História Long Fic Jungkook - Paper Hearts - Se...

Havíamos retornado ao apartamento passava de duas da manhã, entramos na casa no escuro e caminhamos por ela aos beijos, esbarrando nos móveis e rindo contra os lábios um do outro até chegarmos ao meu quarto, onde mais uma vez naquela noite nos entregamos um ao outro.

Ficamos longos momentos apenas sentindo a maravilhosa sensação de ter o outro tão perto. Ocupando o mesmo espaço. Tão colados um no outro, tão necessitados do outro que quase podíamos nos fundir. Eu gravei em minha mente cada toque, cada sorriso, cada expressão satisfeita que Jungkook exibia enquanto nos entrelaçávamos naquela dança luxuriosa e alucinada até atingirmos nosso clímax. E agora nós estamos deitados, nus e entrelaçados em baixo de um lençol fino. Jungkook olhava-me silêncio, forçou um sorriso e pude ver que ele se esforçava para deixar o clima leve.

- Obrigado por essa noite incrível amor... – sussurrei em voz baixa. – Vou sentir sua falta.

O sorriso dele desapareceu e ele desviou o olhar de mim.

- Você não vai sumir vai?

- É claro que não Jungkook. – O fiz me encarar. – Vamos estar em contato sempre.

- Não vai ser a mesma coisa. – Ele suspirou. – Vamos acabar tomando caminhos diferentes.

Senti um nó no estomago, pois havia muita verdade naquelas palavras.

- Eu não quero que fique triste Kookie.

- Então não me deixe. – Jungkook me apertou. Sua expressão era tão desolada e desesperada que senti sua dor fundir-se a minha e me esmagar. No fundo eu tinha certeza que mesmo contrariado ele entendia.

- Eu não posso ficar Jungkook.

- Por quê?

- Nós já tivemos essa conversa. Eu não posso ficar aqui e me tornar dependente de vocês. Isso é loucura!

- Quem disse? – Jungkook murmurou emburrado. – As ultimas semanas foram as melhores da minha vida.

- Da minha também.

- Então por que eu sinto como se nunca mais fosse te ver de novo?

Eu não tinha uma resposta para aquilo, pois eu mesma me sentia daquela forma. Senti os músculos dele ficarem tensos ao meu redor, mas não sentia raiva nele. Senti apenas a vontade crescente de me aproximar o quanto mais fosse possível, então o abracei ainda mais forte. O peso da perda que ambos teríamos era pesado demais.

 - Você vai se dar conta do quão idiota e chata eu sou e nem vai notar minha ausência. – Sussurrei em seu ouvido.

- Você sabe que isso não vai acontecer! – Jungkook fechou os olhos com força e suspirou. Era horrível ter a consciência de que eu era a causa de seu sofrimento e não podia fazer nada para saná-lo. Afundei meu rosto contra seu peito na tentativa inútil de não ver a dor em seu rosto. – Olhe pra mim.

Ele pediu, o fiz lentamente, então Jungkook me encarou com intensidade. Senti-me ansiosa.

- Apenas imaginando que a resposta pudesse ser sim. – Jungkook começou, sua voz estava repleta de ansiedade. – Se pudesse ficaria comigo, seria minha pra sempre? Se...

Encarando seus olhos, eu sabia que o que sentíamos era sincero, não que eu duvidasse antes, mas ali naquele momento, era palpável.

- Sim. – Como diria não a ele? Respondi antes que ele pudesse terminar, pois sabia onde ele queria chegar. Ainda assim, também não podia dizer sim. – SE, eu pudesse, seria sim...

Senti os dedos dele tocarem meus rosto de maneira suave, seu olhar ainda mais intensos sobre mim, senti meus olhos se tornarem úmidos aos poucos, perante a sinceridade de seu olhar. Jungkook se inclinou pra mim, pressionando seus lábios em mim com uma doçura que nunca experimentei antes, e talvez nunca provasse depois. Nós dois sabíamos que a hora do adeus estava próxima. Tentei saborear ao máximo aquele momento, pois tinha certeza que desejaria poder revivê-lo infinitas vezes num futuro não muito distante.

Estou acordada, e Jungkook que dorme confortavelmente ao meu lado não me deixa dormir, pois sinto seu cheiro no meu travesseiro, vejo seu rosto no escuro, exibindo um sorriso satisfeito e ouço os batimentos do seu coração. As imagens da noite perfeita que tivemos e caçando e não há nada que eu possa dizer agora, pois todas as palavras já foram ditas.

- Você e eu estamos quase no nosso fim, desaparecendo como uma canção quebrada... – Sussurrei, acariciando sua pele nua, enquanto ouvia sua respiração suave. – Mas mesmo essa canção quebrada, mesmo a distancia, se eu escutar com atenção poderei ouvir, pois tudo que restara de nós serão os ecos desse amor.

Conferi o relógio, já são seis da manhã, falta pouco mais de duas horas para meu voo. Eu já havia terminado minhas malas e me encolhi na cama ao pensar em como seria daqui a poucas horas, no quão desconfortável seria ter que olhar os rostos deles embebidos em tristeza por minha causa, senti uma batida dolorosa em meu coração e um bolo no meu estomago me deixou se ar.

Encarei Jungkook, ainda em seu sono, ele ressonava levemente, desviei os olhos sem conseguir olhar para ele e conferi o relógio novamente. 6h21m. Meu voo era as 08h15m e eu precisava estar no aeroporto às sete. Havia chegado a hora. As lagrimas encheram meus olhos, assim como a dor cortante no peito. Lentamente eu escorrego para fora da cama e fui até o banheiro, tomando um banho rápido e metódico, me trocando no banheiro mesmo. Eu me sentia como se estivesse fora do meu corpo, encarando tudo aquilo, apenas observando casualmente sem poder interferir.

A casa estava em total silencio. Respirando fundo tiro a mala do fundo do armário e junto com a mochila que iria levar na mão me dirijo à sala, deposito as duas sob o sofá da sala. Caminhei pelo corredor de volta ao quarto e me sentei na cama ao lado de Jungkook. Afaguei seus cabelos de leve, olhando para seu rosto.

- Eu sinto muito... - Eu tinha total consciência de que seria uma atitude extremamente egoísta da minha parte, mas no final das contas eu jamais conseguiria me despedir deles, não suportaria olhar pra eles e ver seus rostos tristes, não depois que eu pessoalmente havia presenciado a maravilha que era quando eles sorriam. As lagrimas ameaçam mais uma vez. Era doloroso, mas eu precisava continuar. Rapidamente vou até a escrivaninha com a intenção de escrever algo para os meninos. Passei um longo tempo encarando o papel em branco a minha frente, sem saber por onde começar, mas depois que finalmente escrevi as primeiras palavras algo se rompeu e as palavras jorraram aos montes saindo dos meus pensamentos através da caneta para o papel. Eu não tinha certeza se estava tomando a escolha certa, mas ali naquele pedaço de papel eu lhes diria tudo o que não conseguiria por em palavras. - Eu te amo!

Enxuguei com as costas das mãos as lagrimas e me curvei sob ele, toquei seu rosto mais uma vez e beijei seus lábios com delicadeza uma ultima vez. Depois, relutante me afastei lentamente e caminhei pra fora do quarto. Deixei os envelopes, um para os meninos e um para Jungkook em cima da bancada da cozinha, passei pela sala, peguei minhas coisas e fui lentamente até a porta, segurei a maçaneta, mas antes de sair me virei para dar uma ultima olhada naquela casa que durante aquele tempo considerei meu lar. Entrei no elevador e rapidamente cheguei ao térreo, depois sai para frente do prédio onde o taxi que eu havia pedido me esperava.

O motorista abre as portas e eu entro no banco de trás. Eu não conseguia pensar direito, tento controlar as emoções que fluíam em mim, mas quanto mais longe íamos, mais me atingia a consciência do que eu havia feito. Merda, eu havia saído sem me despedir. Eles iriam me odiar. As lagrimas fluíram livremente por minhas bochechas e eu as enxuguei apressadamente. O que foi que eu fiz?