Lauren olhou para a garrafa de líquido verde-musgo que Lucinda levou mais uma vez à boca.
- Que porra é isso? - Ela diz e leva a mão até a testa, esfregando as têmporas e esperando que a dor de cabeça passe logo.
- É pra ressaca. - Ela engole mais um tanto e faz cara de nojo. - Quer? É receita de família e completamente natural.
- Funciona? - Lauren suspira e Alice revira os olhos ao seu lado. Estavam caminhando até a primeira aula do dia: inglês avançado.
- Não é milagroso, muito menos gostoso, mas pelo menos você não baba de boca fechada.
- Hãn? - Falam Holly e Alice juntas.
- Nossa. Que coisa de bêbado falar. - Jack gargalha, que chegou correndo ao lado de Lau. Em seguida ele dá de ombros. - Melhor que o James, que ainda está bêbado.
- Vocês dormiram? - Holly levanta uma sobrancelha no exato momento que Hugo chega ao seu lado e beija sua bochecha.
- Uma meia hora. - Luce dá de ombros, entregando o líquido grosso para Lau.
Ela tomou um gole e cuspiu tudo. Virou para o bosque rente ao caminho e vomitou o resto da janta do dia anterior. Depois de uns dois minutos levantou a cabeça, estava meio tonta, mas a dor tinha passado.
- Eu nem cheguei a engolir nada. - Ela diz limpando a boca.
- Placebo. - Luce dá de ombros e é fuzilada pelo olhar de Lauren. - Brincadeira sua tola. - Ela se vira para Jack e fala baixinho: - É pra cólica, na verdade.
Realmente não tem o que se falar das aulas daquele dia. Estavam todos cansados, doídos e meio grogues. De tarde, Holly e Hugo saíram caminhar no Vilarejo mais uma vez, enquanto Lucinda e Lauren ficaram estudando na biblioteca da Central de Inteligência.
- Lauren! - A cabeça de Jack surge entre as duas amigas, olhando para a ruiva.
- Credo! - Lucinda exclama, mas uma mão puxa ela para fora da biblioteca.
- Posso sentar? - pergunta Jack, arrumando os próprios livros em um monte de espirais alternando o lado. Lau faz um sim com a cabeça, ainda meio atordoada, mas o loiro não senta, muito pelo contrário, puxa sua mão levando-a até o meio de algumas estantes e pegando alguns livros. - Qual você indica pra quem está ferrado em absolutamente todas as matérias? - fazendo uma pequena explosão com as mãos na palavra toda, Lau ri e começa a pegar alguns livros.
- Oi Jack... - Lauren olha assustada para o lado, vendo uma corpulenta morena acenado para o rapaz, ele acena sorrindo e vira meio constrangido.
- Vamos fingir que isso não aconteceu! - diz ele ficando ainda mais vermelho.
- Bom, aqui temos um Macho Alfa ofendido ao ser difamado na frente de uma fêmea em potencial,- fala indicando o garoto - biologia.- explica rindo. - Então é um sedutor? - pergunta ela olhando para as prateleiras.
- Não. - ele fala rapidamente e continua - A não ser que você queira. - então se aproxima dela, fazendo-a virar novamente. Ela inclina a cabeça para trás, mas então volta.
- Olha, você pode ser um maníaco... - fala, envergonhada.
- Ou o Pennywise - continua ele, sorrindo e fazendo-a rir. - É seu livro favorito, não?
- Sim, stalker... - fala Lauren sorrindo ainda mais.
- Luce me contou... - explica.
- Luce é mesmo? E ela fofoca muito sobre as pessoas com você?
- Só sobre você... - e dessa vez, Lau deixa-o colocar sua mão entre os cabelos ruivos e puxá-la pela cintura.
Holly e Hugo foram para a Bread pela primeira vez. Era uma padaria pequena, com uma janela de vidro grande na fachada e um balcão de vidro no fundo. Eles sentaram numa das mesas próximas do vidro, lado a lado no sofá de couro vermelho.
Escolhem um prato chamado bomba-celestial, que é uma casquinha de sorvete com sorvete de sua escolha, cobertura de chocolate e granulado ou amendoim triturado em cima. Holly escolhe o sorvete de chocolate e Hugo o amendoim.
- Uau. - Holly diz depois da primeira colheirada. - É realmente celestial.
- Ei! - Hugo exclama e Hô olha para ele preocupada.
- O que foi?
- Tem uma coisa no seu cabelo. - Hugo sorri e Holly bate desesperadamente nas mechas loiras, mas U pega sua mão delicadamente e põe em cima da mesa. - Eu tiro. - Ele diz e puxa algo de trás da cabeça da loira. Uma margarida branca.
Hugo entrega a flor para Holly, ainda sorrindo, e ela olha para a flor atônita.
- É a minha favorita.
- Sério? - U parece surpreso. - São minhas preferidas também. Essas e...
- Hortênsias brancas. - Eles falam juntos e se olham espantados.
- O.K. - Hugo ri. - Agora sim tem uma coisinha aqui.
Holly encara as feições fortes de Hugo quando ele estica a mão e limpa um pouco de sorvete no canto da boca dela. Então ele mostra o dedão manchado de mais escuro e põe novamente na frente da boca da garota, então ela lambe e ri. Hugo não ri, mas se inclina na direção da garota e toca sua testa e o nariz nos dela.
- Eu acho que estou apaixonado. - Ele sussurra.
- E quem é a sortuda? - Holly sussurra, sorri e fecha os olhos. Hugo toca levemente os lábios nos dela e separa-os.
- A garota mais linda que já andou por esse planeta. - Ele sussurra uma última vez antes de tocar seus lábios nos dela mais uma vez.
James puxou Lucinda até a borda do bosque, mas então ela parou.
- Tudo bem? - Jem se vira preocupado.
- Ah. - Luce sorri torto. - Eu não vou entrar num bosque com você. Você pode ser um assassino do machado, ou com uma serra elétrica que é a gasolina. Foi mal, Darth.
- Assassino tudo bem. - Jem levanta as mãos em rendição e depois põe a mão em cima do coração. - Mas Sith? Auch.
Jem se joga na grama, deitando de barriga para cima, com as mãos atrás da cabeça. A blusa sobe um pouco na manga e Luce vê o finalzinho de um desenho no braço dele. Ela senta ao lado dele e puxa o resto da manga para cima. Nas riscas, reconhece o "om" que mais parece um 30 e nota que a palavra seguinte se repete três vezes.
- É seguro perguntar? - Lucinda passa os dedos levemente pela tatuagem e Jem vira a cabeça para olhar para o próprio braço.
- Sim. É um Upanixade. Significa "om shanti, shanti, shanti". - Ele diz como se fosse óbvio e Luce deita de lado, olhando para ele.
- Ata, agora eu sei. Está tudo bem claro. - Ela revira os olhos e Jem sorri.
- Faz parte de escrituras hindus. É uma meditação. A palavra "shanti" significa paz, então a frase é uma oração que pede paz.
- Uau. - Luce vira e olha para o céu também. - Perto disso a minha parece um desenho de criança.
- Você tem uma? - James pergunta parecendo espantado.
- É. Garotas não são proibidas de fazer tatuagens, sabia?
- Mas você mora no Canadá e...
- Eu moro no Canadá. - Ela corta ele, rindo. - Não em Tatooine.
- Faz sentido. O que é?
- Uma rosa dos ventos. Representa o destino e as direções da vida. Sabe?
- Então tem um significado.
- É. Significa que somos donos do próprio caminho que queremos seguir e que nem tudo precisa ser o que parece.
- Não é um desenho de criança. - James senta e tira a camisa, mostrando o peitoral. - Isso é.
Lucinda quase ri quando ele tira a camisa, mas o desenho é tão detalhado e perfeito que ela fica abismada. É um falcão com as asas abertas que se estende por todo o peito, com o Sol grande atrás da cabeça do animal. Os tons de preto e cinza do desenho contrastam com a pele pálida dele, fazendo com que Jem praticamente brilhe.
- Fruto da primeira noite vagando em Dublin bêbado.
- Seu corpo é contraditório. - Lucinda diz e ri. - Num lugar pede paz e em outro mostra um animal selvagem e predador. É Amon-Rá, não é?
- Pra uma física, - Jem põe a camisa de volta e deita novamente. - você é bem conectada a mitologia e simbologia.
- A vida é engraçada. - Luce dá de ombros.
- Ela é contraditória. Principalmente pelo fato de que Rá significa poder, comando e liberdade, mas eu preciso de alguém dizendo que consigo pra funcionar.
- Consegue o quê? - Lucinda se apoia no cotovelo e olha para o rapaz, confusa.
- Você ajudou Jack, ele me disse. - Jem suspira e vira de lado, olhando para ela. - E Lauren me ajudou. A ganhar coragem. - Jem para de falar esperando que Luce diga alguma coisa, mas ela está sem palavras. Ele estica a mão que não está debaixo da cabeça e mexe num cacho da garota. O sorriso largo dela torna-se um pequeno. - Você me dá dor de cabeça.
- Oi? - Lucinda ri, ainda mais confusa.
- Eu não consigo pensar quando você está por perto. Se eu tentar demais, começo a pensar em você. Se você está longe, parece que tem um pedaço de mim faltando. Até uma semana atrás eu não sabia o que faltava em mim, mas agora eu sei. Você tem o pedaço de mim que falta. Você é o pedaço de mim que falta.
Lucinda não consegue falar nada.
Encara James por tempo suficiente para que ele se aborreça e deite de barriga para cima novamente. Ele pensa que talvez estivesse equivocado e que talvez Lauren estivesse equivocada e que talvez ele fosse só mais um babaca que estragou uma amizade. Ela, por outro lado, pensa que aquilo era a coisa mais linda que ela já tinha ouvido e quase começa a chorar. Quase não, ela chora e apoia a cabeça no peito dele e quando ele põe o braço envolta do corpo dela, ela inclina a cabeça para o lado e olha para o rosto dele.
- Tudo bem? - James seca uma lágrima do rosto dela com o polegar.
- Não. - Lucinda ri. - Eu achava que você era um bad boy e ia ser um babaca comigo, que iria me machucar.
- Eu nunca faria isso. - Jem faz círculos na bochecha dela com o polegar. - Nunca te machucaria, eu digo. Não sou o melhor homem do mundo, nem o que mais ama, mas eu prometo que meu coração vai ser todo seu.
Então Luce se inclina e dá um selinho nele, em seguida se separam e ela fecha os olhos, sorrindo.
- Meu coração é seu coração. Meu amor é seu amor.
Então ela se inclina e beija ele mais uma vez.
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