Aquela silhueta vinha devagar, me causando ansiedade. Meus pés batiam incessantemente na grama verde e macia do lugar.
Está vindo!
- Minseok?
Essa voz, por que essa voz?
- sim?
- uma pessoa me mandou pra cá, sabe o que está acontecendo? - sua curiosidade transbordava de seu olhar ingênuo e um pouco opaco.
- não sei, me disseram que eu iria me encontrar com Deus.
- Deus? Será que vou vê-lo também?
- por que não se senta? Não sei quando este chegará. - a convidei, esta que aceitou com um sorriso raso.
- então, qual sua função?
- anjo da guarda, e a sua?
- ah! O mesmo, de onde veio?
Respirei fundo, não sabendo se devia ou não falar sobre isso.
- vale dos suicidas. - a olhei nos olhos, esperando sua reação.
Seus ombros caíram pra trás e esta me olhou apreensiva. Seus olhos brilharam, mas eu não estava entendendo mais nada.
- por que fez isso? - sua voz chorosa deu-me uma tristeza sufocante.
- eu... - olhei pra cima. Qual era o sentido disso? Por que ela estava aqui? - não quero falar sobre isso.
- anjos que guardam sentimentos ruins, atrapalham seus fiéis.
- não são sentimentos ruins, _____, é saudade.
- por quem?
- por uma pessoa. - desviei meu olhar do dela, que parecia penetrar minhas orbes e enxergar a verdade.
Quero desaparecer daqui. Eu senti meus olhos molharem, mas tentei resistir. Por que estava tão difícil controlar minhas emoções?
- tudo bem, Minseok?
- sim, está tudo bem.
- é claro que está. - dizia com ironia.
Ela levantou, me encarou e sorriu, também triste.
- me desculpe, Xiumin, por tudo. - meus olhos se arregalaram. - você terá outra chance sabia? Eu falhei! Falhei contigo.
Ela chorava tanto quanto eu, de seus olhos saiam sangue.
- isso é a consequência de quem falha, Xiumin, eu jamais sairei daqui. - sorriu. - você poderia começar tudo de novo! Droga, por que não seguiu em frente quando eu disse? Por que insistiu em mim?
- porque eu te amo, _____! Você sabe o quão isso me destrói? Por que não entendeu isso? Eu ia me declarar no dia em que se matou! No dia em que você me abandonou.
- IDIOTA! - ela gritou, chorando o líquido vermelho, que pingava na grama, a colorindo. Ela caiu de joelhos, sujando-se com as próprias lágrimas.
Do seu interior, saiu uma energia coberta de escuridão, algo tão tenso que fez meus ombros caírem e me desequilibrei.
- pare de pensar assim! Você que é idiota!
- se afaste! - seus olhos antes opacos estavam mostrando tanto ressentimento. - você não entende!
- eu passei a entender, você me mostrou esse sentimento de dor!
Ela ainda chorava.
- pare! Pare! Pare! Pelo amor, pare! - gritava enquanto puxava os fios de cabelo. - chega dessa dor!
Algo ao nosso lado brilhou e olhamos aquilo assustados, o que mais estaria por vir?
- vejo que já começaram sem mim. - comentou com humor.
- Deus? - perguntamos, eufóricos, ao mesmo tempo.
- já me conhecem. - sorriu. - _____, estás bem?
- tu sabes que não, pai. - escondeu seu rosto entre as pernas sujas de sangue.
- vocês dois, quando chegaram, trouxeram consigo uma grande energia, uma energia imensurável e forte demais pra outros anjos. Aquele amor, tão jovem e intenso, se negou a morrer após a morte de seus corpos.
- o que isso quer dizer? - perguntei.
- não importa o que aconteça, as forças os atraem de volta mais uma vez, e se forem separados, voltarão novamente. - ele respirou fundo. - vocês não podem se separar, o universo os quer juntos e eu concordo com isto.
- por quê?
- vocês foram escolhidos pelo universo, em algum momento ele quis apostar tudo em vocês. - ele dizia. - e a maior prova de amor, Minseok, foi quando tu não quebraste a promessa que um dia fizeram.
Ele sorriu abertamente e disse:
- parabéns.
[…]
- _____, vamos! Estamos atrasados!
Ela sorriu e começamos a correr antes que perdêssemos o ônibus para chegar ao festival.
Quando chegamos, não hesitamos e fomos comer as mais diversas comidas, em maioria besteira.
- ow! Isso é tão bom! Experimente! - posicionou perto a minha boca, então mordi um pedaço. - então?
- seu beijo é melhor. - sorri galanteador.
- besta. - suas bochechas ruborizaram e eu me permiti me apaixonar pela cena.
- te amo. - exclamei.
- eu também te amo. - beijou-me.
[…]
- Xiumin, onde vai? - perguntou-me assim que levantei.
- eu já volto, confie em mim. - selei sua testa. - te amo.
Fui correndo para atrás do palco sem esta ver, esperei os meninos para me ajudarem.
- Minseok, está pronto?
- sempre, Luhan. - sorri ao menino a minha frente. Menino mais maduro que eu. - vamos?
Fomos lá na frente e ela se surpreendeu ao me ver ali, seus lábios se ergueram num sorriso sincero e eu comecei a cantar para ela.
Tudo o que sentia estava sendo passado ali. Tudo o que eu queria, eu demonstrava ali. Tudo o que eu faria por ela, eu cantava.
Ao final da apresentação, fomos aplaudidos e eu pulei do palco, indo em direção a ela, que se levantou e correu em minha direção. Ela me abraçou e eu senti que aquele era o momento.
- _____, você quer se casar comigo?
- é claro que eu quero! Eu te amo - gritou em felicidade.
A nossa felicidade.
[…]
Estamos no campo, deitados, olhando pra a lua e para as estrelas.
- fomos escolhidos pelo universo, Xiumin. - sussurrou. - o universo nos quer, e eu quero você.
- eu também. - puxei-a para mim num abraço forte e cheio de carinho.
- te amo, Xiumin. - abriu um sorriso brilhante. - meu Kim Minseok.
- Minha ______.
[…]
Papai. Eu sou papai!
- Minseok! Pare de babar no nosso filho!
- mas ele é tão lindo! Que nem o papai!
- convencido! - bateu-me no ombro.
[…]
- Kim Kwang! - gritou _____ do quarto. - mas que merda de bagunça é essa?
- amor, não fala palavrão! - exclamei.
- meu cu! Olha o que esse filha da puta fez! - ponderou e veio para a sala. - ele estragou o quarto inteiro!
- ele só tem 8 anos, amor! Calma!
- ele vai limpar aquilo com a língua! - murmurou, mal humorada.
- minha esposa é tão brava.
- Minseok, pare de brincar com fogo! - sentou-se ao meu lado.
- eu quero me queimar um pouco. - sorri, a beijando.
[…]
- meu bebê está indo embora! - me abraçou.
- mãe, pare de drama, eu só estou indo para o Japão! E eu já tenho 20 anos!
- mas você vai estar longe e eu te amo.
- ya! Mais do que me ama? - perguntei, segurando sua cintura.
- claro! Ele é meu filho queridinho. - gargalhou em seguida.
- perdeu, pai! Aceite que dói menos. - curvou seus lábios. - eu sou o xodó dela.
- seu audacioso! - comentei humorado. - tome cuidado, viu? Te amamos.
- também amo vocês, seus pais melosos. - nos abraçou fortemente. - serei um sucesso, me aguardem.
- aguardaremos, filho... Sempre. - _____ chorava vendo seu filho partir.
[…]
- Hey, _____, sabes que te amo, certo?
- uhum.
- você é minha luz.
- você também é.
Nos beijamos, lembrando mais uma vez que fomos escolhidos pelo universo. E nós escolhemos o universo também.
Fim.
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