1. Spirit Fanfics >
  2. Immortals >
  3. Little Illusion Machine

História Immortals - Little Illusion Machine


Escrita por: louthesassy

Capítulo 11 - Little Illusion Machine


James piscou. 

Não que fizesse alguma diferença: na escuridão do recinto, tudo o que ouvia era a respiração de Jack, nasalada próxima a sua. Arranhou a parede com a unha fraca, e esta partiu em duas metades. Com um gemido, gastou quase todo o resto de energia que lhe sobrara. 

- Hey, loiro. - Jem sussurra, sugando oxigênio a cada sílaba.

- Fala, querida. - Jack responde, um pouco menos ofegante. 

- A gente vai morrer aqui, né? 

- Amo seu otimismo. - Jack respira fundo, piscando os olhos verde-amendoados. 

- Ei, caras. - Fala William, acordando. Sua voz embargada deixa claro que seu pesadelo tinha sido horrível. - Acho que as meninas não vem. 

Silêncio. 

James jamais acreditou na história do rapaz ruivo, de que três garotas viriam salvá-los, já Jack acreditou a princípio, porém, depois de três malditas semanas, tinha perdido as esperanças. A fome e a dor, claro, eram psicológicas, afinal, Anjos e Demônios não sentem dores mundanas. 

O silêncio foi cortado por um estrondo na porta e três corpos pulando assustados. 

Do outro lado da porta de ferro, uma voz feminina, porém um tanto grossa, murmura alguma coisa, seguido por uma risadinha e uma bufada. 

- Luce, você é ridícula sabia? - Uma cabeleira ruiva entra no recinto, seguida de uma luz que para os rapazes é cegante.
 

- Eu sei, - uma morena segue a ruiva - é o meu charme. 

Elas param lado a lado e olham para os rapazes. A morena, Luce, olha do ruivo ao loiro e depois ao moreno, depositando seu olhar ali, com um sorriso iluminador. Ela usava uma roupa de cota, com uma armadura de couro marrom por cima, com fivelas douradas e um saiote um pouca acima do joelho, além de sandálias gladiadores e uma toga no ombro esquerdo. Do lado direito de seu corpo pendia uma bainha, que ia da cintura até o final do saiote, com o cabo de couro servindo de apoio para a mão direita, enquanto a outra estava na cintura fina. 

A ruiva usava uma roupa parecida, porém sua armadura era de couro preto com fivelas prateadas, com uma espada de cabo elaborada ao estilo barroco, com dourado e prateado e bronze, e aos pés uma bota baixa. A cabeleira ruiva emoldurava o rosto pálido, um colar comprido brilhava no pescoço, com um medalhão na ponta. 

- Bom dia, senhores prisioneiros. - Uma loira entra, com uma toga longa e branca, com o cabelo dourado cacheado preso com fivelas brilhantes e sapatilhas douradas com laçarotes grandes. William acha meio brega, mas fica hipnotizado com os olhos azuis dela. 

- Tudo por cima? - a morena se ajoelha ao lado de James, jogando a toga comprida por cima do ombro, pendendo então como uma capa. Ela puxa uma adaga que estava presa de maneira imperceptível em sua sandália e começa a abrir as correntes do moreno. - Eu sou Lucinda Divi Fillius Nightshine, Primeira Coorte.

- Divi Fillius? - Jack franze o cenho quando suas correntes caem no chão e a ruiva ajuda-o a levantar. - É um título. 

- Vê em tua frente a Pretora Lucinda. - a loira diz, enquanto a morena ajuda o ruivo. - Eu sou a Pontifex Maxima Alice, Quarta Coorte. 

- General Black, à serviço da Primeira Legião Fulminata, Primeira Coorte.

Jack olhou para Lauren e seus olhos brilharam: de alguma forma conhecia aquela garota, que apesar de apresentar título tão forte, tinha vontade de protegê-la. Deveria sentir medo dela, pois de acordo com o Legionário que os prendeu, eles eram desertores. 

- Nossa execução será hoje? - Jem vai até a luz e vira o braço repleto de tatuagens. Circulando o bíceps, encontra-se um bracelete dourado. 

- Ei! -  A Pretora exclama. - Essa porra é minha. 

- Amo seu vocabulário. - Lauren revira os olhos esverdeados e caminha até James, tirando o bracelete de seu braço. Jem arranca da mão de Lau e dá a volta em Luce, posicionando-se atrás dela. Num ato quase involuntário, ela tira o cabelo da nuca. 

James retira uma mecha que continuava caída e passa por cima do ombro, a longa mecha negra caindo até a cintura. Ele delicadamente prende o bracelete no pescoço da moça. 

- Meu braço é gigante ou seu pescoço é minúsculo? 

Luce fica de frente para James e olha para seus bíceps. Eles eram realmente monstruosos, mas Lucinda jamais admitiria isso na frente dos outros.

- Acho que meu pescoço é inexistente. - Ela dá de ombros, então tira o cinto com a espada da cintura e prende ao redor de Jem. - Bela cintura, princesa. 

James pula de susto quando o colar simplesmente desaparece do pescoço da garota, dando lugar à simples pele de mármore dela. Reaparece em sua mão, maior e mais maciço. Estende-se mais alto que ela mesma, como uma lança, uma das pontas de obsidiana tocando o chão e a outra apontando para o teto. Surgem então dois calombos de ouro negro na altura de sua cabeça, que ficam cada vez mais côncavos, até tornarem-se duas lâminas de machado repletas de desenhos, apontando para lados opostos. 

- Aí eu dou valor. - Lauren diz e desembainha a lâmina comprida. 

James toca na espada. 

- Eu não sei usá-la. 

- Claro. - Luce rola os olhos âmbar. - Pois você não usa espada, você usa um arco. Seja criativo.

A mão de Jem, que antes estava apoiada na espada, escorrega, e suas costas tornam-se mais rijas, como se algo amarrasse-o. Passando a mão por cima dos farrapos que usava, sentiu uma tira de couro, que seguia até uma aljava. Na mão caída, um arco de metal faz correr por todo o seu corpo um arrepio, como se um membro que lhe faltava fosse acrescentado. 

- Vamos nessa! - Ele urra, feliz. 

 

Lucinda acordou com um sobressalto. 

A princípio não fazia a mínima ideia de onde estava, só que o pólen estava deixando suas narinas irritadas e que James havia sumido. Ela levantou e lembrou da noite passada...

Olhou em volta no jardim e viu Jem, abaixado ao lado de uma peônia laranja. Rapidamente ele quebrou o talo e ficou ereto, olhando para a flor. Era incrível como seu corpo ficava completamente imóvel quando estava pensando. E era incrível, também, como Luce conseguia olhar para aquele rapaz e sua mente se encher de tantas memórias enevoadas sobre as vidas passadas, as vidas futuras e mortes e, principalmente, o quanto ela o amava incondicionalmente: com os ombros largos e cabelos escuros que só ele conseguia deixar num topete perfeito mesmo logo depois de acordar. 

- Bom dia! - Ele gritou para ela, ainda imóvel. - Estava indo lhe acordar. 

- Bom dia. - Luce responde e começa a caminhar até ele. No meio do caminho, ela desmaia. 

 

Holly já estava há muito tempo acordada, observando o Sol nascer através das paredes de vidro. Aquele seria agora seu cantinho preferido. 

Será que todos os dormitórios teriam um desses escondido em algum lugar? 

Ela piscou os olhos azul-ciano, enroscando os cílios com restos de rímel. Deveria estar toda borrada de maquiagem e, quando mexeu o braço para limpa-la, Hugo fez carinho em sua cabeça. 

- Você é maravilhosa de todos os jeitos humana e divinamente possíveis.

Hô sente o rosto ficar rubro, e sua pele se arrepia quando U toca sua bochecha com os lábios. Ela podia não sonhar como Luce, que andava contando tais sonhos como se fossem uma memória até então inativa, mas sabia que amava aquele garoto, com corpo e alma, asas e aureolas. 

- Você quer voltar pro dormitório ou quer ficar um pouco mais aqui? - Holly pergunta, mas Hugo já adormeceu novamente. 

 

Lauren acordou com o corpo desnudo, porém quente. 

Ao relento, tinha uma leve sensação de estar sendo observada, mas não se permitia retirar o braço bronzeado de Jack de cima de si mesma. O calor que irradiava do anjo era tanto que aquecera ambos mesmo na noite gelada. Lauren capturou-se pensando se todos os anjos eram assim, pois Luce sempre fora gelada como um defunto e Hô era flamejante. 

- Bom dia, meu amor. - Lau disse quando sentiu a respiração de Jack desregular. 

- Bom dia, flor. - Ele responde rouco. - Dormiu bem? 

- Maravilhosamente. 

- Que bom... - Jack dá um suspiro alto. Em seguida agarra Lau o mais perto de si que pode, tentando tapar tudo. - Caralho James! Mas que porra... 

- Ah! A Luce... - James exclama ofegante, apontando para a porta atrás de si. - Ela desmaiou, desculpa Lau, juro que não estou olhando, mas a Lucinda, Jack o que eu faço?!

- Cara. - Jack responde tentando decidir se ri ou fica bravo: - O cara da medicina é você. 

 

No começo, tudo era escuridão. 

Então as coisas clarearam lentamente. Lucinda piscou, tentando adaptar os olhos à luz fraca. 

Eu estou sonhando, disse ela para si. Pelo menos, espero que esteja. 

Aos poucos os olhos se adaptaram e ela viu que à sua frente estendia-se uma planície coberta de neve. Sentiu uma mão gelada em seu ombro e se virou.

- Papai. - Ela disse, de cara com um homem alto, musculoso, de cabelos negros, longos e lustrosos, parecidos com os seus, com no máximo dois anos a mais que Luce. 

- Minha Lucinda. - O pai diz, a voz reverberando nos ouvidos de Luce, fazendo os pelos de seu braço se arrepiarem. - Eu estava doendo de saudades. - O pai puxa a filha para um abraço. 

Seria ele então, você se pergunta, o Diabo? Pois então respondo, que sim.

Infelizmente, quem escreveu a Bíblia apontou o Diabo como algo ruim, pois quem o fez era seu inimigo. Não necessariamente ele é bom, mas se o Inferno fosse tão ruim, por que tantos Anjos cairiam para segui-lo? Tiradentes fora enforcado, mas estava ele errado?

Uma pequena lágrima escorreu pelo rosto do pai, pois ele sabia o que estava chegando, porém teve que fazê-lo mesmo assim.

- Minha filha, o nosso tempo está acabando e devemos nos despedir, mas antes, você se lembra da fazenda de sua mãe no Colorado? 

- Sim, pai. 

- Acho que deveria passar à Ação de Graças com seus amigos lá, o lugar é seguro. Eu mesmo construí-o. Agora, adeus. - o pai abraça a filha apertado mais uma vez, então, Lucinda acorda.

 

Já estava no quarto, com sete cabeças olhando-a. Quando sorriu, James suspirou tão alto que assustou os outros seis.

- Agora ela está viva e você viu Lauren pelada. Que dia glorioso! - Jack bateu as palmas uma vez e sorriu de um jeito levemente psicótico para James.

- Jack não seja exagerado. - Lauren revirou os olhos esverdeados fazendo Luce rir. - Ele estava desesperado. 

- Olha só, - Alice começou, sorrindo torto. - ela não perde a chance, não é mesmo? 

Lauren estava pronta para retrucar, mas uma batida assustou todos. Hugo foi abrir a porta e deu de cara com Finn seguido de um ruivo alto, muito parecido inclusive com William. Ele entrou com as mãos cruzadas às costas e sentou-se numa das cadeiras da cozinha. A mesa ficou, entre um piscar de olhos, com o triplo de cadeiras, como uma mesa de banquetes pequena. 

- Sentem-se. - Ele pediu, indicando as outras cadeiras. Levemente espantados com o poder que o homem emanava, eles se sentaram na mesa, o homem numa ponta, garotas à sua esquerda e garotos à direita, Finn na outra ponta e duas cadeiras sobrando. - Eu sou Anjo Ariel, o leão do Senhor.

Ele se apresentou e ficou esperando algum comentário dos universitários, porém eles permaneceram calados.

- O que você ensinou para esses garotos? - Ele olha para William e levanta uma sobrancelha.

- Perdão, senhor, mas acho que eles não conheciam a figura de vossa santidade.

- William, sou eu seu Patrono e não seu Deus. 

- Desculpe, pai. 

- Patrono? - Holly foi a única capaz de perguntar.

- Sim, William é meu escolhido, minha criança, para herdar meu poder, assim como o Arcanjo Miguel é seu Patrono.

- Não. - Holly cortou-o rápido. - Miguel é meu pai.

- Essa é a palavra mortal. - Ariel suspirou alto. - Mas Miguel escolheu-a para herdar seu legado, ser seu pai... O termo que você preferir. Todos vocês são escolhidos, antes mesmo de seu nascimento, pelo poder dos Profetas. - Ele olhou para todos na mesa, demorando-se em Holly. - Um dia, Deus morrerá, assim como Lúcifer e todos os outros Arcanjos, Anjos, Demônios Maiores e Demônios, e nossos escolhidos, nossos filhos, ficarão em nosso lugar.

Estavam chocados, jamais passara por sua cabeça como um Arcanjo teria um filho ou até mesmo que Deus poderia morrer. 

- Existiu, a milhares de trilhões de anos, - continuou Ariel: - outro ser divino tão poderoso quanto Deus e outros serventes como os Arcanjos, mas eles caíram, e seus escolhidos tomaram seu lugar. Deus, ganancioso o suficiente para criar uma guerra, levantou da própria essência do universo os Anjos. Mas como a população do Céu cresceu, uma parte rebelou-se contra a chamada "República do Céu". 

Ele parecia ter, finalmente, acabado a história. 

- Uau. - Jem nem tenta disfarçar a ironia. - Foi pra isso que você veio?

- Na verdade, não. - Anjo Ariel dá de ombros. - Finn... 

Finn, que estivera até o momento olhando da janela para Holly e de Holly para as mãos, olha para Ariel assustado e em seguida para Lucinda, a pessoa com quem tinha mais afinidade na mesa. 

- Então... Ariel está no comando da universidade, desde que os donos da Argent morreram. - Ele olha de soslaio para Alice. - Todos os anos, desde sempre, na época de festas, entre o Dia de Ação de Graças canadense e o Ano Novo, cada dormitório planeja uma festa temática. Depois da Ação de Graças canadense são os Nephilim, depois do Dia de Guy Fawkes são os Guardiões, no Dia da Lembrança, depois da Ação de Graças americana são os Mensageiros, depois do Natal os Anjos e, agora, no Ano Novo são vocês, os Arcanjos. E eu, como líder dos Arcanjos, estarei aqui ajudando como eu puder. 

Os olhos de Holly brilhavam, as mãos de Lucinda tremiam, Alice já decidia o tema e Lauren já conseguia pensar nas playlists da festa. 

- Ah, claro. - Finn exclama depois de um tempo, assustando Ariel. - Vocês estarão liberados nos feriados para visitarem as famílias. 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...