História (Imagine outro título perfeito) - S.o.s

Yukine on:

Olhei para Uryu e bufei. A mansão mudou um pouco por causa da reforma, então por mais que eu me lembre através das memórias de Laito, não dá pra eu saber. Me levantei e andei até a fonte, me limpei com a água e coloquei os óculos.

-Hey, Uryu. – o chamei e logo ele me olhou.

-O que foi? – ele se aproximou de mim e se limpou na fonte.

-Poderia perguntar...

-Ah! Já vem você me pedindo para perguntar desafios.

-Ah, por favor! Juro que faço aquele brigadeiro que você gosta, faço uma panela todinha somente para você.

-Perguntar para quem? – ele indagou com os olhos brilhando.

-Para o seu pai. – ele me olhou e girou os olhos.

-Qual deles? – ele logo cruzou os braços e eu me sentei no banco de cimento. Ele logo começou a arrumar o cabelo na toca dele.

-Qual deles que é o mais bondoso? E que você tem mais afinidade? – ele se virou para mim rindo.

-Qual você acha?!

-Azusa, claro. – aqui na mansão, pelo menos os mais jovens, se perguntam da onde que o Azusa tirou paciência e amor pelo Kanato.

-Então, qual a pergunta que eu devo fazer? – Uryu me olhou.

-Pergunte para ele onde fica o quarto de Laito. Pode dizer que fui eu que perguntei. – o olhei e me levantei. –Enquanto você vai lá fazer a pergunta, vou me limpar, quando você terminar, vá para o meu quarto.

-Tá.

Uryu on:

Fui para o quarto dos meus pais, e por sorte o histérico não estava lá. Meu pai anjinho, estava afiando mais uma de suas adagas sentado na cama de costas para a porta.

-Kanato? – ele disse após ouvir a porta se fechando, então eu logo corri até a cama e pulei nela de barriga, pois digamos que a cama deles é um tanto macia. Ouvi ele rindo um pouco.

-Hm, errou. – ele deu mais um risinho e acariciou minha cabeça tirando a minha touca. –Ei, pai! – ele continuou dando atenção para a adaga. –Oe! Paiê! – cutuquei a cintura magra dele.

-Pode falar, estou ouvindo. – ele me olhou com um sorrisinho no rosto e voltou a dar atenção à adaga.

-É um assunto sério. – o olhei.

-O que? Ficou menstruado? – ele disse logo rindo um pouco.

-Vocês fazem essas piadas, não é minha culpa se eu nasci hermafrodita. – me virei de barriga para cima e cruzei os braços. –Além do mais, a minha parte masculina se desenvolveu mais do que a feminina, então eu não vou menstruar. – o olhei.

-E como você sabe? – com isso eu dei um tapa na minha própria testa.

-Porque é o meu corpo, e porque nós já fomos num médico por isso, ah, e temos a tia Melanie pra isso.

-Hm. Certo então. – ele guardou a adaga e se sentou do meu lado. –Qual é o assunto sério que você queria falar?

-Eu e o Yukine queremos saber aonde é o quarto do Laito. – eu o olhei, vi ele fechando os olhos e passando os dedos em cima das ataduras no braço.

-Não posso lhe dizer isso. – o olhei com uma cara de cachorro abandonado. –Desculpe filho, mas não posso. Não quero morrer quase estrangulado por isso, da ultima vez que eu pedi para o seu pai me estrangular, ele levou realmente sério e quase me matou.

-Ah, por favor! Ninguém vai saber que você me contou. – olhei de relance para as adagas e me levantei. Peguei uma e ajoelhei na frente dele. –Eu juro que te corto, mas me conta! – disse desenfaixando as ataduras com a adaga, e o olhando. –Por favor!

-Hm... – ele fechou os olhos, e eu passei a mão por cima da cicatriz bem aparente que ele sempre cortava e conversava. –Sem chantagem! Ok?! Eu me rendo! Você venceu, eu conto. Mas antes, continua o que você começou. – ok, ele sabe que eu não gosto de cortá-lo, mas eu também não queria deixar o Yukine na mão. Se não eu ia começar a ouvir as piadas sobre sexo de novo.

Comecei a cortá-lo lentamente, por cima da cicatriz que ele denominava Justin, não sei o porquê, mas ele denominou algumas cicatrizes.

-Terceiro andar... Parte não reformada... Ah... Aonde ficava os antigos quartos dos Sakamakis... Terceira porta trancada... Ah... – ele tava adorando, e eu odiava quando ele ficava assim. Parecia que todo um trabalho de um psicólogo tinha ido pro fundo do poço. Era muito estranho, ele começa a falar tipo muito lento, rir um pouco e quando o corte aprofunda, ele estremece.

E então eu terminei, bem, eu quis parar e ele apenas continuou sentindo o estranho prazer que ele tanto gostava.

Fui para o quarto do Yukine, bati na porta e ouvi um “Entra”. Logo que entrei, vi ele secando o cabelo apenas com uma toalha normal, ele estava apenas com uma calça jeans preta e os óculos de armação preta.

-Olha, sem a touca. – foi ai que eu notei que eu a esqueci  na cama dos meus pais. –Seu cabelo é realmente estranho, ele é realmente estranho nessa parte de cima.

-Eu acho que esse é o propósito da touca, eu tenho que esperar ele crescer um pouco.

-Deixa ele longo, ué.

-Não é você que sofre por ser hermafrodita. Você não acha que as piadinhas como: “Olha que menininha bonita!” iriam rolar com mais freqüência?!

-Mas você não é uma menina também? – ele me olhou, e essa foi a gota d’água. Bati o meu pé com força no chão e mandei um dedo do meio para ele, e já estava saindo do quarto, quando ele me segurou pelo braço e o apertou.

-Foi mal cara, sei que você não tem culpa. Desculpa mesmo. – o olhei.

-Só diz isso porquê quer saber qual é o quarto do Laito. – o olhei com um sorrisinho sínico.

-Mano, você conseguiu? – ele abriu um sorriso maior que a cara dele.

-Yep, foi mais fácil que descascar banana. – cruzei os meus braços.

-Man! É por isso que eu te amo menino! – ele me esmagou com um abraço. –Me conte onde é! – ele me soltou e começou a procurar alguma blusa no armário.

-Terceiro andar, parte não reformada, aonde era o antigo quarto dos Sakamakis, terceira porta trancada. – ele me olhou, e riu um pouco.

-Lá? Atá que eu vou até lá sozinho, aquele lugar é o único que não foi reformado em nada desde de sempre.

-Você quer que eu vá até lá com você?! – o olhei cínico.

-É ué. – ele me olhou.

-Você não se pagava de corajoso, você não é um Tsukinami e um príncipe?!

-O mundo dá voltas... – ele balançou as mãos.

-Tá. – bufei. –Vamos lá.

E nós saímos do quarto dele logo após ele achar uma camisa e colocar, ele não se importou de ir descalço. E no meio do corredor, veio uma dúvida, e olha que nós ainda nem estávamos no terceiro andar.

-O Yukine. Tem algum plano? – indaguei.

-Eu estava pensando em fazer você entrar e tirar a bicha histérica do seu pai de lá de dentro e eu resolver as paradas com o tio Ayato. – ele sorriu.

-Nem fudendo! – o olhei. Ótimo, agora eu vou ficar histérico. –Você tá maluco?! Quer que eu morra para aquele psicopata bipolar que eu chamo de pai?!

-Tá, ganhou essa. Então vamos simplesmente invadir o quarto e falar qualquer merda. – olhei pra ele com a minha expressão de “Que? Você é retardado?”

E então chegamos no terceiro andar, na frente do corredor eterno e assustador, que parecia não ter fim nenhum, ele fazia um pouco de frio e estava totalmente escuro.

Yukine on:

Nós adentramos aquele corredor, até que eu ouvi um grito alto, e olhei para Uryu que estava se borrando. E de novo o grito.

-Ouviu? – o olhei e pelo que vi, ele não ouviu. E aquele grito se estendeu. Corri para a porta de onde o som estava vindo.

Quando abri aporta bruscamente, Ayato e Kanato me olharam como se estivessem levado susto, e sim levaram. Eles logo levantaram me olhando e começaram a falar coisas que meu cérebro ignorou totalmente, e eu só passei por eles e toquei a mão de Laito.

Fui para aquele lugar escuro, e Laito estava bem na minha frente, ele suspirou aliviado com alguma coisa e sorriu.

-Pensei que nunca iria chegar, finalmente esse mundo se acalmou. – ele se sentou do meu lado.

-Estava gritando? – o olhei e ele se espantou.

-Você ouviu? Por acaso é um Banshee? – ele me olhou.

-Não, apenas um First Blood. Por que? – ele ficou pensando.

-Nossa conexão só está um pouco forte. – ele abraçou os joelhos e olhou para o céu escuro.

-Hm, entendi. Então você consegue saber o que está acontecendo lá fora?

-Agora sim, assim, não exatamente, mas eu escuto, ao invés de escutar ruídos que nem você.

-Entendi.

-Sabe... – ele fez uma longa pausa. Mas logo balançou a cabeça e a apoiou nos joelhos.

Uryu on:

Ok, o que eu estava vendo era algo totalmente estranho e surreal. O Yukine estava com o corpo literalmente todo apoiado pelo braço que estava apoiado no braço de Laito. Era basicamente, o Laito estava com o braço direito levantado, com a palma virada para o teto, e o Yukine estava com a palma da mão esquerda apoiada na palma de Laito e flutuando. Detalhe, os dois estavam inconscientes.

Meu pai e meu tio estavam abismados com aquilo, e eu tava meio “Wtf!”.

Yukine on:

-Laito? – o chamei e ele olhou para mim. –O que foi? – e mais uma vez ele ficou quieto.

-Sabe, penso em voltar... – ele me olhou. –O que acha?

-Não posso opinar. Mas por quê não volta? – o olhei.

-Não sei ao exato, mas tenho medo de tudo estar diferente demais, assim, eu sei que a mansão foi reformada e tal, e que tem os novos membros da família tipo você, mas eu não sei se devo voltar ou não. E eu acho que eles tentaram me esquecer, principalmente Ayato e Kanato, que concordaram em me enterrar vivo.

-Laito! Acho que deve voltar! Seus gêmeos estão preocupados, e eu acho que eles te enterraram para poder não te ver no jeito que estava. Aquilo deve ter sido agonizante para eles, pelo menos pense neles. – o olhei.

-Yukine, tem quantos anos mesmo? – ele me olhou com um sorriso estampado no rosto.

-14, por quê? – o olhei indagando.

-Pareceu um pouco adulto e eu acho que você tem um pouco de razão. – ele sorriu.

Ele então se levantou e estendeu o braço e me ajudou a levantar. Ele olhou para cima e suspirou.

-Vamos voltar. – ele disse. Então, vi um brilho branco e enfim, acordei.

Quando acordei, me levantei da cama e o vi acordando. Ele me olhou, e sorriu.

-Obrigado. – ele disse sorrindo e eu apenas me levantei e fui para o meu quarto, o deixando sozinho com os irmãos, já que eu teria que me arrumar para escola.