É isso que você tem para me falar?

Revirei os olhos e passei por ele, indo para meu quaro. Pelo jeito o pedido de desculpas que esperava teria que ser adiado por mais um tempo. Cambaleei de novo quando, mais uma vez, Taehyung bloqueou meu caminho.

- Vaah! Espere! Eu queria... – coçou a nuca, desviando os olhos dos meus para o chão – queria me desculpar por ontem à noite. Por ter deixado sua amiga me irritar ao ponto de cair nas provocações dela e estragar nosso jantar.

Engraçado como suas palavras eram semelhantes às de Milena.

- Eles eram meus convidados, Taehyung! Eu sei que essa não é realmente a minha casa e talvez eu devesse ter pedido sua permissão e a dos outros meninos antes de chamá-los para vir aqui, mas eu conversei com Jungkook e ele disse que não tinha problema. E você fez com que eles se sentissem como intrusos. Fez com que eu me sentisse uma intrusa – confessei, baixinho.

Não tinha falado isso nem para Jungkook e não sabia ao certo porque estava contando isso a Taehyung. Acho que ele precisava saber que me magoou, mesmo que não soubesse realmente o quanto doía e o quão fundo ele tinha cortado. Quem sabe assim as coisas melhorassem.

- Não, não, não! Oh meu Deus! Não. Não – Ele colocou as mãos sobre meus ombros. – Você não precisa pedir permissão para chamar quem você quiser para vir aqui. Essa é a sua casa também e eu sinto muito se fiz você se sentir como se não fosse bem-vinda. Me comportei como um idiota e me arrependo. Por favor, por favor, noona, você pode me perdoar?

Pretendia passar mais um tempo torturando-o, mas nunca o vira tão sério e seu arrependimento era genuíno.

- Ok – assenti, devagar. - Mas promete isso não vai se repetir?

- Prometo – desenhou um X com o dedo sobre o coração.

- E promete não discutir de novo com Milena?

- Prometo. Estamos bem então? – perguntou, incerto, mexendo os pés nervosamente.

Não queria mentir e, por isso, considerei sua pergunta por um instante ou dois. Sim, o que ele fez doeu, mas não queria guardar mais magoa pelo mesmo motivo. Isso era tóxico. Também havia o fato de que Taehyung havia pedido desculpas, e, se havia perdoado Milena, seria incoerente não perdoá-lo também – mesmo que as porções de culpa não fossem iguais.

Soltei o ar pesadamente.

- Sim, estamos bem.

Taehyung me abraçou da melhor maneira possível.

- Não quero brigar de novo, noona.

- É só você se comportar.

Mesmo ao dizer aquelas palavras já sabia o quão improvável elas eram, mas amizade era isso e não iria fingir que eu era perfeita e não errava. Talvez eu estivesse exagerando um pouco. Não era como se ele fosse o responsável pela II Guerra Mundial ou alguma coisa assim. Chegando a conclusão de que provavelmente estava mesmo exagerando, decidi fazer uma oferta de paz:

- Quer assistir a um filme?

- Adoraria – sorriu, aliviado.

Foi em direção a prateleira cheia de DVDs.

- O que você quer ver?

- Qualquer coisa. Escolhe você.

Taehyung escolheu uma comédia qualquer e nos sentamos no sofá para assistir. Estava na metade final do filme quando a porta se abriu e Jungkook passou por ela. Ele estava ainda mais gostoso do que o normal. Sua calça era de um jeans escuro, uma blusa azul por baixo de jaqueta de couro preto e tênis brancos completavam o visual. Tive que controlar o suspiro quando ele sorriu pra mim e murmurou um “hey” enquanto passava os dedos sobre seus cabelos já bagunçados. E lá estava de novo aquela eletricidade que flutuava entre nós, mas dessa vez ela durou bem menos já que Taehyung resolveu nos interromper:

- E eu também não ganho um “oi”, Kookie? – falou com a voz melosa enquanto batia os cílios repetidamente.

- Taehyung – resmungou o cumprimento. – Vejo que vocês se acertaram – comentou, tirando a jaqueta e jogando-a sobre o encosto de outro sofá.

V acenou freneticamente enquanto eu apenas sorria.

- Que bom. Muito bom. Mas você não se esqueceu de nada, Taehyung?

Taehyung franziu o cenho e depois olhou para mim, uma interrogação em seus olhos. Dei de ombros.

- Você, Namjoon e Jimin tem a reunião em meia-hora. Lembra?

Ele nem respondeu na pressa de sair correndo porta a fora.

- É. Eu acho que ele esqueceu – ri.

Jungkook gargalhou também, se aproximando. Ergui a cabeça e ele se abaixou, colocou uma mão de cada lado do meu rosto e me deu um beijo calmo e doce.

- Fiquei com saudades – sussurrou contra meus lábios.

- Eu também.

Sentou-se ao meu lado, sorrindo, mas podia ver as linhas de cansaço em seu rosto. Afastei-me um pouco, sentando na outra ponta do sofá. Jungkook se virou para mim e olhou para o espaço entre nós e depois de novo para mim com a expressão perdida. Contive uma risadinha e a vontade a apertar suas bochechas. Jungkook é totalmente adorável.

- Vem – bati as mãos no colo. – Deita aqui.

- Cafuné? – seus olhos brilharem com a possibilidade.

- Cafuné.

Jungkook abriu um sorrisão e fez o que eu disse.

- Como foi seu dia? – Jungkook perguntou quando já estava acomodado em meu colo e eu passava as mãos por seu cabelo macio.

O rosto da garota da faculdade passou por minha mente por um segundo, mas a possibilidade de contar aquele ocorrido para Jungkook era nula. O problema era meu e eu o resolvi. Com a ajuda de Milena, é verdade, mas era diferente. E, mesmo que a situação diretamente estivesse relacionada a ele, ainda era um problema meu.

- Normal – respondi baixinho. – E o seu? – queria tirar o foco de mim.

Jungkook ronronou alguma coisa ininteligível e tive que pedir para que ele repetisse.

- Disse que está muito melhor agora.

Aquele estalinho agradável no peito se fez presente.

- Bobo.

Me abaixei com a finalidade de dar-lhe um selinho, mas Jungkook tinha outros planos e colocou a mão sobre a minha cabeça, me mantendo no lugar para um beijo mais longo. Esse foi mais quente – Jungkook movia seus lábios devagar sobre os meus, sugando-os calmamente antes de aprofundar o beijo. Não resistindo a tentação, deslizei pequenos beijos por sua bochecha até chegar a sua orelha e mordiscar seu lóbulo, ganhando um gemido rouco e um suspiro de satisfação. Com um sorrisinho, voltei a me endireitar, encostando-me no sofá.

- Volta aqui, Vaah – resmungou, ainda de olhos fechados.

- Jungkook, você está exausto. Durma um pouco.

- Mas eu quero falar com você – protestou enquanto reprimia um bocejo. – Eu quero... ficar aqui com você – as palavras ficavam cada vez mais espaçadas e lentas.

- Eu vou estar aqui quando você acordar – murmurei, continuando o cafuné do jeito que sabia que ele gostava.

- Promete? – sussurrou, já meio dormindo.

- Prometo.


Notas Finais


É isso...
Espero que tenham gostado do capitulo...

Digam o que acharam desse novo formato de texto... Gostaram? Não gostaram? Querem que continue assim, ou volte a ser como antes? Me digam! A opinião de vocês é importante e criticas e sugestões são sempre bem vindas... ^^

Esse capitulo foi revisado, as pressas, por isso, relevem qualquer erro...

É isso... Amo vocÊs, até o proximo capitulo... <3


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