História Long Fic Jungkook - Paper Hearts - Pedido Inusitado X Partida Iminente

- Noona, eu já me meti na maior confusão da minha vida no momento em que esbarrei com uma garota num corredor estreito e sai arrastando ela. – Devo ter feito uma careta, por que Jungkook riu. – E eu vou agradecer pelo resto da minha vida por ter feito isso...

- Você fala muitas bobagens Jungkook... – Havia um sorriso rasgando meu rosto. – Devo estar com cara de idiota... – Murmurei pra mim mesma me recostando melhor em seu abraço, estávamos deitados sob a árvore observando as estrelas.

- Mas é a cara de idiota mais bonita de todas, e do sorriso mais lindo.

- Jungkook...

- E a partir de agora vou tentar colocar um sorriso novo em seu rosto todos os dias...

Eu o olhava meio sem jeito... Era tudo lindo demais pra que eu pudesse assimilar com clareza.

- Assim você...

Jungkook me interrompeu.

- Venha pra Coréia comigo!

Jungkook segurou minha mão, me olhando nos olhos. Eu fiquei sem fala, fui pega de surpresa com aquele pedido completamente inesperado.

- Noona... Vaah!

- Hum? – Perguntei, ainda estava chocada.

- Sei que meu pedido foi meio inusitado, mas pode atender ao telefone se você quiser.

- Telefone?

Jungkook deu uma gostosa risada.

- É, o celular tocando na sua bolsa.

- Ah!

Soltei a mão que ele segurava para poder pegar o celular na bolsa.

- Alô...

- Vaah, é a Milena.

- Ah... Oi, o que foi?

- Estourou um pequeno caos. – com essa frase dela, eu soube que estávamos com problemas. – Você precisa abrir seu Twitter. Agora!

Encerrei a ligação rapidamente. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa a Jungkook, nós dois ouvimos o telefone dele vibrar em algum bolso em seu casaco, Jin pediu que ele fosse imediatamente pro hotel, o que confirmou minha suspeita sobre problemas, então ambos nos apressamos pra ver o que estava acontecendo.

Assim que viramos a esquina que dava para o hotel, pudemos ver uma aglomeração se formando em frente ao mesmo, eram vários e vários repórteres espalhados em frente ao hotel, com suas câmeras e microfones a postos, apenas esperando. E eu sabia pelo que eles estavam esperando. Pelo Bangtan ou algum membro dele, talvez até por mim.

Imediatamente puxei Jungkook para o caminho reverso para que entrássemos pelo estacionamento, que ficava numa rua paralela ao hotel.

- Eu devia ter previsto... – Jungkook murmurou num tom baixo e infeliz.

Olhei pra ele incrédula.

- Devia... – eu tinha consciência de que praticamente havia rosnado aquilo, mas não pude evitar, pois eu sabia as consequências de repórteres. E agora sabia também o porquê de Milena me mandar checar meu Twitter e os prováveis milhares de xingamentos. Eu suspirei com força.

- Desculpa – Jungkook murmurou. – Eu não queria te colocar nessa situação de novo amor.

- Será que você não podia ter me avisado sobre essa possibilidade antes? – eu perguntei petulantemente. – Eu podia ter me preparado psicologicamente, só que agora eu vou ficar estressada com isso por muito mais tempo.

Jungkook fez uma careta pra mim.

- Noona – Ela disse pra mim. - Você sabe que eu posso ter que voltar imediatamente dependendo do que aconteceu, não sabe?

- Hein?  Você tem certeza?

Ele não me respondeu.

Jungkook apenas balançou a cabeça tristemente, a expressão era desapontada.

- Não pode ser! Por quê?

Eu tentei imaginar as razões na minha cabeça, mas eu não conseguia descobrir quais eram as mais apropriadas para mim ou pra eles. Eu senti como se alguém tivesse chutado as minhas pernas de baixo de mim. As horas de emoção, de felicidade... De alguma forma, no meio de toda a minha alegria com o pouco tempo que passei com Jungkook, não pensei nas outras possibilidades e agora parecia que o tempo que eu ainda tinha com eles estava prestes a desaparecer. O meu espaço pra resolver tudo, pra fazer planos, pra aproveitar e pra me decidir se aceitava ou não a proposta de Jungkook havia desaparecido.

Eu estava ficando sem tempo com eles e eu não estava preparada ainda pra dizer adeus novamente. Eu não sabia como fazer isso. Como dizer adeus a eles ou à minha família... Pra meus amigos... A minha vida no Brasil.

Eu sabia exatamente o que eu queria, mas de repente eu estava morrendo de medo de pegar. Em teoria, eu estava ansiosa, e até apressada pra ir pra Coreia com Jungkook e os meninos e poder ficar com eles. Afinal, isso era o que me permitia ficar com Jungkook. E o resto era o resto.

Em teoria, isso fazia sentido absoluto pra mim e era tudo o que eu queria fazer, mas... Na prática... Minha vida atual no Brasil era tudo o que eu conhecia e que era certeza pra mim. O futuro, além disso, caso eu decidisse mesmo ir com ele era um grande abismo escuro que eu não podia conhecer até me jogar nele. Faculdade? Trabalho? De que eu dependeria lá?

O simples conhecimento da provável partida iminente - que era tão óbvia que eu devia estar inconscientemente me obrigando a não lembrar - fez com que a despedida que eu não esperava tão cedo, parecesse um encontro com a morte certa.

De uma maneira desconexa, eu estava consciente de que Jungkook estava segurando a porta aberta do quarto pra que eu entrasse, dos outros membros do bangtan tagarelando no cômodo. Os meninos pareceram reparar que eu só estava lá de corpo presente e que meus pensamentos estavam longe, mas nenhum deles tentou me tirar da minha bolha de pensamentos. Ou talvez eles tentaram e eu que não prestei atenção.

- Hyung!

A voz veio de algum deles, e ao mesmo tempo, os outros olharam o corpo forte, de porte elegante e rosto sério de Sejin surgir na tela do notebook. A face estava impassível, olhando atentamente para os garotos, assim como eles olhava pra ele, sem desviar os olhos nem por um segundo. Jungkook olhou para o manager, ele parecia estático e irritado, como se fosse lhes dar uma boa bronca, o que de certo modo podia ser verdade.

- Vocês precisam voltar! – foi tudo o que o manager pode dizer, mas parecia perdido e irritado por ter que transmitir aquela frase. Sejin viu os meninos se entreolharem com olhares de pesar. O que deveriam estar achando daquilo. Ele preferiu não pensar muito, e voltou seus olhos para a garota. O que ela podia estar pensando? Os olhos dela estavam arregalados e pasmos, a boca estava seca e o rosto de repente havia ficado pálido, enquanto eles discutiam os detalhes, mas Valéria não ouvia quem quer que estivesse falando com ela, apenas se mantinha estática, como se visse uma assombração.

Jungkook seguiu os olhos de Sejin, e notou que olhava para o nada com bastante interesse, fixou sua atenção em cada traço de sua expressão, mas seus olhos distinguiram apenas uma mescla de amargura e melancolia nos olhos da mesma.

- Vocês sabiam que deviam tomar cuidado pra ninguém descobrir que estavam aí... – a voz de Sejin tirou-o novamente de seus pensamentos, e estava carregada de repreensão. – E vocês vão e fazem logo uma “apresentação surpresa”? Será que vocês tem ideia, principalmente você Jungkook, do rebuliço que causaram?

- Nós lamentamos hyung... – e foi a vez do líder falar, mas Jungkook não desviou os olhos da namorada que pareceu tremer ao ouvir o pedido de desculpas do líder. Eles discutiam em tom baixo em coreano, mas Jungkook sabia que aquela era uma das expressões que ela conhecia da sua língua. – Não sabíamos que as coisas tomariam essa proporção na internet...

Eu os ouvia discutindo o assunto, mas me sentia um espectador fora do lugar, olhava para eles e para o manager na tela com certa curiosidade, mas na verdade, não me importava, eu sabia do que se tratava aquilo tudo. Eles passaram vários minutos conversando entre si, e eu apenas permaneci em silencio.

- Certo... –Sejin disse lentamente, um pouco mais rude do que pretendia, chamando a atenção de todos pra si o que parecia ser o enceramento da conversa. – Estarei mandando as passagens pra depois de amanhã então.

E com aquela frase ele encerrou a chamada de vídeo e o silencio reinou no cômodo após isso. Eu sentia os olhares deles sobre mim, mas evitava olhar nos olhos deles. Jungkook se levantou de onde estava, veio até mim, me pegou pela mão e me puxou pra fora do quarto.

A trajetória pelo corredor até o outro quarto foi silenciosa., sem um motivo especifico. Nós dois entramos e Jungkook nos levou até o sofá, onde nos sentamos. Eu olhei pela janela, para o céu escuro, não consegui mais ver as estrelas dali e tentei descobrir pra onde a minha convicção havia ido.

Porque eu estava entrando em pânico agora? Eu sabia que o prazo era curto de qualquer forma. Então porque me assustou que ele já estivesse bem na minha cara?

Eu não sei por quanto tempo Jungkook me deixou olhar para a janela em silêncio. Mas em algum ponto foi demais pra ele. Ele colocou suas mãos grandes em ambos os lados do meu rosto e fixou seus olhos negros nos meus.

- Estou ficando louco noona... Será que pode me dizer o que está se passando pela sua cabeça?

O que eu podia dizer pra ele? Que eu estava assustada? Eu procurei pelas palavras.

- Você está pálida amor... Fale alguma coisa.

Eu puxei o ar com força pra dentro dos meus pulmões. Por quanto tempo eu estive prendendo a respiração?

- A partida iminente, junto com sua proposta... – eu sussurrei pra ele. – Isso me pegou desprevenida...

Jungkook esperou que eu falasse mais, seu rosto cheio de preocupação. Eu tentei formular frases para explicar o que estava sentindo.

- Eu não tenho certeza... Do que dizer à minha família... O que dizer... Como dizer... – Minha voz falhou.

- Isso não é por causa da bagunça no seu Twitter? – Ele perguntou cauteloso.

Eu fiz uma careta.

- Não. Mas valeu por me fazer lembrar das suas fãs de todos os cantos do mundo que me odeiam e devem estar me xingando.

A chuva estava mais alta enquanto ele leu o meu rosto.

- Você está com medo... – ele sussurrou.

- Não estou... - eu menti imediatamente, uma reação de reflexo. Eu pude notar que ele viu isso, então eu respirei fundo, e contei a verdade. – Eu não posso estar.

- Você não precisa se fazer de forte agora.

Eu podia sentir o pânico surgindo em meus olhos enquanto me preparava pra falar.

- Por minha causa vocês viraram noticia mais uma vez, e por causa disse você vão embora, e a empresa deve estar pirando...!

- Não precisa se preocupar demais com isso, a equipe de imprensa irá dar um jeito e...

- Não é esse o ponto Jungkook! – O interrompi.

Ele pressionou as mãos com mais força no meu rosto e falou deliberadamente devagar.

- Amor. Nada disso é culpa sua. Quando viemos pra cá devíamos nos manter o mais discretos possível, mas enfim... Não irá nos afetar artisticamente falando, estão apenas especulando que viemos pra ver você e estão certos, a empresa irá liberar um comunicado oficial confirmando.

- Mas você e os meninos, as suas fãs...

- Eles e eu não ligamos pra isso. Nós amamos nossas fãs, mas elas tem que entender que você é parte da nossa vida e nós amamos você, eu amo você e não vou esconder o que sinto. Nós vamos tomar conta dos nossos problemas, e eu vou tomar conta de você – Jungkook prometeu.

Eu não respondi. Na verdade eu não conseguia encontrar nada pra discutir; no momento eu não parecia encontrar nenhum pensamento coerente em meu cérebro.

- Noona... – Jungkook beijou a minha testa. – Não precisa se preocupar.

Soltei um riso nasalado.

- Nada além da partida iminente... – Depois acrescentei. – e das suas fãs que me odeiam.

- Confie em mim.

- Eu confio. – Eu suspirei.

Ele riu silenciosamente.

- Tem algo que quer saber? – Jungkook mais afirmou do que perguntou.

- Como sabe? – Perguntei em meio a uma careta.

- Eu te conheço bem...

Eu fechei os olhos e me inclinei pra ele, escondendo o meu rosto no peito dele.

- Você falou sério?

- Sobre...? – perguntou suavemente.

- Bem... eu estava me perguntando... Sobre sua proposta, quer dizer... Foi no calor do momento e...

- Se é sério? – Ele disse as palavras com surpresa, me interrompendo. Eu balancei a cabeça afirmando. Ele hesitou um momento e respirou fundo antes de responder. – É sério sim!

Jungkook pegou minha mão e ficou totalmente de frente para mim, olhando-me nos olhos e com um sorriso fofo nos lábios. – Apenas não pense que te pedi pra vir comigo por que foi no calor do momento ou agora porque estou prestes a voltar...

- Jungkook... – tentei interromper, mas ele foi mais rápido.

- Vem pra Coréia comigo? – ele perguntou novamente. – Eu amo você, Vaah, e sei que você também me ama, ou teria aceitado namorar comigo mesmo que com a possibilidade de ser a distância. E agora eu só vejo mais motivos para te pedir isso, afinal, esse é um ótimo jeito de confirmar mais ainda que eu não te abandonarei e que estarei do seu lado. Eu quero você do meu lado.

Eu senti o sorriso cruzar lentamente pelo meu rosto. Se ele realmente me queria lá com ele, eu podia tentar lidar com o resto...

- Então... Você realmente me quer lá com você?

- Eu não acho que você se dá conta do quão sério estou falando agora. – Jungkook disse sério, mas ainda sorrindo um pouco. – O que a internet fala de mim, as fãs malucas, as dificuldades. Nenhuma dessas coisas importa. Isso...

Jungkook disse pegando minha mão e colocando sob seu peito. Eu podia sentir seu coração batendo no mesmo ritmo desenfreado que o meu.

- O que eu sinto por você... – Ele sussurrou, repousei a cabeça na curva de seu pescoço e Jungkook me abraçou. – É isso que me importa, se você estiver disposta a viver isso comigo.

Eu sorri contra o pescoço dele e o beijei. Era tão bom senti-lo daquela maneira. Como se a quisesse tanto quanto eu o queria. Mas mesmo ouvindo as palavras doces que ele me dizia, eu ainda não conseguia imaginar deixar tudo prá trás. Meu coração estava apertado de medo.

- Então, deixe-me te fazer uma pergunta também... – Jungkook disse após o curto silencio.

- Faça... – eu respondi instintivamente.

- Você não quer ir comigo. – Ele falou as palavras lentamente.

O meu coração parou por um instante e depois começou a bater tão rápido que parecia que eu estava com taquicardia. Jungkook esperou, observando minha reação.

- Isso não é uma pergunta – sussurrei finalmente em resposta.

- Minha pergunta é por que?

- Ah... – Cochichei apenas.

- Por favor, Vaah? 

- Você vai ficar zangado.

Ele virou seu olhar pra mim, chocado.

- Zangado? Por que eu ficaria zangado?

- Você vai ficar – eu murmurei, e depois suspirei. O meu rosto foi de branco para um repentino tom escarlate com o pesar. – eu sei que vai, por que nós já tivemos essa conversa uma vez e foi essa sua reação! – confessei, e escondi meu rosto no pescoço dele de novo.

Houve uma breve pausa.

- Eu não sei se estou entendendo.

Eu levantei a minha cabeça de volta e o encarei.

- Eu não sou esse tipo de garota, Jungkook. Aquela que gosta de ser dependente dos outros! Eu dependi de mim mesma desde sempre. Eu já não te disse? Você sabe que se eu for pra coreia com você é isso que vai acontecer. Eu não consigo fazer isso! Eu preciso estudar, trabalhar, viver por mim mesma, se não for assim... Essa não sou eu... – Apontei pra mim mesma, depois parei, pendendo a trilha dos meus pensamentos.

O rosto de Jungkook era impossível de ler enquanto ele pensava na minha resposta.

- É só isso? – ele perguntou finalmente.

Eu pisquei sem entender. Ele não estava zangado?

- Só isso? – Repeti tolamente. – Jungkook.

Eu ofeguei agoniada. Ao que parecia ele não havia entendido.

- A questão é, Jungkook - eu disse com minha voz tremendo. – Independência é algo vital pra mim, faz de mim quem eu sou, e eu queria muito poder dividir isso com você e te mostrar quem eu realmente sou, queria o seu apoio e a sua compreensão, somente isso...

- Mas por outro lado – Jungkook contrariou. – Você não precisa abrir mão da sua independência lá. Você pode estudar lá, arrumar um trabalho, enfim... Não precisa ser “dependente de nós”. – Ele fez sinal de aspas com os dedos. – Então porque isso seria algum empecilho pra afetar tanto essa decisão?

Ele suspirou ansiando minha resposta. Ele esperou que eu continuasse. Eu não continuei, balancei a cabeça, fiz uma careta, e aí ele sorriu, pegou minha mão e começou a brincar com os meus dedos.

- Você não precisa se preocupar com isso também... – Ele me assegurou.

Ele não estava entendendo o ponto. Eu sabia que era irracional, que eu não devia nem estar questionando aquilo, pois eu queria ir, mas ainda assim...

- Jungkook, mas eu... – eu comecei a discutir.

- Eu não estou dizendo que você irá depender de mim lá. - ele me assegurou. - Eu estou dizendo que não precisa se preocupar, pois irei te ajudar a ficar o mais confortável possível lá... Diga que sim!

Os braços dele se entrelaçaram ao meu redor, e ele começou a me beijar de uma forma que devia ser ilegal de tão maravilhosa. Muito persuasiva - isso era compulsão, coerção. Eu tentei manter minha cabeça limpa para não me distrair... E falhei miseravelmente.

- Eu realmente acho que é injusto quando você pede desse jeito... – Eu ofeguei quando ele me deixou respirar. – Fica impossível dizer não.

- Eu não estou surpreso que você se sinta assim – Ele deu um sorriso malicioso. Aquele lateral que eu amava odiar. – Então isso é um sim?

Suspirei e balancei a cabeça positivamente. Não queria nem pensar em como diria aquilo a minha família.

- Como foi que isso aconteceu? – murmurei inconformada. - Eu pensei que ia ter um encontro normal essa noite, pra variar, e agora, do nada...

- Você vai se mudar pra Coréia – Jungkook terminou alegremente.

- Por favor não diga isso em voz alta dessa forma.

- Você vai mudar de ideia? – ele quis saber.

Jungkook se afastou pra ver meu rosto. A expressão dele estava divertida. Ele estava se divertindo, pois era obvio que eu não voltaria atrás. Ele sabia que depois que eu tomava uma decisão, isso não mudava. O encarei, tentando ignorar a forma como o sorriso dele fazia o meu coração reagir.

- Você vai? – pressionou ele.

- Não. Eu não vou. Você está feliz agora?

O sorriso dele era dominante.

- Muito! – Suspirei. - Você não está nem um pouco feliz?

Ele me beijou de novo antes que eu pudesse responder. Outro beijo persuasivo demais.

- Um pouco – eu admiti quando pude falar. – Eu não posso acreditar que estou caindo nessa. Quando eu penso na minha família... E meus amigos! Você consegue imaginar o que a mídia vai dizer? Ou as Armys? Aaah. – Senti um arrepio correr meu corpo. – Eu já posso ouvir a fofoca agora.

Ele ergueu uma sobrancelha pra mim, e eu sabia por quê. O que importava o que eles dissessem sobre mim quando eu mesma dizia que a opinião alheia não me importava? Será que realmente eu não poderia aguentar novamente mais umas semanas de olhares de lado e de ser motivo de perguntas? Talvez isso não me incomodasse tanto se eu não soubesse que o motivo pelas fofocas serem grandes era por eu ser a estrangeira desconhecida e sem dinheiro. Eu estremeci. E depois, talvez isso não me incomodasse tanto se eu não estremecesse só de pensar na reação das Armys.

Jungkook interrompeu as minhas inferências.

- Não tem que ser uma grande revelação. Você não precisa se preocupar com a mídia. Nossa acessória de imprensa pode cuidar disso ou eu mesmo posso dar uma entrevista. A maioria das nossas fãs é compreensiva, são exceções as que ofendem e insultam, você sabe. Elas me querem feliz, e você me faz feliz, então elas terão quer compreensivas, certo?

- Você falando assim faz parecer tão simples... – Murmurei. Mas eu sabia que havia muita verdade em suas palavras.

- Nós veremos isso... – Ele sorriu distraído e disse indiferentemente. – O que importa agora é que você concordou em voltar pra casa.

Eu podia ouvir a emoção forte queimando por baixo do tom casual dele, e eu olhei pra cima pra ver o rosto dele. Estava nos olhos dele também, apesar da cuidadosa indiferença da expressão dele.

- Você gostou de como essa frase soa, não gosta? – perguntei suspeitosamente, estreitando os olhos pra ele.

Ele deu de ombros.

- Claro – disse, ainda casual. – Gosto muito da sensação.

Eu olhei nos olhos dele, tentando entender a emoção que borbulhava sob aquele momento. Ele olhou de volta, e a mascara da casualidade caiu de repente. Ele estava radiante - seu rosto estava brilhando com alegria da vitória. Ele estava tão glorioso que me deixou sem fôlego.

Antes que eu recuperasse o ar, ele estava me beijando, os lábios dele estavam desconcertantes. Haviam muitas coisas que eu queria dizer, algumas delas não eram nem um pouco legais, e algumas delas eram tão ridiculamente apaixonadas e românticas do que ele provavelmente nem sonhava que eu era capaz, mas isso que Jungkook fazia. Ele era o único capaz de fazer eu me perder e me encontrar. E eu tinha certeza que o sentimento era recíproco.