Capítulo 6
Flashback on
A casa estava silenciosa, as janelas fechadas e a vizinhança quieta' a única evidência de vida ali era a luz fraca vinda do banheiro. Wade estava dentro da banheira, não gostava de ter que limpar o apartamento toda vez que fazia isso. Acomodando-se melhor dentro do móvel de porcelana, levantou a arma e checou quantas balas havia no pente, mais por costume que por necessidade, retirou a máscara afim de evitar furos desnecessários e pressionou a pontas contra a parte de baixo do queixo e puxou o gatilho, sempre ignorando as vozes que lhe pediam para não fazer isso.
Assim que registrou o ambiente negro em que se encontrava, o mercenário chamou por sua amada, logo o vulto estava em sua frente; vestida de uma simples túnica preta e cinza que se esvoaçava em sua forma etérea, a Morte nunca havia sido uma figura tão linda e, ao mesmo tempo, tão dolorosa em sua vida. A entidade estendeu uma de suas mãos, apoiando-a no rosto do homem, acariciando sua face com o polegar, como uma cúmplice de muito tempo. Wilson fechou os olhos, apreciando o contato , ateu que ela falou.
- Wade... - A voz doce disse, guiando o rosto do outro para que olhasse em seus olhos - O que você está fazendo aqui ? Do que precisa ? - Perguntou, já sabendo o que o mercenário queria.
- E-eu não sei o que fazer... - Sua voz era baixa e ele retorcia a máscara em suas mãos, confuso. - Eu te amo, mas não posso te ter... E como posso te amar se acho que amo outro...? - A Morte, vendo seu amante perdido em emoções a muito não sentidas por ele, sorriu.
- Wade, Se você realmente o ama, volte para ele. Nosso tempo acabou, meu amor... Está na hora de deixarmos o passado para trás e viver no futuro que nos é reservado.- Ela colocou uma mão no ombro forte do homem e suspirou. - Ele é um bom menino, Wade, e com certeza ele te ama de volta... Vá. Volte para ele e diga o que sente.
Wade olhou mais uma vez para a entidade, afirmando com a cabeça, já sentindo-se voltar para o mundo dos vivos mais uma vez. A primeira coisa que sentiu a voltar foram mãos percorrendo seu rosto e uma voz aflita gritando.
- Wade...! Wade, por favor! Por favor, não tenha conseguido morrer...- A voz jovem parecia quebrada em magoa, fazendo o coração de Wilson se apertar dentro do peito, abrindo os olho ele o viu.Peter estava com lágrimas banhando sua face, a máscara do Homem-Aranha esquecida no chão preto da porta do banheiro, suas mão estavam segurando os ombros e rosto do mercenário.
O maior, não aguentando ver o outro tão aflito, sentou-se e abraçou-o, assustando-o momentaneamente, para depois o sentir relaxar em seus braços, Parker deixava as lágrimas escorrerem silenciosas, acalmando aos poucos sua respiração, suas mãos ainda seguras no uniforme de couro do maior. Wade, ao perceber que o mais novo já estava mais calmo, afastou-se para poder olhar em seus olhos castanhos, segurando o rosto do pequeno em sua mão, afastando as últimas lágrimas com o polegar.
- Shhhh... Eu estou aqui, Petey... Está tudo bem...- Disse sussurrando, encostando sua testa na do outro, sentindo as mãos jovens encontrarem as suas no rosto do moreno.- Eu não vou a lugar nenhum, Babyboy...
- Bom mesmo...- Peter disse depois de recobrar o fôlego perdido no choro, com um leve sorriso pelo apelido que a muito não ouvia. - Prometa que nunca mais vai fazer isso de novo, Wade, por favor...- Pediu o menor. - Não sei o que seria de mim se você tivesse realmente conseguido dessa vez...
O mercenário levantou-se, saindo da banheira, e sentou ao lado do outro, apoiando as costas no porcelana fria, jogou um dos braços pelos ombros do outro, abraçando-o e sentindo-se ser envolvido pelo menor.
- Eu prometo.
Flashback off
Ele havia prometido. E agora estava no mesmo lugar de antes, prestes a quebrar a promessa.
[Wade, vamos, sai dessa meu chapa]
(Você só vai arrumar encrenca fazendo isso, Wade, ela não quer mais nada com a gente, cara)
{Você prometeu pro Babyboy que não faria mais isso.}
Suspirando, Wade bateu a cabeça contra a borda da banheira, não queria lembrar daquele dia, não queria a imagem do moreno preocupado em sua mente no momento, não precisava disso agora. As vozes ficaram quietas por alguns segundos, sentindo a parte de trás da cabeça latejar pela pancada, Wilson passou a mão pelo rosto, como se para ajudar a clarear seus pensamentos. Resolveu por fim largar a arma no chamo ao lado da banheira, saindo do móvel e começando a retirar seu uniforme; no final as vozes tinham razão, não precisava remoer o passado. Assim que o último pedaço de couro atingiu o chão, os olhos azuis do mercenário encontraram o espelho, analisando as marcas deixadas pela vida em seu corpo.
Ainda não conseguia acreditar como alguém como Peter Parker conseguia ver algo bonito em si; aparte de ser um homem de estatura acima da média e físico bom moldado, Wade pensava que não havia mais que a simples forma que chamasse a atenção alheia. Porém escapava ao mercenário que o moreno não enxergava Wilson só como um corpo, mas, sim, sua alma.
Chacoalhando a cabeça para evitar pensar demais, ligou o chuveiro na temperatura mais alta o possível, mantendo a cabeça debaixo do spray escaldante, como se a água quente fosse limpar todas as suas preocupações. Quando a água começou a esfriar, Wade saiu do chuveiro, colocando somente uma camiseta branca e vermelha e boxers pretas andando até a sala, jogando-se no sofá velho de couro marrom. Sem nem olhar para o homem sentando na poltrona ao lado, limpando sua arma calmamente.
- O que você faz aqui, Frank? Não tem nenhuma pessoa para punir, não ? - Perguntou em tom sarcástico, não estava com paciência para outra missão ou para aquentar o outro anti-herói.
- Boa noite para você também, Wilson, e não não tenho nada para hoje... O Vermelho me pediu para ver como você estava, parece que ele ficou sabendo do que vocês fizeram em um telhado outro dia .- O mais velho respondeu, sementem desviar os olhos do que estava fazendo, ouvindo o outro grunhir e se levantar em direção à cozinha, pegando uma cerveja na geladeira.
- Sabe de uma coisa, Frank, seu namoradinho cego precisa aprender o que é privacidade e que é falta de educação escutar conversas alheias no escuro.- Disse o tagarela, vendo os ombros de Castle tencionarem com o uso da palavra "namorado". - Por que ele te mandou aqui? Eu estou bem.
- Para garantir que você não fizesse alguma besteira, mas pelo o que eu vi e ouvi, parece que o juízo do menino pegou em você.- Respondeu, colocando a arma na mesa e olhando para o outro pela primeira vez na noite.
- O quanto você ouviu? - Wade sentou-se novamente, rodando a garrafa entre as mãos.
- O suficiente para saber que você não está bem e que é teimoso demais para admitir isso.- Frank falou, levantando-se e indo até a janela.
- Falou o cara que não consegue admitir que gosta do ceguinho de Hell's Kitchen...- Provocou Wilson, sabendo que esse era um assunto que incomodava o outro profundamente.- Falando nele, como andam as coisas? - Tentou virar o rumo da conversa, sabendo que nenhum dos dois gostaria de discutir seus relacionamentos.
Frank suspirou, deixando os ombros caírem, sabia que perco de Deadpool ele não precisaria ser forte o tempo todo, sabia que o outro passava pelas mesmas coisas nesse campo e que não haveriam julgamentos, eram duas figuras negras que se apaixonaram por heróis, relacionamentos que estariam fadados ao fracasso antes mesmo de terem começado.
- Ele continua do mesmo jeito, parece que ele não quer fazer nada para mudar isso é eu não quero força-lo a fazer algo que ele não queira.- O Punisher respondeu depois de um tempo em silêncio.- Parece que nenhum de nós está fadado a ter uma vida fácil, Deadpool...- Comentou enquanto se dirigia a porta, parando para olhar para o outro ainda no sofá, como se estivesse perdido em pensamentos e memórias.- Mas ele é uma criança inteligente, Wilson, ele vai descobrir um jeito.
Wade sorriu assim que ouviu a porta fechar; sim, seu Babylon era um gênio e ele sabia que o mais novo conseguiria nem que quase morresse tentando, porque, afinal, Peter Parker tinha a persistência e coragem, além de um grande coração.
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