Já faziam duas horas que estavam ali naquela ponte, dois namorados de longo prazo. Como cresceram juntos, todos sempre notaram sua ligação um com o outro, mas foi uma surpresa geral quando disseram sentir que queriam mais que uma simples amizade.
Passaram-se alguns anos desde esse compromisso ter dado os primeiros passos, e os primeiros conflitos vieram tão repentina e inesperadamente quando o vento frio que ambos sentiam naquele momento.
- A lua está tão esplêndida hoje, não acha, Jagi?
- Ela sempre foi assim, Sehun.
____ parecia ser alguém difícil de lidar, ainda mais quando furiosa. O silêncio percorria o corpo dos dois jovens. O rapaz olhava os fios esvoaçantes da namorada e pensava em que atitude tomar. A Pont Des Art parecia do tamanho de uma caixinha de fósforos perto da fúria nos olhos de sua amada. Não era de costume de ambos ficarem mais de 3 minutos sem falar algo, aquilo lhe parecia a Beira do abismo.
Ela estava sendo infantil e Sehun não entendia o porquê de tanto drama, ou se fazia de desentendido. Não havia problema nenhum... afinal, quem nunca esqueceu o aniversário da namorada que tem desde os 14?
A cena era inalterada, nem ele nem ____ deram um passo sequer, o único movimento ali eram algumas folhas secas atravessando a ponte com ajuda do vento. Por alguns momentos, Sehun cogitara se viajar para a França havia mesmo sido uma boa idéia...
O loiro voava longe, para longe de todo aquele drama, para um lugar grande e espaçoso onde pudesse esquecer o conflito. E tanto se distraíra em seus pensamentos que apenas escutou os resmungos da namorada quando ela lhe socou fraco o antebraço.
- Sehun-ah! Você nem está prestando atenção no que digo!
O rapaz abriu os olhos assustado e abaixou o rosto enquanto a namorada falava pelos cotovelos.
- Você não vai me responder uma palavra sequer? Vamos, diga algo, Sehun!
- Cette chemise te va très bien...
Não queria continuar com aquilo, e conseguiu. A menina balbuciou algo e ficou em silêncio após ouvir o elogio em francês, uma expressão que não necessitava de fluência para entender o que queria dizer. Sehun era um romântico nato, aquilo não era segredo, e se não fosse por sua memória falha seria perfeito, segundo a garota. Sehun, por outro lado, não tinha culpa da memória falha, a fama com o grupo sino-coreano no qual era integrante crescia cada vez mais, a agenda era fechada e inflexível, eram passos de dança e coisas demais para decorar, mas nunca ousou dizer a ela sobre aqueles problemas, já que para a namorada queria parecer sempre o mesmo Sehun. As bochechas rosadas da garota tornaram-se vermelhas da cor de seus cabelos. Suas sardas haviam se camuflado perfeitamente e quando finalmente ousou dizer algo, ela virou de costas.
- Laisse-moi tranquille
Ainda furiosa, aquela jovem não deixava de ser uma graça. Sehun sabia como a jovem era, e não ficaria furiosa por coisa pouca. Realmente esquecer seu aniversário havia sido um marco na história dos erros mais patéticos de sua vida. Ele era culpado e se sentia horrível por isso. Respirou fundo e ainda sem jeito abraçou a namorada pela cintura. Ela estava de olhos fechados. Seus pés estavam em cima dos dele. Sehun, mesmo que estivesse exausto, sorriu e tentou dar beijos delicados na namorada, que virava o rosto a todo instante.
- Me perdoe. Jagi, eu não posso voltar no tempo, mas quero que saiba que estou realmente triste comigo mesmo por ter esquecido.
A menor ainda estava calada, escutando o sotaque forte do namorado ao tentar falar consigo em português, como sempre fazia quando estavam a sós.
- Sei que posso não ser o melhor namorado do mundo, mas quero que saiba que realmente amo você. Prometo que não irá acontecer novamente.
Ela abriu os olhos lentamente e fixou seu olhar no namorado. Fazia uma expressão infantil, de quem quer chorar, mas ao fim sorriu fraco.
- Nunca mais, certo?
- Seu desejo é uma ordem!
O rapaz abriu um sorriso e deu lhe um beijo. Soltou a namorada e pôs uma das mãos no bolso do moletom procurando por algo. Enfim, achou. Lentamente sua mão foi aparecendo, e um pequeno cadeado cor de prata veio com ela.
- Jagi, vê isso?
- Sim, um cadeado. - Ela respondeu, levantando uma das sobrancelhas.
Sehun deu alguns passos, escolheu um lugar em meio àqueles cadeados todos que eram presos diariamente no local. Ajoelhou-se e prendeu o cadeado nas grades da ponte.
- Este cadeado está ligado a mim, a você, ao nosso amor. Jagi, eu prometo a você que, não importa o rumo que as coisas tomem, eu nunca irei abandonar você. Jet'aime.
- Jet'aime trop, Hun!
Ela abaixou se e abraçou seu amado. E ali ficaram por minutos enquanto o vento forte lhes tocava a pele e arrepiava seus corpos de frio. E ali ficaram por alguns minutos, sentindo o calor um do outro, levantando-se calmamente e caminhando pela ponte que os fizera fazer as pazes em um piscar de olhos.
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